Performance, représentation et (il)lisibilité du genre dans la fiction sandienne des années 1830

Dans son premier roman, Indiana (1832), Sand établit un réseau de correspondances entre la langue, la performance et l'identité sexuelle qui n'ont pas encore fait l'objet d'une étude approfondie. Or, ces correspondances sous-tendent d'autres romans des années 1830, notamment Lélia (1833), Le Secrétaire intime (1834) et Gabriel (1839). Deux concepts – la performance et la lisibilité – fondent en fait les réflexions de Sand sur la représentation et le genre. Il s'agit dans cet article d'étudier ce réseau d'associations et d'explorer son évolution dans la fiction sandienne des années 1830. Cette analyse permettra de souligner comment, chez Sand, la performativité du genre met en question et trouble la représentation mimétique.

'Strange Visitor From Another Planet': Genre, Corporate Identity and the Arrival of American Telefantasy on British Television

While the BBC had been broadcasting television Science Fiction productions from as early as 1938, and Horror since the start of television in 1936, American Telefantasy had no place on British television until ITV’s broadcast of Adventures of Superman (1952-1958) in 1956. It would be easy to assign this absence to the avoidance of popular American programming, but this would ignore the presence of Western and adventure serials imported from the US and Canada for monopoly British television. Similarly, it would be inaccurate to suggest that these imports were purely purchased as thrilling fare to appease a child audience, as it was the commercial ITV that was first to broadcast the more adult-orientated Science Fiction Theatre (1955-7) and Inner Sanctum (1954). This article builds on the work of Paul Rixon and Rob Leggott to argue that these imports were used primarily to supply relatively cheap broadcast material for the new channel, but that they also served to appeal to the notion of spectacular entertainment attached to the new channel through its own productions, such as The Invisible Man (1958-1959) and swashbucklers such as The Adventures of Robin Hood (1955-60). However, the appeal was not just to the exciting, but also to the transatlantic, with ITV embracing this conception of America as a modern place of adventure through its imports and its creation of productions for export, incorporating an American lead into The Invisible Man and drawing upon an (inexpensive) American talent pool of blacklisted screenwriters to provide a transatlantic style and relevance to its own adventure series. Where the BBC used its imported serials as filler directed at children, ITV embraced this transatlantic entertainment as part of its identity and differentiation from the BBC.

Wino's vanitas:Ivresse transgressive et affirmation littéraire dans les romans noirs de Ken Bruen

Based on a theoretical framework owing to Bourdieu, Viala and Meizoz successive adjustments of the notion of literary posturing, and on Maingueneau's concept of auctorial scenography, this chapter probes the writer's ethos of Irish crime fiction author Ken Bruen and its impact on his reception in the French literary field. It studies in particular the double transgression characteristic of his ethos as a pioneer of the Irish noir : a cultural transgression attacking relentlessly the international currency of myths and stereotypes of Ireland, and a generic transgression, which thrives in the tension between codes and constraints of the noir novel.

Sources, signification and genre stability in American Film Noir

O conceito film noir é manifestamente complexo de ser definido. Atendendo a que não existe um estudo verdadeiramente completo sobre a estilística do film noir, esta tese, inserida no âmbito dos Estudos Cinematográficos, pretende ser uma tentativa de exploração do conceito film noir e do género cinematográfico sob vários aspectos. Trata-se, no fundo, de uma forma de restabelecer este conceito descritivo americano, desde o início dos anos quarenta até finais dos cinquenta, através de um processo de análise iconográfica. Este projecto focaliza-se na seguinte questão de investigação: pode o film noir americano ser considerado um género cinematográfico enquanto tal? Numa primeira fase, analisam-se os contextos cinematográfico e social preexistentes no cinema noir de modo a compreender este fenómeno cinematográfico, enquanto uma extensão do movimento hard-boiled, uma cosmovisão subversiva que descaradamente se opõe aos mitos americanos da auto-promoção americana, que marcaram muitos filmes de Hollywood durante a época da Depressão. Depois, descrevem-se os movimentos culturais específicos, bem como os acontecimentos sociopolíticos da época, a psicanálise, o estruturalismo e a teoria de autor, que ajudaram a contextualizar os padrões do film noir e a forma como o conceito acabou por gradualmente penetrar na cultura americana. As películas a analisar concentrar-se-ão sobre símbolos visuais específicos e elementos cinematográficos (tais como os das técnicas de iluminação e fotografia), adoptando uma perspectiva semiótica. Através dos conceitos saussuriano de “signo” e de “ícone” perceiano, procuro demonstrar de que forma os símbolos em filmes noir constituem significados que são enfaticamente indexicais, isto é, de que maneira eles são transversais, passando de um símbolo para outro (ou evento), direccionando e coagindo a atenção do espectador. A tese conclui então que o filme noir não pode ser considerado e entendido como um género fílmico e que o seu estilo visual (o aspecto dominante do cinema noir) tem como propósito acentuar o desencanto sentido no rescaldo da guerra, representar os meandros da vida urbana americana e, principalmente, enfatizar a incerteza, a ansiedade e o lado obscuro da existência humana.

Création littéraire sous contexte médiatisé: l'œuvre de Michel Houellebecq, Amélie Nothomb et Jacques Chessex

Partindo da análise dos processos de legitimação e de consagração que regem, a partir da segunda metade do século XX, a mediatização do campo literário, propomo-nos estudar os peri-fenómenos consequentes, tal como a correlação possível entre essa circunstância e a própria criação. O objeto deste estudo focaliza-se na produção de três escritores paradigmáticos das letras de expressão francesa europeias contemporâneas, cuja mediatização acompanha a popularidade: o francês Michel Houellebecq, a belga Amélie Nothomb e o suíço romando Jacques Chessex. Interrogamo-nos sobre as relações possíveis entre os instrumentos dessa mediatização e os seus efeitos nas opções de escrita destes três escritores. Atenta à projeção transfronteiriça de autores e de obras, resultado de uma convergência de alguns fatores de mediatização, mas também às particularidades da memória cultural e literária onde se inscrevem as literaturas respectivas (num percurso de legitimação progressiva das literaturas de periferia face à centralidade franco-francesa), a nossa reflexão visa também contribuir para uma recontextualização do cânone da literatura francesa no contexto globalizado da sociedade mediática contemporânea na qual os autores visados estão comprometidos.