878 resultados para Prof. Dr.-Ing. habil. Hans-Georg Marquardt
Resumo:
A crise de retenção esplénica é uma complicação, frequentemente, fatal da drepanocitose. É rara em adultos, pela elevada incidência de autoesplenectomia durante a infância. Heterozigóticos com traços de drepanocitose e de beta-talassémia têm fenótipos menos graves, podendo manter um baço funcional até à idade adulta. Descrevemos um caso de crise de retenção esplénica num homem de 19 anos, com concentração mínima de hemoglobina de 2,9g/dL, que resolveu após esplenectomia emergente. Os poucos casos descritos na literatura acarretam uma mortalidade elevada. Um diagnóstico rápido e actuação imediata são necessários para garantir a sobrevivência. É apresentada uma revisão da fisiopatologia e da abordagem terapêutica desta entidade.
Resumo:
Introdução: As fístulas vesico-vaginais são, de todas as fístulas do aparelho urinário, as mais frequentes. A etiologia deste tipo de fístulas, varia de acordo com a região do globo. Nos países em vias de desenvolvimento, a principal causa de fístulas vesico vaginais corresponde a complicações obstétricas. A pressão exercida pelo feto, nas paredes da vagina, bexiga e uretra proximal leva muitas vezes à necrose dos tecidos. Esta necrose pode levar a um conjunto de complicações que vão desde as fístulas vesico vaginais, estenose vaginal, atresia rectal, infertilidade secundária, ou mesmo à incompetência do esfíncter anal e osteíte púbica. Apresentamos 3 casos clínicos de fístulas vesico vaginais de causa obstétrica bem como uma revisão dos aspectos teóricos e técnicos do diagnóstico e tratamento desta patologia. Materiais e Métodos: Descrevem-se 3 casos clínicos de fístulas vesico vaginais de causa obstétrica tratadas em 2012. O primeiro caso foi abordado por via vaginal reparado em três planos, utilizando-se o retalho de Martius. Os outros dois casos devido à localização e complexidade da fístula foram abordados por via abdominal com interposição de epíploon. Resultados: No primeiro caso a doente foi seguida noutra instituição, nos outros dois casos não houve recidiva da fístula num follow up de 6 e 12 meses respectivamente. Relativamente à correção cirúrgica obedeceu-se aos seguintes princípios: uma boa exposição do trajecto fistuloso, desbridamento do tecido desvitalizado e isquémico, utilização de retalhos bem vascularizados e preenchimento do espaço livre. O encerramento foi realizado em vários planos, sem sobreposição das suturas, sempre sem tensão. Discussão: As fístulas vesico-vaginais permanecem um enorme desafio do ponto de vista cirúrgico, necessitando de uma abordagem multidisciplinar, bem como da criação de centros de referência.
Resumo:
A paralisia periódica hipocaliémica é uma complicação neurológica do hipertiroidismo, especialmente na doença de Graves, rara em não asiáticos. Caracteriza-se por episódios auto-limitados recorrentes de fraqueza muscular que afecta sobretudo os músculos proximais dos membros inferiores. Acompanha-se de hipocaliémia, potencialmente grave. Apresenta-se o caso de um doente de 39 anos, caucasiano, com doença de Graves, medicado com carbimazol. Durante 3 meses, teve episódios recorrentes de tetraparésia de predomínio proximal, de curta duração, que surgiam após períodos de repouso, motivo pelo qual foi internado. Por manter episódios de agravamento da tetraparésia, associados a hipocaliémia e hipomagnesiémia, e por, laboratorialmente, apresentar hipertiroidismo, admitiu-se a hipótese de paralisia periódica hipocaliémica e iniciou terapêutica com tiamazol, corticoterapia, propranolol e reposição iónica, verificando-se melhoria progressiva. O caso exposto é um exemplo de uma situação incomum, em que a suspeita clínica é fundamental, porque o diagnóstico pode ser difícil. A terapêutica precoce do hipertiroidismo é imprescindível.
Resumo:
Introdução: A recusa escolar, definida como ausência escolar por causas emocionais, é o motivo de encaminhamento mais frequente para o Hospital de Dia de Adolescentes da Clí- nica da Juventude. Objectivos: Este estudo pretendeu caracteri- zar os jovens admitidos por recusa escolar e avaliar a sua situação 27 a 60 meses após a sua admissão no Hospital de Dia da Clínica da Juventude. Métodos: Consulta dos processos clínicos de todos os doentes admitidos entre 01 de Janei- ro de 2010 e 31 de Julho de 2012, de modo a avaliar as variáveis: motivo de admissão, sexo, idade, retenções escolares prévias, diag- nóstico, presença de psicopatologia parental, duração do seguimento e número de sessões efectivadas. Foi, ainda, realizado um ques- tionário por via telefónica a todos os doentes que tinham sido admitidos por recusa esco- lar, 27 a 60 meses após a admissão, de modo a apurar a situação escolar/laboral actual, manutenção de seguimento psiquiátrico e sintomatologia emocional e comportamen- tal actual.
