132 resultados para Melancolia Psicanálise (Freud)
Resumo:
O dispositivo da emergncia psiquitrica, com o predomnio do discurso mdico, apresenta uma tendncia a responder crise de maneira a adotar condutas previamente estabelecidas e de rpida ao, como a medicalizao, conteno e internao. A presente dissertao se prope a trazer as contribuies que a psicanálise pode ofertar a este campo clnico, no sentido de favorecer a emergncia do sujeito em uma ocasio de crise. Nesta perspectiva, trabalhamos alguns conceitos clnicos fundamentais ao estudo do tema proposto, tais como: sujeito da psicanálise, angstia, sintoma, passagem ao ato, acting out, entre outros. Todos estes perpassam esta clnica to especfica e podem contribuir para que o atendimento na emergncia deixe de ter como exclusivo objetivo a eliminao da crise. Afinal, levar em conta a urgncia subjetiva trabalhar com a direo de que a crise pode ser um momento rico, na medida em que o sujeito pode vir a se responsabilizar e se reposicionar frente ao que o acomete.
Resumo:
Investiga-se, nesta tese, o corpo, a partir da trilogia freudiana: inibio, sintoma e angstia. De forma particular, interessam pesquisa o corpo ideal, propagado pela cultura, e seus efeitos. Para tanto, desenvolvemos os elementos tericos de Freud e Lacan, a partir dos quais se dividiu a tese em trs partes. Na primeira parte, considerou-se o conceito de inibio ao lado do da imagem, privilegiando-se o corpo, seu carter de imagem e a anorexia. O estudo se baseou na teoria freudiana do narcisismo, incluindo-se seus derivados, as noes de Eu ideal, Ideal do Eu e o Estdio do Espelho lacaniano. Na inteno de ilustrar a busca imperativa por um corpo ideal, apresentou-se um caso clnico. Demarquei a segunda parte desta tese elucidando o sintoma no corpo. Para verificar sua incidncia, revisitou-se a Histria, desde Hipcrates at o incio da psicanálise, quando a histeria aparece na clnica; ressaltando-se alguns casos clnicos da clnica freudiana. Verifiquei que o corpo tem ressonncia com alguns conceitos essenciais da psicanálise, tal como a pulso e o inconsciente, alm de ilustrarem sua relao com o narcisismo, o sintoma e a angstia. Na terceira parte, privilegiei o estudo da angstia relacionada ao corpo em Freud e Lacan, e o referencial usado para essa etapa foi a clnica da fobia. Procurou-se, ainda, exemplificar as diversas figuras do corpo tal como modificado na atualidade. Como resultado desta pesquisa, verificou-se que ser dono do prprio corpo no significa ficar reduzido a ele, mas apropriar-se de sua imagem. Embora o corpo fale atravs de seus sintomas, ele pode tambm ganhar nova moldura, atravs dos significantes constitudos pela linguagem. Foi possvel constatar, como as diferentes dimenses do corpo ligada aos trs registros propostos por Lacan: imaginrio, simblico e real, percebendo-se, por fim, o lugar que o corpo ganha na topologia borromeana, na ltima etapa do ensino de Lacan.
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Visamos nessa dissertao analisar como o sujeito da psicanálise funciona como obstculo ao higienismo. Esse discurso se reapresenta atravs da nova tentativa de medicalizao das condutas humanas, discurso que submete as questes clnicas, polticas e sociais uma causa orgnica usando para isso uma nova roupagem neurogentica. Para tecer as redes conceituais e ideolgicas que o higienismo est articulado, utililiza-se de uma pesquisa histrico-epistemolgica. Pretende-se desenvolver como a proposta tica da Psicanálise se apresenta como obstculo a esses discursos, pois visa responsabilizao de um sujeito no a uma biologia ou uma norma moral. E por se referir ao sujeito, psicanálise ir apontar o tratamento para outra direo: para direo em que surge em primeiro plano no mais um biopoder em que pretende estabelecer uma norma, mas justamente quilo que no redutvel a nenhuma norma. Analisa-se, atravs de Koyr, como a postura intelectual cientfica rompe com o saber ligado ao senso comum e as ideologias. Aponta-se como esses novos discursos no passam, na verdade, de um cientificismo. A cincia por ser fundada a partir de um modo matematizado de operar com o real, expele do seu campo de operao o sujeito. Nesse sentido, o sujeito condio e resduo da atividade cientfica. Argumenta-se a partir da obra de Lacan que essa foi a condio para que a psicanálise pudesse operar com o sujeito. Esse sujeito no pode ser outro que no o sujeito falante. Destaca-se a especificidade da idia de estrutura em psicanálise e a leitura que Lacan faz do estruturalismo atravs dos estudos de histria da cincia de Koyr. Para tanto, trabalha-se a constituio do sujeito demonstrando que o significante desempenha sua materialidade constitutiva, que, como tal, no se refere a uma cronologia ou a uma existncia emprica. O sujeito no , portanto, da ordem do natural, no tem um estatuto biolgico, mas, sim, lgico.
