160 resultados para Literatura fantástica História e crítica
Resumo:
O propsito desta dissertao estudar as representaes femininas nas letras luso-brasileiras do sculo XVII, sempre levando em conta os pressupostos tericos formulados pela crítica brasileira atual. Pretende-se examinar as prticas letradas seiscentistas pelo prisma dos critrios retrico-poticos vigentes na poca, em que se destacam a importncia dos elementos visuais. O estudo tem como base o contraponto das figuras de Eva e Maria, formando o grande paradigma da dualidade feminina nas letras coloniais; tal construo da imagem da mulher como tentadora e salvadora foi um longo processo desde as letras dos tempos antigos, se intensificando no perodo medieval at chegar no sculo XVII. Desse modo, focalizamos as poesias de Gregrio de Matos e alguns sermes do padre Antonio Vieira, dialogando com questes histricas, sociais e artsticas no momento de produo das obras para tentar reduzir os riscos de anacronismo, sempre presentes quando abordamos perodos to distanciados no tempo. Analisamos variadas configuraes femininas nas poesias lricas e satricas de Gregrio de Matos; j nos sermes de Vieira, percebemos que o contraponto entre as concepes mariana e eviana fica mais evidente. Mostramos como as figuras femininas examinadas se aproximavam de Eva ou de Maria, levando em conta o contexto scio-econmico das mesmas. Notamos que o modelo ideal de mulher encarnando na figura de Maria, difundido pela Igreja com o objetivo de alcanar todas as mulheres, no correspondia realidade das mesmas no sistema colonial e no se adequava as suas necessidades. Examinamos igualmente como tal construo feminina perfeita e submissa circulava nos manuais de boa conduta em que a famlia patriarcal se encaixava, atendendo s exigncias dos modelos propagados pela Igreja Catlica na poca. Apesar de todos os esforos da Igreja Catlica e do homem para domesticar a mulher, to temida e admirada pelos mesmos, muitas mulheres fugiram aos padres sociais e foram estigmatizadas, rotuladas, discriminadas, mas acima de tudo foram mulheres que ficaram registradas nas pginas da Inquisio, na história e principalmente, nas letras luso-brasileiras do sculo XVII, escritas por homens, como o poeta Gregrio de Matos e o padre Antonio Vieira
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A presente tese est calcada na anlise da obra de Ariano Suassuna, o Romance dA Pedra do Reino e o prncipe do sangue do vai-e-volta, considerado pelo autor como a sua obra maior e, a princpio, o primeiro volume da trilogia A maravilhosa desaventura de Quaderna, o decifrador, e no primeiro volume da segunda parte da trilogia, O rei degolado ao Sol da Ona Caetana. O trabalho consiste, fundamentalmente, em examinar o dilogo estabelecido entre a obra de Suassuna com textos representativos da tradio literria ocidental, mais propriamente com os que remontam ao medievo. Para isso, fez-se um recorte nas relaes que o romance trava com a matria cavaleiresca, principalmente com a Demanda do Santo Graal, na sua estrutura e no desenho psicolgico e moral dos personagens, notadamente de Sinsio, que encarna o mito do heri prometido, cujos paradigmas se assentam na figura lendria do Rei Artur, alm de Galaaz, e na histrica de D. Sebastio, o rei desaparecido de Portugal. Sabe-se que esses reis e heris mticos, considerados salvadores, uma vez que retornariam para restituir ao povo a dignidade e a liberdade perdidas, povoaram o imaginrio ibrico e chegaram ao Brasil trazidos pelos colonizadores europeus. Dessa forma, a cultura popular do Nordeste brasileiro povoada de histórias e lendas eternizadas e recriadas no folclore da regio e na literatura de Cordel. Mas, ao lado do messianismo, outro aspecto faz-se notrio nos personagens de Suassuna: a crueldade. E este tema, bem como o nome do personagem D. Pedro Dinis Quaderna, remete-nos para a história de alguns reis ibricos da Idade Mdia: Pedro de Portugal e Pedro de Castela, que sero revisitados luz da Crnica de D. Pedro de Ferno Lopes, no intuito de observar-se o dilogo com esta estabelecido por Suassuna, direta ou indiretamente
