Diferentes na desigualdade: trajectórias e representações de populações nacionais e imigrantes em fuga da pobreza

Com base num trabalho etnográfico com vinte e oito famílias residentes em dois bairros de habitação social metropolitanos, um de população maioritariamente de origem nacional e outro de imigrantes africanos, procurei ao longo de dois anos respostas para três grandes questões sobre processos de mobilidade a partir da pobreza. A primeira foi ir à origem e saber como surgiu a pobreza nas suas vidas, quais as causas que a provocaram e em que condição foi possível a sua ultrapassagem, contextualizando as estratégias e os projetos desenvolvidos no plano individual e familiar com a evolução dos constrangimentos estruturais da sociedade portuguesa. Reconstituídas as trajetórias biográficas, o segundo objectivo que me moveu foi captar os modos de vida gerados após o processo de saída da pobreza e a maneira como estes indivíduos se identificam socialmente no presente, face às posições que conquistaram e às aspirações que mantêm para si próprios e para as suas famílias. A esta segunda dimensão, de auto-identificação, articulei uma terceira, a de recolher as representações dos sujeitos sobre o conjunto mais amplo das estruturas de desigualdade e das hierarquias sociais, desde as posições desfavorecidas que experimentaram pessoalmente aos lugares mais privilegiados cuja existência reconhecem. Nesta comunicação pretendo destacar o ponto de vista das experiências e das projecções identitárias recolhidas junto dos imigrantes, colocando-as em contraponto com o grupo de famílias nacionais com quem também trabalhei.

ASSOCIATIVISMO RELIGIOSO E OS IMIGRANTES AFRICANOS: O caso do Campo Missionário Congoangolano da Assembleia de Deus na cidade do Rio de Janeiro

Esta pesquisa faz uma análise do Campo Missionário Congoangolano da Assembleia de Deus, localizado no bairro de Brás de Pina - Zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Procura identificar a função desta comunidade religiosa para os imigrantes congoleses e angolanos que a ela pertencem. Desse modo, visa refletir sobre a formação de um espaço territorial religioso consolidado por elementos da religiosidade africana e do pentecostalismo assembleiano e sua imbricada associação com a formação de redes de apoio e de coesão social em torno da manutenção e sustentação de um espaço identitário. Esse espaço é marcado por elementos que expressam símbolos e signos dos países de origem de seus integrantes - Congo e Angola - ao utilizarem a liturgia africana em seus cultos. A pesquisa leva em consideração as demandas que norteiam o processo migratório, as leis que regem esses imigrantes e o quanto tal processo contribui para práticas associativas que envolvem fatores inerentes a inserção e integração sociocultural e econômica no interior do campo missionário.

Reflexão sobre a imigração japonesa no Brasil sob o ângulo da adiposidade corporal

Populações migrantes representam oportunidade para se investigar a contribuição de fatores ambientais na gênese da obesidade e suas comorbidades. Em 1993, o Japanese-Brazilian Diabetes Study Group estudou a prevalência de diabetes e doenças associadas em nipo-brasileiros residentes em Bauru, SP. Utilizando critérios específicos para asiáticos, 22,4% dos nipo-brasileiros foram caracterizados como portadores de excesso de peso nessa primeira fase do estudo. Na segunda fase, em 2000, essa prevalência subiu para 44,2%, e 50,3% apresentavam obesidade central. Essa população também apresentava alta prevalência de diabetes tipo 2, hipertensão e dislipidemia, componentes da síndrome metabólica. O JBDS Group também mostrou a associação entre hábitos ocidentais, especialmente alimentação rica em gordura saturada, e a ocorrência de síndrome metabólica. Em 2005, motivado por esses achados, o JBDS Group iniciou a terceira fase do estudo que constou de programa de intervenção com base em orientação para dieta saudável e prática de atividade física, utilizando recursos factíveis em termos de saúde pública no Brasil. Após um ano de intervenção, o JBDS Group observou diminuição nos parâmetros antropométricos, pressão arterial e níveis de glicemia e colesterol. Tempo de acompanhamento maior é necessário para avaliar a persistência desses benefícios e o impacto deles no risco de desenvolver diabetes e eventos cardiovasculares.

Trabalho e imigração: uma comparação Brasil-Argentina

O artigo busca discutir um novo padrão migratório da Bolívia para o Brasil e para a Argentina, especialmente vinculado à precarização do trabalho e à inserção desses imigrantes em formas de trabalho precário. Esse padrão & aparentemente novo em relação à integração dos contingentes migrantes ao longo do século XX & vem produzindo consequências que ainda estão por ser mapeadas. Uma delas é a presença de um contingente de bolivianos confinado ao setor de costura, trabalhando e vivendo em oficinas clandestinas, com pouca visibilidade pública, como face de uma precarização mundializada, resultante do assim chamado “custo chinês”. Resultante de um balanço bibliográfico e de uma incursão exploratória na pesquisa de campo tanto em São Paulo como em Buenos Aires, o artigo pretende apontar para aspectos específicos do fenômeno, combinando olhares e perspectivas que cruzam as dimensões migratórias, geracionais e de gênero.

