112 resultados para conceito de Saúde doença e Paciente
Resumo:
Esta dissertao apresenta e discute resultados de pesquisa desenvolvida como pr-requisito parcial para obteno do grau de mestre em Biotica, tica Aplicada e Saúde Coletiva junto ao Programa de Ps-graduao em Biotica, tica Aplicada e Saúde Coletiva da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em regime de associao com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, a Fundao Oswaldo Cruz e a Universidade Federal Fluminense. A pesquisa de metodologia qualitativa analisou material emprico composto por amostra de registros da Ouvidoria da Previdncia Social contendo reclamaes sobre o atendimento mdico-pericial. A Previdncia integra o campo da seguridade social e tem a vida e suas intercorrncias na populao de segurados como seu objeto de cuidados e controles. O benefcio auxlio-doença o mais frequentemente concedido entre todos os benefcios da Previdncia sendo devido somente a seus segurados em dupla condio de vulnerabilidade, doentes e incapazes para o trabalho. A verificao da condio de incapacidade para o trabalho realizada pelos mdicos peritos da Previdncia Social como pr-requisito para acesso ao benefcio e funciona como mecanismo de controle de custos. Os resultados do estudo evidenciam que a tarefa de controle de acesso, realizada na interface com o segurado, exige um deslocamento da atividade mdica da funo assistencial para a pericial em decorrncia da natureza da tarefa mdico-pericial, onde o lugar do controle o da exceo beneficente. Tal atribuio condiciona um risco da atividade mdico-pericial que entendemos ser de ordem moral. As reclamaes sobre o atendimento mdico na percia previdenciria foram compreendidas como ndices de disfunes nesta interface, assim como os registros de violncia em torno desta atividade. Resultantes da prtica de limites de acesso ao benefcio, na forma em que estes limites esto colocados. A anlise desta interface coloca em relevo o paradoxo da proteo securitria que funciona retirando da proteo partes de sua populao e caracteriza a relao mdico-paciente na percia mdica da Previdncia Social como moralmente conflituosa. A pesquisa na linha de uma biotica crtica, que enfatiza as polticas pblicas que afetam a vida, entendeu Previdncia Social como biopoltica e a atividade mdico-pericial como expresso de biopoder, nos termos da filosofia poltica de Michel Foucault. Cabe sociedade refletir seriamente sobre essas prticas de controle e definir o alcance e a forma da proteo securitria tendo em vista que esta proteo tensiona necessidades individuais e coletivas. Cabe a todos e a cada um ter em mente a dimenso tica da poltica previdenciria.
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O objetivo principal da pesquisa descrever os Estilos de Pensamento que operam em duas das principais clnicas envolvidas na assistncia clnica ao paciente oncolgico em uma Rede Estadual de Alta Complexidade em Oncologia do Sistema nico de Saúde brasileiro: a oncologia e os cuidados paliativos. Para atingir esses objetivo, a proposta desenvolver uma pesquisa qualitativa a fim de depreender como se configura o objeto de interveno clnica nos discursos e nas prticas desses Coletivos de Pensamento. A metodologia escolhida foi a entrevista semi-estruturada. Parte-se, inicialmente, da origem e dos elementos que caracterizam a racionalidade biomdica e o modelo de cuidado integral em saúde, analisando as implicaes desses modelos no entendimento dos doenças oncolgicas e no seu tratamento. Em seguida, desenvolve-se os conceitos de "Estilo de Pensamento" e "Coletivo de Pensamento" de Ludwik Fleck e o do conceito de "enactment" de Annemarie Mol. Utilizo esses conceitos para refletir sobre a construo do conhecimento e da prtica mdica, em especial nos seus aspectos sociais, ligados formao e especializao. Logo aps, faz-se uma descrio histrica dos grupos profissionais estudados: a oncologia e os cuidados paliativos. Pro fim, segue-se a descrio da pesquisa de campo e dos resultados coletados nas entrevistas realizadas. O estudo evidenciou que os Estilos de Pensamento dos Paliativistas e oncologistas so muito distintos, quase incomensurveis, porm tambm foi possvel identificar preocupaes e valores comuns e possveis campos de interseo entre esses dois grupos.
