152 resultados para Representações sociais
Resumo:
Nas comunidades, a transmisso se d via oral. No samba no diferente. Desde a fundao das escolas de samba, crianas e adolescentes participam ativamente, junto com as suas famlias, das atividades dessas escolas, inclusive do desfile carnavalesco. Essas crianas e adolescentes tm, h dcadas, espaos prprios nas escolas de samba: a ala das crianas e mais recentemente escolinhas de mestre-sala e porta-bandeira, e participao em baterias mirins, trazendo perspectiva de profissionalizao e de renovao nas prprias escolas e por fim, a criao, a partir de 1980, das escolas de samba mirins, que atualmente abrem o carnaval do Rio de Janeiro. Hoje h 16 escolas, agregadas em uma associao especfica, majoritariamente derivadas das escolas mes, que trazem nos desfiles mais de vinte e cinco mil crianas e adolescentes na sexta-feira que antecede o Carnaval. As Escolas de Samba Mirins tentam inserir-se nas polticas sociais para a juventude, principalmente a pobre, para a promoo da cidadania e a revitalizao do sentido de comunidade. Fundadas nas reas mais antigas do Rio de Janeiro, principalmente a rea de planejamento trs os subrbios onde se concentram, estas escolas de samba mirins mantm estreito lao com sua vizinhana, estimulando a sociabilidade, as relaes intergeracionais e a construo da confiana, fundamental para o surgimento da eficcia coletiva e do desenvolvimento do capital social nestes espaos. Alm disso, suprem a ausncia de reas de lazer e equipamentos culturais destes espaos, fortalecendo os laos com os vizinhos e amigos e evitando, de alguma maneira, que o trfico de drogas violento fragmente ainda mais a vida social e cultural da regio. Nesse sentido, as escolas de samba mirins contribuem para a valorizao da cultura carioca e se constituem enquanto proposta para promoo da sade e preveno da violncia, principalmente a gerada pelo trfico de drogas e a represso policial contra este trfico com um carter desagregador nas vizinhanas onde essas escolas se organizaram originalmente.
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A Ilha Grande (Angra dos Reis, RJ) apresenta dois acontecimentos que marcam a histria recente do lugar: a instituio de leis ambientais com a criao de quatro unidades de conservao da natureza (entre 1971 e 1990); e a intensificao do fluxo turstico aps a imploso do Instituto Penal Cndido Mendes - IPCM (1994), que marcou o fim de cerca de 100 anos de um sistema penitencirio. A Ilha, sempre associada s belezas naturais e ideia de paraso, a partir desse momento, deixa de ser referida como o paraso-inferno e passa a ser reconhecida predominantemente pelas potencialidades paisagsticas, voltando-se para o turismo, que se torna um componente central da vida no lugar. Reconstituindo a trajetria do turismo na Ilha, e considerando o quadro atual das atividades tursticas (a partir da minha participao em fruns para discusso e resoluo dos problemas da Ilha, de pesquisa em jornais, e de entrevistas com moradores e participantes desses fruns), mostro os significados e vises sobre o paraso Ilha Grande e o turismo o que se tem e o se quer , tanto no nvel dos discursos e das representações, quanto no nvel das prticas e das relaes sociais institudas. Revela-se a um campo de disputa entre diferentes atores sociais com interesses diversos para salvar e explorar a Ilha Grande; onde a natureza e o turismo se apresentam como dois elementos utilizados como estratgias para sobrevivncia de grande parte da populao e como estratgia poltica do poder pblico; um paraso marcado pelo turismo e um paraso para o turismo. Fao uma leitura da ocorrncia e das implicaes do turismo na Ilha Grande atravs da ideia de turismizao, em analogia com o pensamento de Norbert Elias sobre processo civilizador e de J. S. Leite Lopes sobre ambientalizao, e reconhecendo o dilogo e os embates entre o processo turismizador e o processo ambientalizador na Ilha Grande.
