129 resultados para Discursive Practices [práticas discursivas]
Resumo:
O teatro anchietano, que articula a educao, a arte e a religio por meio de um interessante intercmbio de signos, configurou-se como um dos mais relevantes instrumentos pedaggicos utilizados pela Companhia de Jesus na Amrica Portuguesa durante o sculo XVI. Suas prticas discursivas acerca do Diabo e de seu squito infernal tinham por objetivos, a partir da construo de uma pedagogia do medo, a promoo do catolicismo entre os indgenas e a adaptao desses povos cultura euro-crist, garantindo, desta forma, a viabilidade da colonizao desses domnios ultramarinos pertencentes coroa portuguesa. O processo de elaborao das representaes culturais, caracterstico dos encontros e confrontos entre os mundos europeu e indgena, a gestao de novos modelos de organizao social e de valores, por meio do crivo da mestiagem cultural, sero levados em conta para a anlise da ao missionria jesutica. Na presente dissertao analisaremos esses aspectos tendo por base o Auto de So Loureno escrito pelo padre Jos de Anchieta.
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A presente dissertao teve como objetivo cartografar acontecimentos que atravessam o devir de mes biolgicas pelo resgate dos filhos que foram colocados em famlias substitutas e figuraram em processos de adoo. Para tal foram analisados trs processos judiciais de adoo com contestao. A partir do referencial histrico genealgico foucaultiano o instituto da adoo foi problematizado, evidenciando prticas-discursivas que vem naturalizando o axioma abandono e adoo e alando o instituto da adoo ao patamar de poltica pblica, ou seja, questes que deveriam ser tratadas na esfera do Poder Executivo so transferidas para o Judicirio. A descrio dos casos apresentou litgios em torno da filiao, privilegiando as discusses acerca da instituio maternidade e da resistncia empreendida por mulheres-me pauperizadas, contra o processo de excluso, atravs das contestaes s aes de adoo de seus filhos. A anlise de contedo foi a ferramenta utilizada para interpretar e tecer consideraes acerca dos casos narrados. Atravs dessa metodologia evidenciaram-se, nos discursos dos especialistas, os atravessamentos de ordem poltica, social e histrica na produo de subjetividades, que vem forjando a imagem de um segmento da populao menos humano a me desnaturada.
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Este trabalho tem como temtica as polticas curriculares para a formao de professores, buscando compreender os discursos da profissionalizao docente em sua tentativa de projeo de identidades para o futuro professor. A Teoria do Discurso de Ernesto Laclau e as incorporaes dessa perspectiva ao campo do currculo por Alice Casimiro Lopes e Elizabeth Macedo so os aportes terico-estratgicos dessa investigao. Defendo o distanciamento de concepes clssicas de poltica curricular concebidas tanto como um conjunto de regulamentaes produzidos por especialistas e implementados por professores, como um guia para a prtica. Assumo um conceito de polticas curriculares como prticas discursivas que operam por tradues. Desenvolvo a argumentao a partir da busca por compreenso dos processos de subjetivao/identificao que operam via polticas curriculares para a formao de professores em sua produo de modos de subjetivao docente. Para tal me utilizo de conceitos de processos de identificao incorporados da psicanlise lacaniana que promovem o escape de ideias de completude e objetividade recorrentes na noo de identidade essencialista que se estabilizou nos discursos que circulam nos campos do currculo e da formao de professores. Utilizo-me ainda da metfora dos espectros, a partir de referncias da filosofia derridiana, para operar com os deslocamentos de sentidos, que so traduzidos e tensionam o campo discursivo sem a pretenso de sua superao. Os textos utilizados nessa anlise so artigos selecionados no Portal de Peridicos da Capes a partir da palavra-chave profissionalizao docente, os documentos finais da ANFOPE nos ltimos dez anos e textos/livros citados nas referncias bibliogrficas dos artigos da CAPES. Entendo que a potncia da perspectiva discursiva est em oportunizar a de-sedimentao dos processos hegemnicos com vistas a evidenciar as contingncias que atuaram, atravs de atos de poder, para a cristalizao de certos sentidos, nesse caso o da profissionalizao docente. Considero que o discurso da profissionalizao docente associado identidade promove processos discursivos que reificam posies dogmticas refutadas pelas polticas curriculares para formao de professores. Aceno para a possibilidade de associao entre os discursos da profissionalizao docente, em sua espectralidade, e processos de identificao docente. Trata-se de uma disputa discursiva que empreendo tentando traduzir-desconstruir sentidos, numa radical contextualizao, que escapem lgica essencialista cuja positividade tende ao fechamento dos processos de significao no campo das polticas curriculares para a formao de professores
