Efeito da privação alimentar sobre alguns componentes bioquímicos (proteína, ADN e ARN) e o comportamento alimentar em larvas de pregado (Scophthalmus maximus,L.) em condições de cultivo

Dissertação de mest. em Estudos Marinhos e Costeiros, especialização em Aquacultura, Unidade de Ciências e Tecnologias dos Recursos Aquáticos, Univ. do Algarve, 1994

Através da análise do crescimento, do conteúdo em proteína, em ARN, em ADN, e dos conteúdos do tubo digestivo, pretendeu-se estudar a influência de dois regimes de privação alimentar, sobre o desenvolvimento inicial das larvas de pregado {Scophthalmus maximus L.y. - No ensaio I, as larvas de pregado em diferentes fases de desenvolvimento, submeteram-se a diversos períodos de jejum (0 a 72 h.). A privação alimentar provocou efeitos semelhantes, independentemente do grau de desenvolvimento larvar. Os níveis da relação ARN:ADN atingiram valores idênticos entre os diferentes grupos de larvas no final do período de jejum (1.4-1.6), enquanto os níveis da ARN;PROT e PROT:ADN decresceram proporcionalmente 40% e 30%, respectivamente, em relação aos níveis observados no momento de iniciarem o jejum. A capacidade de realimentação destes grupos de larvas não foi afectada por 12 horas de jejum. Contudo a duração do período de jejum para além das 24 horas provocou um descenso na capacidade de realimentação. Efectivamente o PNR foi atingido entre as 48 as 60 horas de jejum, excepto as larvas menos desenvolvidas que o alcançaram às 36 horas. - No ensaio II, as larvas de pregado foram sujeitas a diferentes atrasos na primeira alimentação, entre 5 e 45 0D. Independentemente do atraso alimentar as taxas de crescimento da biomassa observadas foram iguais, embora os níveis dos parâmetros bioquímicos tenham sido significativamente afectados. Com o atraso da primeira alimentação observa-se um decréscimo no crescimento específico da proteína e do ADN, ao contrário do aumento observado no crescimento específico de ARN. Embora a capacidade de síntese proteica aumente mais rapidamente com o atraso da primeira alimentação, termina em níveis semelhantes aos exibidos pelas larvas cujo o alimento é fornecido mais cedo. Um atraso superior a dois dias não traduz um decréscimo na capacidade de alimentação, embora a deficiente condição atingida pela larva impeça uma recuperação posterior. Estas larvas, com escassa proliferação celular e reduzido volume celular, não conseguem recuperar o valor da relação ARN:ADN para um valor próximo ao observado (3.0) no momento da abertura da boca.

Weight, protein, RNA, DNA, and gut content analyses were used to study the effect of two starvation regimes, on the early development of turbot larvae {Scophíhalmus maximus L.): - In experiment I, groups of larvae under different developmental stages were submitted to several starvation periods (0 to 72 hours.). The effect of starvation was identical among larvae groups, despite of their developmental stage. The RNA:DNA ratio dropped to the same levei (1.4- 1.6) in ali the groups by the end of the starvation interval, whereas RNA:PROT and PROT;DNA ratios decreased proportionally to 40 and 30% of the initial value, respectively. Larval ability to refeed was not affected by a starvation period of 12 hours. However, when this period was increased up to 24 hours a decrease in the feeding ability was observed. The point of no return, was reached between 48 and 60 hours of starvation, except for the least developed larvae, which reached this point at 36 hours. - In experiment II, the larvae were fasted for 5 to 45 day-degrees before first feeding. Larval groups showed identical specific growth rates. However the leveis of the biochemical components were significantly affected. A delay in first feeding produced a decrease in specific protein and DNA growth rates while specific RNA growth rate increased. Despite the rapid increase in the ability to synthesize protein, exhibited with the feeding delay, no differences were observed among larvae reared under several feeding regimes by the end of the experiment. A first feeding delay of more than 2 days did not affect the feeding performance of the larvae, although they never recovered. These larvae showed smaller cellular volume and low cellular proliferation, and never reached the RNA:DNA levei (3.0) found by the time of mouth opening.