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A cidadania um dos principais temas da atualidade, sendo mltiplos os seus significados. Na perspectiva jurdica prepondera uma viso focada na centralidade do Estado e na titularidade de direitos. O tema-problema central desta pesquisa considera a insuficincia dessa concepo da cidadania. As hipteses de base afirmam que tal conceito produziu um processo de alienaes da cidadania e um fetichismo constitucional; por outro lado, um novo sentido para o conceito pode ser pensado na chave terico-prtica da dialtica e da desalienao. A partir do mtodo do materialismo histrico e dialtico, de Marx e Engels, constri-se uma crtica a partir da prtica poltica e social da cidadania na Amrica Latina, que oferece importantes contribuies materiais para se pensar uma nova compreenso desse conceito na atualidade. A interpretao dessa dinmica feita por meio do instrumental terico-metodolgico de Antonio Gramsci, identificando-se novos atores polticos e sociais, e diferentes relaes entre Estado, sociedade civil e cidados. A cidade do Rio de Janeiro estudada empiricamente, na conjuntura dos mega eventos internacionais, como espao da prtica dinmica e ampliada da cidadania atravs dos movimentos sociais urbanos, que adotam a ocupao como estratgia de ao poltica direta e efetivao de direitos.
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O presente trabalho analisa a realidade da prtica dos assistentes sociais nos servios de sade da Aeronutica/RJ, tendo como referncia o projeto tico - poltico profissional do Servio Social expresso no Cdigo de tica do Assistente Social, na Lei n 8.662/1993 que regulamenta a profisso, bem como nas Diretrizes Curriculares da ABEPSS. O interesse em realizar este estudo em um espao profissional, pouco debatido no meio acadmico, define-se pela necessidade de uma investigao terica que possibilite analisar, revelar e divulgar um segmento da categoria, muitas vezes desconhecido e estranho ao conjunto dos profissionais do Servio Social. Entendemos que este estudo apresenta um carter predominantemente exploratrio. Para uma melhor compreenso do universo militar da Aeronutica, tornou-se imprescindvel, captarmos na realidade concreta, os limites e as possibilidades do movimento do real na sua historicidade. Para tanto, tivemos como alicerce o referencial terico marxista crtico-dialtico que possibilita ir para alm da aparncia dos fatos. certo que uma instituio cujo funcionamento se aproxima do modelo de instituio fechada e conservadora, fundamentada nos princpios da hierarquia e da disciplina, sinalize, a priori, uma inviabilidade real de um projeto profissional emancipatrio. Ao realizarmos uma anlise dos depoimentos das assistentes sociais entrevistadas, buscamos considerar a cotidianidade da prtica profissional, que revela presenas e ausncias, aponta problemas imediatos desvela/oculta, caminhando do particular para o universal. Este estudo teve com lcus de investigao os Hospitais da Aeronutica do Rio de Janeiro: HAAF, HCA e HFAG. Tem-se nesses espaos, uma atuao desafiante para aqueles profissionais que buscam romper com prticas burocrticas e conservadoras e que visam fortalecer prticas democrticas e coletivas de atendimento s demandas no contexto institucional.
