132 resultados para Melancolia Psicanálise (Freud)
Resumo:
Este trabalho apresenta o processo de investigao da pesquisa De volta para casa: do professor eterno ao complexo docente, cujo objetivo mpar foi analisar o desejo realizado de um grupo especfico do magistrio: o de retornar como docente da escola em que estudaram. O trabalho adotou o estudo de vis analtico sobre a pesquisa de Sobreira (2008), destacando principalmente o conceito de professor eterno avanando para uma outra perspectiva: o complexo docente. A questo central da pesquisa foi descobrir como os desejos/vontades/sonhos docentes interferem em suas escolhas pedaggicas e profissionais. O trabalho considerou importante a anlise conjuntural da escola e, consequentemente, do Curso Normal em relao ao que denominou-se supereu educacional e supereu cultural (FREUD, 2006, 1997a, 1997b; SAFATLE, 2007). Realizou-se uma pesquisa de campo em duas escolas estaduais com Curso Normal de Nvel Mdio. Portanto, discorre atravs da anlise das entrevistas realizadas com trinta docentes que realizaram esse sonho/desejo, procurando escavar em seus relatos os sentimentos em relao ao retorno, suas recordaes da poca estudantil e do professor admirado (SOBREIRA, 2008). Os principais referenciais tericos utilizados foram Adorno, Deleuze e Guattari, adicionando aos estudos o dilogo e a aproximao entre seus conceitos de formao e devir, respectivamente. Destaca-se o posicionamento da pesquisa em relacionar esses dois autores, de correntes filosficas distintas, num ponto de convergncia imbricado com a perspectiva freudiana a respeito das trs tarefas impossveis (governar, psicanalisar e educar). Assim como nestas tarefas, os conceitos de formao e devir esto prenhes da impossibilidade de determinao apriorstica de resultados. Nestes termos, aventa-se o imperativo de repensar o currculo da formao docente, a partir do envolvimento dos sentimentos e desejos presentes no magistrio, numa construo emancipatria das relaes pedaggicas.
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Embora a quantidade de publicaes que trazem capa a denominao contos fantsticos ou, ainda, que tratem do inslito como temtica tenha crescido nos ltimos anos na literatura brasileira, nota-se que h muito que se definir para que se chegue a uma classificao que evite generalizaes simplificadoras. Portanto, esta dissertao pretende discutir e apontar alguns elementos que, de acordo com o arcabouo terico-metodolgico de Tzvetan Todorov e de Filipe Furtado, se configuram como estratgias de construo do discurso literrio de narrativas do gnero Fantstico. Para isso, foram trazidos os estudos de Sigmund Freud e de Jean Paul Sartre para problematizar os conceitos e vises que se tm do gnero e, em seguida, selecionaram-se cinco antologias que discorrem sobre a temtica do inslito e, aps minuciosa e atenta leitura crtico-interpretativa de cada prefcio e/ou introduo, foram confrontadas as ideias, ali expostas, com a que se adotou nesta pesquisa como norte. Em seguida, fez-se a apreciao dos contos de literatura brasileira e ficou constatado que o contedo das antologias selecionadas no condiz com a nomenclatura sustentada na capa dos volumes
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Este estudo prope uma leitura histrico-cultural das interpretaes de Gerd Bornheim (1929-2002), destacando a temtica da linguagem, sobretudo das linguagens artsticas. A partir dessas expresses, as colocaes crticas de Bornheim a respeito da esttica e filosofia da arte apresentam um panorama dos questionamentos. Nesse sentido, so notveis em seus trabalhos as reflexes sobre o teatro e a msica. A linguagem teatral permite o acesso s outras atividades artsticas (poesia, msica, artes plsticas, cinema) de forma livre e aberta. A linguagem musical, em consonncia com a teatral, corrobora a pesquisa de Bornheim, que observou o processo criativo, a comunicao, o papel da interpretao (advento da crtica) e as rupturas nas poticas contemporneas. Tal itinerrio sublinha a pesquisa que Bornheim realizou na Frana nas dcadas de 1950 e 1960-70. O estmulo dessa atmosfera, marcada pelo dilogo entre filosofia, cincias sociais, psicologia, psicanálise, histria, antropologia, lingustica, comunicao, teatro e msica foi decisivo para ele. Esses pontos so importantes para a apreenso do tema da linguagem e sua ambincia histrica, na qual Bornheim revela outras perspectivas de pesquisa. O pano de fundo a crise da metafsica e os novos parmetros para se pensar a dialtica, a teoria e a prtica. O diagnstico de tal crise estende-se tambm esttica. Por conseguinte, o entendimento das ideias de Bornheim conduz aos temas da diferena e alteridade na contemporaneidade. Com isso, persegue-se um percurso temtico que aborda: a linguagem e o problema da comunicao a partir da ligao das interpretaes de Bornheim com as de Sartre e Merleau-Ponty. Alm disso, o surgimento da crtica e os questionamentos da normatividade tica e esttica levam discusso das motivaes coincidentes entre artes e cincias. Por fim, a linguagem musical enfatiza ainda o processo de transformao da subjetividade, que propicia uma percepo mais ampla das expresses artsticas e culturais.
