112 resultados para conceito de Saúde doença e Paciente
Resumo:
Pretende-se no presente estudo tecer alguns comentrios acerca dos direitos da personalidade do idoso, em especial o exerccio de sua autonomia privada nas questes ligadas sua saúde. Primeiramente, o objetivo ser traar notas sobre o idoso dentro do contexto familiar e sociolgico, bem como a importncia da Constituio de 1988, que alou a pessoa como valor fundamental do sistema jurdico. Sero desenvolvidos no captulo primeiro os conceitos de dever de cuidado e paternalismo, como formas de proteger a vulnerabilidade do idoso, destacando sua complementaridade. Como o regime legal das incapacidades foi concebido para regular situaes jurdicas patrimoniais, de extrema importncia fazer uma releitura civil-constitucional deste instituto para as situaes jurdicas existenciais, com intuito de promover a proteo integral do idoso, auxiliando-o no exerccio de sua autonomia, sendo esse um dos objetivos do captulo segundo dessa dissertao. A partir do captulo terceiro, a complementaridade entre dever de cuidado e paternalismo ser desenvolvida por meio da anlise da relao mdico-paciente, sendo expostos os fundamentos ticos e jurdicos que concretizam o princpio da dignidade da pessoa humana, onde o controle d lugar comunho, em coerncia com os ditames constitucionais. Tambm ser dado especial destaque aos parmetros interpretativos para guiar o operador do Direito na aplicao do artigo 17 do Estatuto do Idoso, que prev os representantes legais do ancio decidiro por ele, quando este no puder optar pelo tratamento de saúde que entender mais adequado, sendo que a presente dissertao dar especial referncia ao princpio do melhor interesse do idoso, o consentimento livre e esclarecido e as diretivas antecipadas.
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A presente Dissertao centra-se no estudo da busca de um conceito amplo de saúde. Constata-se que a Doutrina Jurdica Sanitria no se preocupa com o real contedo da saúde, remetendo a conceituao para as leis e tratados internacionais, que tambm no o alcanam. Assim, foca o debate na questo da obrigatoriedade ou no das prestaes de saúde pelo Estado, fundamentando-se, para tanto, na realidade do que Judicializado. Tal modo de observar a saúde restringe o seu contedo, no se coadunando com o referido conceito amplo de saúde assegurado constitucionalmente. Revela-se, assim, uma incongruncia entre a conceituao, que deve ser ampla, e o tratamento conferido pela Doutrina Jurdica acerca do direito saúde, que o restringe. Por isso, recorreu-se Doutrina da Medicina Social, a fim de se buscar a essncia da saúde e, em conseqncia, possibilitar uma cincepo mais ampla. A saúde entendida, ento, como um direito social, fundamental e humano, cuja prestao efetiva essencial para o bem estar dos cidados. Como pano de fundo terico utiliza-se a vinculao do Estado a sua finalidade, que no pode ser outra, seno a felicidade genuna de seu povo.
