2 resultados para dramaturgy

em Universidade Técnica de Lisboa


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O ponto de partida desta investigação foi a encenação do espetáculo de cariz circense Cadernos Suspensos. A encenação desta peça despertou questões sobre o processo criativo e o papel da dança e da dramaturgia no circo contemporâneo. Considerando as diferenças constatadas entre os ‘corpos’ do circo e da dança, são identificados modos de ação desses mesmos corpos e introduzida a questão do surgimento de um novo corpo resultante dessas duas experiências e vivências performativas. Neste estudo é analisada a diluição de fronteiras entre o circo e a dança e considerado que o resultado desse encontro, com a ajuda da dramaturgia, poderá ter contribuído para o surgimento de um novo discurso circense. O aumento das produções artísticas onde circo, dança e teatro coexistem induz a crer que há um crescente interesse nessas formas artísticas. Este estudo pretende pois contribuir para uma reflexão sobre as apropriações recíprocas do circo e da dança. Os argumentos explanados congregam a experiência e vivência pessoal nos campos das artes circenses e da dança, assim como o contributo teórico e experiencial de autores e artistas como Jacob, Guy, Lefèvre e Sizorn, Fourmaux, Nadj, Decouflé, Platel e Zimmermann & de Perrot. Discute-se a possibilidade de uma certa dança contemporânea ter-se apropriado do circo para resgatar um espaço perdido de sonho assim como uma potencialização física do corpo.

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O que pode vir a ser material dramatúrgico em dança? Onde o corpo se ancora para criá-lo? Como o artista faz o trânsito deste para a pesquisa de movimento? E, por fim, como cria a dramaturgia do corpo na cena? Para responder a estas questões norteadoras desta pesquisa busquei o solo fértil de investigação da Cia. Mariana Muniz de Dança e Teatro. Para a fundamentação, descrição e análise, foi eleito o processo de remontagem de “2 Mundos”, criação coreográfica que integrou à exposição fotográfica Trajetória(s) Mariana Muniz – quem, aliás, abriu a Mostra de Fomento à Dança de São Paulo (Brasil), em 2015, com a apresentação do mesmo. Assim, parti para o acompanhamento e observação dos ensaios da artista. Utilizei-me de anotações em um caderno de campo e vídeos. Discussões, trocas e diálogo com a mesma sobre seu caminho para a criação e, posterior, remontagem do espetáculo foram de singular importância para o direcionamento do meu olhar buscador. Sentimos, ao longo do processo, a necessidade de realizar uma entrevista que apontasse, assim, maiores detalhes sobre seu caminhar para este trabalho. Encontramos quatro “práticas” que serviram de treino corporal à artista: Gerda Alexander e a Eutonia, Rudolf Steiner e seu pensamento sobre a Antroposofia que criou a Euritmia; o T`ai Chi Chuan e o Yoga. Para Mariana Muniz “entrar no lugar da criação” requer ferramentas ora da dança ora do teatro ou, ainda, de ambas. Desta forma, Grotowski, referência indicada pela artista, permitiu um rico intercâmbio entre a dança e o teatro por uma dramaturga do corpo. “2 Mundos”, cujo registro em vídeo acompanha esta dissertação, é um convite ao universo da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Para surdos e ouvintes, neste espetáculo, a palavra ganha corpo e Mariana Muniz nos oferece com delicadeza sua diferença enquanto artista do movimento.