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Este trabalho de dissertao desenvolve o tema da direo do tratamento na clnica da esquizofrenia, a partir da teoria psicanaltica da psicose. Partimos das elaboraes de Freud sobre o narcisismo e de seus esclarecimentos acerca do fenmeno da palavra tomada como coisa e da linguagem de rgo. Desenvolvemos os conceitos lacanianos de foracluso do Nome-do-Pai e do Estdio do espelho, assim como o retorno do simblico no real e a exterioridade do esquizofrnico em relao ao lao social. Baseamo-nos na hiptese de que a foracluso do Nome-do-Pai impossibilita o atravessamento do Estdio do espelho na esquizofrenia, acarretando grandes obstculos para que o sujeito se constitua como um corpo e se torne algum que sustenta uma unidade corporal. Em consequncia, surge o fenmeno hipocondraco em que o sujeito experimenta o corpo como o Outro absoluto, expresso radical da impossibilidade de alcanar qualquer unificao das pulses atravs do significante. Finalmente, aplicamos esses conceitos no estudo de dois casos clnicos visando demonstrar que a paranoizao uma direo possvel do tratamento psicanaltico na clnica da esquizofrenia.
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Esta dissertao pretende demonstrar a contribuio da Psicanálise na constituio de um novo dispositivo clnico para o tratamento de crianas e adolescentes autistas e psicticos: O Centro de Ateno Psicossocial Infanto-Juvenil (CAPSI). A partir da pesquisa terico-clnica realizada em um CAPSI da cidade do Rio de Janeiro, o CAPSI Eliza Santa Roza, este trabalho visa suscitar novas questes tendo como direo a Psicanálise, com o objetivo de sustentar que s haver uma clnica nesses novos dispositivos se a aposta no sujeito do inconsciente estiver presente. Apresenta o campo no qual o CAPSI est se constituindo, as questes atuais presentes no campo da Reforma Psiquitrica, no que diz respeito ao campo infanto-juvenil, e o CAPSI como um dispositivo imprescindvel neste cenrio. A importncia da psicanálise na clnica do CAPSI Eliza Santa Roza, uma vez que o trabalho com crianas autistas e psicticas nesta instituio exige uma escuta tal qual a psicanálise sugere: de um sujeito do inconsciente. A partir de estudos de caso, demonstra a prtica na instituio em questo: seus impasses e esforos no que concerne ao atendimento clnico.
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Esta tese aborda a clnica psicanaltica da psicose atravs de uma articulao entre psicose e escrita, privilegiando a relao entre o empuxo escrita e a valorizao da letra como caracterstica da posio do sujeito na linguagem. Consideramos, inicialmente, que a interseo entre inconsciente e pulso, presente na obra freudiana e no ensino lacaniano, constitui um ponto de trabalho conceitual importante para a discusso de nosso tema. Em seguida, tomando a postulao do inconsciente a cu aberto na psicose, buscamos destacar que Freud e Lacan estabelecem uma dimenso de criao na psicose correlativa a no inscrio da funo paterna. Entre as estratgias de estabilizao da psicose, enfatizamos o recurso da escrita como uma das implicaes fundamentais desse ensinamento. Examinamos, ainda, as relaes entre loucura e literatura e os fenmenos de linguagem comuns na psicose como referncias importantes para a discusso das relaes entre psicose e escrita a partir do conceito lacaniano de letra. Finalmente, apresentamos nossa experincia em uma oficina de escrita no campo da sade mental, defendendo sua importncia como dispositivo clnico de acolhimento da peculiaridade estrutural da psicose.