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Este trabalho refere-se a uma pesquisa qualitativa exploratria que tem por objetivo geral investigar alguns aspectos que marcam a experincia da morte na modernidade, como sua crescente desqualificao e ocultamento social, e mais recentemente, no perodo denominado de contemporneo, a sua maior visibilidade no campo dos saberes especializados, a fim de avaliar como tais questes se materializam no campo da assistncia em saúde. Essa discusso servir de base para a reflexo sobre o novo modelo de assistncia denominado de cuidados paliativos, o qual tem significado uma tentativa de humanizar o cuidado dispensado a pacientes portadores de doença avanada, sem possibilidades de cura ou em fase de terminalidade da vida.Para tal, parte-se de uma anlise da panormica histrica sobre os modos como a questo da morte se apresenta no sculo XX, alm do processo de emergncia do novo modelo assistencial, sendo abordados os conceitos de morte moderna - que reflete uma objetivao da morte pelo conhecimento tcnico cientfico no campo da medicina - e morte contempornea ou neomoderna - surgida como reao a esta ltima, caracterizada principalmente pela reivindicao ao direito de morrer com dignidade. Para cumprir os objetivos especficos, quais sejam, conhecer um servio de cuidados paliativos no cotidiano de um hospital, mapear suas principais caractersticas e coletar dados sobre a dinmica e organizao do servio foi realizada uma breve observao atravs de visitas ao Programa de Tratamento da Dor e Cuidados Paliativos do Hospital Universitrio Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (HUCFF/UFRJ). Os resultados mostraram que nos ltimos 40 anos houve uma mudana notvel das atitudes e das representaes associadas ao fim da vida.Isso promoveu o surgimento de novas filosofias e formas alternativas para lidar com a morte e o morrer, de que os cuidados paliativos so o representante maior neste incio de sculo, tornando-se hegemnicos no cuidado ao fim da vida nos domnios profissionais, associativos e polticos. Mostraram que os cuidados paliativos tm sido integrados ao sistema pblico de saúde em nosso pas a partir das polticas nacionais voltadas para a realidade do cncer, com desenvolvimento especialmente no contexto hospitalar de alta complexidade, ainda circunscritos exclusivamente ao domnio do especialista, fato indicado pelo desconhecimento da clientela sobre a existncia e natureza do servio.
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Trata-se da temtica Segurana do Paciente, que teve como objeto as iniciativas sobre segurana do paciente estabelecidas por organizaes internacionais de segurana. O objetivo proposto pelo estudo foi analisar tais iniciativas estabelecidas por organizaes internacionais de segurana. Para compor este estudo identificaram-se as principais organizaes de segurana, atarvs de uma reviso bibliogrfica de literatura realizada com base em fontes eletrnicas primrias, considerando-se as organizaes pioneiras na abordagem do tema Segurana do Paciente que fomentam prioritariamente a segurana do paciente e que divulgaram amplamente esta temtica no perodo de 2002 a 2012. Foram encontradas na plataforma Google referncias a mais de 100 instituies no mundo que abordam este tema. No entanto somente sete atenderam a todos os critrios de seleo, havendo predomnio de organizaes americanas (seis). A organizao mais antiga o Centers for Disease Control and Prevention (1946), e a mais recente a World Alliance for Patient Safety (2004). Quanto natureza jurdica, duas so governamentais (CDC e AHRQ), quatro so no governamentais (The Joint Commission, IHI, WHO Alliance e ISMP) e uma organizao independente (NCCMERP). Totalizaram-se 103 iniciativas de segurana do paciente no contexto hospitalar. A organizao que mais publicou iniciativas para a segurana do paciente no contexto hospitalar foi o ISMP com 20 iniciativas, totalizando 19% das iniciativas exploradas. As iniciativas relacionadas terapia medicamentosa, higienizao das mos, controle de infeces e cirurgias seguras foram as mais abordadas. Conclui-se que ao atentar para as iniciativas internacionais de Segurana do Paciente o profissional de saúde poder contextualizar-se, aprimorando seu conhecimento tcnico cientfico, alm de pr em prtica o que as principais organizaes mundiais voltadas para a Segurana do Paciente preconizam para a realizao de um cuidado mais seguro.