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A investigao realizada, cujos resultados so expostos nessa dissertao, voltada para os afastamentos por doença entre servidores de uma universidade pblica federal sediada no Rio de Janeiro. Sua contribuio consiste em subsidiar o processo de produo de conhecimento acadmico-cientfico quanto ao perfil scio-ocupacional e de adoecimento de trabalhadores afastados por doença nesta universidade, nos anos de 2010 e 2011, e nos marcos de implementao do Subsistema Integrado de Ateno Saúde do Servidor (SIASS). Contempla o tema a partir da perspectiva de integrao das diferentes dimenses previstas pelo SIASS, a saber: percia, assistncia, promoo e vigilncia saúde. Tem como concepo a diretriz de investigao / interveno, prpria ao campo da Saúde do Trabalhador, podendo contribuir, com o conhecimento gerado, para a identificao de alternativas de interveno nas aes do SIASS. A pesquisa se caracteriza como de natureza exploratria, apoiada em reviso terico-bibliogrfica e pesquisa documental de dados secundrios.
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A asma considerada um problema de saúde pblica mundial. necessrio expandir o conhecimento sobre seus custos associados em diferentes regies. O principal objetivo foi estimar os custos do tratamento da asma em uma populao de asmticos com diferentes nveis de gravidade, sob tratamento ambulatorial especializado. Os objetivos secundrios foram analisar as caractersticas clnicas e scio-econmicas da populao e o custo incremental da associao com a rinite e infeces respiratrias (IR). Asmticos ≥ 6 anos de idade com asma persistente foram includos consecutivamente de maro de 2011 a setembro de 2012. Todos realizaram visitas clnicas de rotina com intervalos de 3-4 meses e 2 entrevistas com intervalos de 6 meses para coleta dados. Variveis clnicas e dados primrios sobre os custos da asma, rinite e infeces respiratrias (IR) foram coletados diretamente dos pacientes ou responsveis (< 18 anos), sob uma perspectiva da sociedade. Os custos em reais foram convertidos em dlares usando a paridade do poder de compra em 2012 (US$ 1,00 = R$ 1,71). Cento e oito pacientes completaram o estudo, sendo 73,8% mulheres. A maioria (75,0%) reside no municpio do RJ, sendo que 60,1% destes moram longe da unidade de saúde. Rinite crnica estava presente em 83,3%, e mais da metade tinha sobrepeso ou obesidade, nos quais a prevalncia de asma grave foi maior (p = 0,001). Metade ou mais dos trabalhadores e estudantes faltaram as suas atividades em decorrncia da asma. A renda familiar mensal (RFM) mdia foi de US$ 915,90 (DP=879,12). O custo mdio estimado da asma/rinite/IR foi de US$ 1.276,72 por paciente-ano (DP=764,14) e o custo mdio especfico da asma foi de US$ 1.140,94 (DP=760,87). Asmticos obesos, graves ou no controlados tiveram maiores custos em comparao aos no obesos, moderados/leves e controlados (p <0,05 em todas as comparaes). A populao estudada tem nvel scio-econmico mdio/baixo, alta prevalncia de rinite crnica e de sobrepeso/obesidade. Maior peso e menor RFM foram mais frequentes entre os graves e no controlados, respectivamente. Asmticos obesos, graves ou no controlados tiveram maiores custos. O custo incremental da rinite e IR foi de 12%. O custo mdio da asma foi equivalente metade do relatado na Unio Europia e nos Estados Unidos da Amrica, e foi maior do que a mdia na regio sia-Pacfico. Num cenrio ideal, onde todos os asmticos brasileiros recebessem tratamento no Sistema nico de Saúde de acordo com a Iniciativa Global para Asma, o custo total da asma seria equivalente a 3,4-4,5% e 0,4-0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) da saúde e do PIB brasileiro, respectivamente. Estratgias de saúde pblica com programas estruturados que facilitem o melhor controle da asma e estimulem a reduo de peso podero contribuir para reduzir os custos da doença, o que poderia tornar a oferta de tratamento medicamentoso gratuito para todos os asmticos persistentes no SUS uma meta alcanvel. Recomendamos estender este estudo de custo da asma para diferentes regies do pas.