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Verificamos na fico brasileira contempornea uma reescritura do gnero policial, que deixa de ter como principal meta a retirada das mscaras que encobrem a verdade. Nesta era de ambiguidades e incertezas, em que a verdade passa a ser substituda pelas verses, o tema do duplo encontrar a condio ideal para sua revitalizao. o que podemos observar na obra de Luiz Alfredo Garcia-Roza, objeto desta dissertao, cuja finalidade principal a de identificar e analisar as manifestaes do duplo em alguns romances do autor, situando-os no contexto contemporneo. Para tal, foram selecionados como corpus de anlise cinco de seus nove romances: Vento Sudoeste (1999), Perseguido (2003), Espinosa sem sada (2006), Na multido (2007) e Cu de origamis (2009). Traamos, primeiramente, um breve panorama da representao literria do tema do duplo, alm de alguns conceitos psicanalticos, buscando introduzir o tema, utilizando como base terica os estudos de Otto Rank, Freud, Nicole Bravo, Ana Maria Lisboa de Mello, entre outros. Num segundo momento, identificamos as manifestaes do duplo nas narrativas policiais de enigma, noir e ps-utpica, empregando o termo criado por Haroldo de Campos. Verificamos que a narrativa policial brasileira, desde os seus primrdios, j revela uma incompatibilidade com as certezas preconizadas pela escola de enigma. Dessa forma, abrimos o caminho para atingirmos o foco deste estudo: a anlise do duplo na narrativa de Luiz Alfredo Garcia-Roza, articulando o quadro terico leitura dos textos. O duplo aparece na fico do autor como representao dos antagonismos humanos que levam fragmentao do eu e como estratgia para ressaltar as ambiguidades e incertezas da narrativa policial ps-utpica, em contraposio s verdades absolutas do gnero policial em sua forma clssica. Da deduzimos que, contrariando a principal norma do gnero, a narrativa de Garcia-Roza coloca mscaras, em vez de retir-las
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A partir da interface entre psicanálise e cultura, este trabalho tem como objetivo analisar o debate contemporneo acerca das noes psicanalticas de alteridade e diferena sexual, instaurado pelos deslocamentos ocorridos no campo da sexualidade e pelos desafios que estes impem psicanálise. Para isso, prope-se, em um primeiro momento, examinar a teoria freudiana sobre a diferena sexual, o que realizado principalmente a partir das formulaes acerca da sexualidade feminina. Como a construo do complexo de dipo apresenta-se como uma tentativa de dar conta da constituio da identidade sexual e da diferena no processo de subjetivao, traa-se o trajeto do autor desde as primeiras menes ao dipo at o encontro com o impasse do feminino, passando pela teoria das identificaes como mecanismo privilegiado de assuno sexual. Em seguida, investiga-se o pensamento de Lacan em relao ao tema da diferena sexual, desde o seu retorno ao complexo de dipo e a sua estruturao em termos de linguagem at as propostas apresentadas em seu ltimo ensino, em que sublinha o aspecto real da sexuao assim como se valoriza a diferena sexual em termos de gozo. Finalmente, tendo como pano de fundo a nova cartografia das sexualidades, e como fio condutor, o dilogo travado entre Judith Butler e Slavoj iek, considera-se em que medida a psicanálise baseia a constituio da alteridade no modelo binrio e hierrquico da diviso sexual, contribuindo para a manuteno normativa do sistema sexo-gnero ou em que medida a teoria psicanaltica proporciona um deslocamento da alteridade do modelo de diferena sexual, contribuindo para a sua compreenso enquanto indeterminao e contingncia.
