988 resultados para Romance, Sociedade e Censura
Resumo:
Este artigo discute o desenvolvimento dos conceitos democracia e sociedade civil, no Brasil dos anos 70. Defende a premissa de que seu início foi fortemente marcado por intelectuais acadêmicos de matriz marxista. Aponta que foi possível desenvolverem-se esses conceitos por uma vertente da dependência estrutural e da concepção de Estado burocrático-autoritário.
Resumo:
Este artigo pretende sustentar que, no atual quadro histórico mundial, o problema da segurança nacional e da soberania não pode ser analisado com os mesmos conceitos de antes: não é mais uma questão do Estado em sentido estrito, nem muito menos um problema militar, ainda que continue a ser uma questão de Estado. O problema deixou de pertencer exclusivamente ao campo das relações entre Estados e tornou-se um problema das comunidades como um todo, povos, governos, empresas, sociedades civis, cidadãos. Ultrapassou as fronteiras nacionais, por mais que continue a se enraizar em experiências nacionais concretas e a encontrar nelas boa parte de suas determinações. Justamente por isto, não pode ser resolvido nem “fora” do Estado ou “sem” o Estado, nem exclusivamente pelo Estado.
Resumo:
A ideologia da cultura no Brasil, abordada do ponto de vista de uma cultura mais e mais administrada e burocratizada. Os problemas decorrentes da falta de integração cultural do país — integração esta obstaculizada a nível da ideologia — e a necessidade de se formular uma teoria que dê conta dos mecanismos ideológicos engendrados nesse processo, e que atuem a nível do cotidiano, destruindo as possibilidades integradoras do processo cultural.
Resumo:
Procuramos apreender o pensamento de Gramsci no que diz respeito as funções da Igreja na Sociedade Moderna. Essas funções (política, ideológica, cultural e moral) da Igreja são analisadas na perspectiva do funcionamento da sociedade burguesa e do movimento socialista.
Resumo:
A significação das manifestações contidas na Revista, órgão cultural publicado em 1833 pela Sociedade Filomática da Faculdade de Direito de São Paulo, é obtida por meio da leitura do sentimento nacional nela expresso. As colocações teórico-literárias, sociais e outras podem ser retrógradas ou progressistas, mas todas se colocam baixo o crivo de teor exclusivamente pragmático: o de denúncia e/ou correção de carências existentes no país ou ainda de exaltação de conquistas modestas, não obstante nossas. Portanto, é o agudo sentimento de nacionalismo que justifica a Revista e lhe dá razão de ser. The significance of the manifestations found in the Revista (Port. For Journal), official cultural publication issued in 1833 by the Philomatic Society of the São Paulo school of Law, is obtained through the reading of the national feeling it expresses. The theoretico-literary and social positions, and others, may be backward or progressive, but all of them are placed under exclusively pragmatic screening: that of denunciation and/or correction of deficiencies existing in the country, or yet, the exhaltation of our conquests, moderate as they might be. It is the deep national feeling, therefore, which justifies the existence of the Revista.
Resumo:
Uma leitura atenta da ficção de Graciliano Ramos pode revelar uma forma aguda de refletir o mundo através de uma reflexão anterior sobre a própria linguagem da literatura e da sociedade. É uma leitura desse teor que se pretende mostrar, apoiada na conhecida teoria das funções da linguagem de Jakobson. Num jogo constante entre as funções fática e metalingüística, Graciliano Ramos demonstra visível consciência dos problemas de linguagem, cujo tratamento moderno aponta uma postura bastante crítica (via linguagem) perante o homem e a vida. An attentive of Graciliano Ramos’ fiction reveals a deep form of reflection on the world thorough a previous reflection on the very language of literature and society. Such a reading is here attempted based on Jakobson’s well known theory of language functions. In a constante play between the fatic and the metalinguistic function, Graciliano Ramos demonstrates a clear awareness of the problems of language, whose modern treatment points at a very critical poise (via language) before man and life.
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O estudo das inter-relações entre língua e sociedade, a partir de um corpus jornalístico, é o foco primordial desse livro. Trata-se da investigação do sistema de formas de tratamento nos jornais da Imprensa Negra paulista - movimento realizado por negros e destinado a essa população no período posterior à abolição da escravatura no Brasil - e em O Combate - jornal de circulação mais ampla na cidade de São Paulo no início do século XX. As formas de tratamento representam um exemplo privilegiado da relação entre a escolha linguística e seu motivador social. Elas foram analisadas a partir da relação de alguns pontos de vista teóricos, a saber: o estudo do jornal como um hipergênero, proposta de Bonini (2003, 2004, 2006), com o intuito de se avaliar as características peculiares de cada um dos gêneros do jornal; a proposta de análise da situação do interlocutor no momento da enunciação de Soto (2001); a investigação das marcas de interatividade, proposta por Andrade (2008); e a semântica do poder e da solidariedade de Brown e Gilman (1972 [1960]). O estudo desse fenômeno linguístico revelou à necessidade dos negros do período de conquistarem um espaço na sociedade paulistana da época e, dessa forma, a Imprensa Negra representava um espaço de circulação de sua voz na sociedade.
Resumo:
O principal objetivo desse estudo é apontar, descrever e analisar as formas de transposição dos pressupostos brechtianos de teatro em O render dos heróis, de José Cardoso Pires, e Felizmente há luar! de Luís de Sttau Monteiro e mostrar a relação dessas peças com o período anterior à Revolução de 25 de Abril, especificamente na década de 1960, marcada pelos processos de aplicação da censura. A matriz brechtiana em O render dos heróis e em Felizmente há luar!, além de ser a estética responsável por uma tentativa de inovação das formas dramáticas praticadas em Portugal, também confirma a preocupação dos autores com a expressão de um posicionamento crítico perante a realidade, com os rumos da dramaturgia e com o papel do dramaturgo em seu tempo e lugar.