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Esta dissertao pretende investigar de que forma idias construdas socialmente impem a heterossexualidade e afetam indivduos no heterosexuais das ilhas Caribenhas, conforme ilustrado nos romances Memory Mambo, da Cubana-Americana Achy Obejas e Valmikis Daughters, da Trinitria-Canadense Shani Mootoo. Este trabalho se concentra na anlise de polticas sexuais ligadas homossexualidade tanto nas ilhas do Caribe quanto nos Estados Unidos da Amrica. Em Memory Mambo, a protagonista Juani Casas deseja entender como sua condio de exilada cubana molda sua identidade sexual e como seu lesbianismo afeta seus relacionamentos familiares e amorosos. Reconstruindo sua história atravs de uma memria no confivel, Juani procura descobrir como sua sexualidade e sua nacionalidade esto ligadas, para que ela possa conciliar as duas. Em Valmikis Daughter, Viveka Krishnu e seu pai Valmiki Krishnu tentam esconder seus verdadeiros desejos por causa dos comportamentos supostamente corretos que foram designados tanto para homens quanto para mulheres em Trinidad, e mais especificamente na sociedade indo-caribenha. Pai e filha sofrem com a opresso e tentam no se tornarem vtimas de homofobia constante, ele escondendo sua sexualidade e ela deixando a ilha. Assim, atravs da representao literria, Obejas e Mootoo participam de uma discusso necessria sobre as consequencias das polticas sexuais na construo identitria de Caribenhos que vivem nas ilhas ou em destinos diaspricos
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O estilo de poca Sturm und Drang, o primeiro movimento literrio genuinamente alemo, surgido na segunda metade do sculo XVIII, possibilitou a emancipao literria da Alemanha e introduziu naquele pas o conceito de gnio original. A partir da descoberta da obra do gnio ingls Shakespeare (possibilitada pelas tradues de Christoph Martin Wieland), os alemes se depararam com o modelo de revoluo literria que necessitavam para instituir as bases da originalidade literria alem. Pautando-se na estrutura dramtica shakespeariana, Johann Wolfgang von Goethe e Friedrich Schiller elaboraram seus dramas de estreia, obras foco da presente pesquisa: Gtz von Berlichingen e Os bandoleiros, respectivamente. O presente estudo prope-se, por conseguinte, a analisar as obras supracitadas luz da temtica do gnio original. Mas, primeiramente, so observados os fatores (como a asceno do romance ingls) e escritores (como Gothold Ephraim Lessing, Johann Jakob Bodmer, Johann Jakob Breitinger, Friedrich Gottlieb Klopstock, Johann Joachim Winckelmann, Wieland e Johann Gottfried von Herder) que colaboraram para a instituio da era genial na Alemanha
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Patrick Bateman, o protagonista narrador do romance American Psycho (1991), de Bret Easton Ellis, confunde por ser rico, bonito e educado e, ao mesmo tempo, torturador, assassino e canibal. Mas esta personalidade antagnica no o torna singular. O que o particulariza so as quatro faces que ele apresenta ao longo de sua narrativa: (1) ele consome mercadorias e humanos, (2) compete para ter reconhecimento, (3) provoca horror por suas aes, e (4) no um narrador confivel. Sendo um yuppie (termo popular usado nos Estados Unidos na dcada de 1980 para denominar jovens e bem sucedidos profissionais urbanos), Bateman materialista e hedonista. Ele est imerso em uma sociedade de consumo, fato que o impossibilita de perceber diferenas entre produtos e pessoas. Sendo um narcisista, ele se torna um competidor em busca de admirao. No entanto, Bateman tambm um serial killer e suas descries detalhadas de torturas e assassinatos horrorizam. Por fim, ns leitores duvidamos de sua narrativa ao notarmos inconsistncias e ambiguidades. Zygmunt Bauman (2009) afirma que uma sociedade extremamente capitalista transforma tudo que nela existe em algo consumvel. Christopher Lasch (1991) afirma que o lendrio Narciso deu lugar a um novo, controverso, dependente e menos confiante. A maioria das vtimas de Bateman so membros de grupos socialmente marginalizados, como mendigos, homossexuais, imigrantes e prostitutas, o que o torna uma identidade predatria, segundo Arjun Appadurai (2006). A voz autodiegtica e a narrativa incongruente do protagonista, contudo, impedem que confiemos em suas palavras. Estas so as quatro faces que pretendo apresentar deste serial killer