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Esse estudo tem como objetivo analisar o fenmeno da pluriatividade nos pequenos estabelecimentos familiares do espao rural do municpio de Nova Friburgo, localizado na regio Serrana do estado do Rio de Janeiro. Retomando a nfase (presente em trabalho anterior) nos efeitos sociais promovidos pela insero do espao rural municipal em uma lgica de mercado, e, levando em considerao as cautelas que devem ser tomadas, no mbito nacional, na utilizao de tal noo, a nossa inteno foi a de questionarmos as valoraes que vm sendo atribudas a esse fenmeno (de possibilidade de diversificao de emprego e renda; melhoria das condies de vida das populaes rurais; e, at mesmo, do estabelecimento de um espao rural dotado de mltiplas funes), a partir de uma realidade como a friburguense. Esta se, por um lado, marcada pela significativa expresso espacial dos pequenos estabelecimentos familiares e por um quadro econmico, relativamente, diversificado, por outro lado, tambm, sofre os efeitos da implementao de um modelo de modernizao da agricultura, extremamente excludente e desigual, e, em menor escala, do avano de um intenso processo de urbanizao. Analisado como estratgia de sobrevivncia e reproduo no recorte espacial mencionado, os desdobramentos do fenmeno da pluriatividade identificados no mesmo, de certo, complexificam a realidade estudada, ficando a dialtica entre relaes capitalistas e no-capitalistas, balizada, grosso modo, pela permanncia da agricultura com nfase no trabalho familiar, de um lado, e pela expanso de uma lgica urbano-industrial que, alm (e para alm) de relaes setoriais, tambm, envolve a insero de membros das famlias dos pequenos produtores em outras atividades, no-agrcolas, de outro. Para que fosse atingido, portanto, o objetivo proposto, a operacionalizao adotada consistiu tanto no levantamento bibliogrfico acerca da temtica escolhida quanto na realizao de vrios trabalhos de campo, direcionados a pequenos estabelecimentos familiares de algumas localidades dos vrios distritos do municpio, assim como a rgos pblicos, ligados produo agrcola, ao turismo e s indstrias de confeces de moda ntima.
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O sculo XIX, no Brasil, foi marcado por uma tentativa de construo de uma identidade nacional e cultural num pas ps-independncia. Neste panorama, Jos de Alencar destaca-se, entre outros papis que exerceu, como significativo romancista e contribui para a formao de um sistema literrio em nosso pas. Porm, na obra dramtica alencariana que tambm podemos identificar uma proposta discursiva da possvel identidade do homem no Brasil a partir de suas relaes contraditrias e problemticas com os "outros" aqui presentes: o portugus, o ndio, o negro, e o francs representações estas capazes de dar ao homem uma ideia de pertencimento cultural, atravs de uma seleo do que deve ou no servir para representar sua identidade e a de seu povo
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A influncias das relaes sociais na sade vem sendo largamente investigada em diferentes contextos. No que concerne a influncia das relaes sociais na atividade fsica de lazer (AFL) e na obesidade, abordagens multidimensionais e longitudinais, so escassas. O primeiro artigo objetivou investigar o efeito de quatro dimenses do apoio social no engajamento, manuteno, tipo e tempo gasto na prtica de AFL em adultos durante um perodo de dois anos de seguimento (1999-2001). Enquanto que o segundo artigo visou investigar o efeito de cinco indicadores das relaes sociais sobre a obesidade e potenciais diferenas de sexo nesta associao, aps nove anos de seguimento (1991-2000). Para o primeiro artigo, foram analisados dados longitudinais obtidos atravs de questionrios autopreenchidos aplicados em 3.253 funcionrios de uma universidade no Rio de Janeiro (Estudo Pr-Sade). Enquanto que para o segundo artigo, dados longitudinais do Swedish Level of Living Survey (LNU) foram utilizados. Os resultados do primeiro artigo mostraram associaes estatisticamente significativas (p<0,05) entre as dimenses de apoio social e AFL coletiva no grupo de engajamento. Alm disso, a dimenso emocional/informao associou-se com o tempo em AFL (OR=2,0; IC95% 1,2-3,9). No grupo de manuteno, o apoio material associou-se com AFL coletiva (OR=1,8; IC95% 1,1-3,1) e a dimenso interao social positiva foi associado com o tempo gasto em AFL (OR=1,65; IC95% 1,1-2,7). Os resultados do segundo artigo mostraram que aps o ajuste por fatores de confuso, a falta de apoio emocional (RR = 1,98; 95% IC 1,1-3,8) associou-se incidncia de obesidade entre os homens. Alm disso, homens no nvel mais baixo de IRS (ndice de relaes sociais) tiveram risco aumentado de desenvolver obesidade (RR = 2,22; 95% IC 1,1-4,4). Entre as mulheres o IRS no esteve significativamente associado com a obesidade. Contudo, um efeito protetor na obesidade para as mulheres que mudaram o estado civil de casada para nocasada tenha sido encontrado (RR = 0,39; 95% IC 0,2-0,9). Ao que tange o primeiro artigo, conclui-se que todas as dimenses de apoio social influenciaram o tipo ou o tempo gasto em atividade fsica de lazer. No entanto, nossos resultados sugerem que o apoio social mais importante no engajamento do que na situao de manuteno. Esse achado importante, pois sugere que a manuteno da AFL deve estar associada a outros fatores alm do nvel individual de apoio social, como um ambiente adequado e polticas de sade/sociais voltadas para a prtica da AFL. Em relao ao segundo artigo, o presente estudo fornece evidncias de uma associao inversa entre as relaes sociais e a incidncia de obesidade, evidenciando diferenas de sexo. Alm disso, foi sugerido que preocupaes com a imagem corporal entre mulheres poderia ser uma explicao para as diferenas de sexo.
