160 resultados para Literatura fantástica História e crítica
Resumo:
Parte-se da perspectiva do fantstico como um entrelugar espao plural e fragmentado, marcado por descentramento e heterogeneidade, capaz de comportar at o contraditrio percebido como um ambiente caracterizado por uma inerente duplicidade. Entendido isso, observa-se que esse carter dual intensifica-se nas narrativas vampirescas, na medida em que ele estendido ao vampiro e refletido no leitor. Por conseguinte, identificam-se e analisam-se os aspectos distintivos do leitor desse tipo de narrativa, reconhecendo-se seu papel na construo do gnero e na manuteno do carter aberto da obra, como em uma coautoria cuja marca registrada a hesitao. Entretanto, da relao entre vampiro e leitor, evidencia-se mais que isso, afinal a narrativa fantástica de modo geral e no apenas a de vertente vampiresca sempre aponta para o leitor como sendo este o fio solto que no permite que a obra feche-se. Percebe-se ainda, por meio da descrio e anlise de diferentes tipos de manifestao do vampiro na literatura, um processo de reconfigurao da relao existente entre vampiro e leitor, e entre este e a narrativa fantástica, bem como com a literatura de forma geral. Assim, considera-se a relao do leitor com o vampiro clssico um tipo assustador , marcada pela desidentificao; com o moderno um tipo sedutor, e humanizado na figura de Louis, personagem de Anne Rice , marcada pela identificao; e com o contemporneo um tipo sedutor e humano , marcada pela apropriao de identidade. Neste ltimo movimento, entendido como a vampirizao do leitor, intenta-se provar que este, depois de transformado, reconhecendo-se como tal em seu duplo (o vampiro), nutre-se da fora vital deste seu duplo e da narrativa fantástica e retm a aparncia de hesitao, a qual a fora motriz do gnero em questo. O leitor torna-se o personagem mais atuante sobre a/na narrativa, operando no campo da realidade e tambm no da fico. A compreenso desse processo que vai da desidentificao apropriao de identidade aprofundada na anlise destas trs narrativas vampirescas marcantes ao pensamento desenvolvido neste estudo: Drcula, de Bram Stoker; Entrevista com o vampiro, de Anne Rice; e A confisso, de Flvio Carneiro
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A presente dissertao se prope revisitar algumas teorias escolhidas sobre a narrativa fantástica que, por sua vez, servem de referncia para o estudo e a reflexo dos textos produzidos sob o signo da estranheza, da subverso do real e da inquietao humana com o desconhecido. Para tanto, selecionamos alguns tericos que se aventuraram pelos caminhos do fantstico na busca de entender melhor e tentar definir este tipo de texto ficcional. So eles: Peter Penzoldt, Howard Lovecraft, Sigmundo Freud, Jean-Paul Sartre, Tzvedan Todorov e Filipe Furtado. O fantstico um exemplo de construo narrativa que relativiza o real e problematiza o debate em torno dos limites do maravilhoso e sua carga simblica, apresentando, paralelamente, a verossimilhana que a esttica realista aconselha. A narrativa fantástica nasce, ento, da fratura da razo que no consegue mais dar conta de uma viso de mundo que se afigura distorcida, problemtica e, muitas vezes, surreal
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O fantstico tem se desenvolvido ao longo dos sculos, contudo, ainda constatamos dificuldades em se definir as caractersticas que o constituem. certo que, hoje, o elemento fantstico aparece de diferentes formas, com a convivncia pacfica de elementos naturais e sobrenaturais. Aqui, o inslito se dissolve na rotina e na banalidade das situaes comuns, gerando o efeito fantstico, abordagem da presente dissertao. No h mais sustos ou sobressaltos diante de um evento sobrenatural, ao contrrio do chamado fantstico clssico, que prev a hesitao como elemento principal. Nesse emaranhado de eventos sobrenaturais, uma figura