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Este estudo tem como objetivo averiguar os efeitos de sentido produzidos por msicas de hip hop (movimento cultural cultivado nos guetos fluminenses), com base na anlise de sua expresso verbal (rap) e em uma considerao experimental de capas de disco. Objetiva-se tambm investigar, no material artstico de Marcelo D2 e MV Bill, relaes sociais engendradas por sujeitos da periferia, em espaos sociais antagnicos (centro e periferia). Para isso, exploramos uma Anlise do Discurso de base enunciativa, enfatizando o conceito de etos discursivo, alm de noes vinculadas problemtica da alteridade discursiva, a fim de que se analise o posicionamento de entes subjugados perante o descaso a que esto submetidos, e suas impresses sobre as imagens discursivas de marginalizadores. Buscamos apreender etos produzidos por sujeitos do rap, considerando a presena do Outro que fala nele/por ele (alteridade). Nossos procedimentos metodolgicos apontam o que levou a considerar o hip hop, alm da trajetria seguida na delimitao do corpus. Alm disso, expem-se os motivos que nos fizeram priorizar etos e alteridade discursiva. As anlises buscam avaliaes sobre a materialidade discursiva, que almejam extrair sentidos produzidos nos guetos. Como resultados, refletimos sobre aspectos inerentes ao contexto social fluminense, ao relacionamento entre sujeitos, lugares e prticas, para que se alarguem consideraes sobre essas afinidades, inclusive na escola. Desse modo, ambicionamos que se aprimorem os debates sobre prticas de afirmao social de classes e, atravs de novas discusses, se intensifiquem as iniciativas sociopolticas
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Esta tese, Corpo do lazer: reflexes a partir da vida lesada na hipermodernidade, representa um exerccio de reflexo e investigao acerca do lazer como um fenmeno psicossocial na atualidade. Enquanto reflexo, parte do corpo como centro de gravidade da subjetividade, tomando como referenciais epistemolgicos alguns tericos da primeira gerao da nomeada Escola de Frankfurt, a psicanlise freudiana e estudiosos franceses que denominam a atualidade de hipermodernidade. Outros pensadores tambm permearam as reflexes, principalmente aqueles que viabilizam o vis crtico argumentativo. J como investigao, um material de campo no formato de folder teve suas construes discursivas em torno do lazer destacadas, constituindo, assim, o corpus de anlise da pesquisa documental de cunho qualitativo. Neste trabalho, a reflexo e a investigao se complementam na compreenso da articulao dos dois eixos principais, as esferas do desejo e do mercado, entrelaando a noo de corpo do lazer em tempos hipermodernos e, deste modo, buscando questionar a hipermodernidade como produto e cenrio em que a existncia humana prejudicada nas partculas elementares de uma vida justa, isto , lesada nos mnimos modos de ser e estar no mundo. No mbito do entretenimento, a vida lesada percebida como sofrimento psicossocial e subjaz nas artimanhas sutis dos lazeres mercadolgicos em expanso na hipermodernidade. Este cenrio produz novos processos de subjetivao, decorrentes tambm das prticas de lazer atuais voltadas para consumo, e, com isso, o lazer adquire valor de troca na realidade hipermoderna. Como o corpo est no centro da cena hipermoderna em expanso nas cidades, ele o foco dos processos de subjetivao deste estudo. Para tanto, o corpo abordado nas noes tragicmico e ertico-narcsico, alm de outros desdobramentos, no intuito de situar o corpo do lazer. A fim de explorar a temtica, sero apresentadas reflexes a partir de conceitos do lazer, da inaugurao do lazer na modernidade, alm de anlises de como ele est inserido atualmente nos mecanismos mercadolgicos regidos pela lgica econmica a fomentar a indstria do entretenimento para atender os anseios humanos por prazeres como rotina dos sentidos e das sensaes voltados para o corpo. Como exemplo desse cenrio, elegeu-se a Barra da Tijuca, Rio de Janeiro (RJ), como espao urbano para a realizao da pesquisa, pois neste bairro a realidade