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Reconhecendo a pluralidade das representações acerca dos relacionamentos amorosos, o presente estudo tem como objetivo verificar o conceito de amor existente em produo impressa, averiguando se h uma forma de relacionar-se privilegiada atualmente por instrumento miditico voltado para a juventude. Para tanto, conta com as contribuies da Lingustica Cognitiva, em especial da Teoria da Metfora Conceptual (Lakoff e Johnson, 1980 e 1999; Kvecses, 2000, 2002 e 2005), estabelecendo um dilogo desta com estudos da Sociologia e da Antropologia (Giddens, 1993; Bauman, 2001, 2004 e 2005; Almeida e Tracy, 2003; Arajo e Castro; 1977; Rezende e Coelho, 2010, entre outros) que tm como foco as emoes e/ou os relacionamentos amorosos. Anteriormente contemplada como mero ornamento da linguagem, a metfora passa a ser considerada um fenmeno cognitivo, fruto das experincias compartilhadas por um determinado grupo de pessoas. Desse modo, seu estudo possibilita um melhor entendimento sobre os seres humanos e seus sentimentos, e auxilia a enxergar criticamente como grupos sociais enquadram o mundo. No processo de anlise das metforas e dos modos de conceptualizao do amor, foram fundamentais os estudos scio-antropolgicos mencionados, os quais permitiram uma visualizao mais ampla dos comportamentos amorosos contemporneos. O corpus foi constitudo por artigos da Revista Capricho, selecionados durante doze meses, que trataram sobre relacionamentos amorosos. Nas edies consideradas, as metforas indicavam, em sua maioria, a conceptualizao do amor a partir de um negcio e de uma viagem, confirmando a viso de uma sociedade pautada pelas relaes de mercado e utilitarista, assim como o imperativo do movimento ao que os jovens, em especial, encontram-se submetidos. Houve tambm espao para outras conceptualizaes, nas quais, igualmente, os relacionamentos se mostram fluidos, imediatistas, com validade at o momento em que houver convenincia. Assumir um compromisso significaria abrir mo de um prazer imediato e da liberdade individual em funo do outro, um risco muito grande, que no vale a pena a ser corrido diante da incerteza do futuro
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Esta dissertao se insere nos estudos de Lingustica e vinculada Anlise Crtica do Discurso (FAIRCLOUGH, 1989, 2003) e Lingustica Sistmico-Funcional (HALLIDAY, 1970, 1973), investigando o que a qualidade literria para os internautas que interagem em fruns de discusso do Orkut, luz da Teoria da Valorao (MARTIN ; WHITE, 2005). De acordo com as categorias que abrangem o subsistema da Atitude da Teoria da Valorao (MARTIN ; WHITE, 2005), analisa-se como os leitores internautas se posicionam sobre a questo da qualidade literria e a ideologia que perpassa seus discursos. O conceito de ideologia adotado o proposto por Thompson (2009), para quem o conceito deve ser compreendido a partir da noo de hegemonia e poder, ou seja, a ideologia necessariamente estabelece e sustenta relaes de dominao, reproduzindo a ordem social que favorece indivduos e grupos dominantes.O corpus desta pesquisa composto de trs amostras colhidas entre 15/07/2009 e 05/01/2010 correspondentes a uma discusso iniciada em comunidade relacionada a assuntos literrios. A AMOSTRA 1 refere-se ao tpico Leitura difcil sinal de qualidade?, da comunidade Literatura; a AMOSTRA 2, se refere ao tpico Qualidade do texto literrio, da comunidade Discutindo... literatura e, por fim, a AMOSTRA 3 representa o tpico O que um bom texto literrio para voc, tambm da comunidade Literatura. Cada discusso possui congruncias e divergncias quanto s representações sobre literatura e essas foram tambm analisadas. No obstante, o que nos interessa perceber como as ideologias perpassam seus discursos de acordo com os valores que os internautas atribuem a aspectos do texto literrio. Foram escolhidos fruns de discusso online do Orkut porque as interaes em redes sociais constituem