31 resultados para Maranhão, Haroldo, 1927-2004. O Tetraneto del-rei - Crítica e interpretação

em Biblioteca Digital de Teses e Dissertações Eletrônicas da UERJ


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Foi analisado, nesta pesquisa, as condies de possibilidades para criao do Colgio Nossa Senhora das Dores na cidade de So Joo del-Rei, Minas Gerais. Fundado em1898 pelas Filhas da Caridade, iniciou suas atividades com o ensino voltado para um pblico exclusivamente feminino. O prdio foi construdo para abrigar cem alunas internas e tantas outras externas para a formao primria, "ginasial", secundria e o Curso Normal, tendo funcionado em regime de internato, semi-internato e externato. Ao considerar os diferentes estratos de formao para os quais a escola se voltou, enfatizei o exame no nvel da formao docente, buscando compreender as relaes entre sociedade e educao escolar religiosa e suas articulaes com os modelos educacionais difundidos poca. Para tanto, analisei os dispositivos disciplinares destinados a institucionalizar um programa, tendo como princpio a difuso da doutrina crist associada formao docente praticada no Colgio no incio do seu funcionamento. No projeto de construo possvel observar a preocupao dos idealizadores em reafirmar um modelo escolar de formao do magistrio em meio ao debate da qualificao docente em que diferentes modelos de formao estiveram em pauta. Em funo do entrelaamento dos ambientes urbanos e escolares produzidos no final do sculo XIX e incio do XX, as remodelaes de cidade fizeram emergir, em So Joo del-Rei, um edifcio exemplar, representado na configurao do ecletismo mineiro. Nessa investigao, os saberes e tempos escolares se tornaram imprescindveis para proceder anlise da criao e funcionamento da instituio examinada. Da mesma forma, o exame da instituio foi perseguido medida que essas preocupaes apareceram associadas, visto que os lugares e as prticas que os instituram no podem ser deslocados do que se conseguiu produzir. O estudo enfocou o perodo entre a criao da instituio (1898) at 1905, ano em que o Curso Normal do CNSD foi equiparado aos cursos das escolas normais oficiais do Estado. Foi baseado na anlise de leis, peridicos, relatrios de presidentes de provncia/estado, normas e estatutos da congregao e de uma vasta documentao localizada no CNSD. Ao entrecruzar essas fontes, a presente pesquisa buscou problematizar as dimenses de governo contidas nos planos da Igreja Catlica, em termos gerais, e da Congregao da Misso de So Vicente de Paulo e das Filhas da Caridade, em especfico. Pode-se dizer que o CNSD, por meio das Filhas da Caridade da Sociedade So Vicente de Paulo, deixou marcas em So Joo del-Rei como uma escola brasileira catlica crist, o que refora a larga tradio de fazer da escola um instrumento de afirmao da f. Para tal, muito contribuiu o novo estatuto jurdico adquirido em 1905, ampliando a legitimidade conquistada pelo CNSD, constituindo um sinal de foras das "irms" na cidade, assim como na eficincia de estratgias e de efetividade da ao educativa protagonizada pelas vicentinas em So Joo del-Rei. Nessa perspectiva, possvel afirmar que o projeto expansionista do catolicismo romanizado buscou alargar seu raio de ao em diversos locais, seja no interior de uma cidade mineira, seja no Brasil ou em outros pases.

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Verificamos na fico brasileira contempornea uma reescritura do gnero policial, que deixa de ter como principal meta a retirada das mscaras que encobrem a verdade. Nesta era de ambiguidades e incertezas, em que a verdade passa a ser substituda pelas verses, o tema do duplo encontrar a condio ideal para sua revitalizao. o que podemos observar na obra de Luiz Alfredo Garcia-Roza, objeto desta dissertao, cuja finalidade principal a de identificar e analisar as manifestaes do duplo em alguns romances do autor, situando-os no contexto contemporneo. Para tal, foram selecionados como corpus de anlise cinco de seus nove romances: Vento Sudoeste (1999), Perseguido (2003), Espinosa sem sada (2006), Na multido (2007) e Cu de origamis (2009). Traamos, primeiramente, um breve panorama da representao literria do tema do duplo, alm de alguns conceitos psicanalticos, buscando introduzir o tema, utilizando como base terica os estudos de Otto Rank, Freud, Nicole Bravo, Ana Maria Lisboa de Mello, entre outros. Num segundo momento, identificamos as manifestaes do duplo nas narrativas policiais de enigma, noir e ps-utpica, empregando o termo criado por Haroldo de Campos. Verificamos que a narrativa policial brasileira, desde os seus primrdios, j revela uma incompatibilidade com as certezas preconizadas pela escola de enigma. Dessa forma, abrimos o caminho para atingirmos o foco deste estudo: a anlise do duplo na narrativa de Luiz Alfredo Garcia-Roza, articulando o quadro terico leitura dos textos. O duplo aparece na fico do autor como representao dos antagonismos humanos que levam fragmentao do eu e como estratgia para ressaltar as ambiguidades e incertezas da narrativa policial ps-utpica, em contraposio s verdades absolutas do gnero policial em sua forma clssica. Da deduzimos que, contrariando a principal norma do gnero, a narrativa de Garcia-Roza coloca mscaras, em vez de retir-las