hipermoderna pode ser espontaneamente verificada. Como aspectos conclusivos, o corpo do lazer demonstra ser, por um lado, o alvo dos interesses mercadolgicos pautados na lucratividade e com metas a incrementar o viver no tempo supostamente livre, baseado na emotividade e estados de felicidade. Por outro lado, o corpo capturado est na condio reduzida e fragmentada pelas mesmas estratgias instrumentais do capitalismo especulativo que fomentam modos de subjetivao baseados no consumo e nos prazeres efmeros. No entanto, esse processo ocorre com o consentimento do sujeito afetado por essas estratgias, da mesma forma como este mesmo sujeito tambm afeta e determina tais estratgias e, assim, produz seus efeitos nos esquemas mercadolgicos. neste interstcio entre o sujeito e o mercado que percorrero as reflexes desta tese.
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A pesquisa detm sua ateno nos sentidos sociais e culturais dos meios de pagamento. Para tal, investiga dois domnios: o universo publicitrio construdo pelas empresas de tecnologias de pagamento (Visa e MasterCard) e outro prtico, vivido por jovens universitrios. Correlacionar e comparar as estratgias discursivas de apresentao dos cartes de crdito e os usos prticos desta ferramenta financeira tornou-se o ponto central do estudo. Primeiro, so examinados os sentidos dos meios de pagamento (em especial o carto de crdito) atribudos pelos especialistas - profissionais de marketing, planejadores de comunicao, redatores e diretores de arte, responsveis pela promoo das ferramentas financeiras. Em seguida, concentra-se nos usos prticos dos jovens universitrios, nos sentidos conferidos por estes aos cartes de crdito que usam. Comparar este dois domnios possibilita verificar a dificuldade de se falar sobre o dinheiro, o carto de dbito ou o carto de crdito. Os meios de pagamento devem ser entendidos no plural, suas definies e funes so distintas e variam conforme aqueles que os utilizam.
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A formao de sujeitos cooperativos uma demanda da sociedade contempornea, que o Colgio Pedro II assumiu como compromisso em seu Projeto Poltico-Pedaggico, ao afirmar o aluno que pretende formar: cidados crticos, orientados para a cooperao igualitria, tica, mais fraterna e solidria. O modo como se investe na formao do sujeito cooperativo, nas prticas cotidianas do Colgio Pedro II, o objeto deste estudo. O objetivo analisar a formao do cidado cooperativo, como um processo de produo de subjetividades, que tem incio nas lgicas que circulam em nossa sociedade. O objetivo especfico investigar o lugar que a formao do sujeito cooperativo ocupa nas prticas de docentes e gestores do Colgio Pedro II, e em que medida elas so direcionadas pelas polticas pblicas, como os Parmetros Curriculares Nacionais, e pelo Projeto Poltico Pedaggico, do Colgio. A pesquisa se concentrou no Pedrinho, na Unidade So Cristvo I, no perodo posterior elaborao e publicao do atual Projeto Poltico Pedaggico, embora no seja possvel descartar a histria do Colgio, na busca de elementos que expliquem a realidade atual. A construo do campo de investigao se deu a partir da anlise de documentos do Colgio, dos registros de oficinas de Jogos Cooperativos, reunies pedaggicas e administrativas, bem como entrevistas com docentes que representaram a Unidade So Cristvo I, na Congregao do CP II. Ao final, foi possvel perceber que so mltiplos os caminhos, entre o documento e o investimento na formao do sujeito cooperativo, entre outros motivos porque so muitos os sentidos dados ao termo cooperao. Alem disso, h pelo menos, dois movimentos. Um que busca a orientao da conduta, a governamentalidade, pela atualizao dos mecanismos disciplinares e de controle, utilizados desde a fundao do Imperial Colgio de Pedro II. Outro movimento busca produzir uma linha de fuga, uma alternativa, no Pedrinho, s relaes competitivas e individualistas produzidas pela lgica capitalista, em nossa sociedade, e estabelecidas h quase trs sculos no Colgio Pedro II. As polticas pblicas de currculo produziram prticas pedaggicas, discursivas e no discursivas, no cotidiano escolar, e algumas dessas prticas podem contribuir para a produo de subjetividades cooperativas, mesmo que este no seja o foco da ao docente. Mas, sem dvida, alguns docentes e gestores esto investindo na formao de cidados cooperativos, seja pensando em alunos e trabalhadores virtuosos ou apenas em pessoas mais felizes. Ainda h espao para a produo de singularidades, na microfsica do cotidiano.