elemento novo das prticas sociais e, portanto, relevantes pontos de apoio para a investigao da criao de sentidos sobre o conceito de boa literatura. Investigar como a literatura, objeto de estudo acadmico, analisada em tais espaos cibernticos instigante, por no ser usual. Os resultados obtidos nessa pesquisa sugerem que o internauta reproduz o discurso acadmico hegemnico acerca da qualidade literria ao debater a qualidade intrnseca do texto literrio com a ressalva de manifestar seu contentamento ou descontentamento acerca de determinados textos literrios e escritores, dado novo que revela uma caracterstica deste espao no institucional de discusso, em que os internautas se sentem vontade para manifestar sua opinio
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O objetivo desta anlise investigar os gritos de guerra militares, um gnero discursivo constitudo nas prticas sociais do ambiente da caserna e resultado de crenas e de percepes definidoras da identidade militar. Neste trabalho, analisamos trinta gritos de guerra coletados no ano de 2009 junto a grupamentos de cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Com base nos pressupostos tericos da Lingustica Sistmico-Funcional, tendo como ponto de partida o significado ideacional de Halliday (1985), analisamos como se d a organizao do sistema lingustico em conformidade com o aspecto funcional dos gritos de guerra. Pela categoria da transitividade, buscamos compreender como se manifestam as representações de mundo na estrutura oracional. Ao evidenciarmos uma maior presena de processos materiais e relacionais na materializao lingustica das experincias de mundo, pudemos caracterizar melhor a natureza de prticas sociais em contexto militar e perceber que tais processos orientam-se na construo de sentidos de maneira a instituir uma identidade institucionalizada. Pelo mapeamento dos modos de representao dos atores sociais, com base nas categorias sociossemnticas apresentadas por Van Leeuwen (1997), percebemos que os indivduos inscrevem-se na materialidade textual, principalmente, por meio da coletivizao, evidenciando assim uma forma particular de insero dos sujeitos na vida castrense. Tal fato revela o grupo como entidade que deve se fundamentar na coeso entre seus integrantes, aspecto basilar para a consolidao da prpria instituio. O modo como os militares so representados nos gritos de guerra orienta-se na formao de uma identidade grupal necessria para que, por meio desse gnero, sejam alcanados propsitos institucionalmente definidos, que podem ser sintetizados na ideia de preparao do esprito militar
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Segundo a doutrina catlica, o rito batismo entendido como o sacramento que abre as portas da vida crist ao batizando. No entanto, esse mesmo ato eucarstico pode ter sido utilizado pelos escravos ou ex-escravos para abrir outras portas que no apenas a vida crist, mas uma possibilidade de arranjos sociais para amenizar a sua condio de cativo no mundo hostil da escravido no Brasil. Os registros paroquiais so fontes de extrema importncia para a compreenso da organizao das populaes, principalmente a escrava. Neste trabalho temos como referncia os assentos de batismo da Matriz de So Gonalo do Amarante, na Freguesia de So Gonalo (Rio de Janeiro), entre 1746 e 1768. Fizemos uma leitura da produo bibliogrfica a respeito das alforrias e do compadrio, buscando destacar o caminho e o avano historiogrfico sobre o tema. Das fontes extramos os casos mais significativos de compadrio envolvendo a populao escrava na regio e no perodo destacados, a fim perceber os significados do batismo para os cativos e o modo como foi utilizado pelos mesmos para buscar proteo e fortalecer os laos entre outros companheiros de cativeiro. Apuramos tambm os casos de alforria de pia encontrados na documentao, mostrando que o sacramento do batismo poderia atingir dimenses muito alm das que eram esperadas pela Igreja Catlica.