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Paulicia Desvairada, de Mrio de Andrade e Parania, de Roberto Piva, carregam o aspecto revolucionrio de estreias (estreia modernista de Mrio) que chegam para derrubar o estabelecido. Ambos encontram um ambiente hostil e combatem o padro de suas respectivas pocas com versos calcados na concepo de confronto. Muito deste mpeto, por vezes, pode esconder outras caractersticas aparentemente menos relevantes e mais trabalhadas em obras posteriores. O conceito solidrio de Joo Luiz Lafet (1986) uma solidariedade tambm reforada por Giorgio Agamben (1993) e que estaria nas entranhas de um posicionamento claramente mais radical o caminho percorrido nesta dissertao, trazendo tona o eu solidrio para alm do pano de fundo em Paulicia Desvairada e Parania. A complexidade polissmica na poesia de Mrio de Andrade e o agressivo desregramento dos sentidos na potica de Roberto Piva unem-se na semelhana e na diferena, incitando e proporcionando esta pesquisa. Uma vez descortinada, a primeira pessoa solidria uma espcie de embrio a ser explorado revela-se maior, com uma fora que atravessa o tempo e convida o leitor a no se entregar ao comodismo
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O presente trabalho tem por objetivo analisar a construo da identidade nos discursos literrios de Jos de Alencar e Mrio de Andrade em que o recurso literatura oral aparece como elemento central. O foco da anlise so os textos crticos e tericos desses autores, tomando-se especialmente em considerao questes da teoria de Johann Gottfried Herder sobre a poesia popular enquanto poesia natural, que deveria servir de matria prima para a literatura erudita
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A figura do ndio, na Literatura Brasileira, durante anos foi marcada pelos relatos sob a perspectiva de no ndios. As vozes dos povos indgenas foram silenciadas, ocultadas pelo discurso dominante, que disseminava ideias com base em seu ponto de vista, muitas vezes marcado pelo teor de superioridade diante desses povos. Principalmente presentes nos textos de viajantes e missionrios da poca da colonizao, os reflexos dessa atitude ainda so marcantes nos dias atuais: preconceitos e ideias equivocadas sobre a cultura amerndia. Tempos depois, passa-se do ndio brbaro e selvagem ao ndio idealizado das obras romnticas, mantendo o discurso parcial pautado na viso do outro. Em 1928, atravs da proposta antropofgica de Oswald de Andrade, inicia-se um novo perodo diante dessa realidade, muito embora ainda seja uma viso desenvolvida a partir do homem branco. Oswald contribuiu para trazer tona a figura do ndio sem a idealizao romntica e com base na valorizao dos nativos e de sua cultura. O modernista, com sua bandeira da assimilao crítica de contedos, propunha um resgate do primitivo como forma de integrar essa realidade aos novos tempos da industrializao, alm de objetivar a ruptura com modelos pr-estabelecidos e eliminao do vetor dominante-dominado. Nos ltimos anos, por outro lado, tem crescido o nmero de obras no mbito artstico produzidas pelos prprios indgenas, trazendo as vozes que, na verdade, sempre existiram. Nesse contexto, encontra-se a obra de Eliane Potiguara. A mulher e indgena, voz marcante do livro Metade cara, metade mscara (2004), apresenta ao leitor o viver entre dois mundos, o adaptar-se ao universo contemporneo sem perder as suas razes e a sabedoria ancestral. Assim como Oswald, Potiguara resgata o primitivo, atravs do discurso construdo a partir da mulher-terra, e assimila recursos do universo do no ndio para gritar suas dores e sua esperana, o que possibilita um dilogo com a proposta da Antropofagia oswaldiana. Pretende-se, a partir da ideia desenvolvida por Benedito Nunes (2011) acerca do carter diagnstico, teraputico e metafrico da Antropofagia, estabelecer relaes entre os pensamentos de Oswald de Andrade e Eliane Potiguara por meio da arte literria, refletindo sobre a ruptura com padres pr-estabelecidos atravs de novas perspectivas, a exemplo da literatura indgena
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Esta dissertao se insere nos estudos de Lingustica e vinculada Anlise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 1989, 2003) e Lingustica Sistmico-Funcional (HALLIDAY, 1970, 1973), investigando o que a qualidade literria para os internautas que interagem em fruns de discusso do Orkut, luz da Teoria da Valorao (MARTIN ; WHITE, 2005). De acordo com as categorias que abrangem o subsistema da Atitude da Teoria da Valorao (MARTIN ; WHITE, 2005), analisa-se como os leitores internautas se posicionam sobre a questo da qualidade literria e a ideologia que perpassa seus discursos. O conceito de ideologia adotado o proposto por Thompson (2009), para quem o conceito deve ser compreendido a partir