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Este trabalho est associado ao projeto de pesquisa As transformaes do cuidado de sade e enfermagem em tempo de AIDS: representaes sociais e memrias de enfermeiros e profissionais de sade no Brasil, coordenado pelo Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da UERJ. Neste trabalho, foi feito um recorte do projeto original, tendo como objetivo fazer um levantamento das prticas desenvolvidas pelos psiclogos que atuam no Programa Nacional DST/AIDS, alm de descrever e analisar o contedo das representaes sociais dos psiclogos sobre o HIV/AIDS e sobre seus pacientes. A fundamentao terica do trabalho consiste na Teoria das Representaes Sociais, inaugurada por Serge Moscovici em 1961, e desenvolvida por outros autores desde ento. Os sujeitos da pesquisa foram doze psiclogos que trabalham em servios de sade que desenvolvem as aes do Programa Nacional DST/AIDS na cidade do Rio de Janeiro, em SAES e CTAS. A coleta de dados consistiu em duas etapas: a aplicao de questionrios aos profissionais que trabalham no Programa Nacional DST/AIDS e realizao de entrevista com alguns dos profissionais de sade que responderam anteriormente ao questionrio. Alm das questes presentes no roteiro de entrevista comum a todos os profissionais de sade, foram inseridas algumas questes relativas s prticas e especificidade do trabalho do psiclogo nas equipes. Para a anlise dos dados brutos obtidos atravs dos dois roteiros de entrevista, foi utilizada a tcnica de anlise de contedo temtico-categorial, operacionalizada pelo software QRS NVivo. O resultado da anlise do material discursivo ficou concentrado em seis categorias: 1) A memria do HIV/AIDS: o incio da epidemia e sua construo social ao longo do tempo; 2) Mudanas e avanos em relao ao HIV/AIDS: conhecimento, cuidado, mentalidade e perfil dos pacientes; 3) O sistema de atendimento a pacientes com HIV/AIDS: prticas comuns e dificuldades vividas pelos profissionais de sade; 4) A atuao dos psiclogos com pacientes HIV/AIDS: suas prticas, dificuldades e percepes; 5) Os desafios de se viver com o HIV/AIDS: adeso ao tratamento e discriminao; 6) Polticas governamentais, sociais e institucionais para o HIV/AIDS: desafios e questes epidemiolgicas. As representaes das psiclogas a respeito do HIV/AIDS contm alguns elementos compartilhados com a populao geral no passado, como a ideia de grupos de risco, mortalidade e culpabilizao dos pacientes, mas tambm apresentam elementos que foram incorporados por conta de sua prtica profissional, como a melhoria na qualidade de vida dos pacientes, a AIDS como uma doena crnica e a mudana de perfil dos pacientes. Em suas prticas, embora reconheam algumas particularidades nos pacientes com HIV/AIDS, as psiclogas no reconhecem nestas particularidades uma necessidade de atendimento diferenciado a esses pacientes.