Resumo:
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
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Ao estudar os romances policiais mais vendidos no Brasil entre 2000 e 2007, Fernanda Massi constatou um grande distanciamento entre esses textos e os romances policiais tradicionais. Nos livros escritos por autores clássicos como Agatha Christie, Conan Doyle e Georges Simenon, há algumas características recorrentes: um crime de autoria desconhecida, um criminoso com motivos para assassinar e um detetive encarregado de encontrar a identidade do criminoso e entregá-lo à polícia para que receba a merecida punição. Nesta obra, Massi nota que autores contemporâneos como Rubem Fonseca, Luiz Alfredo Garcia-Roza e Dan Brown, entre outros, mantêm a tríade criminoso-vítima-detetive, pois ela é indispensável ao enredo. Mas utilizam o núcleo do romance policial para abordar outros temas, como adultério, corrupção em órgãos públicos, segredos de fundo religioso ou deterioração familiar. Assim, segundo a autora, esses escritores escrevem com uma liberdade característica da pós-modernidade: desenvolvem a narrativa seguindo o modelo fixo de estrutura do gênero policial, porém de modo vivo e adaptado à contemporaneidade, inclusive no que concerne aos valores morais. O diagnóstico alcançado lança nova luz sobre o cenário contemporâneo da literatura policial.
Resumo:
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
Resumo:
O autor tenta mostrar que Ressurreição, romance publicado por Machado de Assis em 1872, não apenas diverge em parte do gosto literário vigente na época como instaura uma nova temática na tradição romanesca brasileira, que era, então, ainda bastante incipiente: a dúvida. Segundo o pesquisador, por meio de uma técnica que ao mesmo tempo explica os expedientes narrativos e conta a história do protagonista, o narrador consegue fazer confluir para o campo da incerteza tanto o ponto de vista quanto a perspectiva do herói. Há por isso, em Ressurreição, certa suspensão da realidade, que para o pesquisador afasta a obra das abordagens convencionais do romance urbano do romantismo brasileiro e a aproxima do romance mais moderno que se fazia na Europa. Ali, essa modalidade literária adquiriu status de gênero burguês por excelência, por expressar os valores, os costumes e os anseios dessa classe e ainda servir como vigoroso instrumento de análise da nova civilização do capital. Do mesmo modo, para o autor, o romance de Machado, ao redefinir seus próprios procedimentos estruturais e reelaborar sua temática, sofisticando a percepção da realidade, logra promover uma densa análise crítica dos indivíduos e de seus interesses subjacentes às interações sociais. É, neste sentido, um dos embriões dos grandes romances da fase madura do escritor carioca
Resumo:
O trabalho busca analisar a apropriação que dois romances históricos brasileiros contemporâneos fazem dos mitos literários hispânicos do pícaro e de Dom Juan: O Chalaça (1994), de José Roberto Torero e O feitiço da ilha do Pavão (1997), de João Ubaldo Ribeiro. Segundo o autor, ambos privilegiam uma releitura crítica da história oficial, especialmente por meio de recursos como a carnavalização, a ironia, a intertextualidade e a metaficção. Na abordagem do romance de Torero, o autor discute as relações que o livro estabelece com a picaresca espanhola clássica, a partir de um jogo de máscaras e níveis narrativos, uma maneira engenhosa de fazer reemergir um personagem (o Chalaça) que teve grande importância política no Primeiro Reinado, mas foi soterrado pela história oficial como um mero alcoviteiro a serviço de Dom Pedro I. No romance de João Ubaldo Ribeiro, é posto em debate o processo pelo qual o texto, ao dialogar com as narrativas do realismo mágico, reitera o mito de Dom Juan em uma imaginária ilha do Pavão, localizada no Recôncavo Baiano e eivada de conflitos entre o grupo principal de personagens (e seus ideais de liberdade e igualdade) e as instituições oficiais no período colonial, como a Igreja e o Estado, que tentam impor as mais diversas formas de dominação. Para o autor, esses dois romances, além de se aproximarem pela via da apropriação mítica e da intertextualidade, ainda utilizam anti-heróis como referências de um espaço social excêntrico, contrário às normas instituídas, o que também iria ao encontro de aspectos mais tipicamente desconstrucionistas do romance histórico contemporâneo
Resumo:
O objetivo da autora aqui é discutir como se dá, no trabalho da romancista e contista escocesa Muriel Spark (1918-2006), a constituição das personagens femininas e a forma como estas veem a si mesmas e aos outros. A análise tem como base a coletânea composta de 41 contos publicada em 2001 sob o título de All the Stories of Muriel Spark (inédita no Brasil), cujas narrativas, em sua maioria, já haviam sido publicadas anteriormente em outras coletâneas ou em outros meios, como jornais e revistas. A autora também estuda nos contos o modo como os textos da escritora revelam sua visão peculiar do mundo e dos indivíduos, que foi se tornando mais amarga, embora mais compreensiva, com o passar do tempo. As narrativas curtas sparkianas se distinguem por refletir os diferentes contextos históricos vividos pela escritora: há contos que têm como ambiente a África, onde ela viveu nos anos 1930 e 1940, outros que se passam na Europa do pós-guerra e ainda os contos escritos mais recentemente. De passagem, a pesquisadora também analisa o engajamento político e ideológico de Muriel Spark, cuja vida conflituosa não a impediu de alcançar considerável sucesso de crítica e público nos países de língua inglesa. Sua obra-prima, o romance Primavera de Miss Jean Brodie (1961), foi adaptada para o cinema - o filme foi exibido no Brasil sob o título Primavera de uma Solteirona