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A presente pesquisa sobre o gozo na clnica com mulheres devastadas teve como foco o lugar ocupado pelo gozo em seu aspecto mortfero, de excesso e falta de medida, que se manifesta no mbito das parcerias amorosas. Partindo das experincias relatadas por algumas analisandas, que as descrevem como "sair do corpo", "ficar louca", "descontrolada" ou "fora de si", e das formulaes psicanalticas a respeito do gozo feminino, buscou-se discutir a questo a partir dos referenciais propostos por Freud e Lacan no que diz respeito constituio da feminilidade e do feminino, tais como a catstrofe e a devastao na ligao com a me e com o parceiro, a forma erotomanaca de amar, alm das duas formas de gozo nas mulheres. Entre os temas abordados nesta dissertao destacam-se as operaes da castrao e do Complexo de dipo, juntamente com o seu elemento central, o falo, que permitem trazer discusso algumas consequncias para as mulheres, sobretudo as posies implicadas, a saber: o falo e a mascarada. O conceito de gozo examinado atravs de trs ser mascarada articulaes principais. Primeiramente, a tentativa de Freud, que parece a mais antiga na psicanálise, de circunscrever um gozo propriamente feminino, ligado satisfao da pulso pela via da zona vaginal; em segundo lugar, o pensamento de Lacan em Diretrizes para um congresso sobre a sexualidade feminina (1958), em que ele recupera a questo freudiana do congresso sobre a sexualidade feminina gozo feminino, e posteriormente no Seminrio 7:a tica da psicanálise (1959-1960), desenvolvido durante o perodo de preparao para o referido congresso, no qual Lacan eleva o gozo ao estatuto de conceito. Como desdobramento, encontram-se algumas articulaes clnicas acerca do gozo devastador nos relacionamentos amorosos, tomando como referncia a personagem da Erwartung, op. 17 , de Arnold Schoenberg e as mulheres que encontramos no dia a dia da clnica.
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Apoiados nos ensinamentos de Sigmund Freud e de Jacques Lacan, partimos de um pressuposto: as obras concebidas por Clarice Lispector no intervalo de tempo entre 1964 e 1973 colocam em evidncia a operao que inscreve o ser falante no campo da linguagem. Talvez por isso, nesse contexto, seja possvel perceber a consolidao de uma mudana em seu estilo, considerando que, de acordo com uma determinada vertente da crtica literria, existem pelo menos dois ciclos estilsticos ao analisarmos o conjunto da obra da escritora. Esses dois ciclos so determinados quando se opera uma toro na voz narrativa, que se desloca da terceira para a primeira pessoa. Essa toro tem como marco o livro A Paixo Segundo G.H. e se consolida em 1973, com o livro gua Viva. Supomos que a mudana no estilo de Clarice Lispector corresponde toro que engaja o ser falante nas vicissitudes do corpo, em sua origem. Assim, por povoar o mundo dos afetos que a repercusso de determinadas leituras nos leva seguinte constatao: haveria escritos cuja temporalidade remonta suspenso da fantasia, motivo pelo qual se prestam a transmitir o real da experincia de uma primeira inscrio, por via do encontro entre leitor e texto. Tratar-se-iam de escritos cuja temporalidade remete ao instante em que a morte se inscreve nas malhas corporais, resultantes do que escapa ao simblico, o real. Na intimidade do pulsional, tais prticas testemunham o momento em que a lngua materna (Lalangue) faz marca no corpo, desembocando no tempo da inscrio do trao unrio; o que permite ao sujeito falar, fazendo frente, por via de uma nomeao, falta de um significante no campo do Outro, . No decorrer do presente trabalho, vimos que Lacan, ao entrelaar saber inconsciente e poesia, assim o fez na tentativa de transmitir a fugacidade de um instante no qual o inconsciente aflora. Ao se colocar no lugar de agente da poesia, Lacan levado a especificar a verdade como sendo potica, situando a poesia como fundamentalmente ligada ao seu estilo e transmissibilidade da psicanálise. Com Clarice Lispector, algo se transmite. E foi com ela que retomamos importantes textos de Jacques Lacan sobre o tema da escrita, dentre os quais, a lio sobre Lituraterra e o seminrio Le sinthome. Acompanhamos o seu percurso a respeito do trao unrio, desde o seminrio da identificao, deixando-nos interrogar sobre a potncia de uma imagem que est para alm do que representvel. Por isso, ao final de nosso trabalho, enfatizamos o estatuto de uma escrita que se produz por via de um ato que conjuga o trao unrio ao objeto a em sua vertente olhar.