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Este estudo analisa, a partir de levantamento bibliogrfico e documental, a Poltica Nacional de Promoo da Saúde, mediante a anlise de seus antecedentes, do estudo do movimento da promoo da saúde e das reflexes acerca do conceito ampliado de saúde, do direito saúde e do papel do Estado na garantia da saúde, buscando elementos que possam subsidiar a sua compreenso. Busca tambm, atravs do estudo da implementao da PNPS, identificar quais as aes mais priorizadas por essa poltica, assim como analisar o seu texto fundante, relacionando-o com as aes propostas pela sua agenda inicial. Pretende-se identificar os possveis aspectos potencializadores da PNPS frente ao fortalecimento do SUS e, em que medida essa poltica se coloca como uma potncia de fortalecimento desse sistema, ou como uma poltica secundria face s suas limitaes e contexto atual do SUS, considerando a contradio entre um Estado neoliberal e as polticas pblicas no campo social como a PNPS.
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A discusso sobre a atuao do Estado nas polticas pblicas de Saúde remonta a constituio alem de Weimar, em 1919 at os dias de hoje. No Brasil, esta discusso avana em dois momentos da dcada de 80: o primeiro o registro dos casos de AIDS inicialmente detectados em 1980, enfermidade vista como problema de determinados grupos sociais de comportamentos desviantes e no da sociedade como um todo, acarretando movimento por parte da sociedade civil atingida pela doença, atravs de organizaes no-governamentais que se especializaram na luta contra a discriminao do portador do vrus HIV e do doente de AIDS. O segundo momento a promulgao da Constituio da Repblica de 1988, texto normativo que estabeleceu diretrizes referentes ao fornecimento de servios de saúde por parte do Estado, elevando a saúde a categoria de direito fundamental social. Estes movimentos liderados pelas organizaes no-governamentais, pressionaram o Estado, atravs do Poder Judicirio para garantir o cumprimento de seus direitos de cidados previstos na Constituio, uma vez que o desrespeito aos direitos das pessoas que vivem com HIV/AIDS era crescente no Brasil. Para desenvolvimento da presente tese foi utilizada a pesquisa documental das decises em todas as instncias do Poder Judicirio, passando pelo Tribunal Estadual do Rio de Janeiro at chegar a cpula do Poder Judicirio, o Supremo Tribunal Federal, aprofundando o estudo nas decises que deferiram os pedidos referentes ao fornecimento de medicamentos para os doentes de AIDS. Foram utilizados documentos doutrinrios para fundamentar a necessidade da aplicabilidade das normas constitucionais de forma imediata e no como meros programas para o poder pblico. Ao levantar estes documentos, observou-se que a previso constitucional, e as decises dos rgos do Poder Judicirio, caminhavam no s para garantir os direitos das pessoas que vivem com HIV/AIDS, mas tambm para estender esta poltica pblica a outras doenças degenerativas do organismo humano de forma a possibilitar a aplicao da previso normativa no somente quela doença.
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Esta dissertao consiste em um estudo sobre as relaes construdas entre o profissional mdico e o servio pblico de saúde, tendo como pano de fundo o Programa de Saúde da Famlia do Ministrio da Saúde. A eleio do PSF se deu em funo dele representar um modelo preconizado e induzido pelo MS que pretende ter a saúde como mote, visando tambm mudar o modelo assistencial. Sabendo se que a prtica mdica alicerada na cura de doença, dentro do modelo biomdico, o estudo apresenta algumas tenses advindas desta alteridade. Inicia-se com uma reviso histrica e bibliogrfica do PSF no Brasil, apresentando a trajetria do programa e suas vrias e variadas diretrizes. Em seguida, feita uma abordagem sobre o cotidiano das prticas mdicas baseadas no saber sobre as doenças, buscando explicar o processo histrico e cultural da apreenso desta prtica por parte dos mdicos e suas repercusses na sociedade. Utilizou-se, no trabalho de campo, a entrevista com alguns profissionais mdicos que trabalham em programas de saúde da famlia premiados pelo Ministrio da Saúde. A partir do olhar e das reflexes dos mdicos entrevistados foram focalizadas categorias que simbolizam dificuldades, adaptaes e construes advindas deste cotidiano. Identificou se focos de tenso cristalizados em situaes inerentes ao trabalho, aos sujeitos, as relaes de poder, as polticas de saúde. Finalizando o estudo reafirma a importncia do profissional mdico dentro das diretrizes do Sistema nico de Sde e apresenta uma discusso sobre a insero do mdico dentro do servio pblico de saúde.
