O Recuo Brutalista
Contribuinte(s) |
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO |
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Data(s) |
19/11/2013
19/11/2013
01/10/2013
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Resumo |
Em conformidade com a dúvida de seu título, o difundido livro The New Brutalism: Ethic or Aesthetic? de Reyner Banham não é possível explicar o Brutalismo como manifestação artística coesa, dotada de consistência e reprodutibilidade formal. A citação de arquitetos famosos, porém divergentes, parece associar e comparar obras ásperas com a pretensão de reerguer uma arquitetura moderna considerada ascética, monótona e insuficiente e gera um teoricismo da aparência crua e do moralismo dos objetos. Discurso que oculta, ou desvia a atenção do retorno artístico à sublimidade e construção artesanal. O Brutalismo é aceito como evolução natural dos estágios modernos anteriores e sanciona artefatos toscos, pesados e inacabados como se fossem filiados ao processo moderno desinfestado. Esconde contradições e disfarça seu rompimento com o moderno para prolongar a expressão Movimento moderno. Mas o objeto claro, econômico e preciso é repudiado pelo consumidor e, por ser pouco representativo, o artista faz sua maquiagem com episódios contrastantes e monumentais na informalidade das cidades espontâneas. No entanto, parece possível suspender a noção positiva e corretiva do Brutalismo para entendê-lo como um recuo artístico vulgarizador que despreza aperfeiçoamento e afronta a atitude moderna com banalização conceptiva, exagero, figuralidade, musculação estrutural, grandeza tectônica, rudimento e rudeza. Assim, moralismo, retorno rústico e originalidade desqualificam a expressão International Style entendida como a culminação da arquitetura moderna do pós-guerra, ao depreciá-la como decadente, como produto imobiliário, comercial e corporativo a serviço do capital. Essa interpretação desvela uma crítica anti-industrial, portanto antimodernista e diversa da pós-modernidade, porém contestadora e realista para fornecer imagens à cultura e aos insensíveis à estrutura da forma moderna. Diverso da pós-modernidade pela dependência ao moderno e ausência de apelo popular. Tornada insignificante a configuração oportuna do artefato, o arquiteto tenta reter sua notabilidade artística, ou o prestígio que parece enfraquecer na aparência símile da especificação de catálogo, no rigor modular. Indispõe-se e repudia componentes, Standards e acabamentos impessoais da indústria da construção para insistir em autoria e inspiração, mas repete cacoetes estilísticos de época e o inexplicável uso intensivo de concreto bruto e aparente para sentir-se engajado e atualizado. Porém, é necessário distinguir obras de aparência severa concebidas pela atitude moderna mais autêntica das de concreto aparente em tipos ou configurações aberrantes. Para avançar na discussão do Brutalismo propõe-se entender este fenômeno com a substituição do juízo estético moderno de sentido visual postulado por Immanuel Kant (1724-1804) por um sentimento estético fácil e relacionado com a sensação da empatia, com a Einfühlung de Robert Vischer (1847-1933). Na época da cultura de massas, admite-se o rebaixamento das exigências no artefato e a adaptação brutalista com a transfiguração dos processos de arquitetura moderna. Assim, a forma é substituída pela figura ou pelo resumo material; a estrutura formal subjacente pelo ritmo e exposição da estrutura física; o reconhecimento visual pelo entusiasmo psicológico ou pelo impulso dionisíaco; a concepção substituída pelo partido, ou, ainda, pelo conceito; a sistematização e a ordem pela moldagem e a organização; a abstração e síntese pela originalidade e essencialidade, o sentido construtivo pela honestidade material; a identidade das partes pela fundição ou pela unicidade objetal e a residência pela cabana primitiva. In accordance with the doubt of its title, the known book The New Brutalism: Ethic or Aesthetic? by Reyner Banham cannot explain the Brutalism as cohesive artistic expression, endowed with formal consistency and reproducibility. A quote from famous architects, though divergent, seems to associate and compare rough works and claim the rebuilding of a modern architecture considered ascetic, monotonous and insufficient by generating the theorization of raw appearance and moralist object. A discourse that hides or deflects attention from the returning to artistic sublimity and artisanal construction. The Brutalism is accepted as the natural evolution of the previous modern stages and it confirms harsh, heavy and unfinished artifacts as if they were affiliated to the modern disinfected process. It hides contradictions and disguises its break with the modern to extend the term Modern Movement. But the clear, economical and accurate object is repudiated by the consumer and, being little representative, the artist does its makeup with contrasting monumental episodes in the informality of spontaneous cities. However, it seems possible to suspend the positive and corrective notion of Brutalism to understand it as an artistic vulgarizing retreat which despises improvement and affronts modern attitude with conceptual oversimplification, exaggeration, figurality, structural strength, tectonic greatness, rudiment and rudeness. Thus, moralism, rustic return and originality disqualify the expression International Style understood as the culmination of modern postwar architecture, to depreciate it as decadent, as commercial corporate product at service of capitalism. This interpretation reveals an anti-industrial and anti-modernist critique, different from postmodernity, however disruptive and realistic in order to provide images to the culture and to those insensitive to the structure of the modern form. It’s different from post modernity through the dependence on modern and lack of popular appeal. Made negligible the artifact’s timely configuration, the architect tries to retain his artistic notability, or his prestige which appears to be weakened by the facsimile appearance of the catalog specification and modular rigor. He rebels and rejects components, standards and impersonal finishes by the construction industry to insist on authorship and inspiration, but repeats stylistic season tics and the unexplainable intensive use of raw and apparent concrete to feel engaged and updated. However, it is necessary to distinguish severe-looking works designed with the strictest modern attitude from those with exposed concrete in aberrant types or settings. To advance in the discussion of Brutalism, it is proposed to understand the phenomenon with the substitution of the aesthetic notion of the modern visual sense postulated by Immanuel Kant (1724-1804) by an aesthetic and easy feeling related to the sensation of empathy, with the Einfühlung by Robert Vischer (1847-1933). At the time of mass culture, it is admitted the lowering of requirements on the artifact and the brutalist adaptation with the transfiguration of the processes of modern architecture. Thus, the form is replaced by the figure or the material summary; the underlying formal structure by the rhythm and exposition of physic structure; the visual recognition by the psychological enthusiasm or the Dionysian impulse; design replaced by the conjecture, or even by the concept; the systematization and order by molding and organization; the abstraction and synthesis by originality and essentiality; the constructive sense by material’s honesty; the identity of the parties by casting or by object uniqueness; and the house by the primitive hut. |
Identificador |
9788560188147 |
Idioma(s) |
por |
Publicador |
Pontifícia Universidade Católica do Paraná Curitiba |
Relação |
Seminário DOCOMOMO Brasil, X |
Direitos |
openAccess http://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/br/ |
Palavras-Chave | #brutalismo #Mendes da Rocha #Lina Bo Bardi #brutalism |
Tipo |
conferenceObject Apresentação Oral |