1000 resultados para –Educação Médica
Resumo:
No Brasil, há um déficit de vagas para Residência Médica (RM) e maior concorrência em determinadas especialidades ou regiões, propiciando o crescimento dos Cursos Preparatórios (CPs) para provas de RM. Os acadêmicos, cada vez mais, deixam atividades curriculares em segundo plano e se matriculam nesses cursinhos. Mediante um questionário dirigido aos candidatos do concurso de RM do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF), realizou-se um estudo para avaliar a efetividade da preparação de alunos em CPs. A adesão foi de 74,7% dos 368 concorrentes, sendo que a maioria freqüentou CPs (72%). Não houve diferença significativa de aprovação entre os candidatos que se prepararam em CPs e os que não os freqüentaram. Já a média das notas dos candidatos que freqüentaram CPs foi 4,07 pontos maior (66,89 contra 62,82, p < 0,05). Conclui-se que, no modelo tradicional de avaliação, cuja prova teórica corresponde a 90% da nota final, a preparação dos alunos que freqüentaram CPs é mais eficaz, o que enaltece a memorização em detrimento de habilidades médicas. Nesse contexto, pode-se considerar o modelo 50/50, em que a prova prática corresponde a 50% da nota final, uma proposta adequada.
Resumo:
A bioética e a humanização da assistência à saúde da população ocupam um espaço estratégico nas discussões sobre as necessidades de mudança nos processos de formação médica. No presente artigo, busca-se uma discussão articulada entre esses temas, defendendo sua inserção transversal ao longo dos currículos de graduação em Medicina. Entendendo que o simples reconhecimento da importância do tema ou mesmo a incipiente presença desses temas nos currículos são insuficientes para promover mudanças no perfil dos profissionais formados - as quais podem ser esperadas pela adequada abordagem destes temas -, defende-se a preparação de programas de formação voltados para o conjunto de docentes envolvidos na formação profissional e a criteriosa escolha de métodos e técnicas pedagógicas que, amparados em fundamentos teóricos que expliquem o desenvolvimento da competência moral, possam efetivamente interferir neste processo.
Resumo:
A relevância da educação em ética médica na formação do profissional de Medicina tem sido cada vez mais reconhecida em todo o mundo. No Brasil, a Resolução 08/1969 do Conselho Federal de Educação tornou obrigatório o ensino da deontologia nas escolas médicas. Com o objetivo de avaliar a evolução do ensino da ética em escolas médicas brasileiras, foi realizada uma revisão sistemática dos levantamentos nacionais sobre o ensino da disciplina de deontologia, ética médica ou bioética, publicados nos últimos 30 anos. Foram localizados três estudos, publicados em três diferentes décadas, que mostraram estagnação no número de disciplinas específicas para a ética médica ao longo do tempo, baixa carga horária reservada ao seu ensino e reduzido número de professores exclusivos, em sua maioria vinculados à especialidade de medicina legal. Os temas de responsabilidade profissional e segredo profissional foram os mais abordados, sendo o conteúdo ministrado principalmente em aulas expositivas e discussão de casos. A importância da educação em ética médica nos cursos de graduação exige o seu ensino, em todos os períodos, por docentes com vivência profissional e conhecimentos na área de ciências humanas, de forma integrada com outras instâncias responsáveis por aspectos éticos nas instituições, com o objetivo de for-mar profissionais eticamente competentes para o melhor exercício da ciência e arte da medicina.
Resumo:
Apresenta-se a discussão do "Grupo de Educação Permanente" do curso de Medicina da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac/Lages-SC) acerca da experiência que desenvolve na capacitação dos professores da saúde. As principais reflexões se voltam à estratégia metodológica de trabalho adotada pelo grupo, que tem como desafio desenvolver a capacidade de aprender a aprender, cujo processo se refere às aprendizagens que o indivíduo realiza por si mesmo, nas quais está ausente a transmissão de conhecimentos. Esta mudança paradigmática diz respeito à busca de uma educação fundamentada na autonomia, no respeito à diferença e na construção de vínculos. As informações aqui registradas permitem analisar a evolução desse trabalho em vários aspectos e constituem fonte de pesquisa e reflexão para a continuidade de nossa proposta de educação permanente.
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Relata-se a experiência da realização de prova prática no concurso para seleção de médicos residentes no Centro Universitário Serra dos Órgãos, Teresópolis (RJ). Houve uma primeira fase com prova teórica (PT) de múltipla escolha e uma segunda fase com prova prática presencial (PP), ambas eliminatórias e classificatórias. As cinco áreas básicas do ensino médico foram avaliadas por meio do exame clínico de dois pacientes - um clínico ou cirúrgico e outro da área materno-infantil, conforme sorteio. A PP objetivou avaliar atitudes, habilidades e conhecimentos. Houve capacitação de dois tipos de bancas: a primeira com docentes das áreas clínica e cirúrgica, dita clínico-cirúrgica (CC), e a segunda com docentes das áreas de pediatria, tocoginecologia e saúde coletiva, chamada materno-infantil e preventiva (MIP). Não houve correlação significativa entre as notas da PT e as da PP. A PP foi determinante para a classificação final em cinco dos seis programas oferecidos. Houve correlação entre as notas das bancas CC e MIP (r = 0,483, p < 0,001). Houve uniformidade das notas intrabanca e interbanca. A PP é exeqüível, segura e importante instrumento para a adequação do ensino de graduação em Medicina às diretrizes curriculares.