Survival of conidia of sorghum ergot (caused by Claviceps africana) on panicles, seed and soil in Australia

Macroconidia of the sorghum ergot pathogen, Claviceps africana Frederickson, Mantle & de Milliano, survived in dried honeydew on soil for 13-14 weeks in a glasshouse at ambient temperatures, but for less than half that time on seed stored in a shadehouse over summer. Those on seeds stored at 4degreesC, however, survived for over a year (58-62 weeks). During summer, conidia on ergot-infected panicles buried in soil, or on the soil surface, survived for 7.5-12 weeks, whereas over winter the survival times were 4 weeks and 19-27 weeks, respectively. Macroconidia on infected panicles held above the soil surface survived for >38 weeks (8 calendar months) over winter, suggesting that they may play a role in the perennation of C. africana in Australia.

Factors influencing the germination of macroconidia and secondary conidia of Claviceps africana

The influences of temperature, time, and moisture on the germination of macroconidia and secondary conidia of Australian isolates of Claviceps africana were studied in vitro. The optimum temperature for germination of both macroconidia and secondary conidia of C. africana was 20degreesC. Although germination of macroconidia ceased near 31degreesC, approximately 30% of secondary conidia germinated at 37degreesC after 48 and 72 h of incubation. Sorghum flower extract agar stimulated macroconidium and secondary conidium germination, irrespective of temperature. Germination of macroconidia and secondary conidia on water agar started after 4 h of incubation at 20degreesC, reaching a maximum after 16-24 h and 14 h, respectively. Maximum germination of both macroconidia and secondary conidia was at greater than or equal to-5 bars at 20degreesC. Germination of secondary conidia ceased at -35 bars, whereas macroconidia germinated at water potentials as low as -55 bars at 20degreesC.

Evaluation of potential biocontrol agents against Claviceps africana in vitro and in vivo

Undiluted culture filtrates of two commercial products of Trichoderma spp., Trichopel and Trichoflow, and two isolates of Penicillium citrinum completely inhibited the conidial germination of macroconidia of Claviceps africana , the cause of ergot or sugary disease of sorghum (Sorghum bicolor) in vitro . Similarly, Pseudomonas aeruginosa and Burkholderia cepacia completely inhibited macroconidial germination, with the former being more effective at high dilutions. In contrast, these bacterial isolates failed to inhibit infection in vivo in glasshouse tests with ergot-inoculated sorghum, but all fungal biocontrol agents (including an isolate of Epicoccum nigrum) reduced the severity of disease (percentage of infected spikelets per panicle), in some cases completely inhibiting the development of ergot. In a second glasshouse trial, optimum control was achieved when the biocontrol agents were applied 3-7 days before inoculation with conidia of C. africana .

Efficacy, timing and method of application of fungicides for management of sorghum ergot caused by Claviceps africana

Trials conducted in Queensland, Australia between 1997 and 2002 demonstrated that fungicides belonging to the triazole group were the most effective in minimising the severity of infection of sorghum by Claviceps africana, the causal agent of sorghum ergot. Triadimenol ( as Bayfidan 250EC) at 0.125 kg a. i./ha was the most effective fungicide. A combination of the systemic activated resistance compound acibenzolar-S-methyl ( as Bion 50WG) at 0.05 kg a. i./ha and mancozeb ( as Penncozeb 750DF) at 1.5 kg a. i./ha has the potential to provide protection against the pathogen, should triazole-resistant isolates be detected. Timing and method of fungicide application are important. Our results suggest that the triazole fungicides have no systemic activity in sorghum panicles, necessitating the need for multiple applications from first anthesis to the end of flowering, whereas acibenzolar-S-methyl is most effective when applied 4 days before flowering. The flat fan nozzles tested in the trials provided higher levels of protection against C. africana and greater droplet deposition on panicles than the tested hollow cone nozzles. Application of triadimenol by a fixed wing aircraft was as efficacious as application through a tractor-mounted boom spray.

Ovary colonization by Claviceps africana is related to ergot resistance in male-sterile sorghum lines

Ergot, caused by Claviceps africana, has emerged as a serious threat to sorghum hybrid seed production worldwide. In the absence of gene-for-gene-based qualitative resistance in commercial cultivars, varieties with high pollen production that can escape ergot infection are preferred. Recent demonstration of differences in ergot susceptibility among male-sterile lines has indicated the presence of partial resistance. Using chitin-specific fluorescin-isothiocyanate-conjugated wheat germ agglutin and callose-specific aniline blue, this study investigated the process of sorghum ovary colonization by C. africana. Conidia germinated within 24 h after inoculation (a.i.); the pathogen was established in the ovary by 79 h a.i., and at least half of the ovary was converted into sphacelial tissue by 120 h a.i. Changes in fungal cell wall chitin content and strategic callose deposition in the host tissue were associated with penetration and invasion of the ovary. The rate of ovary colonization differed in three male-sterile lines that also differed in ergot susceptibility. This work demonstrates a possible histological basis for partial resistance in male-sterile sorghum lines that could lay the foundation for variety improvement through further breeding and selection.