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Os estudos para a realizao desta dissertao esto contextualizados no campo epistemolgico do currculo e pretenderam problematizar questes relativas a gnero e sexualidade no contexto da prtica curricular, considerando a perspectiva de Elizabeth Macedo, que entende o currculo como espao-tempo de fronteira e enunciao de sentidos. A pesquisa buscou problematizar os significados sobre sexualidade, gnero e identidades atribudos s performances das/os alunas/os considerados rompentes da heteronormatividade, que revelam indcios de homofobia no cotidiano do segundo segmento do Ensino Fundamental de uma escola do municpio do Rio de Janeiro. As anlises revelam que as produes discursivas de professoras/es, gestoras/es e alunas/os sobre as/os alunas/os que rompem com aquilo que se instituiu como a normatividade de gnero esto carregadas de significaes culturais em disputa, sendo, portanto, instveis e ambguas. O silenciamento considerado tambm neste texto como um elemento auxiliar de produes homofbicas. Auxiliaram nestas anlises os estudos culturais e a teoria do discurso de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe. importante, entretanto, frisar que prticas curriculares que atuam no campo do combate homofobia na escola tambm foram observadas. O texto tambm influenciado pelos estudos queer, e se props a questionar as concepes que tentam fixar identidades sexuais e de gnero. Esse questionamento leva em considerao que as identidades esto em constante processo de fluidez. Essa reflexo foi aprofundada a partir dos estudos de Judith Butler e Guacira Lopes Louro, alm de outros representantes da Teoria Queer, em interlocuo com o campo do currculo. Este estudo pretendeu demonstrar que as diferenas de gnero e sexualidade no devem ficar limitadas a esquemas binrios operados a partir de oposies dicotmicas fixas. Os sentidos produzidos a partir das diferenas devem ser entendidos enquanto movimentos provisrios de identificao. So processos contingentes produzindo identificaes provisrias. Entendendo que h uma necessidade ampliar estudos no que concerne s questes de gnero e sexualidade, esta pesquisa aponta para a perspectiva ps-identitria como ao efetiva no combate homofobia.
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Refletindo sobre a emergncia da categoria da transexualidade como a conhecemos na atualidade e seus desdobramentos sociais, polticos e subjetivos, especialmente a partir da segunda metade do sculo XX, procuramos nessa dissertao discutir o contexto que possibilitou o fenmeno da medicalizao tecnolgica dessa categoria. Ao desenvolv-lo, essa pesquisa aponta atores da categoria mdica e da militncia que compuseram uma relao de negociao entre a demanda do indivduo transexual e as possibilidades tcnicas, legais e discursivas da biomedicina. Inicialmente, buscamos compreender como os profissionais mdicos, psiquiatras e psicanalistas, pertencentes cincia da sexologia a partir do fim do sculo XIX, incluram em seus discursos e prticas os comportamentos sexuais considerados desviantes na poca. O homossexualismo e o travestismo, representantes dessas perverses, constituram categorias diagnsticas e identitrias de fundamental importncia para a inaugurao da transexualidade enquanto categoria nosolgica mdico-psiquitrica e enquanto tipo humano, ou seja, uma forma subjetiva de experincia e identidade de gnero. Diante disso, e considerando o contexto sociocultural e o desenvolvimento biotecnolgico hormonal e cirrgico na poca, temos a hiptese que a criao dessa categoria s foi possvel devido incorporao em indivduos transexuais de procedimentos tecnocientficos que possibilitaram que suas transformaes anatomobiolgicas construssem o gnero desejado. A medicalizao da transexualidade e sua regulao mdico-jurdica, ao mesmo tempo em que so vetores de patologizao e de estigma, possibilitaram o acesso essas transformaes corporais. Essa pesquisa problematiza o acesso essas tecnologias, condicionado obteno do diagnstico psiquitrico, e aborda a relao interativa entre os aspectos discursivos e prticos da categoria mdica e dos indivduos transexuais e militncia, assim como seus efeitos que iluminam essa questo. Finalmente, com o objetivo de ilustrar e compreender a interao entre a tecnologia e o corpo transexual, descrevemos e discutimos brevemente os principais procedimentos aplicados em homens transexuais e mulheres transexuais na transio de gnero.
