Cuidar no parto : prática de episiotomia


Autoria(s): Santos, Maria Onélia Figueira dos
Contribuinte(s)

Ferreira, Manuela Maria Conceição

Duarte, João Carvalho

Data(s)

22/06/2016

22/06/2016

02/10/2015

29/05/2015

Resumo

Enquadramento – A episiotomia é uma incisão feita no períneo para aumentar o canal vaginal com o objetivo de evitar outros traumas perineais durante o parto. No entanto, esta prática, por si só, já se considera um trauma perineal pelo corte em estruturas que podem desencadear problemas futuros. A Organização Mundial de Saúde (1996) recomenda a utilização limitada da episiotomia uma vez que não existem evidências credíveis de que a utilização generalizada ou de rotina desta prática tenha um efeito benéfico. Objetivos: Demonstrar evidência científica dos determinantes da prática de episiotomia seletiva em mulheres com parto normal/eutócico; identificar a prevalência de episiotomia; analisar os fatores (variáveis sociodemográficas, variáveis relativas ao recém-nascido, variáveis contextuais da gravidez e contextuais do parto) que influenciam na ocorrência de episiotomia. Métodos: O estudo empírico I seguiu a metodologia de revisão sistemática da literatura. Efetuou-se uma pesquisa na EBSCO, PubMed, SciELO, RCAAP de estudos publicados entre janeiro de 2008 e 23 de dezembro de 2014. Os estudos encontrados foram avaliados tendo em consideração os critérios de inclusão previamente estabelecidos. Dois revisores avaliaram a qualidade dos estudos a incluir utilizando a grelha para avaliação crítica de um estudo descrevendo um ensaio clínico prospetivo, aleatorizado e controlado de Carneiro (2008). Após avaliação crítica da qualidade, foram incluídos no corpus do estudo 4 artigos nos quais se obteve um score entre 87,5% e 95%. O estudo empírico II enquadra-se num estudo quantitativo, transversal, descritivo e retrospetivo, desenvolvido no serviço de Obstetrícia do Centro Hospitalar Cova da Beira, segundo um processo de amostragem não probabilística por conveniência (n = 382). A recolha de dados efetuou-se através da consulta dos processos clínicos das mulheres com idade ≥ 18 anos que tiveram um parto vaginal com feto vivo após as 37 semanas de gestação. Resultados: Evidência de que a episiotomia não deve ser realizada de forma rotineira, cujo uso deve restringir-se a situações clínicas específicas. A episiotomia seletiva, comparada com a episiotomia de rotina, está relacionada com um menor risco de trauma do períneo posterior, a uma menor necessidade de sutura e a menos complicações na cicatrização. Amostra constituída por 382 mulheres, na faixa etária dos 18-46 anos. Apenas, não se procedeu à episiotomia em 41,7% da amostra, apontando para a presença da episiotomia seletiva. Número significativo de mulheres com parto eutócico (80,5%), com sutura (95,0%), laceração de grau I (64,9%), dor perineal (89,1%) sujeitas a episiotomia (58,3%). A maioria dos recém-nascidos nasceram com peso normal (92,3%), com um valor expressivo de mulheres sujeitas a episiotomia (91,4%). Ainda se constatou a existência de casos, apesar de reduzidos, em que o recém-nascido nasceu macrossómico (5,4%), tendo-se recorrido igualmente a esta prática. Não há uma associação direta entre a realização de episiotomia e os scores do APGAR. Conclusão: Face a estes resultados e com base na evidência científica disponível que recomenda, desde há vários anos, que se faça um uso seletivo da episiotomia, sugere-se que os profissionais de saúde estejam mais despertos para esta realidade, de modo a que se possam anular as resistências e as barreiras de mudanças por parte dos mesmos face ao uso seletivo da episiotomia. Para promover essa mudança de comportamentos é importante não só mostrar as evidências científicas, bem como transpô-las para a prática, capacitando os profissionais de saúde, sobretudo os enfermeiros, na sua atuação. Palavras-chave: Parto Normal/eutócico; Episiotomia; Episiotomia seletiva; Episiotomia de rotina.

Abstract Background - The episiotomy is an incision made in the perineum to increase the vaginal canal in order to avoid other perineal trauma during birth. However, this practice, in itself, already considered perineal trauma of the cutting structures which may trigger future problems. The World Health Organization (1996) recommends the use of episiotomy limited since no credible evidence that the widespread use or routine practice this has a beneficial effect. Objectives: To demonstrate scientific evidence of the determinants of the practice of selective episiotomy in women with normal / eutocic delivery; identify the prevalence of episiotomy; analyze the factors (sociodemographic variables, variables related to the newborn, contextual variables of pregnancy and contextual delivery) that influence the occurrence of episiotomy. Methods: The empirical study I followed the systematic review methodology literature. A search is made in the EBSCO, PubMed, Scielo, RCAAP studies published between January 2008 and December 23, 2014. The studies found were evaluated taking into account the inclusion criteria previously established. Two reviewers assessed the quality of studies to include using the grill for critical evaluation of a study describing a prospective, randomized and controlled Carneiro (2008). After critical evaluation of the quality, we were included in the study corpus 4 articles in which obtained a score between 87.5% and 95%. The empirical study II is part of a quantitative study, cross-sectional descriptive retrospective, developed in Obstetrics Service Hospital Cova da Beira, according to a non-probability sampling process for convenience (n = 382). Data collection was executed by consulting the medical records of women aged ≥ 18 years who have had a vaginal delivery with a live fetus after 37 weeks of gestation. Results: Evidence that episiotomy should not be performed routinely, whose use should be limited to specific clinical situations. Selective episiotomy compared with routine episiotomy, it is associated with a lower risk of trauma of the posterior perineum, the less need for suturing and fewer complications in healing. Sample of 382 women, aged between 18-46 years. Just did not carry episiotomy in 41.7% of the sample, pointing to the presence of selective episiotomy. Significant number of women with eutocic delivery (80.5%), with suture (95.0%), grade I lacerations (64.9%), perineal pain (89.1%) subject to episiotomy (58.3%). Most babies born with normal weight (92.3%), with a significant amount of women undergoing episiotomy (91.4%). Still it found that there were cases, although reduced, where the newborn was born overgrowth (5.4%), having also resorted to this practice. There is no direct association between the realization of episiotomy and the APGAR scores. Conclusion: In view of these results and based on the available scientific evidence recommends, for several years, which make a selective use of episiotomy, it is suggested that health professionals are more awake to this reality, so that if can override the resistance and barriers changed by the same against the selective use of episiotomy. To promote this change in behavior is important not only show scientific evidence and translate them into practice, enabling health professionals, especially nurses in their work. Keywords: Eutocic/Natural Childbirth; Episiotomy; Selective episiotomy; Routine episiotomy.

Identificador

http://hdl.handle.net/10400.19/3246

201191423

Idioma(s)

por

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Cuidado pós-natal #Episiotomia #Parto obstétrico #Delivery, obstetric #Episiotomy #Postnatal care #Domínio/Área Científica::Ciências Médicas
Tipo

masterThesis