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Este trabalho visa refletir sobre a composio da narrativa no livro de contos "Os lados do crculo" (2004) do escritor Amlcar Bettega Barbosa, alm de sua insero na literatura brasileira, principalmente nas dcadas de 90 a 2000. A partir da anlise dos contos, foi possivel pensar algumas de suas caracteristicas, tais como o uso da metafico, a hibridizao dos gneros literrios, assim como a questo do conceito de realismo e dos processos de subjetivao na contemporaneidade

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Nesta tese apresentamos um itinerrio de ensino em que o contedo gramatical um meio para o desenvolvimento da conscincia lingustica e da competncia discursivo-textual. Partindo do repertrio do falante, nossa investigao tomou o neologismo formado por amlgama lexical como objeto semitico, realizou uma reviso dos estudos sobre a criao de novas palavras, sua motivao e seus efeitos na comunicao. O neologismo por amlgama lexical foi observado como produto da competncia lingustica do falante, resultado da explorao das possibilidades do sistema lingustico e emoldurado pela habilidade estilstico-discursiva dos sujeitos. Essa habilidade materializa-se em signos cujos valores icnicos e funcionais do suporte a uma expresso o mais transparente possvel, e as criaes amlgamas so formas ricas porque trazem em si marcas dos falantes que as criam/usam, dos segmentos sociais a que estes pertencem e da inexorvel evoluo da lngua em consonncia com a evoluo da sociedade. Estudos lexicolgicos, repertrio discente, neologismos inventados pela Turma do Casseta & Planeta e por sua criatura-ficcional -- o reprter Agamenon -- permitiram-nos descrever o fenmeno da neologia por amlgama lexical, sua natureza sistmico-funcional, suas adaptaes morfofonolgicas, seus ganhos semnticos e seus aspectos expressivos e impressivos. Apresentamos um modelo de estudo que se quer mais atualizado e dinmico e que foi testado e comprovado nas turmas do colgio estadual em que atuo como docente do ensino mdio

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Uma constante no trabalho plural de Haroldo de Campos o apreo pela intertextualidade. Em um percurso que toca as mais distantes e distintas galxias, destacamos uma constelao: quatro textos literrios (Finismundo: a ltima viagem, Signncia quase cu, Galxias e A mquina do mundo repensada) que entram em dilogo com a Commedia, de Dante Alighieri, e uma traduo de Haroldo de seis cantos do paraso. Desdobrando o interesse de Haroldo de Campos pelo concreto da obra, partimos de algumas solues formais dos textos em questo para pensar a experincia esttica e a diferena entre as vises de mundo das obras comparadas.O estudo da Commedia permite perceber configuraes formais que aproximam o leitor da experincia mstica da personagem ao apresent-la como experincia esttica. O interesse de Haroldo de Campos est no potencial esttico da obra de Dante. Confrontando o texto do poeta italiano com a traduo e com os quatro poemas citados acima, mostramos as semelhanas e diferenas dos processos de traduo e mimesis nas diversas metamorfoses pelas quais a Commedia passa nas criaes de Haroldo de Campos