se destaca, a personagem. Ela tem como principal funo ser instrumento para comunicar e confirmar ao leitor a ocorrncia dos eventos sobrenaturais. No caso do fantstico contemporneo ela acaba por auxiliar na naturalizao dos eventos sobrenaturais, pois retrata a passividade e a aceitao de tais eventos. Atravs dela tambm possvel identificar reaes diante desses eventos: incerteza, dvida, sufocamento, angstia e medo. Nosso principal objetivo com essa dissertao costurar teoria e texto, buscando identificar o efeito fantstico, atravs da anlise da reao das personagens, em autores contemporneos, mais especificamente em contos. Utilizaremos para essa exemplificao contos de Amilcar Bettega Barbosa (Deixe o quarto como est), Jorge Luis Borges (O livro de areia) e Murilo Rubio (Contos Reunidos). Para realizar tal desafio, buscaremos trazer questes que enriqueam a discusso sobre o fantstico contemporneo, demonstrando com isso, tambm, sua permanncia no cenrio literrio atual. Com isso esperamos contribuir para a propagao das discusses sobre o fantstico, levando, quem sabe, a um novo posicionamento crtico sobre esses textos
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Observamos a questo do duplo na fico de Rubens Figueiredo e como ele contribui a produo do fantstico na contemporaneidade. Para isso, primeiro, apresentamos a anlise de Tzevan Todorov sobre o gnero fantstico, no qual destacamos a multiplicao da personalidade e a ambiguidade na narrativa; e segundo, tratamos, de forma breve, as concepes do duplo na história da literatura, no ensaio filosfico de Clment Rosset e a partir do unheimlich de Freud. Adicionalmente utilizamos tericos como Filipe Furtado, Jean-Paul Sarte, Otto Rank, Remo Ceserani, entre outros. Por fim, analisamos como o duplo aparece no fantstico atual, a partir das narrativas curtas Nos olhos do intruso, Um certo tom de preto, Sem os outros, A ele chamarei Morzek e do romance Barco a seco, de Rubens Figueiredo. O autor em sua construo ficcional parece mesclar elementos do fantstico clssico com o fantstico moderno e, em suas narrativas possvel notar a presena obsessiva do tema do duplo, o inslito, a ambiguidade, e questes da atualidade que dizem respeito condio humana
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O presente trabalho tem como propsito verificar como Julio Cortzar articula arte e poltica na obra Fantomas contra los vampiros multinacionales (1975). Considerando a poca em que a obra foi escrita, uma poca marcada pela ditadura nos pases da Amrica do Sul, percebe-se que o intelectual no deve ser aquele preocupado somente com a arte em si, mas sim uma figura pensante capaz de disseminar ideais de luta, de crítica ao sistema atravs de sua obra,. O aporte terico est baseado nos estudos acerca do conceito de intelectual, segundo Jean Paul Sartre e Srgio Paulo Rouanet, e na ideia do antropofagismo criado por Oswald de Andrade, que inaugura o termo, a fim de se referir devorao cultural do que vem de fora em benefcio de uma literatura original, e alm disso, dissociada da costumeira cpia. Os resultados demonstram que ao se posicionar contra a ditadura, Cortzar tem a inteno de invocar a sociedade a rejeitar todo e qualquer tipo de submisso, no s poltica mas tambm cultural. O autor rompe com a narrativa tradicional, fato que se reflete na esttica, ao transgredir os limites existentes entre arte popular e arte culta, realidade e fico, atravs da construo de uma narrativa fantástica, a qual estudaremos, segundo as teorias de Victor Bravo e de Irne Bessire
