994 resultados para Escritor


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Este texto analisa algumas das marginálias de João Antônio realizadas na obra Noturno da Lapa, de Luís Martins, pertencente à sua biblioteca pessoal. A investigação sobre essas marcas de leitura somada a enunciados de João Antônio, proferidos em entrevistas, permite depreender elementos particulares da formação estética deste escritor. Os posicionamentos contrários à narrativa de Luís Martins revelam uma concepção de literatura fundamentada na necessidade de uma escrita atenta à realidade com uma evidente postura de contestação social. As marginálias focalizadas, além de atuarem como registros do ponto de vista estético de João Antônio, fornecem elementos explícitos do diálogo deste leitor com a obra e o contexto literário da época, conforme propõem os estudos de Mikhail Bakhtin sobre dialogismo. Este estudo contribui para sedimentar a importância deste tipo de objeto extraliterário como fonte hábil para se refletir sobre o pensamento e a formação estética de um escritor.

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Pós-graduação em Letras - FCLAS

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Pós-graduação em Letras - FCLAS

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Pós-graduação em Letras - FCLAS

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Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

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Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

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Por meio de rica análise do trabalho do ficcionista mineiro Roberto Drummond, Maria Lúcia Outeiro Fernandes busca, neste livro, articular o trabalho do autor de Coca-Cola e guerrilha e O tecedor de vento com vários temas centrais da arte e da cultura contemporâneas. Explicitando os traços presentes na obra do escritor, Fernandes apresenta uma expressiva contribuição ao estudo dos procedimentos formais e posicionamentos ideológicos que permeiam grande parte da produção literária das últimas décadas do século XX, como o ecletismo de estilos, a metaficção historiográfica, o pastiche, a intertextualidade e o hiper-realismo. O deslocamento de fronteiras entre produção erudita e de massas também faz parte do foco da autora. Fernandes discute ainda as possíveis relações entre essas constantes e alguns problemas que emergiram na cultura ocidental principalmente a partir da década de 1960, como a morte da arte, o ocaso das vanguardas, o anti-humanismo, a sociedade do simulacro, a supervalorização da informação, o ceticismo em relação às utopias. São temas que, em Drummond, conduzem ao que a autora chama de perspectivas pós-modernas da ficção.

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Em Pelos olhos do menino de engenho, a socióloga Carla de Fátima Cordeiro busca identificar um pensamento social relativo à questão racial no Brasil na década de 1930, a partir da análise dos personagens negros presentes na obra de José Lins do Rego. Descendente de senhor de engenho, o escritor paraibano, ao lado de Gilberto Freyre, foi um dos mais destacados participantes do Movimento Regionalista Nordestino, que defendia os verdadeiros valores brasileiros, baseados na ordem social anterior: latifundiária, escravista e açucareira. Lins do Rego criou seus principais romances, considerados fortemente autobiográficos, entre 1934 e 1942, época em que as velhas estruturas econômicas e de relações sociais dos engenhos de cana-de-açúcar se encontravam em franco declínio. A autora traz à luz um processo fundamental da História do país, concluindo que o processo de decadência dos velhos modos de produção refletiu-se na narrativa dos romances, em que a violência, principalmente contra os subalternos negros, tornou-se cada vez mais presente. Dessa forma, ela demonstra como a ficção literária expressou o comportamento do poder patriarcal, que passou a sentir-se ameaçado pela inevitável introdução do trabalho livre.

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A ecosofia, termo criado pelo filósofo francês Félix Guattari, baseia-se em uma articulação ético-política entre três campos ecológicos - do meio ambiente, das relações sociais e da subjetividade humana. Para Guatarri o homem moderno só poderá resolver seus impasses por meio da ecosofia, conceito que pressupõe uma nova maneira de ser e estar no mundo, a qual implica na reinvenção dos modos de vida, da sensibilidade, da inteligência, e exclua as relações de poder. Partindo desse conceito, o professor de Literatura Márcio Matiassi Cantarin aprofunda-se na obra do escritor moçambicano Mia Couto. O autor descola sua análise do eixo da crítica literária convencional, que tem preferido analisar a literatura produzida na África quase que exclusivamente pela perspectiva das relações coloniais e pós-coloniais, exigindo do escritor passaporte africano. Cantarin considera Couto um criador cujos temas transcendem fronteiras nacionais. No decorrer da obra, ele contextualiza os escritos de Couto em relação aos aspectos políticos, sociais e literários de Moçambique e faz considerações sobre a origem da separação entre o humano e o mundo natural, oferecendo uma visão geral sobre as teorias ecocrítica e ecofeminista. O último capítulo é dedicado à analise literária de 26 contos de Mia Couto sob o prisma da ecosofia.