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Em 2005, a Agncia Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estabelece o padro TISS (Troca de Informao na Saúde Suplementar), intercmbio eletrnico obrigatrio entre as operadoras de planos de saúde (cerca de 1500 registradas na ANS) e prestadores de servios (cerca de 200 mil) sobre os eventos de assistncia prestados aos beneficirios. O padro TISS foi desenvolvido seguindo a estrutura do Comit ISO/TC215 de padres para informtica em saúde e se divide em quatro partes: contedo e estrutura, que compreende a estrutura das guias em papel; representao de conceitos em saúde, que se refere s tabelas de domnio e vocabulrios em saúde; comunicao, que contempla as mensagens eletrnicas; e segurana e privacidade, seguindo recomendao do Conselho Federal de Medicina (CFM). Para aprimorar sua metodologia de evoluo, essa presente tese analisou o grau de interoperabilidade do padro TISS segundo a norma ISO 20514 (ISO 20514, 2005) e a luz do modelo dual da Fundao openEHR, que prope padres abertos para arquitetura e estrutura do Registro Eletrnico de Saúde (RES). O modelo dual da Fundao openEHR composto, no primeiro nvel, por um modelo de referncia genrico e, no segundo, por um modelo de arqutipos, onde se detalham os conceitos e atributos. Dois estudos foram realizados: o primeiro se refere a um conjunto de arqutipos demogrficos elaborados como proposta de representao da informao demogrfica em saúde, baseado no modelo de referncia da Fundao openEHR. O segundo estudo prope um modelo de referncia genrico, como aprimoramento das especificaes da Fundao openEHR, para representar o conceito de submisso de autorizao e contas na saúde, assim como um conjunto de arqutipos. Por fim, uma nova arquitetura para construo do padro TISS proposta, tendo como base o modelo dual da Fundao openEHR e como horizonte a evoluo para o RES centrado no paciente
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A doença pulmonar obstrutiva crnica uma doença que leva obstruo pulmonar geralmente irreversvel e est intimamente relacionada com o hbito de fumar. Ao longo dos anos, ocorre destruio dos septos alveolares com a degradao das fibras elsticas e depsito do colgeno que compe estes septos. Muito tem se discutido sobre a existncia de inflamao sistmica no paciente com DPOC e sobre as suas possveis manifestaes extra-pulmonares . O processo de aterosclerose pode fazer parte deste espectro inflamatrio a partir da presena de dano endotelial. O fator de Von Willebrand um marcador de dano endotelial e pode ser dosado de forma quantitativa e qualitativa. Este trabalho demonstra uma diferena estatisticamente significativa, qualitativa e quantitativamente, entre os nveis de fator de Von Willebrand em tabagistas e em pacientes com DPOC, quando comparados ao grupo controle. Ao analisarmos os pacientes com DPOC dividindo-os em subgrupos considerando quatro classificaes distintas: GOLD 2006 (Anexo A), GOLD 2011 (Anexo B), grau de sintomatologia a partir da escala de dispneia MRC modificada (Anexo C) e nmero de exacerbaes no ltimo ano. Observamos uma diferena estatisticamente significativa, em relao ao nvel qualitativo do fator de von Willebrand, apenas quando comparamos pacientes com DPOC sintomticos e no sintomticos. Demonstramos ainda uma correlao inversa entre o percentual predito de volume expiratrio forado no primeiro segundo (VEF1%) com os nveis qualitativos de fator de von Willebrand. Desta forma, o fator de von Willebrand est aumentado no paciente com DPOC, sendo um possvel marcador srico de sintomatologia relacionado a esta doença. Apesar de no se conseguir definir gravidade dos pacientes com DPOC pelo GOLD, o fator de von Willebrand estabelece uma correlao inversa com os nveis de VEF1%, sugerindo algum tipo de participao na progresso da doença.
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Este trabalho tem como objetivo principal investigar a histria dos filhos sadios separados dos pais doentes de hansenase que foram isolados compulsoriamente em leprosrios por determinao do Estado brasileiro. Atravs da metodologia da pesquisa qualitativa baseada na tcnica de histria oral, busca-se compreender esta forma de violao de direitos de uma gerao que foi atingida pela poltica de controle da doença no Brasil. Assim, identificamos as circunstncias desta separao e o destino que teve cada um dos entrevistados e examinamos as relaes entre a trajetria social destes sujeitos e a poltica sanitria determinada pela Saúde Pblica brasileira; luz das consequncias sociais e morais causadas por esta determinao profiltica. Conclumos que um dos grandes impactos da medida de segregao e afastamento destes indivduos foi o aprofundamento do estigma social que teve como principais efeitos perversos, o rompimento do vnculo com a famlia e com as redes de sociabilidade, alm da restrio das oportunidades de estudo e de trabalho, conformando um modo de discriminao que se traduz na histria de vida dos sujeitos afetados pela doença e de seus familiares.