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Estudo transversal com duas amostras randomizadas de 50 alunos do segundo e 50 do sexto ano de graduação em Medicina. Foi aplicado um questionário com questões abertas e a escala "Instrumento de avaliação de atitudes de estudantes de medicina frente a aspectos relevantes da prática médica" (Colares, 2002). A escala contém 52 questões referentes à: 1. Aspectos psicológicos e emocionais nas doenças orgânicas e mentais; 2. Manejo de situações relacionadas à morte; 3. Atenção primária à saúde; 4. Aspectos relacionados à doença mental; 5. Contribuição do médico ao avanço científico da medicina; 6. Outros aspectos relacionados à atuação médica e às políticas de saúde. As atitudes são categorizadas em positivas, negativas e conflitantes. Observou-se que os estudantes apresentaram atitudes positivas frente a pelo menos três dos seis aspectos abordados; os alunos do segundo ano e do sexto ano apresentaram diferença estatisticamente significativa (chi² = 6,901, g.l. = 1, p < 0,05) nas atitudes relacionadas ao fator 2 (manejo de situações relacionadas à morte).
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Os autores apresentam o genograma como um instrumento clínico de trabalho para o profissional de saúde. Fundamentado na teoria sistêmica, o genograma possibilita analisar o contexto psicossocial do paciente, sua família e sua doença. Por ser um mapa relacional, facilita a visualização do contexto familiar, funcionando como uma "radiografia" psicossocial do paciente. Os autores sugerem seu uso na prática clínica e fornecem exemplos de sua aplicação. Concluem ser um instrumento que favorece a identificação de estressores no contexto familiar, no estabelecimento da relação entre estes e o processo saúde-doença. O genograma evidencia a identificação de padrões transgeracionais de doença e de redes de apoio psicossocial, além de possibilitar a ampliação de estratégias terapêuticas mais adequadas.
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Este estudo trata de algumas questões fundamentais relacionadas com a filosofia dos Cuidados Paliativos (CP) e propõe uma educação dos alunos de graduação por meio de cursos de CP com o objetivo de criar uma atitude humanitária nos futuros profissionais em relação àquele que está morrendo. A esperança está na intervenção sobre a formação dos profissionais da saúde, na reformulação curricular que contemple esta visão antropológica, para além da formação tecnocientífica necessária, e na implementação da filosofia de CP. Buscaram-se na literatura discussões sobre a formação destes profissionais e o cuidado do paciente fora de recursos de cura, porém não fora de recursos sintomáticos. A metodologia adotada combina revisão da literatura nacional e internacional com pesquisa empírica, por meio da aplicação de questionário a uma equipe multiprofissional, atuante em CP numa instituição de ensino. O estudo foi desenvolvido com abordagem qualitativa. Desvelou-se na área da saúde a necessidade de capacitar os profissionais de saúde a enfrentarem o cuidado destes pacientes por meio de uma educação continuada, fundamentada no conhecimento do processo de morte e morrer.
Resumo:
Este trabalho relata a opinião dos candidatos aprovados nos programas de residência médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que concorreram às especialidades, sem pré-requisito, quanto ao modelo de prova, baseado nas modificações propostas pela comissão do processo seletivo 2005. Na elaboração das provas, foram utilizadas como referencial as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação de Medicina e a Resolução da Comissão Nacional de Residência Médica. Um questionário estruturado, com questões fechadas, foi distribuído aleatoriamente aos candidatos aprovados nesse concurso. A maioria dos respondentes (84,16%) avaliou como "muito boa" ou "boa" cada etapa do concurso, sendo que a prova prática presencial com pacientes obteve o melhor conceito. Os autores discutem as competências necessárias na atenção à saúde e que serviram de base para as principais modificações introduzidas no processo seletivo. Outro ponto relevante foi a importância da integração interdisciplinar da comissão de seleção. O alto índice de aprovação mostra que as mudanças realizadas foram pertinentes, e os graus atribuídos às diversas etapas do concurso podem contribuir para o aperfeiçoamento do processo seletivo e como instrumento de avaliação educacional dos recém-formados das faculdades de Medicina.