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Esta tese apresenta como um dos seus aspectos fundamentais a compreenso de outra cultura, outra verso, outro conjunto de valores: o pensamento indiano, bero da Ahamkra a conscincia individual, o eu e das prticas ascticas de origem pr-ariana e autctone. No interior dessa tradio, foram escolhidos os ensinamentos do Buddha Shkyamuni, por sua absoluta originalidade na concepo da individualidade, transformando radicalmente as concepes de subjetividade existentes em sua poca. O intuito, ao buscar uma tradio em tudo diferente da nossa, , por dirigir o foco para o mais contrastante, iluminar nossa prpria tradio, enriquecer o campo de discusso das novas matrizes de subjetivao em nossa sociedade ocidental ps-moderna e globalizada. Com essa abordagem objetiva-se contribuir para o debate em torno do despertar do budismo ocidental, no sc. XXI, lanando algumas linhas de reflexo que auxiliem, por um lado, a contextualizar esse acontecimento, e, por outro, a ampliar o debate sobre as questes relativas noo de sujeito, utilizada pelos tericos da psicanálise, atravs da apresentao de uma outra verso, a do eu budista. A comparao entre uma forma de individualidade oriunda de uma sociedade tradicional e holista e a forma da individualidade contempornea, oriunda de uma sociedade secularizada e individualista, possvel atravs do que Harpham denomina imperativo asctico, uma fora estruturante primria e transcultural. Nesse sentido visualiza-se uma relao entre as prticas ascticas e a construo do eu. Segundo Mauss, o eu tambm uma categoria universal, presente em todas as culturas. Assim como se encontram variaes sobre o repertrio das prticas ascticas disponveis em diferentes culturas, encontram-se variaes na forma da subjetividade, de acordo com o seu solo cultural e sua paisagem mental. Fizemos uma conexo entre as prticas ascticas indianas e o que denominamos de identificao mstica, a partir da qual foi possvel inferir essa imbricao entre ascetismo, construo e sacralizao do eu nos primrdios da civilizao indiana. Com o budismo ocorre uma espcie de descentramento, a sacralizao estendida a todo o cosmo, as prticas de meditao sintonizam com todos os seres, com todos os animais, para eliminar as causas do sofrimento. O budismo nasce com uma vocao universalista e leva para fora das fronteiras da ndia esse eu construdo a partir dos conceitos da himsa, a no-violncia, e da noo de ausncia de existncia inerente, inscritos no pensamento budista h dois mil e quinhentos anos, despertando o interesse do ocidente aps um longo perodo de obscurecimento.
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Este trabalho apresenta os resultados da pesquisa Corpo Docente Corpo Doente: Por Que Padece o Corpo? O principal objetivo era investigar a possibilidade de o Mal-Estar Docente constituir a profisso do magistrio, assim como o mal-estar caracteriza e constitui o progresso da humanidade, Freud (1998). A questo central da pesquisa era descobrir se assim como o Mal-Estar na Civilizao, o Mal-Estar Docente tambm derivaria de situaes presentes na configurao atual do magistrio. Portanto, discorre sobre algumas formas de mal-estar que marcaram o desenvolvimento da civilizao, agrupadas em cinco modalidades. O trabalho adota o estudo de cunho reflexivo e almeja contribuir com o debate terico para uma abordagem alternativa do Mal-Estar Docente. Agrega aos estudos as reflexes provenientes das entrevistas realizadas com mdicos que atuam na Coordenadoria de Valorizao do Servidor, da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro. Destaca-se o posicionamento da pesquisa em relao ao Mal-Estar Docente pelo vis da subjetividade do professor. O trabalho considera importantes as pesquisas que apresentam o mal-estar do ponto de vista social, mas discorda da nfase dada exclusivamente aos fatores sociais. Freud (1998), Zaragoza (1999), Codo & Menezes (2000), Adorno (2003), Rouanet (2003) e Birman (2007) foram os referenciais tericos utilizados. A partir do dilogo entre os autores e da anlise das entrevistas, constatou-se que algumas situaes presentes na configurao do magistrio realmente contribuem para o problema do Mal-Estar Docente. A pesquisa revelou, ainda, o imperativo de novas investigaes sobre a situao dos professores que buscaram estratgias de sade para no cair no adoecimento, para inquirir os impactos do silenciamento da sexualidade docente sobre a prtica do professor e para averiguar como a sublimao pode ser desenvolvida no espao escolar.