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O estudo situa-se no mbito das investigaes voltadas para documentos que sistematizam o trabalho do professor, dentre eles, o manual do professor que organiza a atividade docente junto ao livro didtico. A dissertao analisa manuais do professor dos livros de espanhol selecionados pelo MEC para serem distribudos a professores, em 2005, em funo da lei 11161 da obrigatoriedade do ensino da lngua espanhola para o ensino mdio em todo o territrio nacional. O objetivo foi identificar imagens discursivas de docente e de ensino de espanhol como lngua estrangeira neles construdas. Os fundamentos tericos adotados advm da Anlise do Discurso de base enunciativa, alm de recorrermos aos conceitos de dialogismo (BAKHTIN, 1979) e de polifonia (BAKHTIN, 1979; DUCROT, 1987). Os resultados nesses manuais apontam para a construo de imagens de professor como: aquele que necessita ser guiado em sua tarefa, incapaz de realizar suas escolhas em sala de aula, um professor recebedor de ordens; desatualizado com as metodologias de ensino atuais, necessitando, portanto, de atualizao profissional; h ainda um professor que busca instrues facilitadoras para seu trabalho. J no que se refere viso de lngua, deparamo-nos com um manual que d nfase ao trabalho com a leitura, voltado para uma concepo que valoriza aspectos discursivos; outros que afirmam seguir a abordagem comunicativa, com um olhar para a lngua em uso, porm adotam procedimentos pautados numa concepo de lngua como estrutura e/ou misturam ambas perspectivas
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O anncio dos gigantescos campos do pr-sal brasileiro recolocou o petrleo no alvo dos holofotes. A propriedade desta imensa riqueza e as inevitveis mudanas na legislao do setor so as principais questes que derivam deste fato. Com efeito, temos assistido a uma proliferao de discursos acerca do tema. Esta dissertao se insere num conjunto de reflexes que tomam o petrleo como objeto de interesse. Privilegiamos um espao especfico de produo discursiva, a saber, o institudo pela Campanha Nacional O Petrleo Tem que Ser Nosso. Um primeiro procedimento metodolgico de coleta de dados possibilitou identificar que, entre os seus materiais de mobilizao, ganha destaque a cartilha de massas do movimento, que desde julho de 2009 circula pelo territrio nacional. Inscritos numa perspectiva da Anlise do Discurso de base enunciativa, cuidamos de construir uma reflexo sobre alguns dos modos de inscrio do(s) sujeito(s) no discurso. Nossas consideraes acerca dos gneros do discurso revelaram o hibridismo da cartilha; tal peculiaridade nos obrigou a construir dispositivos distintos de anlise. Num primeiro memento, decidimos observar as marcas de pessoa, os marcadores temporais e espaciais, com vistas a identificar uma dada cenografia discursiva (Maingueneau, 1997) que nos remetesse s imagens dos coenunciadores; consideramos, num segundo momento, os discursos relatados (Bakhtin, 2006; Authier-Revuz, 1998 e outros) para compreender a polifonia inerente cartilha. Nossa anlise verificou de que maneira um regime de verdade e uma memria se instituem pela cenografia discursiva; a anlise dos discursos relatados, com nfase nos discursos direto, indireto e narrativizado, nos permitiu identificar, no agenciamento das vozes, um espao de confronto entre formaes discursivas divergentes