Resumo:
A Residência Médica (RM) está consagrada como a melhor forma de inserção de médicos na vida profissional e de capacitação numa especialidade. Observa-se uma discrepância entre o número de formandos candidatos à RM e o número de vagas credenciadas. Nesse contexto, alunos do quinto e sexto anos sacrificam a graduação médica durante os estágios curriculares para se dedicarem aos Cursos Preparatórios (CPs) para a RM. Buscou-se conhecer as expectativas dos alunos de Medicina em relação à RM, bem como suas opiniões sobre o surgimento dos CPs. Foram aplicados questionários com oito perguntas objetivas a 70,83% dos alunos do sétimo, oitavo e nono períodos da Faculdade de Medicina (FM). Todos afirmaram conhecer o método dos CPs; 76% pretendem se matricular; dos que não têm essa intenção, 63,17%, o principal motivo declarado é a falta de condições financeiras; 59,45% desaprovam o método atual de avaliação para a RM. Conclui-se que é necessário adequar os atuais métodos de ensino da FM ao modelo das avaliações da RM. Os critérios para o ingresso na RM poderiam ser ajustados, contemplando as habilidades práticas. As FMs devem, continuamente, disponibilizar material didático atualizado, moderno e acessível a todos os alunos.
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Para evitar a fragmentação e a estereotipia e favorecer uma aproximação antecipada da pratica médica, foi introduzido o curso de Semiologia Integrada no programa do segundo ano do curso médico da Unifesp. Este curso inclui a realização de anamneses no hospital, seguidas de discussões que contam com a participação conjunta dos professores de Psicologia Médica e de professores de diferentes áreas da Semiologia (Clínica Médica, Pediatria, Ginecologia, Obstetrícia e Geriatria). Foi dada atenção especial para apresentar ao estudante de Medicina um modelo que integrasse os aspectos biológicos, psicológicos e sociais do adoecer. Este artigo apresenta o projeto e as observações preliminares, que sugerem um importante potencial integrador tanto para os alunos quanto para os professores. São necessárias avaliações futuras para comprovar essas observações.
Resumo:
A importância da saúde mental nas práticas em saúde fez surgir nas escolas médicas a demanda por uma capacitação aprimorada dos graduandos nessa área. Este artigo tem como principal objetivo descrever a experiência da Liga Acadêmica de Saúde Mental (LISM) da Faculdade de Medicina de Botucatu - Unesp como atividade de ensino extracurricular. Relatam-se sua formação, objetivos, dificuldades iniciais, composição, modo de funcionamento e principais atividades desenvolvidas desde 2004. Acredita-se que a LISM tem tido êxito em complementar a formação médica nessa área, pois atua na prevenção e promoção da saúde, incluindo atividades voltadas à saúde mental dos estudantes. Discute-se também criticamente a atuação das Ligas de Saúde Mental nas escolas médicas, incluindo alguns riscos, como o de favorecer a especialização precoce em Psiquiatria, de aumentar a falsa dicotomia entre saúde física e mental ou simplesmente reproduzir atividades acadêmicas oficiais. Tais atividades extracurriculares não devem desmobilizar a comunidade acadêmica na luta pela valorização, integração e inserção sistemática e longitudinal de temas de saúde mental no currículo oficial dos cursos de graduação, indispensáveis à adequada formação dos médicos generalistas.
Resumo:
Esta pesquisa foi realizada em instituição pública universitária com o objetivo de melhor conhecer visões, valores e atitudes dos médicos docentes em relação aos pacientes em processo de morrer. Trabalhou-se com o conceito de representação social (Moscovici) e a metodologia qualitativa de análise do discurso do sujeito coletivo (DSC) proposta por Lefèvre e Lefèvre. Os discursos dos investigados revelaram que sofrem muito os médicos, os estudantes e os pacientes diante da morte. Articulados com o predomínio da ótica da biomedicina, prevalecem o despreparo profissional e a ausência de reflexão mais abrangente sobre a morte. Os investigados parecem não perceber relações entre o que falam de si próprios e o que dizem dos estudantes. Alterações na vida institucional parecem necessárias para o enfraquecimento de uma herança não percebida e que envolve médicos, pacientes e estudantes.
Resumo:
Este artigo analisa estudos que comparam a utilização da Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) na formação médica com o desenvolvimento de currículo tradicional de Medicina. O desenho metodológico, caracterizado como uma revisão da literatura sobre o assunto, realizada a partir de uma abordagem qualitativa, apoia-se na busca de artigos em bases de dados e bibliotecas virtuais, publicados de 1998 a 2008, com os termos medicina, graduação, aprendizagem baseada em problemas e ensino tradicional. O material foi estudado a partir da técnica de análise de conteúdo temática. A discussão se desenvolve a partir dos resultados acerca do uso da ABP na graduação médica em comparação aos resultados de cursos de currículo tradicional. Conclui-se que o uso da ABP na graduação médica pode ser uma alternativa na implementação das diretrizes brasileiras para a formação médica.