Experiências de (in)justiça com os professores e comportamentos de desvio na adolescência
Contribuinte(s) |
Pereira, Maria Gouveia Carugati, Felice |
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Data(s) |
16/09/2016
16/09/2016
12/04/2016
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Resumo |
Tese de Doutoramento em Psicologia na área de especialidade Psicologia Social Apesar da extensa literatura na área do desvio juvenil, as evidências empíricas sobre a relação entre as experiências e julgamentos de (in)justiça procedimental relativos aos professores e o envolvimento dos adolescentes em comportamentos desviantes são escassas. Os estudos empíricos aqui apresentados pretendem contribuir para o preenchimento desta lacuna na literatura. Os adolescentes passam grande parte do seu tempo na escola e com os professores, que são a única figura de autoridade formal com quem têm um contacto direto e diário. Dado que as perceções e experiências de (in)justiça procedimental têm fortes implicações identitárias (Lind & Tyler, 1988; Tyler & Blader, 2003), é expectável que a qualidade e a justiça do tratamento recebido da parte dos professores tenha um forte impacto emocional e comportamental nos adolescentes. Conjugando a teoria da delinquência juvenil proposta por Emler e Reicher (1995, 2005) com os Modelos Relacionais de Justiça (Lind & Tyler, 1988; Tyler & Lind, 1992), no primeiro artigo apresentamos um estudo correlacional no qual analisámos a hipótese da relação entre os julgamentos de (in)justiça acerca dos professores e os comportamentos de desvio dos adolescentes ser mediada pela avaliação das autoridades institucionais. Os resultados confirmaram a nossa hipótese, indicando que quanto mais os adolescentes percecionam os seus professores como justos do ponto de vista procedimental e relacional, mais positivamente avaliam também outras autoridades institucionais. Por sua vez, quanto mais positiva é a avaliação dessas autoridades, menor é o seu envolvimento em condutas desviantes, mesmo depois de controlado o efeito do insucesso escolar. No segundo artigo apresentamos o desenvolvimento e o estudo das qualidades psicométricas da Escala de Variedade de Comportamentos Desviantes (EVCD), dada a inexistência de escalas portuguesas desta natureza publicadas e validadas. Os resultados confirmaram a validade fatorial, convergente e discriminante da EVCD, bem como a sua elevada consistência interna, indicando que este é um recurso válido e fiável de auto relato para avaliar a variedade de comportamentos desviantes cometidos por adolescentes portugueses. Dado que a investigação realizada com adultos indica que nem sempre as perceções e experiências de injustiça com as autoridades provocam reações desviantes (e.g. Aquino, Tripp, & Bies, 2006; Hershcovis, et al., 2007), o terceiro artigo apresenta os resultados de dois estudos experimentais que analisaram a influência de duas variáveis moderadoras da relação (in)justiça procedimental-desvio: os julgamentos prévios dos adolescentes acerca das autoridades institucionais (estudo 1) e as preocupações com a pertença e a aceitação pelos colegas de turma (estudo 2). Os resultados do primeiro estudo confirmaram a hipótese colocada, mostrando que os adolescentes têm uma maior tendência para se envolverem em condutas desviantes em resposta ao tratamento injusto do professor mas apenas quando os seus julgamentos prévios são negativos. Os resultados do segundo estudo confirmaram também as nossas hipóteses, mostrando que a injustiça procedimental do professor provocou sentimentos de zanga e de exclusão social independentemente das preocupações dos adolescentes com a pertença e a aceitação pelos colegas de turma, mas apenas aqueles cujas preocupações eram baixas apresentaram uma maior tendência para reagir envolvendo-se em condutas desviantes. ABSTRACT : Despite the extensive literature on youth deviance, empirical evidence on the relationship between judgments and experiences of teachers’ procedural (in)justice and adolescents’ involvement in deviant conducts are scarce. The empirical studies here presented are intended to contribute to fullfill this gap in the literature. Adolescents spend much of their time at school and with their teachers, who are the only formal authority figure with whom they have a direct and daily contact. Since the perceptions and experiences of procedural (in)justice have strong identity implications (Lind & Tyler, 1988; Tyler & Blader, 2003), the quality and the fairness of the treatment received from teachers is expected to have a strong emotional and behavioral impact on adolescents. Bringing together the theory of juvenile delinquency proposed by Emler and Reicher (1995, 2005) with the Relational Models of Justice (Lind & Tyler, 1988; Tyler & Lind, 1992), in the first paper we present a correlational study in which we examined the hypothesis that the relationship between justice judgments about teachers and adolescents’ deviant behavior is mediated by the evaluation of institutional authorities. The results confirmed our hypothesis, indicating that the more adolescents perceive their teachers as fair, both proceduraly and interpersonaly, more positively they evaluate other institutional authorities. In turn, the more positive is the evaluation of these authorities, the lower their involvement in deviant conducts, even after controlling for the effect of school failure. In the second paper we present the development and study of the psychometric properties of the Deviant Behaviour Variety Scale (DBVS), given the absence of published and validated Portuguese scales of this nature. The results confirmed the factorial, convergent and discriminant validity of the DBVS, as well as its high reliability, indicating that this is a valid and reliable self-report resource to assess the variety of deviant behavior committed by Portuguese adolescents. Given that research conducted with adults indicates that the perceptions and experiences of injustice with authorities do not always cause deviant reactions (e.g. Aquino, Tripp, & Bies, 2006; Hershcovis, et al., 2007), the third paper presents the results of two experimental studies examining the influence of two moderating variables of the (in)justice-deviance relationship: adolescents’ previous judgments on institutional authorities (study 1) and their concerns on belonging and acceptance by classmates (study 2). The results of the first study confirmed our hypothesis, showing that adolescents are more likely to engage in deviant behavior in response to the teacher’ unfair treatment but only when their previous judgments were negative. The results of the second study also confirmed our hypotheses, showing that teachers’ procedural injustice elicited feelings of anger and of social exclusion regardless of adolescents’ concerns on belonging and acceptance by classmates, only those whose concerns were low were more likely to react with deviant behavior. |
Identificador |
http://hdl.handle.net/10400.12/4891 101314221 |
Idioma(s) |
por |
Relação |
info:eu-repo/grantAgreement/FCT/SFRH/SFRH%2FBD%2F40174%2F2007/PT |
Direitos |
openAccess |
Palavras-Chave | #Comportamentos de desvio #Justiça procedimental #Autoridades #Pertença e aceitação #Adolescência #Deviant behavior #Procedural justice #Authorities #Belonging and Acceptance #Adolescence #Domínio/Área Científica::Ciências Sociais |
Tipo |
doctoralThesis |