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Em Cal, livro do escritor portugus Jos Lus Peixoto, a morte mostra-se sob diversas perspectivas. Esta dissertao objetiva, primeiramente, reconhecer as singularidades dessas perspectivas, bem como o movimento de identificao entre elas. Considerando que o livro no apenas desvela possibilidades de morte, mas, principalmente, as intersees entre as noes de morte e de vida, buscaremos responder s seguintes questes: possvel saber se, de fato, estamos vivos? A morte definitiva? Morte e vida so condies excludentes? A temtica da memria e dos afetos, inseparvel das reflexes acerca da finitude e das noes de presena e ausncia, perpassar, inevitavelmente, toda a progresso deste trabalho. Para pensarmos esses temas, assim como seus temas transversais, tomamos como referncia conceitos de tericos da literatura, da filosofia e da psicanálise, como G. Deleuze, J. Derrida, M. Blanchot, F. Nietzsche, S. Freud, B. Spinoza, G. Bataille. O dilogo com e entre pensadores de contextos distintos contribui para dar a esta dissertao seu aspecto fragmentrio, na qual as reflexes surgem e resurgem em progresso labirntica, de limites deslocveis
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Um dos termos empregados por Freud em sua metapsicologia que mais foram adulterados foi o vocbulo Angst. Em portugus, este foi vertido para angstia, ansiedade, medo e temor, e seu emprego se deu de forma tal que, em alguns dos textos de Freud, no se consegue saber, pela leitura da verso brasileira, o que ele tinha em mente quando empreendeu a sua elaborao. A partir da traduo da palavra alem Angst para o vocbulo medo, conforme a nova edio das Obras Psicolgicas de Sigmund Freud, que a Imago Editora comeou a publicar a partir de 2006, est sendo possvel uma nova abordagem e compreenso da obra freudiana. A perspiccia clnica de Freud levou-o a constatar que o afeto do medo (Angst), que ele designou tambm por termos derivados ou sinnimos, assumia diferentes feies na vida de seus pacientes. As pessoas revelavam diversas formas de temor, de mltiplas coisas e em vrias situaes. A partir de 1926, ele definiu que seria essa emoo o sinal usado pelo ego como forma de mobilizar as defesas neurticas. O afeto do medo, entretanto, no um evento psquico apenas. Ele causa profundas alteraes fisiolgicas e , atualmente, reconhecido como a principal emoo desencadeadora do processo de estresse. Essas alteraes orgnicas decorrentes do alerta fisiolgico que caracteriza o estresse prolongado so, cada vez mais, relacionadas quelas afeces denominadas doenas psicossomticas. A presente pesquisa tem como objetivo descrever e catalogar as diferentes manifestaes do medo e suas consequncias psquicas, conforme as elaboradas por Freud. Alm disso, pretende relacionar as vivncias emocionais amedrontadoras com as alteraes fisiolgicas corporais correspondentes e com o advento dos respectivos quadros patolgicos orgnicos.
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O presente estudo discute o tratamento psicanaltico da obesidade, tendo em vista os impasses no manejo dessa problemtica. Para tanto, parte-se da anlise da patologizao do corpo gordo, sua medicalizao e os dispositivos biopolticos de regulao dos corpos que a figuram para propor uma diferenciao entre o sintoma mdico e seu aspecto subjetivo. Contextualizando a cultura na atualidade, que coloca em evidncia o corpo, desenvolve-se a disjuno entre necessidade e demanda proposta por Lacan para pensar uma diferena tica que a abordagem psicanaltica da obesidade oferece em relao ao dispositivo mdico, na medida em que no se prope a normalizar os corpos segundo o peso adequado. Essa proposta coloca em pauta a questo do circuito pulsional que, em sua matriz alteritria, estabelece o objeto pulsional vinculado a uma perda originria que, ao mesmo tempo, constitui o desejo como insatisfeito. Considerando que o dispositivo psicanaltico proposto por Freud se estrutura em torno da falta que advm ao final do complexo de dipo, e que a angstia de castrao ocupa lugar prioritrio de motor do tratamento, a obesidade se coloca como um problema medida que a comida comparece revestindo o objeto perdido e fornecendo a consistncia qual o obeso permanece atado. Para pensar de que maneira a psicanálise pode acolher a demanda feita por pacientes obesos e que recursos terico-clnicos pode-se lanar mo nesses tratamentos, estabelecido um paralelo com outras problemticas, tais como: as toxicomanias e a bulimia. Propomos, por fim, que o tratamento psicanaltico visa oferecer um campo de subjetivao que permita a emergncia da angstia no somente referida ao corpo e seus excessos, possibilitando a construo de recursos simblicos necessrios elaborao do real pulsional. Para tanto, enfatiza-se a importncia do estabelecimento da transferncia, da presena do analista e da funo das entrevistas preliminares que, nesses casos, se constituem como um longo trabalho prvio.