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Compreender o carter ambguo da temtica de Oswaldo Goeldi o grande desafio proposto pelo artista a todos que, de forma geral, esto inseridos em uma compreenso mediana e superficial dentro do cotidiano. Numa atmosfera fantástica, Goeldi procura tornar as paisagens, seus seres e objetos mais ambguos ainda. E devido perplexidade que seus trabalhos causam aos espectadores torna-se impossvel fechar um nico conceito ou opinio sobre o carter dos desenhos e gravuras deste artista situado entre os extremos da luz e das sombras. Comparando as obras de Goeldi com o gnero literrio fantstico, que caracterizado por um mundo individual regido pelas incertezas de cada um, segundo Tzvetan Todorov em sua obra Introduo Literatura Fantástica, pode-se vislumbrar nas obras de Goeldi duas condies: ou o ser estranho uma iluso, um ser imaginrio, ou ento existe realmente, exatamente como os outros seres vivos, mas com a ressalva de que raramente o encontramos. Vida ou morte? Real ou irreal? Dessa forma, podemos dizer que Goeldi foi um expressionista que viveu uma realidade fronteiria entre o interior e exterior, a qual no era menos fantástica do que real. Uma questo que permanece atemporal at os dias de hoje conforme veremos nas obras de Nuno Ramos, Jos Rufino e William Kentridge
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Esta tese dedicou-se a descrever e interpretar a tessitura textual dos fenmenos inslitos no romance Sombras de Reis Barbudos, de Jos J. Veiga, com base na associao entre a Teoria da Iconicidade Verbal e a Lingustica de Crpus . Centrou-se, especificamente, nas marcas lingusticas que representam ideias ou conduzem o intrprete percepo de que o inslito construdo no texto por meio itens lxicos que constituem pistas icnicas. Merecem especial interesse, sobretudo, os substantivos, que, por serem palavras com alta iconicidade, participam da construo/representao de fenmenos inslitos e criam, por meio da trilha lxica, o itinerrio de leitura para o texto-crpus. Para que os resultados fossem significativos, anlise apoiou-se nos recursos digitais da Lingustica de Crpus (SARDINHA, 2004; 2009), que possibilitaram realizar uma pesquisa baseada em um crpus. A utilizao da Lingustica de Crpus como metodologia permitiu levantar, quantificar e tabular os signos que corroboram com a compreenso da incongruncia e da iconicidade lexical dos fenmenos inslitos em um texto literrio, identificando os substantivos-ndulos e seus colocados, para avali-los quanto incompatibilidade das escolhas lexicais realizadas por Jos J. Veiga em relao s estruturas lexicogramaticais da Lngua Portuguesa. Fundamentou-se a discusso no inslito como categoria essencial do fantstico modal (BESSIRE, 2009; COVIZZI, 1978, FURTADO, s.d.; PRADA OROPREZA, 2006); na Semitica de extrao peirceana, com enfoque na Teoria da Iconicidade Verbal (SIMES, 2007,2009) e na colocao lexical (BNJOINT, 1994; SINCLAIR, 1987, 1991, 2004; TAGNIN, 1989). A tese demonstra que a incongruncia e a iconicidade lexical so identificadas a partir da seleo vocabular obtida pelo processamento digital e pelo confronto com o Crpus do Portugus. A anlise comprova que os substantivos, como categorias lingusticas caracterizveis semanticamente, tm a funo designatria ou de nomeao na arquitetura de um texto em que se manifesta o inslito. Revela tambm que a incongruncia lexical constitui-se em uma chave para a construo do ilgico, mgico, fantstico, misterioso, sobrenatural, irreal e suprarreal no texto-crpus
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Embora a quantidade de publicaes que trazem capa a denominao contos fantsticos ou, ainda, que tratem do inslito como temtica tenha crescido nos ltimos anos na literatura brasileira, nota-se que h muito que se definir para que se chegue a uma classificao que evite generalizaes simplificadoras. Portanto, esta dissertao pretende discutir e apontar alguns elementos que, de acordo com o arcabouo terico-metodolgico de Tzvetan Todorov e de Filipe Furtado, se configuram como estratgias de construo do discurso literrio de narrativas do gnero Fantstico. Para isso, foram trazidos os estudos de Sigmund Freud e de Jean Paul Sartre para problematizar os conceitos e vises que se tm do gnero e, em seguida, selecionaram-se cinco antologias que discorrem sobre a temtica do inslito e, aps minuciosa e atenta leitura crtico-interpretativa de cada prefcio e/ou introduo, foram confrontadas as ideias, ali expostas, com a que se adotou nesta pesquisa como norte. Em seguida, fez-se a apreciao dos contos de literatura brasileira e ficou constatado que o contedo das antologias selecionadas no condiz com a nomenclatura sustentada na capa dos volumes