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A influenza uma das doenças respiratrias agudas mais prevalentes e importante causa de absentesmo e presentesmo. Entretanto, a eficcia vacinal para influenza pode alcanar 80% quando h elevada correspondncia entre cepas vacinais e circulantes. Por este motivo, a empresa h anos promove campanha de vacinao, contudo, sem estimar sua efetividade (eficcia na reduo da carga da doença) e o impacto econmico (produtividade) para o aprimoramento de sua poltica de saúde ocupacional. Considerou-se que a efetividade da campanha seria determinada pela eficcia vacinal previamente demonstrada em estudos randomizados, pelo grau de acurcia diagnstica ou de triagem dos casos, pelo nvel de adeso do profissional de saúde ao registro no pronturio e do paciente ao informar a ocorrncia dos sintomas e pela cobertura vacinal alcanada. Com os objetivos de avaliar a efetividade e impacto econmico da campanha de vacinao para influenza, optou-se por um desenho estudo observacional de coorte histrico com caractersticas de estudo de interveno baseado em dados histricos da campanha de 2008 e informaes individuais sobre a frequncia de sintomas respiratrios e absentesmo, idade, gnero, funo (administrativa e operacional) e renda, comorbidades relevantes e tabagismo, obtidas mediante reviso de pronturio dos 12 meses subsequentes, comparadas entre os grupos de vacinados e no-vacinados (qui-quadrado e test t) e analisadas por regresso logstica, e estimada a frao prevenvel (proporo de episdios potenciais de influenza evitados pela vacinao). Foram analisados os pronturios de 2.425 trabalhadores (1.651 no-vacinados e 754 vacinados) correspondendo cobertura de 31,1%. A prevalncia de influenza observada foi de 10,4% e a vacinao foi efetiva entre os trabalhadores (RR=0,51; IC95% 39-67), quando considerados os sintomas de alta probabilidade de influenza. A frao prevenvel foi 0,09 (9 casos evitados a cada 100 trabalhadores vacinados). A campanha de vacinao foi mais efetiva e provocou maior impacto econmico entre os trabalhadores em regime operacional.
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Baseado na convico de que trabalhar gerir fruto das pesquisas com a perspectiva da Ergologia , procura-se nesta tese pensar gesto como um conceito ampliado, algo que todos os humanos operam ao trabalhar, e no somente como uma funo exclusiva de administradores, no sentido restrito do termo (referido apenas aos chefes, diretores, etc.). Tendo como campo emprico o Sistema nico de Saúde (SUS) e investigando-se as proposies de alguns dos principais autores sobre o tema da Gesto e Planejamento em Saúde, verificou-se que uma exaustiva busca vem sendo empreendida por diversos agentes do campo da Saúde e por pesquisadores para aproximarem-se, compreenderem e desenvolverem melhor as habilidades, os conhecimentos, as competncias e os dispositivos que permitiriam uma gesto mais eficiente do SUS e, mais especificamente, no mbito de uma Unidade de Saúde Pblica no Brasil. Estiveram em anlise as prticas de gesto desenvolvidas em um Centro Municipal de Saúde do estado do Rio de Janeiro (Brasil), no qual o autor da tese, alm das atividades de pesquisa, exercia a funo de diretor geral. A tese teve como objetivo principal analisar, do ponto de vista da atividade, a dimenso gestionria do trabalho na Unidade de Saúde citada, a fim de discutir a viabilidade naquele local e, possivelmente em outras Unidades de Saúde do exerccio de uma ergogesto, isto , uma gesto com base nos princpios propostos pela Ergologia quando o ponto de vista da atividade tem cidadania no meio de trabalho. O referencial terico constituiu-se de algumas abordagens clnicas do trabalho (Ergonomia da Atividade, Psicopatologia do Trabalho, Psicodinmica do Trabalho e Clnica da Atividade, esta ltima em menor proporo) com elementos das contribuies do educador brasileiro Paulo Freire, do psicanalista ingls Donald Winnicott e do bilogo chileno Humberto Maturana, todas colocadas em sinergia dialtica sob a orientao da perspectiva ergolgica. No curso da investigao foram utilizados mtodos e tcnicas pertinentes a este quadro e que objetivaram possibilitar a aproximao e o dilogo com os protagonistas da atividade na Unidade de Saúde em anlise. Destacam-se as influncias da pesquisa-interveno e da pesquisa etnogrfica, sendo o principal dispositivo tcnico utilizado aquele denominado Encontros sobre o Trabalho. A pesquisa empreendida, conjuntamente com a experincia concreta de gerenciamento (como diretor geral), permitiu concluir que o esforo de implantao da modalidade que se denomina ergogesto, privilegiando o ponto de vista da atividade, pde colaborar para promover transformaes positivas no cotidiano da Unidade posta em anlise. Contudo, sua aceitao por um maior nmero de atores e seu desenvolvimento dependem do atendimento de algumas necessidades, apontadas pelo coletivo de trabalho como entraves a superar. Os achados aqui presentes podem contribuir para a construo de um patrimnio de informaes acerca da Unidade. A partir desse patrimnio outras experincias de gerenciamento podem vir a se desenvolver, obtendo-se assim, cada vez maior xito na gesto do processo de trabalho e na melhoria das condies do atendimento oferecido aos usurios.