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Este estudo aborda o supereu a partir da expresso avesso do desejo, extrada do texto de Gerez-Ambertin. Avesso uma palavra de origem latina que possui, entre os seus significados, as expresses: ser fronteira, estar defronte. De acordo com essa perspectiva, a pesquisa caminhou na direo de considerar o supereu como ocupando o lugar de uma dobradia entre o campo do gozo, o campo do Outro e o do desejo, ou seja, entre a lei simblica do desejo e a lei de ferro do gozo. O primeiro captulo apresenta um percurso pela obra freudiana, desde os primrdios da psicanálise, quando Freud lidava com o que, posteriormente, passou a caracterizar o que ele nomearia como supereu: a culpa, o parricdio e a punio. Nesse trajeto, a pesquisa cotejou Totem e Tabu com o objetivo de trabalhar as leis de gozo do pai tirano e a lei simblica representada pelo totem. Os textos Sobre o narcisismo: uma introduo e O eu e o isso ajudaram a abordar a relao entre o ideal do eu e o supereu. Para finalizar, lanamos mo das elaboraes freudianas da virada de 1920 e da segunda teoria pulsional que possibilitaram a formulao do conceito do supereu. O segundo captulo traz as abordagens iniciais de Lacan a respeito do supereu. Para tanto, fez-se um percurso retomando o conceito freudiano do ideal do eu, uma vez que a diferena entre este e o supereu no se apresenta muito clara na obra freudiana. Em Lacan, a constituio do ideal do eu tem como base o olhar do Outro, fundamentalmente simblico e intimamente vinculado quilo que se busca no Outro como ideal para a unidade do eu. O supereu est relacionado ao simblico como discurso interrompido que instaura uma lei de carter incompreensvel. Para trabalhar a relao entre o gozo e o desejo e os extremos do gozo, recorremos aos texto Kant com Sade, de Lacan. O terceiro captulo aborda o supereu para alm do dipo, a partir das ltimas elaboraes de Lacan. Para tanto, retomamos as elaboraes de Melanie Klein que tratou o supereu como um desenvolvimento pr-edpico, essencialmente pulsional, ou seja, para alm do dipo e das identificaes, o que possibilitou a Lacan aproximar esse conceito do registro do real, vinculando-o ao objeto a como voz e ao imperativo de gozo. Para concluir, trabalhamos com o supereu como borda entre o campo do Outro e o campo do gozo, de acordo com a concepo de Lacan da no relao sexual.
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A presente dissertao de mestrado pretende abordar as vicissitudes do discurso do capitalista sobre o sujeito. Para tanto, toma como ponto de partida a afirmao de Lacan, em suas palestras em Saint-Anne sobre O saber do psicanalista, de que o que caracteriza o discurso do capitalista a foracluso da castrao. A partir dessa colocao representada no matema do discurso do capitalista pelo desaparecimento da disjuno entre produto e verdade, bem como pela ausncia de um vetor entre agente e Outro, o que demonstra que esse discurso no promove lao social , percorre-se algumas questes que reverberam sobre o sujeito, dentre as quais se destaca: se o sujeito no existe fora do lao social, que sorte de efeitos a ele resulta por freqentar um discurso que se apresenta como dominante na contemporaneidade em que a castrao est foracluda e, portanto, tambm o liame social? Tendo em vista que a Verwerfung o que opera no discurso do capitalista, lana-se a hiptese de que a esquizofrenizao no nvel do discurso resulte na propagao do que Helene Deutsch convencionou chamar de como se. Esse fenmeno surgiria como uma suplncia imaginria a que recorreria o sujeito como estabilizao face aos efeitos decorrentes da foracluso da castrao no discurso do capitalista. Trata-se de um discurso psicotizante que, ao contrrio dos quatro discursos apresentados por Lacan no seminrio O avesso da psicanálise, no promove lao social. Se discurso o que faz lao social e Freud, em 1930, anunciara que a principal fonte de sofrimento de que padece o homem a relao com os demais, o mal-estar na civilizao o mal-estar dos laos sociais. Logo, os quatro discursos participam do mal-estar na civilizao. Ao contrrio destes, o discurso do capitalista, na tentativa de eliminar o mal-estar, foraclui o lao social. Por promover o gozo ao invs da renncia pulso, o discurso do capitalista acaba por instig-la. E, como toda pulso pulso de morte, no outra coisa seno o empuxo mortfero ao gozo que o discurso do capitalismo produz. A potncia que o discurso do capitalista adquiriu na contemporaneidade analisada a partir de sua ntima relao com o discurso da cincia. A partir de algumas colocaes de Hannah Arendt acerca da banalidade do mal presente em um sistema totalitrio como o nazista, cogita-se a hiptese de que a aliana entre os discursos do capitalista e da cincia resulte no surgimento de uma nova forma de totalitarismo: o totalitarismo de consumo.