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Dados recentes indicam uma relao inversa entre doena cardiovascular e consumo de flavonides. O objetivo do estudo foi identificar parmetros clnicos e vasculares de pacientes hipertensos tratados que apresentaram efeitos benficos na funo vascular aps o consumo de chocolate amargo com 70% de cacau por sete dias. Vinte e um pacientes hipertensos em tratamento medicamentoso, ambos os sexos, com idades entre 40-65 anos, foram includos em um ensaio clnico intervencional com aferio de presso arterial, dilatao mediada por fluxo braquial (DMF), tonometria arterial perifrica (EndoPAT) e parmetros hemodinmicos centrais pelo SphygmoCor. Aps sete dias de consumo de chocolate amargo (70% cacau) 75g/dia, as avaliaes clnica e vascular foram repetidas. Os pacientes foram divididos em dois grupos de acordo com a resposta da DMF em respondedores (que apresentaram melhora na DMF, n= 12) e no-respondedores (que no apresentaram melhora, n = 9). O grupo respondedor apresentou menor mdia de idade (54 7 vs 61 6 anos, p = 0,037) e menor risco cardiovascular pelo escore de Framingham (2,5 1,8 vs 8,1 5,1%, p = 0,017). Alm disso, os pacientes respondedores apresentaram valores mais baixos de presso de pulso tanto perifrica (55 9 vs 63 5 mmHg, p = 0,041), quanto central (44 10 vs 54 6, p = 0,021) quando comparado ao grupo no respondedor. A resposta da DMF apresentou correlao moderada e negativa com o escore de Framingham (r = -0,60, p = 0,014), com a DMF basal (r = 0,54, p = 0,011), com o ndice de hiperemia reativa basal (IHR) obtido pelo EndoPAT (r = -0,56, p = 0,008) e com a presso de pulso central (r = -0,43, p = 0,05). No entanto, aps anlise de regresso linear, apenas o escore de Framingham e o IHR basal foram associados com a resposta da DMF. Em concluso, nesta amostra de pacientes hipertensos tratados, os indivduos que apresentaram melhora da funo endotelial com o consumo de chocolate amargo com 70% de cacau tambm mostraram reduo da presso arterial tanto sistlica como diastlica, eram mais jovens e tinham menor presso de pulso e menor risco cardiovascular, apesar de uma disfuno endotelial basal

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A presente tese est calcada na anlise da obra de Ariano Suassuna, o Romance dA Pedra do Reino e o prncipe do sangue do vai-e-volta, considerado pelo autor como a sua obra maior e, a princpio, o primeiro volume da trilogia A maravilhosa desaventura de Quaderna, o decifrador, e no primeiro volume da segunda parte da trilogia, O rei degolado ao Sol da Ona Caetana. O trabalho consiste, fundamentalmente, em examinar o dilogo estabelecido entre a obra de Suassuna com textos representativos da tradio literria ocidental, mais propriamente com os que remontam ao medievo. Para isso, fez-se um recorte nas relaes que o romance trava com a matria cavaleiresca, principalmente com a Demanda do Santo Graal, na sua estrutura e no desenho psicolgico e moral dos personagens, notadamente de Sinsio, que encarna o mito do heri prometido, cujos paradigmas se assentam na figura lendria do Rei Artur, alm de Galaaz, e na histrica de D. Sebastio, o rei desaparecido de Portugal. Sabe-se que esses reis e heris mticos, considerados salvadores, uma vez que retornariam para restituir ao povo a dignidade e a liberdade perdidas, povoaram o imaginrio ibrico e chegaram ao Brasil trazidos pelos colonizadores europeus. Dessa forma, a cultura popular do Nordeste brasileiro povoada de histrias e lendas eternizadas e recriadas no folclore da regio e na literatura de Cordel. Mas, ao lado do messianismo, outro aspecto faz-se notrio nos personagens de Suassuna: a crueldade. E este tema, bem como o nome do personagem D. Pedro Dinis Quaderna, remete-nos para a histria de alguns reis ibricos da Idade Mdia: Pedro de Portugal e Pedro de Castela, que sero revisitados luz da Crnica de D. Pedro de Ferno Lopes, no intuito de observar-se o dilogo com esta estabelecido por Suassuna, direta ou indiretamente