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Essa dissertao tem por objetivo apresentar, de forma panormica, uma reviso histrica sobre o conceito de medicalizao, analisando como o entendimento sobre este processo se transformou nas ltimas dcadas, passando de crticas mais ortodoxas, que julgavam ser este processo fruto de um imperialismo mdico sobre a sociedade, s crticas contemporneas, orientadas por uma compreenso mais nuanada a respeito do tema. Dentre as principais mudanas na leitura da medicalizao, est o entendimento desta enquanto um processo interativo e coletivo, composto por inmeros participantes-chave com interesses e papis distintos na atualidade. Enquanto os primeiros tericos da dcada 70 realam a crtica ao controle social e malefcios da medicina, numa abordagem mais recente os indivduos deixam de ser vistos como vtimas para protagonizarem o cenrio de negociao pblica acerca das fronteiras que legislam sobre os processos de saúde e doença. A noo de medicalizao caminhou no sentido de uma complexidade maior, trazendo desafios que no so to facilmente resolvveis na conjuntura contempornea. Ao final, destacamos como um dos desdobramentos centrais desta dissertao a pertinncia atual de uma reviso mais apurada sobre o assunto, principalmente no que concerne ao tema do estreitamento da normalidade, onde o conceito de medicalizao pode funcionar como uma ferramenta conceitual til de anlise. Aludimos ao exemplo da psiquiatria como um analisador nessa discusso, considerando o papel social historicamente desempenhado por esta na delimitao de fronteiras que, no fundo, ainda versam sobre antigos dilemas sobre normalidade e anormalidade. Para tanto, este estudo traz uma reviso histrica sobre o conceito de medicalizao atravs das contribuies mais relevantes da literatura internacional.
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O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do tratamento periodontal sobre marcadores (PCR, albumina, colesterol e triglicerdeos) em indivduos com Doença Renal Crnica (CRD) bem como sobre o curso da progresso dessa doença. Vinte e seis pacientes, idade mdia de 60 ( 11,2) anos, com Doença Renal Crnica estgios 3 e 4 com periodontite crnica no severa e severa receberam terapia bsica periodontal. Parmetros clnicos periodontais incluram ndice de Placa (IP), Sangramento Sondagem (SS), Profundidade de Bolsa Sondagem (PBS), Nvel de Insero Sondagem (NIS). A taxa filtrao glomerular estimada (ml/min/1.73 m2) e nveis sricos de protena C-reativa (mg/dl) (PCR), triglicerdeos (mg/dl), colesterol total (mg/dl) e albumina (g/dl) foram avaliados no dia zero e noventa dias aps o tratamento periodontal. No dia zero, os percentuais mdios de stios com PBS ≥ 4mm e NIS ≥ 4mm eram de 23,7 ( 11) e 38,2 ( 16,5), respectivamente. Trs meses aps, os valores correspondentes diminuram para 13,3 ( 8,0) e 33,4 ( 16,6). O percentual mdio de stios com PBS ≥ 6mm e NIS ≥ 6 mm diminuiu de 7,8 (8,6) e 24,5 (19,3) para 2,9 (5,1) e 23,8 (20,3). Os valores mdios no dia zero de PCR, albumina, triglicerdeos e colesterol total eram de 1,0 mg/dl (1,0), 4,4 g/dl (0,4), 160 mg/dl (61,5), 200,1 mg/dl (36,9), enquanto que 90 dias aps o tratamento os valores correspondentes foram de 0,8 mg/dl (0,6), 4,4 g/dl (0,3), 155,8 mg/dl (65,6), 199,5 mg/dl (46), respectivamente. No havia diferena estatstica entre os parmetros laboratoriais, entre os dias 0 e 90. No dia 0, as taxas da filtrao glomerular estimada foram de 41,6 ml/min/1.73m2 (13,1), enquanto no dia 90 esses valores foram de 45 ml/min/1.73m2 (15,7) (p<0.05). Concluiu-se que aps o tratamento periodontal os parmetros clnicos periodontais e a taxa de filtrao glomerular estimada melhoraram significantemente e houve uma tendncia para diminuio dos nveis de PCR. O significado clnico do aumento da taxa filtrao glomerular estimada discutvel. Estudos longitudinais com tempos de observao mais longos so necessrios para avaliar se o tratamento periodontal pode oferecer benefcio para o paciente renal crnico.