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A presente dissertao pretende analisar a viso do autor irlands Oscar Wilde sobre diferentes expresses artsticas, e discutir como ele relacionava tais formas de arte com a vida cotidiana. Para tanto, o primeiro captulo dedicado vida de Wilde por entendermos que a sua vida foi, igualmente com os seus textos, uma obra de arte. No segundo captulo, foram analisadas as conferncias proferidas pelo escritor em uma turn que ele fez pelos Estados Unidos e Canad no ano de 1882. No terceiro, e ltimo captulo, foram selecionados trs ensaios nos quais os temas debatidos sempre convergem para a discusso sobre a arte e sua relao com a vida
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O estudo ora apresentado pretende concentrar-se, principalmente, na anlise do romance Vida e morte de M. J. Gonzaga de S e trazer alguma contribuio no que se refere relao desta obra com aspectos do romance moderno, assim como identificao de procedimentos narrativos que explicitam traos do realismo de Lima Barreto, perpassados pela experincia da modernidade no Brasil. Nesse percurso, busca-se revelar a dinmica que se estabelece entre cidade e subjetividade na vinculao com a memria individual e as consequncias para a realizao da narrativa. Realizou-se, inicialmente, uma abordagem histrica de temas como a origem do romance, a formao do pblico leitor na Inglaterra e no Brasil e as concepes de realismo que perpassam a forma romance, a fim de se compreender e identificar o lugar da obra de Lima Barreto na história da Literatura. Apresentou-se, ainda, correlao das concepes de memria e história, que podem ser vislumbradas no romance estudado, a partir de estudos tericos de obras escolhidas de Friedrich Nietzsche e Walter Benjamin
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A partir da leitura crítica de Mafalda, obra do cartunista argentino Quino, e alicerados no conceito de hegemonia de Gramsci, sobretudo na noo de contra-hegemonia, buscamos analisar as possibilidades de se construir coletivamente sentidos contra-hegemnicos no ensino de História a partir do que chamamos de crítica aos elementos caractersticos da sociedade burguesa (a democracia, o individualismo, o estmulo ao consumo, a propriedade privada, a naturalizao das diferenas, a competio, dentre outros). As contribuies de Gramsci ao campo da Educao, como o vnculo dialtico entre as relaes hegemnicas e pedaggicas, sua concepo da escola como um destacado aparelho privado de hegemonia, alm das reflexes sobre os intelectuais e sua ao pedaggica na construo/difuso/legitimao de consensos, constituem pilares fundamentais das anlises. esforo fundamental da pesquisa identificar em que medida os professores, conscientes de seus vnculos de classe e compromissados com as classes dominadas, podem atuar como educadores-intelectuais orgnicos estas classes, no mbito da escola, tornando-a uma trincheira sob o conceito gramsciano de guerra de posio contra a hegemonia burguesa. Em termos metodolgicos, foram selecionadas quinze tiras de Mafalda (divididas em onze temas os elementos que caracterizam a sociedade burguesa), presentes na obra Toda Mafalda (2002), no intuito de subsidiar as reflexes aqui esboadas. Obviamente, todo recorte ideolgico e nenhuma escolha neutra. As tiras escolhidas, longe de sintetizarem o olhar do artista argentino a respeito da burguesia, atendem aos objetivos deste trabalho.