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Este trabalho tem como objetivo identificar os processos atravs dos quais a personagem Zarit, protagonista do romance A ilha sob o mar (ALLENDE, 2010), constri sua identidade de resistncia (CASTELLS, 2013). Sujeito subalterno por ser simultaneamente escrava, negra e mulher (SPIVAK, 2010), ela desenvolve estratgias verossmeis que lhe permitem sobreviver e enfrentar a opresso fsica e identitria tpica de sua condio na colnia francesa de So Domingos, atual Haiti, que vivia, poca, sob o domnio de um modelo poltico e social profundamente patriarcal, escravocrata e racista. A pesquisa assume a perspectiva desenvolvida em torno da literatura de autoria feminina na Amrica Latina (CUNHA, 2004; RAGO, 2004; VELASCO-MARN, 2007; WARD, 2007), segundo a qual, nessa produo especfica, desenvolvem-se representaes de mulher s quais so garantidas a voz e o empoderamento que lhes foram negados em outros contextos de escrita literria. Alinhando a noo de estranhamento desenvolvida pelo formalismo russo (CHKLOVSKI, 2013) com a do uso de procedimentos capazes de conferir literariedade narrativa (LUKCS, 1968), este trabalho verifica a configurao de condies que conferem obra o pertencimento ao contexto das produes desenvolvidas por autoras migrantes ou exiladas (SKAR, 2001). O conceito de hibridismo (CANCLINI, 2011) se soma a esse entendimento, articulando-se, nesta pesquisa, com a perspectiva multicultural de compreenso das identidades (HALL, 2005). Hutcheon (1991) fornece o arcabouo que nos permite o necessrio trabalho com o conceito de sujeito marginalizado e ex-cntrico. Para isso, utilizado tambm o embasamento terico oferecido por Castells (2013) no tocante ao desenvolvimento da noo de identidade de resistncia. As condies histricas e econmicas sob as quais se desenvolveu o regime vigente no ambiente em que se passa a narrativa so verificadas em James (2010) e Blackburn (2003). Para lidar com a vivncia religiosa e cultural experimentada pelos descendentes de africanos naquele contexto, a pesquisa se embasa nos argumentos trazidos por Capone (2011) ao debate acerca desse tema e, por intermdio dos estudos de Garauday (1980) e Lody & Sabino (2011), possvel angariar informaes relativas histria e simbologia envolvidas nas danas de origem africana. O estudo dessas correntes tericas conduz concluso de que o romance A ilha sob o mar encena, na personagem Zarit, a construo de uma identidade de resistncia entre os escravos que, danando, celebravam seus deuses, permitiam o encontro das diferentes culturas das quais eram originrios e fortaleciam a rede de relaes, informaes e colaborao mtua entre os indivduos e as comunidades que pretendiam livrar-se do domnio do elemento europeu e de seu regime escravocrata

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A figura do ndio, na Literatura Brasileira, durante anos foi marcada pelos relatos sob a perspectiva de no ndios. As vozes dos povos indgenas foram silenciadas, ocultadas pelo discurso dominante, que disseminava ideias com base em seu ponto de vista, muitas vezes marcado pelo teor de superioridade diante desses povos. Principalmente presentes nos textos de viajantes e missionrios da poca da colonizao, os reflexos dessa atitude ainda so marcantes nos dias atuais: preconceitos e ideias equivocadas sobre a cultura amerndia. Tempos depois, passa-se do ndio brbaro e selvagem ao ndio idealizado das obras romnticas, mantendo o discurso parcial pautado na viso do outro. Em 1928, atravs da proposta antropofgica de Oswald de Andrade, inicia-se um novo perodo diante dessa realidade, muito embora ainda seja uma viso desenvolvida a partir do homem branco. Oswald contribuiu para trazer tona a figura do ndio sem a idealizao romntica e com base na valorizao dos nativos e de sua cultura. O modernista, com sua bandeira da assimilao crítica de contedos, propunha um resgate do primitivo como forma de integrar essa realidade aos novos tempos da industrializao, alm de objetivar a ruptura com modelos pr-estabelecidos e eliminao do vetor dominante-dominado. Nos ltimos anos, por outro lado, tem crescido o nmero de obras no mbito artstico produzidas pelos prprios indgenas, trazendo as vozes que, na verdade, sempre existiram. Nesse contexto, encontra-se a obra de Eliane Potiguara. A mulher e indgena, voz marcante do livro Metade cara, metade mscara (2004), apresenta ao leitor o viver entre dois mundos, o adaptar-se ao universo contemporneo sem perder as suas razes e a sabedoria ancestral. Assim como Oswald, Potiguara resgata o primitivo, atravs do discurso construdo a partir da mulher-terra, e assimila recursos do universo do no ndio para gritar suas dores e sua esperana, o que possibilita um dilogo com a proposta da Antropofagia oswaldiana. Pretende-se, a partir da ideia desenvolvida por Benedito Nunes (2011) acerca do carter diagnstico, teraputico e metafrico da Antropofagia, estabelecer relaes entre os pensamentos de Oswald de Andrade e Eliane Potiguara por meio da arte literria, refletindo sobre a ruptura com padres pr-estabelecidos atravs de novas perspectivas, a exemplo da literatura indgena