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Esta tese se dedica ao estudo do corpo em sua qualidade sensvel, buscando evidenciar que sobre este que incidem as formas de dominao contemporneas na medida em que o corpo vem sofrendo, na atualidade, um processo de anestesiamento em seu campo intensivo, seja por uma sobre-excitao da sensao ou, ao contrrio, pelo seu apagamento. Tal anestesiamento decorre dos novos modos de subjetivao contemporneos em que a vida se tornou o lcus privilegiado das intervenes dos poderes. O corpo entediado, esvaziado de suas foras singulares produtivas, tem sido resultante da complexa rede de ingerncias a que tem sido exposto. Na conduo das polticas de sade, os saberes se organizam em suas regulamentaes para indivduos e grupo, fechando-os s diferenciaes. A possibilidade da experincia alteritria se torna rarefeita, j que indivduos e grupos reproduzem a lgica de desapropriao de seus prprios modos de sentir, de perceber o mundo. Os trabalhos pesquisados, nesta tese, seja na dana ou nas tcnicas de mobilizao dos corpos que desenvolvem mtodos para experienciar seus movimentos e ritmos, permitem o acesso s condies sensveis, por colocarem questes ao corpo que ultrapassam o saber racionalizado sobre o mesmo. Funcionando como novos operadores cognitivos, estes trabalhos sustentam um fazer-se dos corpos, nos seus processos subjetivantes, em que o paradoxo e alteridade possam emergir como resistncia s formaes decorrentes dos jogos de saber/poder contemporneos. Na mesma direo, tambm, a psicanálise tem muito a contribuir a partir da reavaliao de suas prticas observando a condio sensvel dos corpos e do repensar terico deste lugar, o corpo, que como campo de virtualidades atravessado pelo coletivo, aproxima-se do estado inaugural da existncia. Neste lugar, a subjetivao se d no campo das foras, campo pulsional ao realizar sua preenso do mundo e produo de suas formas atravs dos processos de erotizao do corpo. Algumas teorias psicanalticas tm colaborado significativamente para a sofisticao de um saber em que o psiquismo visto como encarnado. Essa leitura, ao no dissociar o corpo do psiquismo, busca romper com a lgica binria, caracterstica da leitura clssica psicanaltica, destacando a importncia dos afetos na clnica e viabilizando, deste modo, para o entendimento dos sintomas, o enlace definitivo do sujeito com a cultura. A forma das foras o resultado de um processo que se realiza a partir das percepes decorrentes de um dado campo de afetao, intensivo. Assim a possibilidade de sustentao de formas singulares de existncia est relacionada capacidade em acessar este campo das foras, entendido como um campo que permite as operaes de construo e desconstruo do universo simblico. Na aproximao da dimenso crtica envolvida nos estudos sobre a corporeidade, os estados patolgicos podem ser compreendidos, ento, como resistncia aos imperativos das organizaes codificadas.