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Considerando-se que a famlia vivencia e partilha junto com o doente todos os sentimentos, emoes e angstias que envolve o diagnstico e o tratamento do cncer, o presente estudo teve como objetivos descrever as dimenses das representaes sociais acerca do cncer para familiares do cliente oncolgico em tratamento quimioterpico ambulatorial em uma unidade de referncia para o seu tratamento; analisar a representao social do cncer elaborada por familiares do cliente oncolgico em tratamento quimioterpico ambulatorial; e discutir as contribuies do enfermeiro junto famlia do cliente oncolgico em tratamento quimioterpico ambulatorial a partir da construo representacional do cncer para os sujeitos do estudo. De carter qualitativo, o caminho metodolgico foi construdo com base na Teoria das Representaes Sociais. Os sujeitos foram 30 familiares que estavam acompanhando o doente durante o tratamento quimioterpico. Os dados foram coletados a partir da realizao de entrevistas semi-estruturadas e analisados atravs da anlise de contedo de Bardin (1979), sistematizada por Oliveira (2008), com o auxlio do software QRS Nvivo 2.0. Da anlise dos dados emergiram seis categorias que compem o campo representacional e se expressa atravs das dimenses representacionais concretizadas nas seguintes categorias: sentimentos compartilhados por familiares de clientes oncolgicos em tratamento quimioterpico, que mostra que, ao se depararem com a doença e sua dura realidade, os familiares so acometidos por diversos tipos de sentimentos; imagens, metforas e conceitos no existir da famlia que enfrenta a doença, onde os familiares revelaram que o cncer percebido, entre outras coisas, como um monstro que invade a vida das pessoas e dela passa a tomar conta e a domin-la; preconceitos e estigmas na vivncia do cncer, que revelou que ainda hoje existem representaes e estigmas presentes na sociedade e em suas construes culturais acerca do cncer; diferentes prticas desenvolvidas no contexto da doença e do processo de adoecimento pelo cncer, que evidenciou as diferentes prticas presentes no discurso dos sujeitos, quais sejam, a de religiosidade no contexto do cncer, a de enfrentamento da doença, a de comunicao-ocultamento e de atitudes da famlia ao estar no mundo frente ao cncer; o processo de ancoragem e o conhecimento adquirido aps a experincia do cncer, onde surgiram os conhecimentos que os sujeitos adquiriram acerca do cncer e alguns elementos do processo de ancoragem do cncer; as vivncias do enfermeiro que trabalha em oncologia e suas contribuies junto famlia que alerta os enfermeiros para a necessidade de intervenes efetivas direcionadas assistncia integral do indivduo, levando em considerao a importncia da famlia. Conclui-se que ao se descobrir acompanhando um familiar que tem cncer, a famlia passa a viver um outro mundo, no qual a possibilidade de morte se mostra de forma inevitvel e iminente. Diante disso, a famlia passa a valorizar no apenas o cuidado dispensado ao doente, mas tambm anseia por uma ateno profissional que contemple seu existir e seu modo de viver.