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O livro Contos de amor rasgados, de Marina Colasanti, foi publicado em 1986, dcada de consolidao das conquistas do movimento feminista (Pinto, 2003). O feminismo almejava uma mudana de mentalidade, mudana nas prticas sociais e nos discursos sobre a mulher (ibid.). Entretanto, a mulher nos contos representada de forma peculiar, frustrando as expectativas de uma imagem positiva esperada de uma literatura produzida por uma autora feminista. Este estudo prope a anlise dos contos de Marina Colasanti, destacando algumas questes acerca da representao dos atores sociais em textos-contos que pretendem veicular um discurso de liberao da mulher. Para tanto, dez contos representativos do todo foram selecionados para compor o corpus e utilizou-se o sistema sociossemntico para a representao dos atores sociais proposto por van Leeuwen (1997) e a Lingustica Sistmico Funcional de Halliday (2004) como ferramentas de anlise. Nosso enfoque o da Anlise Crítica do Discurso de Fairclough (1995), que tem dedicado seus estudos s mudanas sociais atravs dos discursos. Consideramos que o movimento feminista se inscreve em algumas mudanas. Nessa perspectiva, Bourdieu (2005) afirma que, apesar do movimento feminista, muito pouco mudou, prevalecendo, ainda, a dominao masculina e a violncia simblica. As categorias de van Leeuwen (op. cit.) da excluso e incluso dos atores sociais no discurso servem de instrumental para uma anlise mais detalhada das relaes homem-mulher, permitindo desvelar algumas questes feministas tematizadas nos contos, questes descritas por Pinto (op. cit.) e apontadas por Bourdieu (op. cit.). Os resultados da anlise dos contos demonstram que a mulher ora est totalmente excluda, ora representada como um pano de fundo (encobrimento), ora enfraquecida (apassivada) em favor de seu marido/amante. Assim, os conflitos gerados a partir das aes do homem sobre a mulher nos contos confirmam certas preocupaes do discurso feminista

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Considerado pela maioria da crítica como uma literatura ptrida (cf. ULBACH, 1868) ou torpe (cf. VERSSIMO, 1894), acusado de confundir ingenuamente cincia e literatura, bem como de cientizar a linguagem literria, e em particular no Brasil, alm disso, questionado por plgio ou importao de uma moda estrangeira, o naturalismo foi relegado s margens da historiografia literria. Assumindo como ponto de partida esse panorama crtico, a tese prope uma reavaliao crítica e historiogrfica da esttica naturalista, comeando por descrever e analisar sua origem no decurso da histria, a partir do advento do realismo moderno nas obras de Stendhal e de Balzac (cf. AUERBACH, 2004). Enfoca a lenta afirmao dos termos realismo e naturalismo, bem como a importncia da contribuio de diferentes romancistas franceses no processo de consolidao da esttica realista e de seu prolongamento no naturalismo. Discute-se tambm o projeto esttico proposto por Zola, assim como se desconstroem mitos corroborados pela historiografia literria a respeito da teoria e do movimento naturalistas. Por fim, correlacionando a esttica naturalista com o ideal republicano, aborda-se a aclimatao dos princpios naturalistas no Brasil, na obra daquele que foi seu principal representante, Alusio Azevedo. A partir de uma abordagem comparativa entre o naturalismo na Frana e no Brasil, busca-se, em sntese, contribuir para o processo de reviso crítica e historiogrfica de um perodo literrio muito produtivo nos dois pases, no obstante a tendncia para sua desvalorizao em geral observada nas manifestaes da crítica novecentista