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O presente trabalho tem como intuito investigar as possveis implicaes entre a angstia e a mulher. Nosso objetivo principal pesquisar de que maneira a mulher experimenta a angstia e como este estado afetivo irrompe na vida psquica feminina. Para tanto, recorremos a uma pesquisa na bibliografia psicanaltica sobre o tema, sobretudo na obra de Freud e no ensino de Lacan. Partimos da indicao daquele autor de que a angstia de castrao, que se demonstra estruturante da vida psquica do homem, no se apresenta como a base da angstia no outro sexo. O correlato da angstia de castrao o medo de perder o amor, que nos remete investigao de um perodo arcaico da histria da mulher: sua relao pr-edipiana com a me. Este primeiro enlace amoroso, que a mulher reeditar constantemente a cada novo encontro amoroso, servir de base para toda sua vida ertica. Serviremo-nos, a fim de ilustrar esta questo, do romance O Amante, de Marguerite Duras, e da obra de Camille Claudel que demonstram a intrnseca relao devastadora entre a mulher, a angstia, o amor e a me.
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Esta dissertao estuda o papel do sujeito na literatura e sua relao com a cultura e alteridade atravs da anlise de duas obras: Nove noites, de Bernardo de Carvalho e Corao das Trevas de Joseph Conrad. As obras estudadas mostram a crise que atinge os protagonistas dos dois livros depois do encontro com outras culturas. Em Nove noites o outro representado pelo ndio e em Corao das Trevas pelos africanos. Em Nove noites o antroplogo Buell Quain se suicida depois de uma estada entre os ndios Krah, e em Corao das Trevas vemos a deteriorao do homem branco representada pelo personagem de Kurtz. Considerado um homem notvel e um altrusta na Europa, Kurtz teria se corrompido no contato com a realidade do Congo e se torna, nas palavras do narrador Marlow, um dos demnios da terra. A dissoluo da personalidade e cdigo moral do homem branco, representada pelos dois personagens, ser estudada analisando a relao entre personalidade e cultura e como a falta de apoio e controle grupal desarticula valores at ento considerados estveis, assim como o contato com o outro. Esta desarticulao do sujeito causada pelo choque cultural se soma crise geral do sujeito moderno e ao mal-estar na civilizao, como descrito por Freud. A posio paradoxal do antroplogo, que se situa entre duas culturas, faz parte desta anlise, do mesmo modo questes pertinentes a posio dos ndios e africanos no Congo. No caso especfico de Corao das Trevas trabalha-se a interseo entre a anlise do sujeito, e suas implicaes, e a construo do personagem de Kurtz como smbolo da violncia colonial. O trabalho analisa tambm as semelhanas entre as duas obras, tanto temticas como em suas tcnicas narrativas e a influncia da obra de Conrad nos romances de Carvalho
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Esta pesquisa teve por objetivo compreender as vicissitudes da experincia de tornar-se me de um beb em situao de risco neonatal. Emergiu da experincia da autora no acompanhamento psicolgico prestado s mes e familiares de recm-nascidos de alto risco internados em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI Neonatal). Foi possvel perceber ali que a purpera que tinha seu filho internado em situao de risco logo aps o nascimento vivenciava uma experincia de intenso sofrimento, permeada por conflitos e angstias especficas, tais como: o sentimento de incapacidade pelo parto prematuro e/ou pela malformao fetal, a dor/luto diante da situao de risco e eminncia de perda do filho, o medo e a ambivalncia na relao afetiva com o beb. Tais vivncias podem representar uma ameaa para a construo do vnculo inicial entre pai/me/filho, bem como para a prpria sade psquica da mulher e do beb em constituio. Para uma aproximao da experincia subjetiva destas mulheres/mes, optou-se pela pesquisa qualitativa na abordagem psicanaltica. A compreenso do fenmeno foi possibilitada pela anlise do discurso das mes que tiveram seus filhos internados na UTI Neonatal, atravs do mtodo de observao participante dos atendimentos grupais prestados pelo Servio de Psicologia da instituio, bem como pela anlise documental das fichas de acompanhamento psicolgico destas mulheres. Participaram do estudo, as mulheres/mes que acompanharam seus filhos internados na UTI Neonatal do Ncleo Perinatal do Hospital Universitrio Pedro Ernesto (HUPE), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e que receberam atendimento psicolgico grupal: Grupo Mes Presentes durante um perodo de trs meses. A compreenso e interpretao dos aspectos essenciais do fenmeno foram fundamentadas nos pressupostos psicanalticos da teoria do amadurecimento pessoal de Donald W. Winnicott e em outros autores atuais de referncia no campo materno-infantil. Acredita-se que este trabalho servir de reflexo e contribuio para a construo, na assistncia neonatal, de um lugar de acolhimento para a experincia subjetiva dessas mulheres/mes e suas repercusses, a partir de uma perspectiva de cuidado humanizado e integral a sade, tal como preconizado pelas polticas pblicas atuais.
