Arte e filosofia no pensamento de Nietzsche


Autoria(s): Branco, Maria João Mayer
Contribuinte(s)

Molder, Maria Filomena

Data(s)

15/02/2011

01/07/2010

Resumo

Dissertação de Doutoramento em Filosofia

Neste estudo pretende-se averiguar a relação entre arte e filosofia no pensamento de Nietzsche e demonstrar que é a segunda que ocupa o lugar determinante na sua obra. Procurar-se-á mostrar que Nietzsche não constitui uma estética sistemática, embora a arte desempenhe um papel essencial na tarefa que atribui à filosofia. A análise dos textos inéditos contemporâneos do Nascimento da Tragédia e a transformação de Dioniso em deus-filósofo servirão para esclarecer a passagem do interesse pelo âmbito da “ciência estética” para o da filosofia. Defender-se-á que a tensão entre os elementos opostos apolíneo e dionisíaco é a matriz que se mantém ao longo de todo o seu pensamento, e que ela sofre variações conceptuais manifestas nas noções de “plástico” e “musical”, “força plástica” e “vontade de poder”. Através desta matriz, Nietzsche pensa a relação da filosofia com a linguagem e com o conhecimento, e do filósofo com a sua época. A análise da noção de “pessimismo dionisíaco” permitirá compreender que Nietzsche propõe um conhecimento trágico e simultaneamente afirmador, que visa superar o pessimismo e o niilismo modernos. A identificação da filosofia com a “arte da transfiguração” ou “gaia ciência” mostrará que Nietzsche tem em mente uma renovação da filosofia, que a destitui da sua condição metafísica e implica uma reavaliação do âmbito sensível. A tese de que a arte, em especial a música, contribui decisivamente para uma reabilitação dos sentidos, promovendo um alargamento do modo de sentir e de pensar, levarnos- á a demonstrar que a compreensão da vida como vontade de poder é uma proposta de alargamento das explicações científicas do mundo baseada num refinamento dos sentidos. Investigar-se-á o modo como, pensando o mundo como estrutura de uma multiplicidade de relações afectivas, Nietzsche procura estabelecer a ligação entre afecto e pensamento, rejeitando os preconceitos dualistas da filosofia tradicional e os conceitos de sujeito e vontade livre baseados na ficção lógica da unidade simples e atómica. Contra ela propõe uma “psicofisiologia” para pensar um entrelaçamento entre o psíquico e o corpo, que implica uma inteligibilidade instintiva e uma comunicação de ordem não verbal. Esta última alcança o seu grau máximo de intensificação no estado estético em que o artista cria obras de arte. Nietzsche designa este estado como “embriaguez”, um estado em que a vida se intensifica de tal modo que transborda e gera novas configurações de si mesma. A embriaguez é desejo de vida, e o artista suscita-a no contemplador através das obras que cria. Averiguar-se-á ainda a crítica de Nietzsche à tendencial “intelectualização dos sentidos” na arte moderna e o modo como esta favorece o declínio dos instintos e empobrece a relação com o mundo e a vontade de viver. Wagner torna-se um alvo privilegiado das suas críticas e sustentar-se-á que na noção de ritmo se concentram as preocupações de Nietzsche com a relação entre a arte e a vida. Do mesmo modo, defender-se-á que nas noções de gosto e estilo se decide o que aproxima e o que distingue um filósofo de um artista.

Identificador

http://hdl.handle.net/10362/5109

Idioma(s)

por

Publicador

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Nietzsche #Arte #Filosofia #Estética #Música #Dioniso #Vontade de poder #Liberdade #Corpo #Embriaguez #Modernidade #Ritmo #Gosto #Estilo
Tipo

doctoralThesis