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O estudo analisa os discursos de homens e da revista Mens Health acerca do corpo, saúde e sexualidade. Para a construo dos discursos dos homens, realizamos entrevistas semi-estruturadas com 19 homens leitores e nove no leitores. E dois eventos de grupos focais que reuniram 11 homens no total. Foi entrevistado tambm o editor da revista. Os principais conceitos norteadores deste trabalho foram os de gnero, sexualidade, poder e masculinidades hegemnicas e subalternas. Evidenciou-se que a revista est fortemente atrelada sociedade de consumo ao estimular a insero dos homens em um mercado de produtos e servios at ento estranhos a esse gnero. E que suas concepes sobre saúde esto relacionadas a de bem-estar e de individualizao que se articulam com os discursos hegemnicos que vm dando sentido s concepes de saúde e doença atualmente. A publicao investe fortemente na ideia de um corpo musculoso que proporcionar ganhos sociais, sexuais e profissionais aos sujeitos, nem sempre atrelado s questes de saúde. Ela ratifica a heterossexualidade do leitor projetado, expondo o corpo feminino e o sexo heterossexual e silenciando sobre outras formas de sexualidade. Por isso consideramos que a revista se vincula a uma concepo tradicional da masculinidade. Seus discursos, no entanto, no so monolticos ou isentos de contradio, e tambm manifestam nuances relativas a um modelo mais contemporneo de masculinidade, como quando apresenta a ideia de uma nova pedagogia da sexualidade e a valorizao dos cuidados estticos e de saúde com o corpo, aspectos considerados pouco prximos da masculinidade tradicional. Com relao aos discursos dos homens, evidenciou-se que a classe social e a gerao so as variveis mais importantes nas suas concepes sobre corpo, saúde e sexualidade masculina. Que, entre os no leitores, de modo geral, h evidncias mais fortes de flexibilizao com relao aos padres mais tradicionais entre os homens mais jovens e/ou de classes mais altas. Enquanto os homens com idade acima dos 30 anos e das classes populares esto mais atrelados s concepes tradicionais. Entre os leitores, observou-se uma grande reflexividade com relao aos discursos da revista demonstrando que eles vm se apropriando de forma importante dos discursos da revista e ressignificando suas concepes e prticas sobre os trs temas da pesquisa a partir desses discursos. E, assim como os discursos da revista, os discursos dos homens, leitores ou no, tambm apresentaram aspectos contraditrios, ora demonstrando mais afiliao a um novo modelo de masculinidade, ora ao modelo mais tradicional.
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Este estudo tem por objeto a trajetria profissional e de escolarizao do Agente Comunitrio de Saúde (ACS), entendendo a escolarizao como um processo de avanar no aprendizado dentro da escola formal e no apenas na formao profissional. Entende-se o trabalho como um princpio emancipatrio, mas ao mesmo tempo repleto de contradies e, ainda, campo de explorao, na lgica do modelo de acumulao em curso. O objetivo geral do estudo descrever e discutir a trajetria de trabalho, formao e escolarizao dos Agentes Comunitrios de Saúde inseridos na rea Programtica 5.2 (AP 5.2). O estudo apresenta uma abordagem qualitativa, com base nas narrativas sobre o trabalho e vida dos ACS e o mtodo de anlise dos dados foi de base interpretativa com apoio do referencial da Hermenutica-Dialtica. Alm disso, foi obtido um perfil quantitativo de escolaridade de todos os ACS. O campo da pesquisa foi a AP 5.2, no municpio do Rio de Janeiro. Os resultados evidenciam ampliao significativa em todas as faixas de escolaridade desses ACS aps o incio do trabalho. As razes apontadas para o ingresso no trabalho de ACS esto relacionadas oportunidade de ingresso ou reingresso no mercado formal de trabalho e a proximidade da residncia. A desvalorizao e a falta de reconhecimento so apontadas como os principais motivos para os ACS deixarem a profisso. Alguns sujeitos apontaram como provisrio o trabalho de ACS e sua permanncia est vinculada a falta de outras perspectivas e tambm a sua identificao com o trabalho comunitrio, remetendo a um carter de ddiva. O princpio emancipatrio do trabalho tambm foi apontado por alguns sujeitos, j que o trabalho propiciou a retomada de antigos objetivos, no caso, voltar a estudar. Tambm foram encontrados achados da influncia do enfermeiro no trabalho do ACS e na sua opo profissional. Parece haver um desejo deste trabalhador em mudar de funo, porm continuando na rea da saúde, mas a garantia dessa mudana s ser possvel com uma ordem social mais justa. Com base nos resultados e no referencial terico, conclui-se que o ACS deve ser olhado no apenas como um trabalhador que reproduz um modelo de relao de trabalho, mas que, como membro das classes populares, permite pensar mudanas a partir do conceito de indito vivel. Sua permanncia como ACS e a garantia de que se cumpra a proposta de mudana indicada pela Estratgia de Saúde da Famlia (ESF) depende do reconhecimento tcnico e poltico desse trabalhador.