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Face s transformaes scio-culturais ocorridas ao longo do sculo XX, que favoreceram a predominncia de configuraes psicopatolgicas distintas das neuroses, a metapsicologia freudiana passou por crticas e revises, que visavam tanto compreender quanto tratar essas patologias que desde ento ficaram em evidncia. O narcisismo se mostrou um conceito central nessa reformulao terica, que permitiu a construo de uma segunda teoria tpica do aparelho psquico, quando o inconsciente deixou de ser entendido como subproduto da conscincia. Neste novo modelo, embora o conflito edipiano ainda mantenha um lugar de destaque na cena psquica, sua importncia no desvelamento dos processos de instaurao das psicopatologias passou a um plano secundrio. A aquisio de um sentido vital e o desenvolvimento de estilos subjetivos como tributrios das marcaes sensoriais estabelecidas nos primrdios da relao materno-infantil passaram, radativamente, a ocupar um lugar de destaque na teorizao psicanaltica e, consequentemente, os processos infralingsticos adquiriram relevo como moduladores da eficcia da cura pela palavra. Neste trabalho discuto aspectos de algumas das intuies freudianas acerca da forma como se constitui um psiquismo em sua teorizao, e apresento a relevncia de contribuies sua teoria, realizadas por psicanalistas como Ferenczi, Winnicott, Anzieu e Haag, entre outros. A contribuio desses autores para a o entendimento das condies e obstculos para o estabelecimento de um Eu capaz de agir de forma criativa na interao com seu meio, permite que se pense no fenmeno humano em uma perspectiva que rompe com os dualismos - aos quais Freud se manteve aderido - e compreende a subjetivao como um processo complexo e interminvel. A categoria sensorialidade desempenha um papel significativo e precisa ser considerada na compreenso dos fenmenos que emergem no campo transferencial. Apresento um caso clnico como fio condutor e como ilustrao da importncia de seu resgate na prtica da terapia psicanaltica contempornea, visto que pretendo reafirmar a soberania da clnica para interpelar a teoria e enriquec-la.
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Este trabalho explora a produo do artista Farnese de Andrade, mais especificamente as suas assemblages. Na busca pela singularidade destas, a pesquisa mergulha nas possveis relaes existentes entre elas e o conceito freudiano denominado unheimlich. Tais relaes podem ser encontradas em distintos objetos, especialmente nas recorrentes peas nas quais o corpo fragmentado elemento constituinte, seja por meio de esculturas de divindades, de pedaos de bonecas ou de ex-votos. Questes como a morte, a literatura fantstica e a memria colonial brasileira, cada uma a seu modo, contribuem de maneira fundamental para o desenvolvimento da pesquisa
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Esse estudo tem por objetivo principal analisar as reflexes do filsofo e psicanalista terico esloveno Slavoj iek acerca dos impactos subjetivos das transformaes normativas ocorridas no Ocidente nos ltimos cinqenta anos. O problema do chamado declnio do Simblico passou a ser amplamente discutido pela comunidade de psicanalistas lacanianos na qual se insere o filsofo a partir do final da dcada de 1990, o que constituiu uma inovao em um campo fortemente influenciado pela concepo estruturalista da subjetividade. Situando o autor como pioneiro na utilizao de ferramentas conceituais lacanianas para a anlise do social, o estudo divide-se em duas partes. Na primeira delas, exponho as bases tericas do pensamento de iek, contextualizando o seu itinerrio intelectual e poltico, e abordando as suas trs linhas fundamentais de investigao: a filosofia poltica, a discusso sobre o ato tico e a ontologia do sujeito. Assim, o primeiro captulo retraa o percurso que vai dos primeiros estudos sobre o funcionamento ideolgico nos regimes totalitrios abordagem pop filosfica da ideologia na atualidade. Em seguida, apresento a sua redescrio da noo de