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Nesta tese, pretendemos investigar a relao entre ciclo de vida, posio socioeconmica e disparidades sociais no Brasil. Inicialmente, apresentamos trabalhos brasileiros e estrangeiros que descrevem associaes entre a posio socioeconmica dos indivduos e o estado de saúde. A abrangncia dessa ligao levou socilogos a sistematizarem uma elegante teoria que trata os recursos socioeconmicos como causas fundamentais do adoecimento e da mortalidade. Fazemos uma exposio relativamente detalhada dessa perspectiva. A apresentao dos dois debates estabelece a justificativa do trabalho e mapeia os espaos na literatura para os quais pretendemos contribuir. No segundo captulo iniciamos nossa investigao, com o aprofundamento de uma dimenso tida como central no entendimento sociolgico da desigualdade: classe social. Esse conceito tido por pesquisadores, tanto vinculados sociologia como em outras disciplinas, como uma via explicativa interessante na abordagem das disparidades sociais em saúde. No entanto, essa opinio no consensual, e vrios socilogos contemporneos fazem severas crticas essa dimenso e s teorias que a balizam. Fazemos um aprofundamento nesses debates e uma reflexo sobre sua pertinncia para o contexto brasileiro. Balizamos nossas concluses atravs de uma investigao que mobiliza mtodos e dados inditos sobre a estrutura ocupacional brasileira. Atravs da investigao da validade emprica e conceitual de uma das operacionalizaes de classe mais comuns na literatura internacional, a tipologia EGP, testamos como caractersticas do mercado de trabalho brasileiro se relacionam a essa dimenso. Nossos resultados, atingidos a partir de modelos log-lineares de classes latentes (latent class analysis) mostram que as particularidades do mercado de trabalho brasileiro so importantes na considerao sobre essa varivel, mas no inviabilizam sua utilizao. Munidos desse resultado, partimos para o ltimo captulo do trabalho. Nele, aprofundamos a discusso sobre desigualdade e saúde atravs da apresentao de teorias sobre o ciclo de vida, que informam dois debates especficos que investigamos empiricamente. O primeiro deles diz respeito acumulao de vantagens e desvantagens ao longo do ciclo de vida e a estruturao das disparidades sociais em saúde. O segundo diz respeito transmisso intergeracional da desigualdade e a desigualdade em saúde. Apresentamos essas correntes tericas, que inspiram a elaborao de nossas hipteses. Junto a elas, adicionamos uma outra hiptese inspirada nas discusses apresentadas nos captulos anteriores. Nossos resultados demonstram a relevncia de abordagens sociolgicas para o estudo da desigualdade em saúde. Mostramos como nvel educacional e idade interagem na estruturao das disparidades sociais em saúde, evidncias indiretas de como as trajetrias sociais proporcionadas pela educao expe indivduos a condies que os expe sua saúde a diferentes tipos de desgaste. Igualmente, mostramos evidncias que apontam para como etapas relacionadas infncia e adolescncia dos indivduos tm efeitos sobre seu estado de saúde contemporneo. Por fim, refletimos sobre os limites da varivel de classe para o entendimento da estruturao das disparidades sociais em saúde no Brasil.