Resumo:
Estima-se que, no ano de 2025, 23% da populao total dos pases desenvolvidos estaro com mais de 60 anos, evidenciando-se assim o envelhecimento gradativo do contingente populacional destes pases. Deste modo, perceptvel o contingente de mulheres que estaro vivenciando a fase da menopausa com seus efeitos biolgicos, psicolgicos e sociais. As mudanas hormonais e fisiolgicas que acontecem nas mulheres durante a fase da menopausa, acompanhadas pela desvalorizao esttica do corpo e por toda uma sintomatologia fsica e psquica, tm sido interpretadas como perda da feminilidade, sinalizando o envelhecimento inevitvel e a finitude. No entanto, muitos dos desconfortos que as mulheres vivenciam nesta fase no se devem s mudanas biolgicas, mas ao seu processo de socializao, caracterizando a influncia de gnero. Neste contexto, este trabalho teve como objeto o estudo da influncia da relao de gnero na vivncia e no significado do processo da menopausa, tendo como objetivos: descrever a vivncia da menopausa a partir da perspectiva de mulheres que a vivenciam e identificar as particularidades relacionadas ao gnero diretamente envolvidas na experincia da menopausa a partir da perspectiva das mulheres. Para desenvolvimento do trabalho foi utilizada abordagem qualitativa de natureza descritiva com vinte mulheres de idade entre 45 e 55 anos que apresentavam menopausa espontnea e eram clientes das Unidades Bsicas de Saúde da cidade de Curitibanos-SC, no perodo de 1 a 15 de outubro de 2009. Para a coleta de dados foi utilizado um roteiro de entrevista semi-estruturada com uma questo norteadora: Fale-me como para voc estar vivenciando a menopausa. A interpretao e anlise foram feitas atravs de anlise de contedo do tipo temtica descritas por Bardin. Nas narrativas, identificaram-se categorias que foram integradas em quatro temas principais: 1- Vivenciando a Menopausa, 2- Identificando Transformaes no Corpo e na Vida, 3- Cuidando de Si, 4- Buscando Informaes/Influncias e Construindo Conhecimento. Foi possvel identificar nessas categorias que as mulheres trazem o conceito de que a fase da menopausa uma doença, e relacionam essa fase com envelhecimento e declnio fsico, a qual traz grandes sofrimentos, o que demonstra a influncia de gnero no vivenciar desta fase. As entrevistadas explicitaram em suas falas diversos sintomas que as incomodavam e interferiam em suas atividades dirias e na sua maneira de ser, repercutindo muitas vezes no seu comportamento familiar e profissional. O conhecimento sobre a menopausa, neste grupo de mulheres, foi construdo ao longo de suas vidas e reflete as suas realidades culturais e sociais, deixando evidente a escassez de fontes de informao e os tabus relacionados com relao fase da menopausa. Este estudo contribui com a gerao de conhecimentos levando em considerao os efeitos que a influncia de gnero pode ter na vivncia e percepo da menopausa, desmistificando-a para que a vivncia das mulheres durante esse perodo no seja condicionada por esteretipos e crenas relacionadas ao gnero.