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Artes de Exu trata os objetos de arte no s pelos aspectos artsticos e sociolgicos, mas tambm pelos aspectos que ligam as obras a Exu, alm do enunciado. Como coisa contida na concepo, na execuo e imbricada na prpria histria da obra. As obras escolhidas so: Tridente de NI (2006) de Alexandre Vogler e Exu dos Ventos (1992), de Mario Cravo Jnior. As obras contm conflitos que envolvem a mdia, religiosos e polticos. A partir de pesquisas etnogrficas feita uma anlise dos olhares que se cruzam na construo dos sentidos na disputa pelo espao simblico, considerando ainda o trnsito percorrido pelas obras entre a oficina, o espao de exposio e a rua. Pertence ainda ao corpo das anlises as referncias na mdia impressa, forma de veiculao das imagens, apropriaes e discursos. As artes de Exu se evidenciam no desenrolar dessas tramas, conforme os objetos artsticos oferecem um lugar para pensar na conciliao entre diferentes: entre a cruz e o tridente, entre Cristo e Exu e entre cristos e religies de matriz africana
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A epidemia de HIV/AIDS, pelo seu histrico, de natureza mutvel em vrios contextos sociais em todo o mundo. Desde a notificao dos primeiros casos at hoje, observa-se um curso diferenciado no decorrer do tempo, tanto no campo social como na biomedicina, o que a torna um problema passvel de controle a longo prazo. Essas mudanas, entretanto, no so percebidas de igual maneira em todos os pases ou regies. Devido a vrios fatores, a epidemia persiste como uma das dez primeiras causas de morte no mundo, sendo a primeira delas na frica. No Brasil, o perfil da epidemia assemelha-se ao global, tendendo a diminuir/estabilizar a velocidade do surgimento de novos casos. Essa conteno deve-se ao impacto de aes preventivas desenvolvidas por iniciativas governamentais e no governamentais no sentido de promover prticas sexuais mais seguras. Neste mesmo contexto, algumas anlises espaciais revelam transies demogrficas da epidemia de HIV/AIDS nos anos mais recentes. H mudanas e desigualdades na razo de sexo em diferentes condies sociodemogrficas e do ponto de vista geracional. Em razo disso, este trabalho justifica-se pela necessidade de analisar as mudanas na razo de sexo, fornecendo informaes importantes para o planejamento e poltica de preveno no tratamento da AIDS, tendo em vista a vulnerabilidade da populao feminina. O objetivo principal desta pesquisa analisar diferenas histricas, espaciais e sociais da razo de sexo e idade na populao internada pelo SUS em consequncia da infeco pelo HIV no perodo de 1998 a 2009. Trata-se de um estudo descritivo e ecolgico das diferenas histricas, espaciais e por grupos de idade na Razo de Sexo abrangendo tambm uma anlise da Regresso Linear Mltipla das variveis. Foram utilizados os dados do Sistema de Informaes Hospitalares do SUS-SIH/SUS - DATASUS/MS, como fonte de informao para os casos de AIDS internados no perodo de 1998 a 2009. Foram considerados casos com idade compreendida entre 15 e 49 anos, bem como estratificados e analisados dados gerados nas microrregies, a fim de homogeneizar as informaes dentro de cada estrato com dados do censo de 2000. As variveis independentes foram representadas pelos seguintes indicadores (fatores de vulnerabilidade): a) percentagem da populao rural residente na regio; b) tamanho da populao da microrregio, para testar se o tamanho da populao est associado razo de sexo por HIV e c) percentagem da populao de 15 a 49 anos de idade no alfabetizada. Nos resultados possvel notar que em quase todas as regies h um aumento considervel do nmero de mulheres infectadas pelo HIV, o que leva deduo da presena de um processo de feminizao, atrelado heterossexualizao da epidemia. Os resultados do estudo apontam que a epidemia de HIV/AIDS tende a atingir indiscriminadamente as regies Nordeste, Sul e Sudeste, especialmente as duas ltimas. Esta constatao de que, em anos recentes, as mulheres vm sendo infectadas em propores maiores que os homens, corrobora o processo de feminizao da AIDS, j anunciado por alguns autores.