Resumo:
A poltica de Ateno Bsica Saúde no Brasil, revitalizada pelo Ministrio da Saúde, tem a saúde da famlia como estratgia prioritria para a sua organizao. Ancorada no trabalho em equipe multidisciplinar, na vinculao de compromissos e na corresponsabilidade da ateno s famlias, esta estratgia pretende reformular o modelo de ateno saúde. Isto significa ultrapassar a tradicional assistncia institucionalizada que prioriza a tutela para ir na direo da ateno saúde, o cuidado sendo capaz de gerar a autonomia dos indivduos. O Agente Comunitrio de Saúde, integrante da equipe, o sujeito do povo facilitador da interlocuo entre o saber cientfico e o saber popular. Depositrio de poder transformador, ele tem nas suas funes de educao e promoo de saúde o instrumento para a disseminao de conhecimento emancipatrio, promotor de autonomia , com vigilncia em saúde, operar o cuidado como essncia humana. Entretanto, esse novo resultado dos normas e das regras institudas na organizao dos servios de saúde, o que se soma s relaes que se estabelecem entre os trabalhadores da saúde e os mais distintos grupos sociais. Esta dissertao consiste em um estudo de caso que encontra razo da forma com que os ACSs das Equipes de Saúde da Famlia de Manguinhos (Rio de Janeiro), contribuem para a ateno saúde; nela, o cuidado emancipador promove a desconstruo de desigualdades. Esta uma pesquisa de origem qualitativa que obteve, atravs da tcnica de grupo focal, seu material de anlise de contedo. Utilizando a categoria analtica o agente cuidador, identificamos as seguintes categorias empricas: o agente tem que ser paciente, o agente sentindo-se excludo, o agente dono da chave da porta. Diante do material analisado, pudemos observar que os agentes de Manguinhos adotam a pacincia de saber escutar como ferramenta tecnolgica, alm da pacincia perseverante, utilizada diante das muitas dificuldades reveladas por eles. Ainda na dinmica relacional, observamos que os ACSs alternam sentimentos de excluso e incluso diante de determinados grupos sociais. Entretanto, o sentimento de excluso potencializado, a nosso ver, pela estigmatizao social sofrida por serem moradores de comunidades submetidas a todo tipo de violncia. Enquanto, facilitadores da entrada dos usurios no sistema de saúde, observamos um monoplio da assistncia saúde que no ocorre para transformaes da produo do cuidado em saúde, e que so verificadas nas tenses caractersticas de aes na forma de ajuda-poder, revelando um dos mecanismos utilizados pelos ACSs no seu reconhecimentos scio-ocupacional. Acreditamos que, embora esta dissertao seja um estudo de caso, possvel estabelecer analogias com as ESFs de metrpoles brasileiras. Neste sentido, somente a formao tcnica do ACS baseada na problematizao dos temas levantados poder superar aes mantenedoras de assimetrias de poder. Devem ser ultrapassadas metodologias que reforcem o lugar social do ACS no ltimo nvel da hierarquia da diviso do trabalho em saúde. Apenas desta forma ser possvel impedir a captura dos ACSs por poderes hegemonicamente institucionalizados. Ento, e s ento, ser possvel veicular um saber emancipador, construtor de autonomia, mitigador de desigualdades, no qual a utopia tornar-se- realidade.