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Roxana Guadalupe Herrera Alvarez procura discutir nesta obra o processo de criação artística a partir das questões relativas ao conceito de realidade, desenvolvidas pelo pensador suíço Jean Piaget. A autora destoa, porém, da abordagem mais generalista de Howard Gardner - o primeiro a aplicar Piaget nos estudos sobre a criação artística e de quem se declara seguidora neste trabalho. Aqui ela utiliza a função simbólica piagetiana para analisar especificamente a obra do contista e romancista argentino Julio Cortázar (1914-84). Para a pesquisadora, Cortázar é um excelente ancoradouro para essa proposta: o escritor se revela como um criador de mundos, ao romper com os moldes literários clássicos, especialmente do conto, por meio de narrativas que desafiam a linearidade temporal e onde os personagens adquirem autonomia e profundidade psicológica inédita, inclusive negando o mundo como um lugar absoluto, conhecido e seguro. A produção do autor argentino também é fértil em reflexões constantes sobre o ato criador, o que permite à autora estabelecer, por esta via de mão dupla na obra cortazariana, uma relação profícua entre a criação de uma obra artística e os primórdios da consciência do artista que a criou.

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Alessandra Santos Nascimento discute, neste livro, o papel desempenhado por Fernando de Azevedo (1894-1974) na institucionalização da Sociologia no país, refletindo também acerca de atuação do sociólogo, professor e escritor mineiro radicado em São Paulo no processo de modernização do Brasil entre as décadas de 1930 e 1960. A pesquisadora lança a hipótese de que a trajetória institucional e a obra de Fernando Azevedo - que escreveu perto de duas dezenas de livros e centenas de ensaios e artigos, principalmente para o jornal O Estado de São Paulo - demonstram que a história das Ciências Sociais no Brasil demanda uma interpretação diferente da que hoje vigora quase como um cânone: a de que sua institucionalização teria ocorrido a partir da década de 1960. Para a autora, a atuação de Azevedo mostra que tal processo começou bem mais cedo: no fim dos anos 1920 ele já despontara como significativo intérprete da cultura nacional, apaixonado humanista e importante construtor institucional do que aos poucos se tornariam as Ciências Sociais brasileiras.

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Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

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O autor tenta mostrar que Ressurreição, romance publicado por Machado de Assis em 1872, não apenas diverge em parte do gosto literário vigente na época como instaura uma nova temática na tradição romanesca brasileira, que era, então, ainda bastante incipiente: a dúvida. Segundo o pesquisador, por meio de uma técnica que ao mesmo tempo explica os expedientes narrativos e conta a história do protagonista, o narrador consegue fazer confluir para o campo da incerteza tanto o ponto de vista quanto a perspectiva do herói. Há por isso, em Ressurreição, certa suspensão da realidade, que para o pesquisador afasta a obra das abordagens convencionais do romance urbano do romantismo brasileiro e a aproxima do romance mais moderno que se fazia na Europa. Ali, essa modalidade literária adquiriu status de gênero burguês por excelência, por expressar os valores, os costumes e os anseios dessa classe e ainda servir como vigoroso instrumento de análise da nova civilização do capital. Do mesmo modo, para o autor, o romance de Machado, ao redefinir seus próprios procedimentos estruturais e reelaborar sua temática, sofisticando a percepção da realidade, logra promover uma densa análise crítica dos indivíduos e de seus interesses subjacentes às interações sociais. É, neste sentido, um dos embriões dos grandes romances da fase madura do escritor carioca

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Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

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Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)