da noo de hegemonia e poder, ou seja, a ideologia necessariamente estabelece e sustenta relaes de dominao, reproduzindo a ordem social que favorece indivduos e grupos dominantes.O corpus desta pesquisa composto de trs amostras colhidas entre 15/07/2009 e 05/01/2010 correspondentes a uma discusso iniciada em comunidade relacionada a assuntos literrios. A AMOSTRA 1 refere-se ao tpico Leitura difcil sinal de qualidade?, da comunidade Literatura; a AMOSTRA 2, se refere ao tpico Qualidade do texto literrio, da comunidade Discutindo... literatura e, por fim, a AMOSTRA 3 representa o tpico O que um bom texto literrio para voc, tambm da comunidade Literatura. Cada discusso possui congruncias e divergncias quanto s representaes sobre literatura e essas foram tambm analisadas. No obstante, o que nos interessa perceber como as ideologias perpassam seus discursos de acordo com os valores que os internautas atribuem a aspectos do texto literrio. Foram escolhidos fruns de discusso online do Orkut porque as interaes em redes sociais constituem elemento novo das prticas sociais e, portanto, relevantes pontos de apoio para a investigao da criao de sentidos sobre o conceito de boa literatura. Investigar como a literatura, objeto de estudo acadmico, analisada em tais espaos cibernticos instigante, por no ser usual. Os resultados obtidos nessa pesquisa sugerem que o internauta reproduz o discurso acadmico hegemnico acerca da qualidade literria ao debater a qualidade intrnseca do texto literrio com a ressalva de manifestar seu contentamento ou descontentamento acerca de determinados textos literrios e escritores, dado novo que revela uma caracterstica deste espao no institucional de discusso, em que os internautas se sentem vontade para manifestar sua opinio
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O corpus desta dissertao tem por objetivo a anlise das obras A Maior flor do Mundo de Jos Saramago, O Gato e o Escuro de Mia Couto e O Mistrio do Coelho Pensante de Clarice Lispector para o pblico infantil. A anlise empreendida tem como referencial terico a Esttica da Recepo de Hans Robert Jauss e a Teoria do Efeito Esttico de Wolfgang Iser, correntes que figuram o leitor como elemento atuante no ato da leitura, convidando-o a mergulhar nas entrelinhas dos textos e preencher lacunas ou hiatos, deixados pelos autores que mobilizam o leitor a formular o que no foi dito atravs da imaginao. A linguagem das obras mencionadas age como instrumento de percepo do leitor e smbolo da infncia, pois, tornar-se-o prazerosa, fantástica e maravilhosa sem a funo disciplinadora e moralista que, anteriormente, inibia a criana de se expressar com liberdade. Ao trabalhar com conceitos como recepo, efeito, horizonte de expectativas e leitor implcito, busca-se explicar como se d a leitura e a sua insero no contexto das prticas culturais de produo de sentido. As obras estudadas contribuem para a formao de leitores crticos e reflexivos ao questionarem a linguagem literria diante das experincias da vida. As ilustraes das obras no se apresentam somente como simples complementao dos textos verbais, mas tambm, adquirem significados e expresses estticas
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Diversos crticos enfatizaram a vertente de Noite na taverna, de lvares de Azevedo, obra que se consagrou, portanto, como uma narrativa pertencente ao gnero fantstico, apesar de no corresponder plenamente concepo do gnero desenvolvida por Tzvetan Todorov, em Introduo literatura fantástica subsdio fundamental para os estudos da fico inslita. "Fantástica"!, "sobrenatural", "de horror", "ttrica", "sombria", "macabra", "monstruosa", "dantesca", "simbolista avant la lettre", "gtica", "satanista", "byroniana" so alguns dos termos empregados pela crítica nos principais estudos publicados acerca da obra. Trata-se de uma multiplicidade de classificaes que, no entanto, no a caracterizam adequadamente e s demonstram a dificuldade de definir-lhe o gnero. Refletindo sobre tais aspectos e partindo dos principais estudos crticos produzidos sobre a obra desde sua primeira edio, consideramos a pertinncia de a classificarmos como integrante do gnero fantstico. Procura-se ainda, aps minuciosa leitura destes estudos, identificar os momentos da história e da crítica literria brasileira em que Noite na taverna foi classificada com termos que a associaram a uma forma de literatura incomum no Brasil nacionalista do sculo XIX.