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Este trabalho pretende investigar as relaes existentes entre o mercado, a globalizao, a chamada ps-modernidade e a literatura. Para tanto, inicialmente delineia-se um breve panorama da literatura brasileira contempornea, com a finalidade de expor uma parte do que ora se produz em termos de crítica e de fico. Em seguida, trata-se do controverso conceito de ps-modernidade, com ateno especial s divergncias terminolgicas que vem suscitando, principal tpico objeto das consideraes finais. Analisa-se depois o fenmeno da globalizao, particularmente no que afeta a formao de novas subjetividades, ponderando-se tambm seu impacto na conceituao dos valores em geral e dos valores estticos em particular. Por fim, passa-se ao conceito de resistncia, com base em elementos tericos extrados de Schiller (o papel do artista), Agambem (a questo do contemporneo) e Alfredo Bosi (relaes entre narrativa e resistncia), fechando-se o foco na produo literria, mediante anlise sucinta da narrativa Eles eram muitos cavalos, de Luiz Ruffato
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Esta dissertao constitui uma reflexo sobre a situao social, poltica e cultural da Inglaterra na dcada de 70, especialmente nos anos de 1972 e 1973, como descrita no romance Serena, de Ian McEwan. O objetivo principal desta pesquisa apresentar como o momento histrico supracitado narrado no discurso ficcional, a partir da perspectiva da personagem Serena, em comparao com o discurso histrico, de acordo com fontes selecionadas, que narram a história da Inglaterra no contexto da Guerra Fria, dos ataques terroristas do IRA e do funcionamento do Servio Secreto domstico ingls, chamado MI5.
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A partir da suspeita de que o pensamento e sua expresso no se limitam a uma nica forma, o presente trabalho investiga de que modo podemos pensar, a partir de Fernando Pessoa, uma relao possvel entre filosofia e literatura. Quais os pressupostos que permitem considerar o fenmeno heteronmico pessoano como um expediente trgico que diz respeito ao prprio pensamento, ou ainda, como entrever, no projeto pessoano, o lugar de embate trgico, por excelncia entre aquilo que somos, enquanto sujeitos, e os processos que franqueiam escrita a constituio de uma subjetividade outra? Desdobrada em heternimos, a obra de Pessoa comportaria em si a justaposio de formas diversas de ver e compreender o mundo, mas o processo pelo qual este desdobramento se d poderia ser tomado como anterior s formas constitudas das personalidades particulares, apresentando-se como uma disposio anti-dialtica do pensamento. Privilegiando como ponto de partida os escritos do heternimo louco e filsofo de Fernando Pessoa, Antnio Mora, nosso intuito analisar de que modo sua crítica tradio metafsica ocidental, em ressonncia com a filosofia francesa contempornea de inspirao nietzschiana, pode se constituir como um intercessor capaz de dar a ver uma potncia impessoal atuando entre a filosofia e a literatura, representada pelo verso de Alberto Caeiro: a natureza partes sem um todo"
Resumo:
Considerado pela maioria da crítica como uma literatura ptrida (cf. ULBACH, 1868) ou torpe (cf. VERSSIMO, 1894), acusado de confundir ingenuamente cincia e literatura, bem como de cientizar a linguagem literria, e em particular no Brasil, alm disso, questionado por plgio ou importao de uma moda estrangeira, o naturalismo foi relegado s margens da historiografia literria. Assumindo como ponto de partida esse panorama crtico, a tese prope uma reavaliao crítica e historiogrfica da esttica naturalista, comeando por descrever e analisar sua origem no decurso da história, a partir do advento do realismo moderno nas obras de Stendhal e de Balzac (cf. AUERBACH, 2004). Enfoca a lenta afirmao dos termos realismo e naturalismo, bem como a importncia da contribuio de diferentes romancistas franceses no processo de consolidao da esttica realista e de seu prolongamento no naturalismo. Discute-se tambm o projeto esttico proposto por Zola, assim como se desconstroem mitos corroborados pela historiografia literria a respeito da teoria e do movimento naturalistas. Por fim, correlacionando a esttica naturalista com o ideal republicano, aborda-se a aclimatao dos princpios naturalistas no Brasil, na obra daquele que foi seu principal representante, Alusio Azevedo. A partir de uma abordagem comparativa entre o naturalismo na Frana e no Brasil, busca-se, em sntese, contribuir para o processo de reviso crítica e historiogrfica de um perodo literrio muito produtivo nos dois pases, no obstante a tendncia para sua desvalorizao em geral observada nas manifestaes da crítica novecentista