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A temtica deste estudo est centrada na participao da enfermeira obsttrica no modelo humanizado de ateno ao parto e teve como objetivos: identificar as prticas de enfermeiras obsttricas atuantes no trabalho de parto e parto em uma maternidade municipal do Rio de Janeiro; avaliar a consonncia das prticas desenvolvidas por enfermeiras obsttricas durante o trabalho de parto e parto com as recomendaes do MS/OMS; analisar a implementao das prticas das enfermeiras obsttricas na assistncia ao trabalho de parto e parto entre 2004 e 2008. Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo, transversal. O perodo pesquisado foi de setembro de 2004 a setembro de 2008. A coleta dos dados foi atravs do livro de registro de partos onde foram registrados 4.510 partos assistidos por enfermeiras. Para a anlise foram calculadas a mdia, mediana e proporo de cada varivel estudada, conforme a indicao. As anlises foram realizadas utilizando os programas Epi info verso 3.5.1 e Microsoft Word Excel 2007. Verificou-se que a maioria das parturientes assistidas foram jovens, sendo a mediana de idade de 23 anos, que j tinham engravidado duas vezes ou mais e que j tinham parido anteriormente pelo menos uma vez. Com relao assistncia pr-natal 92,8% realizaram o mesmo, contudo apenas 68,2% destas mulheres realizaram seis consultas ou mais. Identificou-se que o acompanhante esteve presente em 60,6% dos partos, porm esta presena foi maior nos partos das adolescentes (77,4%). A posio do parto predominante durante todo o perodo do estudo foi a vertical (77,6%). As laceraes perineais ocorreram em 52,3% dos partos e a mais incidente foi a lacerao de primeiro grau (34,2%). As parturientes que no sofreram qualquer injria perineal, seja esta espontnea ou cirrgica, representaram 30,2% dos casos. As prticas obsttricas que no interferem na fisiologia do parto foram realizadas por 85,3% das parturientes, sendo que as mais utilizadas foram os exerccios respiratrios (73,6%), os movimentos plvicos (42,1%) e a deambulao (29,8%). 67,9% das mulheres assistidas pelas enfermeiras receberam as prticas intervencionistas fisiologia do parto, destas as mais registradas foram: a realizao da amniotomia (25,1%), a administrao endovenosa de ocitocina (54%), a realizao da episiotomia (22,9%). A episiotomia foi mais utilizada entre as adolescentes (34,8%), nulparas (44%) e naquelas que pariram na posio horizontal (28,8%). 40,2% das mulheres que no realizaram episiotomia no tiveram lacerao perineal e a posio de parto com a menor incidncia de lacerao perineal foi a quatro apoios (25%), sendo esta classificada como primeiro grau. As adolescentes (55,1%) e as multparas (71,8%) foram as que menos apresentaram laceraes de perneo. Conclui-se que tanto a prtica apoiada no modelo tecnocrtico, quanto quela baseada no modelo humanizado de ateno ao parto, foram registradas na unidade pesquisada. Considera-se que tal fato pode ser investigado em outros estudos, com o objetivo de identificar os fatores que levam realizao de prticas que interferem na fisiologia do parto durante a assistncia das enfermeiras obsttricas.
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Esta pesquisa teve como objetivo conhecer os sentidos atribudos pelos enfermeiros e agentes comunitrios de sade da Estratgia Sade da Famlia do municpio do Rio de Janeiro/RJ acerca das prticas de sade desenvolvidas na visita domiciliar. um estudo descritivo, de natureza qualitativa e teve como abordagem metodolgica a hermenutica-dialtica. O cenrio foi a cidade do Rio de Janeiro/RJ, em duas Unidades Bsicas de Sade da Famlia (UBSF) da rea Programtica 3.1. Os sujeitos foram 08 enfermeiros e 07 agentes comunitrios de sade (ACSs) atuantes nas UBSF selecionadas. A coleta de dados foi realizada entre janeiro e maro de 2010, por meio de entrevistas semi-estruturadas e para a avaliao dos resultados utilizou-se a tcnica de anlise de contedo proposta por Bardin. A partir dos resultados alcanados foi possvel elaborar trs categorias de estudo: a primeira trata das prticas de sade do enfermeiro e do ACS na Estratgia Sade da Famlia (ESF); a segunda aborda a visita domiciliar do enfermeiro e do ACS, a qual inclui subcategorias sobre o trabalho em equipe na visita domiciliar, as dificuldades na realizao da visita domiciliar, o planejamento da visita domiciliar, o vnculo entre enfermeiro, ACS e famlia na visita domiciliar e a interao profissional do enfermeiro e do ACS