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Considerando a influncia significativa do pensamento catlico no cenrio educacional e poltico brasileiro, esta pesquisa tem como objetivo desenvolver uma reflexo sobre as relaes entre Igreja e Estado, situadas sob o primeiro governo Vargas (1930-1945) e, em particular, sob o Estado Novo, no que concerne s questes educacionais e sociais, e ateno dispensada famlia, compreendida como instituio imprescindvel no processo de conformao da nao. Sob essa perspectiva, esse estudo se prope a analisar as concepes catlicas identificando os pontos de aproximao entre os interesses da Igreja e do Estado, que possam sugerir o estabelecimento de uma relao de aliana entre ambos, em prol de um projeto de reconstruo da nao, com base em princpios da doutrina crist. Este estudo teve como base fundamental as representações catlicas disseminadas a partir da revista A Ordem e a Revista Brasileira de Pedagogia, peridicos de expressiva relevncia no mbito catlico.
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O presente estudo tem como objeto as representações mentais de mulheres produzidas pelas enfermeiras obsttricas na assistncia ao parto. Os objetivos foram: Discutir as representações mentais das mulheres assistidas pelas enfermeiras sobre o parto e a prtica obsttrica; Discutir o habitus da enfermeira obsttrica percebido pela mulher e Analisar as relaes de poder simblico entre os agentes envolvidos no processo de parturio. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que utilizou a histria oral temtica e o teste de associao de palavras como tcnicas de coleta de dados. Para a anlise do material, utilizamos o mtodo da anlise de contedo de Bardin. A fim de dar sustentao terica ao estudo, adotamos os conceitos de: campo, capitais, habitus, poder simblico, trocas lingusticas, identidade e representações mentais, desenvolvidos por Pierre Bourdieu. Os resultados encontrados foram agrupados em duas categorias: As representações mentais das mulheres sobre o parto e a prtica obsttrica: as percepes construdas e desconstrudas com o processo de parturio e O habitus da enfermeira obsttrica percebido pelas mulheres durante o processo de parturio: o poder simblico destas agentes na construo de uma nova demanda social para o campo obsttrico. A primeira categoria apresentou as representações construdas pela socializao e as transformaes das representações mentais das mulheres consequente interao com a enfermeira no campo obsttrico. Neste sentido, as percepes das mulheres sobre o parto e a prtica obsttrica confirmaram a forte influncia do modelo tecnocrtico nos depoimentos. Alm disso, a prtica humanizada da enfermeira contribuiu para a construo de uma nova viso de mundo nas mulheres pesquisadas que provocou um confronto entre suas representações mentais. A segunda categoria desvelou a identidade da enfermeira obsttrica percebida pelas mulheres atravs dos atributos profissionais e dos sinais distintivos que resultaram na associao de esteretipos a estas agentes. Ainda revelou que a manifestao do poder simblico da enfermeira obsttrica foi percebido de diversas formas: pelo efeito de mobilizao na mulher, em associao com as tecnologias de cuidado e atravs do fortalecimento da mulher para o parto. Conclumos que no contato com a mulher, a enfermeira exerceu um poder simblico por estar em melhores posies no campo obsttrico. Tal fato, para as mulheres, resultou em transformaes das suas representações mentais em relao ao processo de parturio, o que contribuiu para a construo de uma nova demanda para o campo obsttrico. Por outro lado, a enfermeira obsttrica, ao ser reconhecida pelas usurias estudadas, fortaleceu a posio de sua prtica no campo.