Resumo:
A pesquisa, interessada em precisar as ferramentas conceituais que possibilitam operar a clnica no campo da reforma psiquitrica quando a cidade invade o setting do tratamento e vem colocar a clnica em questo tem como ponto de partida o percurso de uma experincia desenvolvida nos ltimos dez anos junto Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em parceria com servios de sade mental da rede pblica, tendo a atividade do acompanhamento teraputico como vetor. Clnica e cidade foram os fios condutores desta investigao, que recorre inicialmente a leituras diversas, da histria, geografia, cincias sociais, literatura, filosofia, para acompanhar desde a formao das cidades medievais at o advento das metrpoles contemporneas. O nascimento do alienismo inscrito nesse contexto, no momento de instaurao das sociedades democrticas modernas, cuja ambio pelo governo das lamas engendra o ideal isolacionista que o asilo psiquitrico veio presentificar, de forma que a psiquiatria e suas congneres, nascidas na cidade, dela vm se apartar, o que se coloca como paradoxo presente nos processos de reforma psiquitrica contemporneos que propugnam o retorno da loucura ao convvio nas cidades. Considerando que esses paradoxo que o acompanhamento teraputico, ao abrir-se cidade, vem habita, a pesquisa busca identificar as ferramentas conceituais de que se serve o acompanhamento teraputico em cada uma de suas vertentes em cada uma de suas vertentes tericas referendadas seja em Lacan, em, Winnicott ou Deleuze e Guattari e o modo como essas ferramentas possibilitam clnica a incorporao do espao pblica, atravs de objetos e relaes, tanto simblicos como materiais, sem fazer uso de uma relao de domnio parte que implique em segregao com respeito sociedade comum. Conclui-se, da, que, se a incidncia da cidade na prtica do acompanhamento teraputico configura o trao que singulariza essa prtica como um dos modos de fazer clnica, ela , ao mesmo tempo, o que leva ao seu limite paradoxal o modo como a clnica se faz, cabendo disso extrais as consequncias que interessam a uma clnica conforme a radicalidade do que prope a reforma psiquitrica.
Resumo:
Este trabalho tem o objetivo de verificar as possveis articulaes com o conceito de angstia e gozo a partir da escrita de Clarice Lispector. Partimos do estudo do conceito de angstia nos textos de Sigmund Freud e Jacques Lacan, para pesquisar em seguida os modos de subjetivao da arte que esto em jogo na clnica, para isto abordamos o conceito de sublimao em Freud e Lacan. Adiante procuramos desdobrar os avatares da relao da arte com a psicanálise, a partir do conceito de unheimlich para Freud. A arte, segundo Lacan, nos d a ver o que de outro modo no se veria, mantendo o que h de inapreensvel no objeto. Samos, assim, da metfora do psicanalista como decifrador da arte para pensar a arte como aquilo que coloca questes ao psicanalista. Neste lugar estaramos mais na posio de catadores de migalhas, como afirma Lacan. No ltimo captulo abordo o conceito de gozo desenvolvido por Lacan ao longo dos seus seminrios e ao final lano mo da hiptese da escrita de Clarice como uma escrita gozante e proponho diferenci-la da escrita mstica