Resumo:
Esta pesquisa tem como objeto de estudo a anlise do processo de acompanhamento dos clientes portadores de feridas na ateno primria do municpio de Angra dos Reis. Os objetivos so: verificar a existncia de processo de acompanhamento de clientes portadores de feridas nas unidades de ateno primria do municpio de Angra dos Reis; analisar as dificuldades inerentes ao processo de acompanhamento de clientes portadores de feridas nas unidades de ateno primria do municpio de Angra dos Reis. O mtodo foi descritivo, o tipo de levantamento e de natureza quantitativa. O instrumento de coleta de dados foi o formulrio, tendo como sujeitos do estudo a populao de enfermeiros atuantes na ateno primria do municpio de Angra dos Reis e que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme disposto na Resoluo 196/96 do Conselho Nacional de saúde. O cenrio utilizado foi o municpio de Angra dos Reis. A pesquisa foi aprovada pelo Comit de tica em Pesquisa do Instituto de Medicina Social da UERJ, atravs da Plataforma Brasil em 28/06/2013. A anlise demonstrou que mais de 93% dos enfermeiros realizam curativos durante sua atuao profissional na ateno primria, destes, 80% realizam algum tipo de acompanhamento de clientes portadores de feridas. Este acompanhamento nem sempre contnuo, por contada dificuldade tcnica do prprio profissional, da interrupo do fornecimento de materiais por parte do almoxarifado, da baixa adeso do cliente e da inexistncia de uma rotina institucionalizada. A insuficincia de produtos disponveis no municpio para a realizao de curativos tambm foi um fator descrito pelos sujeitos como prejudicador no processo de acompanhamento destes pacientes. Foi verificado que a utilizao de produtos de segunda gerao para realizao de curativos, quando indicados de forma correta e respeitando o prazo de troca, proporciona uma economia nos fastos do municpio no que se refere ao tratamento tpico de feridas, economia esta que pode chegar metade dos gastos. Este estudo foi relevante para a otimizao do processo de acompanhamento de clientes portadores de feridas no municpio, bem como reorganizao defluxos, rotinas e do cuidado prestado.
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A tuberculose (TB) uma doença que foi declarada pela Organizao Mundial de Saúde como emergncia mundial em 1993. As ferramentas disponveis hoje para controle da TB so: o diagnstico precoce e o tratamento eficiente. Porm, o abandono do tratamento de TB um problema enfrentado mundialmente em propores que podem variar entre 3% a 80%. Por isso, a identificao dos fatores que so preditores do abandono do tratamento de TB pode ajudar a desenvolver melhores estratgias para o seu controle. O objetivo deste trabalho , atravs de uma metanlise, fazer uma estimativa sumria da medida de associao entre cada um dos fatores (a) relacionados ao servio de saúde, (b) relacionado ao quadro clnico e terapia da TB e (c) relacionados aos indivduos e o abandono do tratamento de TB. A estratgia de busca eletrnica remota para a recuperao de publicaes relevantes foi desenvolvida de forma especfica para as diferentes bases consideradas relevantes (MEDLINE [Pubmed] e LILCS). Buscas por referncias cruzadas, alm da consulta base de revises sistemticas COCHRANE, tambm foram realizadas. Investigaes foram includas se fossem trabalhos observacionais ou experimentais que estudem fatores de risco ou preditores do desfecho de interesse (abandono do tratamento de tuberculose) atravs de comparaes de dois ou mais grupos e se seus dados pudessem ser extrados. Dois revisores classificaram os trabalhos e extraram dados de forma mascarada e as discordncias resolvidas. Mais de 190 textos completos foram aptos combinao de dados. Destes, foi possvel extrair dados para combinao de 40 exposies. Destas, 19 foram demonstradas nesta investigao. Das 19 demonstradas, 13 exposies estudadas apresentaram associao e poderiam ser considerados preditores (sexo masculino, alcoolismo, infeco pelo HIV/SIDA, uso de drogas ilcitas, nacionalidade estrangeira, analfabetismo, retratamento, baciloscopia positiva, abandono prvio, tratamento de curta durao, acesso fcil unidade de saúde, treinamento para adeso, tuberculose extrapulmonar) e seis no apresentaram associao (desemprego, efeitos adversos, tuberculose resistente, necessidade de hospitalizao, demora para o incio do tratamento, espera longa para a consulta). Porm, essas associaes devem ser consideradas de forma conservadora devido elevada heterogeneidade encontrada em todas as exposies. Apenas cinco exposies apresentaram explicao parcial e uma apresentou explicao total para a heterogeneidade. O vis de publicao foi detectado em apenas duas das 19 exposies.
