Este luminoso e magnifico céu azul


Autoria(s): Vilela, Ana Luísa
Data(s)

13/11/2013

13/11/2013

2008

Resumo

Num texto de cariz jornalístico, escrito na plena maturidade da sua vida literária, em 1895, Eça de Queirós reflecte irónica e liricamente sobre a chamada ―influência‖ do clima sobre a mentalidade, a cultura e a economia dos povos europeus. É seu pretexto uma cómica palinódia dos seus sarcasmos juvenis acerca de um romântico desabafo poético-político de um ex-primeiro-ministro português, o qual enaltecia, como principal riqueza nacional, ―o luminoso e magnífico céu azul que nos cobre!‖. Já desde a década de 1870, no advento da sua vida de escritor, que, para Eça, é tema recorrente uma espécie de ―mitologia do sul‖, em que impera a tutela benfazeja e doce do céu meridional. Nesta crónica, no fim da sua vida, Eça de Queirós retoma e desenvolve, definitivamente, uma representação cultural e psicológica do clima meridional, pretexto para uma magnífica síntese contrastiva sobre o Norte e o Sul da Europa, uma enternecida apologia do sol, do calor e da luz dos climas ―ricos‖, saudosamente evocados durante um Inverno sombrio em Paris. É justamente a coerência exemplar deste motivo – associada, não obstante, à natural e estratégica evolução estético-ideológica do autor – que será objecto de reflexão deste texto: porque o signo climático e a oposição Norte/ Sul podem funcionar como noções heurísticas de uma obra e de um autor sobre os quais (como sobre Flaubert) já se disse muito, mas nunca se diz o suficiente.

Dans un texte journalistique, produit en pleine maturité littéraire, en 1895, Eça de Queirós réfléchit, sous les modes ironique et lyrique, sur la fameuse ―influence‖ du climat sur la mentalité, la culture et l´économie des peuples européens. Son prétexte, la comique palinodie de ses jeunes railleries sur l‘aveu romantique d‘un ex-premier ministre portugais, lequel célébrait comme la première richesse nationale ―le lumineux et magnifique ciel bleu qui nous couvre!‖. Depuis déjà 1870, au début de sa vie d‘écrivain, c‘est pour Eça un sujet insistant cette particulière ―mythologie do Sud‖, dans laquelle pontifie, bénin et doux, le ciel méridional. Dans cette chronique, à la fin de sa vie, Eça de Queirós reprend et développe la représentation culturelle et psychologique du climat méridional, un prétexte pour une magnifique synthèse contrastive sur le Nord et le Sud de l‘Europe, une apologie émue du soleil, de la chaleur et de la lumière des climats ―riches‖, évoqués avec nostalgie depuis un sombre hiver à Paris. C‘est justement la cohérence exemplaire de ce motif – une cohérence associée, néanmoins, à la naturelle et stratégique évolution esthétique et idéologique de l‘auteur – ce qui constituera, ici, l‘objet de réflexion: car le signe climatique et l‘opposition Nord/ Sud peuvent avoir des fonctions heuristiques chez un auteur dont (comme Flaubert) on a déjà dit beaucoup, mais dont on ne dira jamais assez.

Identificador

1645-1937

http://hdl.handle.net/10400.22/2799

Idioma(s)

por

Publicador

Instituto Politécnico do Porto. Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto

Relação

http://www.iscap.ipp.pt/~www_poli/

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Racialismo #Norte/Sul #Eça de Queirós #Jornalismo #Cultura #Racialisme #Nord/Sud #Journalisme #Culture
Tipo

article