na visita domiciliar; a ltima categoria trata dos sentidos atribudos pelos enfermeiros e ACSs acerca das prticas de sade desenvolvidas na visita domiciliar, as quais incluem subcategorias sobre as prticas de sade do enfermeiro e do ACS na visita domiciliar e as opinies sobre a visita domiciliar. Com a anlise dos dados constatou-se que os enfermeiros e os ACS's desenvolvem diversas prticas de sade na ESF, com destaque para as prticas de cuidado. As prticas de cuidado do enfermeiro na visita domiciliar esto voltadas para a investigao das necessidades de sade e realizao das atividades assistenciais. J as do ACS esto voltadas para a identificao de demandas. A escuta ativa, a observao da estrutura fsica, da alimentao e das relaes familiares e a educao em sade so as principais prticas de cuidado realizadas em conjunto por estes profissionais na visita domiciliar. O percentual de visitas domiciliares semanais do enfermeiro est abaixo do esperado, sendo que a principal justificativa para este baixo ndice a sobrecarga de trabalho na UBSF. Ficou evidente que a interao profissional entre enfermeiro e ACS na visita domiciliar pequena, pois diversas vezes, o ACS est presente na visita domiciliar do enfermeiro apenas como acompanhante. Por fim, pode-se constatar que o cuidado desenvolvido por enfermeiros e por ACSs distinto. A prtica de cuidado que o enfermeiro desenvolve na visita domiciliar especfica, destinada s famlias com prioridades de sade e a que o ACS desenvolve mais ampla, voltada para todas as famlias da microrea. Estas concluses demonstram a necessidade de estimular enfermeiros e ACSs a (re)pensarem as prticas de sade desenvolvidas na visita domiciliar, bem como a compreenderem e discutirem seus papis e a interao nesta atividade.
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Este estudo teve como objetivos analisar as concepes tericas e prticas docentes de enfermagem no cuidado sade da mulher a partir da ideia de integralidade e discutir as estratgias utilizadas pelos docentes para inserir o contedo da integralidade no ensino de enfermagem na sade da mulher. A poltica atual de ateno integral sade da mulher prope a incorporao do princpio da integralidade como eixo norteador que articule o mundo do ensino ao mundo do trabalho e da realidade social. Neste contexto, muitos sentidos se combinam e se conflitam na formao da ideia de integralidade no cuidado sade da mulher. A metodologia envolveu a abordagem qualitativa realizada nas Instituies Pblicas de Ensino Superior do Estado do Rio de Janeiro que oferecem o Curso de Graduao em Enfermagem. Utilizou-se como tcnica de coleta de dados a entrevista com dezessete docentes de enfermagem da rea de sade da mulher de acordo com os critrios de incluso selecionados pela pesquisa. Da anlise do material produzido surgiram quatro categorias, a saber: Concepes de integralidade no cuidado sade da mulher; Integralidade do cuidado no ensino da sade da mulher; Estratgias utilizadas para inserir a integralidade no ensino de enfermagem na sade da mulher; Dificuldades para implantar a integralidade no cuidado sade da mulher. Identificou-se que foram muitos os avanos do Sistema nico de Sade na ltima dcada. Contudo, no que diz respeito sua consolidao como sistema pblico de sade, ainda estamos diante de grandes desafios, entre os quais se destaca o relativo incorporao efetiva dos princpios e valores do SUS nos processos de trabalho, bem como nos processos formativos para a enfermagem na rea da sade da mulher. Desta maneira, faz-se necessrio construir novas formas de trabalhar melhor com a assistncia, perceber como efetivas as polticas publicas na rea da sade da mulher, considerando as necessidades e demandas locorregionais no pas. evidente a dificuldade em seguir os princpios aqui defendidos, porm a integralidade no cuidado sade da mulher, s ser possvel quando houver compromisso tico com as aes e relaes necessrias para sua efetivao.