Resumo:
A insero das Equipes de Saúde Bucal no Programa de Saúde da Famlia (PSF) representa um desafio na mudana do modelo de ateno, tradicionalmente centrado no indivduo e na doença para uma abordagem integral do indivduo inserido em seu contexto familiar, comunitrio e social. A formao do cirurgio-dentista, eminentemente tcnica e voltada para o mercado privado, no contribui para subsidiar o servio pblico com profissionais preparados, com conhecimento da realidade social e necessidades de saúde da populao usuria do Sistema nico de Saúde. A presente pesquisa teve como objetivo principal conhecer o processo de trabalho das Equipes de Saúde Bucal no Programa de Saúde da Famlia do Municpio de Petrpolis, a partir das perspectivas dos profissionais cirurgies-dentistas e identificar as tendncias no manejo de situaes-problema emergentes, no intuito de contribuir para o processo de Educao Permanente em Saúde. Com carter exploratrio e qualitativo, os mtodos empregados foram a entrevista em grupo no formato de Grupo Focal, e inqurito realizado com o universo dos profissionais para caracterizar as atividades realizadas pelos cirurgies-dentistas no PSF. Subsidiariamente foram includas informaes provenientes de participao observante da autora. A anlise do inqurito permite caracterizao das atividades dos cirurgies-dentistas no PSF, cuja visibilidade ainda restrita, apontando condies de trabalho que permitem a realizao da maioria das aes preconizadas nos documentos oficiais. A anlise dos Grupos Focais pode subsidiar iniciativas de Educao Continuada e Permanente, destacando-se as seguintes temticas: trabalho em equipe, organizao e planejamento da assistncia clnica e das aes coletivas, fortalecimento da superviso, ferramentas para realizao de diagnstico coletivo e apoio integrao da saúde bucal ao processo de trabalho no Programa de Saúde da Famlia.
Resumo:
A doença de Parkinson (DP) uma das desordens neurodegenerativas mais comuns associada ao envelhecimento, alcanando 2% aos 70 anos. uma doença caracterizada pela degenerao progressiva de neurnios dopaminrgicos nigrais nos gnglios basais e pela presena de incluses proticas citoplasmticas denominadas corpsculos e neuritos de Lewy nos neurnios sobreviventes. A etiologia da DP pouco conhecida, sendo considerada, na maioria dos casos, idioptica. Conhecimentos alcanados nos ltimos 15 anos sobre a base gentica da DP demonstram, claramente, que os fatores genticos desempenham um importante papel na etiologia desta desordem. Neste trabalho, rastreamos mutaes nos genes que codificam protenas participantes de vias metablicas mitocondriais (Parkin, PINK1 e DJ-1) em 136 pacientes brasileiros com manifestao precoce da DP, atravs do sequenciamento automtico e da tcnica de MLPA. Avaliamos a presena de variantes de sequncia por meio do sequenciamento dos exons 1 a 12 do gene Parkin e dos exons 1 a 8 do gene PINK1. Em Parkin foram identificadas trs mutaes patognicas ou potencialmente patognicas, ambas em heterozigose: p.T240M, p.437L e p.S145N. Em PINK1 no encontramos variantes de ponto patognicas. Atravs da tcnica de MLPA investigamos alteraes de dosagem nos genes Parkin, PINK1 e DJ-1. Identificamos cinco alteraes no gene Parkin em quatro pacientes: uma duplicao heterozigota do exon 4 no paciente PAR2256, uma deleo heterozigota do exon 4 no probando PAR2099, uma deleo homozigota do exon 4 na paciente PAR3380 e um probando heterozigoto composto (PAR2396) com duas alteraes, uma duplicao do exon 3 e uma deleo dos exons 5 e 6. No gene PINK1 identificamos uma deleo heterozigota do exon 1, que nunca foi descrita na literatura, em um paciente (PAR2083). No encontramos alterao quantitativa no gene DJ-1. Neste estudo obtivemos uma frequncia total de mutaes patognicas (pontuais e de dosagem) nos genes estudados de 7,3%, sendo 6,6% no gene Parkin e 0,7% no gene PINK1.