Resumo:
Introdução: A dependência alcoólica repre- senta uma das mais prevalentes perturbações psiquiátricas, constituindo um importante problema de Saúde Pública. O tiaprida é um dos fármacos com indicação clínica nas per- turbações do comportamento na abstinência alcoólica. Objetivo: Esclarecer se a utilização do tiapri- da é fundamentada pela evidência científica no tratamento da dependência alcoólica (sín- drome de abstinência e manutenção da absti- nência). Métodos: Pesquisa bibliográfica em diferen - tes bases de dados utilizando os termos MeSH: alcoholism e tiapride. Limitou-se a pesquisa a artigos publicados nos últimos 20 anos, em inglês, português ou espanhol. Os níveis de evidência e forças de recomendação foram atribuídos segundo a escala Strength of Rec- ommendation Taxonomy (SORT) da Amer- ican Family Physician. Resultados: De um total de 22 artigos identi- ficados, foram incluídos cinco ensaios clínicos controlados e aleatorizados. Da análise dos ar- tigos, dois mostraram que o tiaprida poderia ser uma opção eficaz no tratamento da sín - drome de abstinência alcoólica. Em relação à manutenção da abstinência, os resultados fo- ram contraditórios, com um estudo a mostrar superioridade e dois inferioridade em relação ao placebo. Conclusões: A evidência científica mos- trou benefício para a utilização do tiapri- da na síndrome de abstinência alcoólica (SORT B), embora esta recomendação seja suportada apenas por dois estudos hetero- géneos. Em relação à manutenção da abs- tinência, o uso do tiaprida não é suporta- do pela evidência científica mais recente (SORT B). Contudo, são necessários mais estudos científicos de boa qualidade meto- dológica que avaliem se o tiaprida é de facto uma terapêutica efetiva no tratamento da dependência alcoólica.
Resumo:
Introdução: A epilepsia é uma doença neu- rológica crónica prevalente. Devido a fatores biológicos, psicológicos e sociais, os afetados pela doença apresentam maior susceptibili- dade de desenvolvimento de morbilidades psi- quiátricas. Objetivos: Revisão crítica da associação entre epilepsia e patologia psiquiátrica, permitindo aos clínicos uma abordagem mais consciente e informada. Métodos: Os artigos incluídos foram selec- cionados através da base de dados Pubmed com a query “((“Epilepsy”[Mesh]) AND “Mental Disorders”[Mesh]) AND “Comor- bidity”[Mesh]”. Adicionalmente foram con- sultados relatórios oficiais da Internacional League Against Epilepsy e World Health Or- ganization. Resultados e Conclusões: Cerca de 15% a 70% dos doentes com epilepsia apresentam patologia psiquiátrica, que pode ser classifi- cada em peri-ictal ou inter-ictal. A depressão é a patologia mais frequente, podendo ter uma prevalência de 70%, seguida das pertur- bações de ansiedade. A relação entre epilepsia e psicose poderá dever-se ao papel etiológico comum da patologia cerebral subjacente. As crises não epiléticas psicogénicas configuram um desafio diagnóstico e terapêutico, tendo uma apresentação clínica sugestiva de cri- ses epiléticas mas sem as alterações eletro- fisiológicas correspondentes, podendo surgir em doentes com e sem epilepsia. Apesar da sua heterogeneidade, os diferentes estudos globalmente evidenciam uma prevalência aumentada de patologia psiquiátrica em doentes com epilepsia. A natureza da relação entre estas patologias ainda não está inequi- vocamente esclarecida, revelando a insufi- ciência de conhecimento sobre esta temática. O presente trabalho reforça a necessidade da intervenção multidisciplinar por parte da neurologia, psiquiatria e psicologia, em indi- víduos com epilepsia e patologia psiquiátrica concomitante.