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Esta dissertao tem como objetivo analisar e discutir os romances-ensaios O Dia da Coruja e A Cada um o Seu, de Leonardo Sciascia, em perspectiva comparada com as narrativas policiais A Forma da gua e O Ladro de Merendas, de Andrea Camilleri, no que diz respeito aos traos estilsticos, histricos e temticos das obras em foco. Na pesquisa, refletiu-se sobre a utilizao da estrutura do romance policial como estratgia de composio empregada pelos dois autores sicilianos, a fim de criticarem a realidade sociopoltica italiana dos ltimos 50 anos. Ao final, apontam-se diferenas e identidades existentes entre os citados ttulos e se conclui que, L.Sciascia, em tom amargo e incisivo, deu matria de seus romances um perfil tanto de narrativa ficcional quanto de ensaio poltico-filosfico, com o objetivo de denunciar, em seus pseudo-gialli, no apenas crimes, mas, principalmente, a falta de tica no seio da justia de seu pas. J A.Camilleri eternizou seu perfil de escritor giallista, criando a figura do inspetor Salvo Montalbano e ao lanar mo do recurso do riso srio. Tal artifcio no invalidou, ao contrrio, sublinhou ironicamente a denncia a toda forma de criminalidade, de corrupo e de abuso do poder, na fictcia Vigata, espao imaginrio representativo da Sicilia e da Itlia

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O objetivo desta dissertao propor uma viso afirmativa dos narradores-protagonistas dos romances do escritor Joo Gilberto Noll, oferecendo um contraponto crítica que, ao inserir esses narradores-protagonistas na tendncia niilista contempornea de apagamento diante do outro e do mundo, os classifica como fracos. A partir da anlise dos romances Hotel Atlntico (1986), Harmada (1993), A cu aberto (1996), Berkeley em Bellagio (2002), Lorde (2004) e Acenos e afagos (2008), caracterizaremos o sujeito nolliano como um sujeito forte, que chamaremos aqui de sujeito dionisaco. Este sujeito prescinde de uma identidade fixa e bem delimitada e, portanto, dispensa quaisquer tipos de espelhos da conscincia, da identificao, da idealizao. Em vez de atribuir-se a si mesmo uma subjetividade ou um rosto, este sujeito se reconhece na sua existncia mais primordial: o seu corpo indomvel, que, diferente do corpo/imagem da lgica do esteticismo generalizado, refora o carter mltiplo e instvel do sujeito, lembrando que ele regido no pela sua vontade prpria, mas sim pela dinmica da vontade de potncia. Apesar de remeter sempre ao corpo, a literatura de Noll se revela um convite, tanto aos seus narradores-personagens quanto ao leitor, para uma experincia metafsica

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Atravs dessa dissertao prope-se uma anlise sobre os temas morte e poder em dois romances, do autor portugus Jos Saramago, Todos os Nomes (1997) e As Intermitncias da Morte (2004). Escritos e publicados em pocas distintas, distinguem-se do conjunto da obra desse autor pela relao que estabelecem entre si e os temas supracitados. Esses dois romances foram tomados como objeto de estudo desta pesquisa, que foi executada atravs da utilizao da metodologia da literatura comparada. Como base terica, foram usados os seguintes conceitos do filsofo Martin Heidegger: ser-para-morte e angstia, que norteiam o pensamento sobre as possibilidades de uma autenticidade do ser frente ao cotidiano, marcado por repeties e controles. atravs do acaso e das escolhas feitas pelos dois protagonistas dessas obras que se construiu uma reflexo sobre a dicotomia vivos e mortos. A partir dessa anlise, buscou-se realizar a leitura em espelho desses romances, nos quais a maior semelhana entender a vida como uma busca e a morte como inerente ao ser, tornando-o uma singularidade

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Observamos a questo do duplo na fico de Rubens Figueiredo e como ele contribui a produo do fantstico na contemporaneidade. Para isso, primeiro, apresentamos a anlise de Tzevan Todorov sobre o gnero fantstico, no qual destacamos a multiplicao da personalidade e a ambiguidade na narrativa; e segundo, tratamos, de forma breve, as concepes do duplo na histria da literatura, no ensaio filosfico de Clment Rosset e a partir do unheimlich de Freud. Adicionalmente utilizamos tericos como Filipe Furtado, Jean-Paul Sarte, Otto Rank, Remo Ceserani, entre outros. Por fim, analisamos como o duplo aparece no fantstico atual, a partir das narrativas curtas Nos olhos do intruso, Um certo tom de preto, Sem os outros, A ele chamarei Morzek e do romance Barco a seco, de Rubens Figueiredo. O autor em sua construo ficcional parece mesclar elementos do fantstico clssico com o fantstico moderno e, em suas narrativas possvel notar a presena obsessiva do tema do duplo, o inslito, a ambiguidade, e questes da atualidade que dizem respeito condio humana