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A presente pesquisa percorre os interiores de uma fortaleza colonial, cenrio de A varanda do frangipani, do escritor moambicano Mia Couto. Nessa obra, o autor estabelece com o leitor um pacto ficcional (ECO, 1994) e o convida a iluminar-se com as diversas micro-narrativas que traam um paralelo entre o ontem e o hoje de uma varanda que protege e aprisiona. O narrador convoca o narratrio e relata a história de personagens que vivem uma realidade paradoxal, transitando entre as vises de dentro e de fora, racional e irracional. Em um mundo fragmentado, os componentes ficcionais se conjugam para compor uma narrativa que promove profundas reflexes atravs da palavra, pois palavras valem a pena se nos esperam encantamentos (COUTO, 2007, p. 112)
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Ao contrrio do que propaga a maioria da crítica, Alusio Azevedo no foi um escritor exclusivamente naturalista. Em sua diversificada produo literria encontramos peas teatrais, escritas individualmente, em parceria com o irmo Artur Azevedo ou com o amigo Emlio Roude; romances-folhetim, que asseguravam sua sobrevivncia; narrativas que podem inscrever-se no gnero fantstico, como os contos Demnios e O impenitente, bem como o romance A mortalha de Alzira; e ainda uma surpreendente novela policial, Mattos, Malta ou Matta? Toda a sua obra, seja ela dramatrgica ou narrativa, revela-nos um escritor em conflito, dividido entre a necessidade de ganhar dinheiro e o desejo de escrever de acordo com suas prprias convices. Este trabalho busca destacar e discutir algumas vertentes estticas de sua obra literria relegadas pela crítica e em geral pouco conhecidas: a narrativa romntica, a policial, a fantástica e sua criao teatral
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A tese focaliza alguns dos principais poemas de Joo Cabral de Melo Neto desenvolvidos como crítica potica. O mote da investigao a construo de uma lrica crtico-discursiva, uma produo artstica que avalia a arte com os termos, os instrumentos da prpria arte. Esta perspectiva analtica deflagrada pelos primeiros romnticos (Schlegel e Novalis) e expande-se em duas direes: tanto o poema escrito a partir de uma reflexo sobre a arte ou a natureza (crtico em sua gnese), quanto a crítica, transmutada em poesia. A abordagem comparativa de estncias do poeta com obras picturais nelas referenciadas evidencia o constante dilogo do poeta com as poticas da visualidade e com as concepes estticas da modernidade, mormente com a potica de Joan Mir. Atravs da abordagem comparativa, materializam-se dois caminhos privilegiados de experimentao esttica: o percurso do potico ao plstico, em Joo Cabral; o caminho inverso, na obra do pintor catalo do plstico ao potico. Para ambos os artistas, os processos de explorao das linguagens artsticas ocasionam, como consequncia extrema, a dissoluo do plstico e do potico, rumo ao inefvel na pintura e na poesia. Para Mir, os signos plsticos so poticos, porque guardam em si um universo de possibilidades significativas que transcendem a ordem da prpria coisa em si. E o alcance das transformaes que a sua potica empreende afetar a poesia de modo anlogo: os signos poticos mostram-se plenamente poticos, ao transcenderem a forma e o sentido, no mbito da plasticidade da palavra. Se a palavra pode se tornar matria (passar da abstrao para a concreo), a matria pintada pode ser poesia. Integram a constelao terica desta investigao os principais filsofos que discutem o carter crtico da poesia, desde os filsofos do primeiro romantismo (Schlegel e Novalis), at aqueles cujo pensamento est relacionado modernidade ou ps-modernidade (Benjamin, Adorno, Lyotard, Blumenberg e Agamben)
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Esta dissertao um estudo sobre a expressividade dos contos de fadas da obra Uma ideia toda azul, de Marina Colasanti. Torna-se inovadora por se tratar de textos curtos, valorizando o fantstico e pelos desfechos de seus contos, diferentes dos tradicionais. Trabalhando com reis, rainhas, prncipes, princesas e unicrnios, a autora utiliza figuras de linguagem que valorizam o texto, tornando cada vez mais encantador e instigante o seu bordado de palavras. Apresentam-se no decorrer do trabalho reflexes acerca das narrativas orais, as teorias referentes aos contos populares, a compreenso de literatura infantil, os contos de fadas, Marina Colasanti na cultura brasileira e a narrativa fantástica, um resumo da obra Uma ideia toda azul, a estilstica como base da pesquisa e a essncia das figuras de linguagem. Busca-se descrever e analisar as figuras mais produtivas: metfora, personificao, hiprbole, sinestesia e eufemismo. So recursos lingusticos que conferem aos contos de Colasanti a expressividade que seduz o leitor de todas as idades. A realidade e a fantasia se articulam harmoniosamente em um texto que, ao ressaltar o fantstico, desvela os sentidos universais inerentes ao ser humano de todas as pocas