Resumo:
O objetivo desta dissertao foi estudar as vrias interfaces e possveis insuficincias no atendimento prestado aos adolescentes que vivem com HIV / AIDS. Assim, a rea de pesquisa concentrou-se em algumas unidades de saúde da rea do Rio de Janeiro - Programa municipal 2.2. O primeiro captulo descreve um esboo histrico da formao do Estado moderno e as bases para a poltica social sustentvel do Estado capitalista contemporneo culminando com a anlise da construo de um modelo de proteo social no Brasil, depois dos anos trinta. Desta forma, o Estado visto como uma rea atravessada por paradoxal interesses conflitantes e as polticas sociais, administradas no interior do estado, sendo fruto de processos histricos, econmicos e polticos. No segundo captulo, os problemas da poltica de saúde no Brasil so discutidos, enfocando as orientaes das polticas sobre a AIDS e a adolescncia. Em primeiro lugar, os aspectos histricos sobre as polticas de AIDS so analisados e, em seguida, h uma investigao do conceito de adolescncia e os princpios norteadores do Estatuto da Criana e do Adolescente e do Programa Saúde do Adolescente. No terceiro captulo o material coletado na pesquisa por profissionais de saúde analisado e relacionado com o estudo documental com a crtica das polticas destinadas. A concluso mostra que, apesar de todo o progresso clnico e / ou farmacolgico para o tratamento de pessoas vivendo com AIDS e na formulao de polticas pblicas para garantir os direitos, os adolescentes precisam de espaos de boas-vindas nas relaes sociais, onde nem a famlia, a religio, a escola e seus pares esto preparados para essa proximidade. Outra questo importante a incapacidade dos profissionais de saúde para lidar com os vrios aspectos da doença. Contas de conteno e abuso so comuns, revelando que as unidades de saúde nem sempre desenvolvem o seu potencial para cuidar.
Resumo:
A magnitude e as modificaes resultantes da epidemia de Aids no Brasil levaram o Ministrio da Saúde a recomendar, a partir de 2001, a incorporao do diagnstico sorolgico da infeco pelo HIV em servios de ateno bsica da rede pblica de saúde, visando a universalidade e a ampliao do acesso da populao a esses exames. O processo diagnstico, no caso da AIDS, envolve para alm da simples disponibilizao da testagem; cobre demandas de preveno, profilaxia, tratamento e referncias adequadas para o interior do sistema assistencial. O estudo realizado teve por objetivo investigar como vem se dando a oferta deste diagnstico, previsto de estar acontecendo acompanhado de aconselhamento pr e ps-teste, usando como lcus um conjunto de servios da rede bsica de saúde no Municpio do Rio de Janeiro. Do tipo descritivo-analtico, o trabalho utilizou-se de uma abordagem metodolgica qualitativa, realizando entrevistas semi-estruturadas com vinte e dois profissionais de saúde de diversas categorias, envolvidos nos processos de testagem anti-HIV, e com trs gestores, buscando compreender como vem sendo ofertado esse cuidado em saúde. O exame do material obtido permitiu a identificao das seguintes categorias analticas: oferta do teste na rede de ateno bsica e dilemas relacionados a esse processo; aes de aconselhamento que acompanham a testagem; resultados do teste anti-HIV e dificuldades na sua comunicao aos usurios; dimenses estrutural e organizacional e gesto do processo de testagem; capacitao dos recursos humanos. Identificou-se que o processo de oferta do teste anti-HIV se circunscreve frequentemente representao da doença e necessria maior interlocuo na relao profissional de saúde/usurio, considerando a intersubjetividade dos sujeitos envolvidos. Este processo diagnstico demanda tcnicas como apoio, acolhimento e escuta qualificada das necessidades de saúde, entendidas para alm das queixas biolgicas dos sujeitos, que nem sempre esto se fazendo presentes nos servios de ateno investigados. Como desafio premente na oferta do diagnstico anti-HIV, destaca-se que o aconselhamento deve ser uma ferramenta utilizada e reforada no contexto dos servios de saúde que atendem pacientes com DST/Aids. Outro desafio, alm da capacitao qualificada dos recursos humanos envolvidos, necessidade de permanente avaliao do processo de oferta que vem sendo oferecido nos servios da rede bsica, que possibilite repensar as atividades de preveno, o acolhimento e a escuta, e o compartilhamento de idias entre profissionais que atuam no cotidiano das unidades de saúde e os gestores locais. A pluralidade de questes no fazer em saúde exige que os servios de saúde e seus responsveis promovam novos arranjos para que a oferta do teste anti-HIV, como ao de saúde, seja realizada com base na humanizao, na integralidade e no respeito aos direitos de cidadania, contribuindo para que a melhoria do atendimento na rede bsica se concretize com qualidade.