Representação social dos políticos em uma comunidade

Buscamos com este trabalho investigar a representação social que moradores de comunidades de baixa renda têm em relação aos políticos. A Teoria das Representações Sociais de Moscovici fundamenta o estudo, que conta ainda com o Modelo Estrutural de Abric, conceitos da Lógica Natural de Grize e procedimentos básicos de estatística descritiva para a análise dos dados. O instrumento da pesquisa foi subdividido em quatro partes, dedicadas às coletas de dados de caracterização socioeconômica dos sujeitos, evocações livres a partir do termo indutor "político", respostas às perguntas do questionário semi-aberto e relatos de casos que envolvessem políticos nas entrevistas abertas. Com as evocações, procuramos determinar os prováveis elementos centrais e periféricos da representação social; com as entrevistas, verificamos relações de causalidade entre os temas mais recorrentes nos discursos. Com a análise, as evocações indicaram um núcleo central com elementos que estão consistentemente em torno da noção de "corrupto": "ladrão", "mentiroso" e "safado". A estrutura da representação social parece, a despeito disso, revelar a possibilidade de uma visão embrionária, por parte dos sujeitos, onde os aspectos mais sociais se sobrepõe à percepção mais pessoal e individualista a respeito dos políticos. As respostas ao questionário denotaram interesse e desconhecimento sobre a atividade política, além de um pensamento marcadamente crítico em relação à questão da representatividade: os políticos são vistos como individualistas, defensores de seus próprios interesses e não acessíveis ao eleitor. As entrevistas revelaram seis temas gerais ("são corruptos", "só querem o voto", "fazem falsas promessas", "manipulam as pessoas", "somem depois das eleições" e "não resolvem os problemas") que foram organizados em uma estrutura, formada pelos seus significados articulados entre si como causa ou efeito, para descrição da representação. Esta, parte de uma condição implícita, a corrupção e o individualismo, passa pelas falsas promessas e pela manipulação das pessoas, e termina na incompetência, na não resolução dos problemas.

The aim of this study was to investigate the social representation which people from low-income communities have in relation to politicians. Moscovici's Social Representations Theory formed the basis for the study, which also made use of Abric's Structural Model, concepts from Grize's Natural Logic and basic descriptive statistical procedures for the data analysis. The research instrument was divided into four different parts to collect the following information: data to classify the participants socioeconomically; free evocations using "politician" as the inductor term; answers to the semi-open questionnaire; and accounts of events involving politicians in open interviews. With the free evocations, we endeavored to determine the probable central and peripheral elements of the social representation; with the interviews, we identified the causal relationships among the most recurrent terms mentioned in them. Analysis of the evocations revealed a central core with elements consistently related to the idea of a "corrupt person": "thief", "liar", and "trickster". Despite this, the structure of the social representation appears to show that the participants may have an embryonic vision of politicians in which aspects related to social issues take precedence over a more personal and individualistic perception. The answers to the questionnaire showed both interest in, and lack of familiarity with, political activities, along with markedly critical thinking in relation to the issue of representativeness: politicians are seen as individualists, driven by their own interests and inaccessible to the elector. The interviews revealed six general themes (politicians "are corrupt", "just want votes", "make false promises", "manipulate people" and "do not solve problems"), which were organized according to their meaning and the causal relationships between them to describe the social representation. This begins with an implicit condition, corruption and individualism, and extends through false promises and the manipulation of people to finish with incompetence and the inability to solve problems.