comunismo luz da tese dos novos antagonismos do capitalismo tardio. Por fim, trato da perspectiva universalista do filsofo a partir de sua leitura materialista do cristianismo, lanando mo sobretudo dos estudos de Alain Badiou sobre So Paulo. No segundo captulo, delineamos as coordenadas centrais da concepo de sujeito em iek, cuja originalidade reside na articulao das formulaes de Lacan e Hegel. As noes de grande Outro, objeto pequeno a, pulso de morte e negatividade so tomadas como os pilares nos quais se assenta a descrio do sujeito iekiano. Na segunda parte do estudo, examinamos as teses de iek a respeito das relaes entre subjetividade e cultura, com nfase nos novos impasses que da decorrem. As inibies que sucedem injuno de gozar sem entraves, a melancolizao do lao social, as metamorfoses da culpa, a vitimologia e a culpabilizao do Outro so os tpicos centrais que sobressaem desse recorte. Nessa parte do trabalho, as reflexes de iek so cotejadas com as anlises de autores de orientao lacaniana, considerados representativos desse tipo de discusso, como Jean-Pierre Lebrun, Charles Melman, Dany-Robert Dufour e Roland Chemama. Pretende-se com isso enriquecer a discusso, apontando as aproximaes e distncias que o pensamento de iek entretm com os referidos autores. O captulo final do trabalho consagrado ao exame crtico da dmarche iekiana acerca do declnio do Simblico. Dois tpicos de seu discurso so analisados, a saber: a) seu posicionamento ambivalente no que tange crtica do catastrofismo; b) seu esforo de expurgar da noo de ato tico na qual ele quer encontrar sadas para os embaraos engendrados pelo dito declnio do Simblico qualquer trao de pertencimento tradio moral judaico-crist, guardando dessa tradio apenas o exemplo do aspecto formal do ato. Para empreender tal exame, nos servimos, de um lado, do estudo crtico do socilogo francs Alain Ehrenberg sobre a declinologia noo por ele cunhada para se referir ao conjunto de estudos que enfatizam o atual risco da dissoluo dos laos sociais , e de outro lado, nos apoiamos na concepo de tica do filsofo neo-pragmatista Richard Rorty.
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Atravs do estudo da obra de Salvador Dali, pontuamos algumas questes importantes que envolvem a conexo da arte com a psicanálise. Os pontos assinalados da teoria freudiana sobre a temtica da angstia e sua relao com a arte praticada por Dali se baseiam no ensaio O estranho (1919) e no Seminrio lacaniano, livro 10. Dali escreveu vrios artigos e um ensaio terico sobre o que ele entendeu por mtodo paranico-crtico de conhecimento da realidade. Por conta disso, revisamos alguns dos textos freudianos que tocam no tema da parania e da realidade psquica. Esse mtodo aplicado sua prpria arte nos ensinou que uma obra de arte pode funcionar como objeto pequeno a para o observador cuja realidade psquica tenha sido tocada por uma dada tela. Outro tema importante refere-se ao que resolvemos chamar de o Outro Geogrfico de Dali. Baseamos essa pesquisa na noo lacaniana do grande Outro como tesouro dos significantes e a relao disso com a regio nordeste da Catalunha, na Espanha. Notamos que os lugares onde Dali viveu e onde construiu suas casas-museu foram extremamente importantes para ele, o que fica claro pelo fato dele repetir insistentemente partes da natureza dessa regio ao longo de toda sua obra, como significantes que insistem em ser reescritos. Conhecido como o tringulo daliniano por seus bigrafos, os lugares que compem essa estrutura so: Figueres, sua cidade natal; Cadaqus, no litoral nordeste da Catalunha onde o menino Dali passava as frias de vero e onde construiu sua morada conjugal com sua adorada Gala; e Pbol, no interior da Catalunha, onde restaurou um Castelo para sua mulher morar. Supomos que esses trs lugares, tal qual o tempo para o psiquismo, funcionaram, para Dali, dentro da lgica prpria do inconsciente. Alm disso, falaremos sobre a influncia dos pintores favoritos de Dali, em especial daqueles que funcionaram para ele como grandes mestres.