Resumo:
Introdução: O insulinoma é um tumor neu- roendócrino do pâncreas, cuja prevalência es- timada é de 4 casos por 1 milhão de pessoas/ ano. Na maioria dos doentes, a apresentação cursa com sintomas neuropsiquiátricos, se- cundários à hipoglicemia. Objectivos: Pretendemos rever as manifesta- ções neuropsiquiátricas secundárias ao insuli- noma. Para enfatizar a complexidade do tema, apresentamos um caso clínico cujas alterações do comportamento foram a forma de apresen- tação de um insulinoma. Métodos: Efectuámos uma revisão da litera- tura publicada entre 1992 e 2013, através da PubMed. Para a elaboração do caso clínico consultámos o processo clínico da doente. Resultados: O caso clínico apresentado re- trata as dificuldades de diagnóstico dos qua - dros que se apresentam com sintomas que se sobrepõem a síndromes neurológicos/psi- quiátricos. Conclusão: Os insulinomas podem cursar com sintomas neuropsiquiátricos, dificultando um diagnóstico atempado. Deste modo, os autores consideram que é fundamental a realização de uma história clínica detalhada, de forma a pre- venir potenciais erros de diagnóstico.
Resumo:
Introdução: O conceito de psicose ciclóide foi descrito pela primeira vez por Karl Kleist. Mais tarde, Leonhard propôs a corrente conceptualização descrevendo três subtipos da doença e Perris desenvolveu os primeiros critérios diagnósticos operacionais. O diagnóstico de psicose ciclóide possui uma longa tradição na psiquiatria europeia, mas o conceito ciclóide não está explicitamente patente nos esquemas internacionais de diagnóstico (DSM 5 e ICD-10) suscitando um debate controverso quanto à sua utilidade e validade. Objetivos: O presente artigo pretende, a partir de um caso clínico, abordar o conceito de psicose ciclóide enfatizando a sua importância à luz da psiquiatria atual, discutindo o uso do conceito e a sua validade clínica e preditiva. Métodos: Os autores apresentam um caso clínico de psicose recorrente com total remissão interepisódica e afetação funcional mínima. Resultados e Discussão: O artigo ilustra a importância de estarmos atentos ao diagnóstico de psicose ciclóide dado o seu prognóstico e tratamento distinto das restantes psicoses. Conclusão: Enquanto esta perturbação, de incidência desconhecida, não for devidamente explorada, mais investigação será necessária dado o seu prognóstico favorável e a sua patofisiologia e tratamento potencialmente distintos.
Resumo:
Introdução: A Síndrome de Cotard (SC) é uma Síndrome neuropsiquiátrica rara e grave, cuja característica central é a existência de delírios niilistas. Tem surgido controvérsia relativamente ao quadro clínico que Jules Cotard descreveu e recentemente têm sido feitas tentativas, não só para clarificar a terminologia utilizada, mas também para definir dife - rentes subtipos desta síndrome e explorar as suas bases biológicas. Objetivos: Rever sumariamente a termino- logia, etiologia, epidemiologia e diagnósticos diferenciais desta síndrome, a propósito da descrição de dois casos clínicos. Métodos: Pesquisa bibliográfica através das bases de dados eletrónicas Medline e Gallica (Biblioteca Nacional de França), consulta de registos clínicos e entrevistas diretas com os doentes. Resultados e Conclusões: Tipicamente os doentes diagnosticados com SC verbalizam a ideia delirante de que estão mortos ou prestes a morrer. Podem, no entanto, negar apenas a existência de partes do corpo ou do funcionamento de órgãos, ou chegar mesmo a pôr em causa a própria existência do mundo externo. Ilustramos o caso de uma doente de 66 anos com o diagnóstico de perturbação afetiva bipolar, admitida no contexto de um episódio depressivo grave com sintomas psicóticos, compatível com o tipo II da SC, e o caso de um jovem de 22 anos admitido por um primeiro surto psicótico com características esquizomorfas, que apresentava delírios niilistas configurando uma SC tipo I.
Resumo:
Introdução: A perturbação bipolar afecta aproximadamente 1% da população, com o diagnóstico geralmente estabelecido durante a adolescência/início da idade adulta e sendo apenas feito em 0.1% da população geriátrica. A perturbação bipolar de início tardio é heterogénea e a sua etiopatogenia é complexa. A idade de início tem um impacto significativo na natureza e curso desta doença. Objectivos: As autoras apresentam um caso de perturbação bipolar de início tardio, aos 76 anos, sem que esteja identificada uma causa orgânica subjacente. Conclusão: Este caso demonstra a importância de um amplo diagnóstico diferencial e manejo farmacológico, quando se abordam sintomas maniformes/depressivos de novo em doentes geriátricos.