1000 resultados para Cartografia simbólica das idéias
Resumo:
Toma-se como problema central especificar as formas pelas quais se configuram relações de reconhecimento do religioso pelo Estado no Brasil no quadro definido pelo regime republicano. Em outras palavras, considerando a laicidade por causa dela ou apesar dela , como o Estado foi legitimando a presença do religioso no espaço público. No caso da Igreja Católica, isso ocorreu inicialmente por meio de uma aliança simbólica e material e com a ajuda de um regime jurídico de baixo controle estatal. No caso do espiritismo, ocorreu em meio a uma batalha pela legitimidade de práticas com algum sentido terapêutico. No caso dos cultos afros, envolveu a aceitação de um argumento culturalista. Partindo do delineamento histórico de diferentes modalidades de reconhecimento, busca-se a caracterização do que ocorre atualmente, considerando a presença dos evangélicos no espaço público. De modo geral, trata-se de problematizar a definição de fronteiras no interior do campo religioso e nas relações entre religião, sociedade e Estado no Brasil.
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Este artigo discute a elaboração simbólica do transe no Centro Espírita Beneficente União do Vegetal. Por meio da análise comparativa com o Santo Daime, interrogo os modos de constituição do contato com o sobrenatural em ambos os grupos, articulando-os às representações hierarquicamente ordenadas de forças que aí incidem e impelem o sujeito à ação no mundo. Proponho pensar o transe ayahuasqueiro em diálogo com os estudos dos cultos mediúnicos no Brasil, chamando a atenção para a dimensão da modernidade nesse campo, onde um projeto de interioridade caminha ao lado dos "ensinamentos do Mestre".
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Com base em pesquisas de campo, este trabalho analisa as estratégias litúrgicas da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) nas cidades de Roma, Madri e Barcelona. O foco da análise se encontra nas formas como a instituição, em suas diversas atividades (que se definem como "curativas" e que prometem sanar qualquer tipo de problema - seja de ordem social, física ou espiritual), viabiliza a inteligibilidade de conceitos e práticas para grupos de fiéis que são compostos, majoritariamente, por imigrantes das mais diversas nacionalidades, e também por membros das sociedades locais. Os dados etnográficos sugerem que os sentidos terapêuticos e de eficácia simbólica que costumam ser atribuídos por tais grupos de fiéis às atividades da IURD devem-se, em especial, à capacidade desta instituição em dialogar com públicos heterogêneos (tanto em termos socioculturais, quanto de origens nacionais e de experiências religiosas prévias), porém que em diversos casos apresentam importantes semelhanças: concepções de sagrado que são vinculadas a elementos que provêm de crenças e ritos relacionados com esoterismo, xamanismo e "bricolagens religiosas individuais". As estratégias analisadas evidenciam não apenas a interculturalidade de uma igreja neopentecostal brasileira atuante na Europa, mas também a ocorrência de dinâmicas da esfera religiosa nesse continente, antes só exportador de instituições e doutrinas religiosas e hoje, também um território fértil para o trabalho missionário.
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Resumo Neste artigo tomamos os conceitos de religião e espaço público como domínios relacionais. A partir dessa abordagem, seguimos as propostas de van de Port no que se refere à circularidade do candomblé de orixá no espaço público baiano, buscando articular as ideias do autor ao reconhecimento de que a circularidade produz uma cartografia atravessada por mediadores heterogêneos, ou seja, de que o candomblé propicia agenciamentos variados, incluindo-se, entre esses, os bens simbólicos de ampla circulação no espaço público. Com base nesses argumentos, procuramos compreender as relações entre candomblé de egun e candomblé de orixá na Ilha de Itaparica, apresentando elementos etnográficos que sugerem uma problematização do argumento de van de Port, indicando que a circulação do candomblé nessa localidade não se processa como em Salvador, mas apresenta assimetrias importantes nos modos de legitimação e visibilização social dessa religião em Itaparica.
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Trata-se de uma síntese das principais idéias de René Passeron a propósito da fundamentação de uma análise lingüístico-semiótica das obras pictóricas. Em que medida um quadro pode ser considerado um texto? Quais seriam os elementos básicos de uma pintura? Podemos falar em articulações de unidades no campo visual definido por uma obra dessa natureza? E quais os repertórios e as regras combinatórias? O artigo propõe a discussão destes problemas a partir das rigorosas e oportunas colocações do importante teórico, crítico e historiador da arte, infelizmente quase desconhecido entre nós.
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O conceito de prática recobriria o de sistema de ação, não fosse a existência de sistemas de ação sem prática. Resta que uma prática é um sistema de ação. Como conseqüência, suposta a reciprocação de sistema com teoria e uma atenta inspeção nos termos da proposição, há equivalência semântica entre "prática teórica " e "sistema de ação prático". Num e noutro caso, a contradição interna aos pares de conceitos se resolve dialeticamente. Graças à dialética, são fundidos numa unidade de sentido, síntese de tensões opostas. Daí a proposta de uma dialética da prática global, conjuntamente abstrata e histórica. Destotalizada ou à margem dessa dialética, pode ser destacada a ação sem prática, exemplificada no drama. Dramática é precisamente uma ação que não é prática. O tempo e o lugar da prática são a história e o mundo do homem; o tempo e o lugar do drama são a ficção cultural e a substância simbólica. Mimese da prática, o drama, reproduz, não os traços do modelo, mas a sua produção, tornando-se por sua vez modelo do modelo. Mimese não é cópia, é forma autônoma de eficiência, paradoxalmente sem prática mas especular.
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Vanguarda Socialista, jornal editado por Mário Pedrosa no Rio de Janeiro, de 1945 a 1948, elabora uma proposta política socialista e democrática como alternativa à concepção bolchevique, que acredita superada pela história. Nessa medida, a "questão russa" encontra-se no centro das preocupações do grupo. Este artigo procura não só analisar a explicação do jornal para as origens da burocracia na URSS, mostrando as contradições que a perpassam, como também estabelecer a filiação do grupo às idéias de Rosa Luxemburgo, na tentativa de esclarecer as referidas contradições.
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O presente artigo discute as relações entre a perspectiva transcendental inscrita na análise Kantiana das Idéias da Razão (principalmente a Idéia de Unidade) e a herança metafísica tradicional. Para tanto ensaia-se uma leitura da 1ª parte do Apêndice da Dialética Transcendental à luz da reelaboração critica do temário metafísico, com especial ênfase na noção escolástica de atributo transcendental do Ser.
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Trata-se de considerara origem das representações fundamentais (formas de receptividade e formas intelectuais), face à crítica de Kant às idéias inatas e abstratas.
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O artigo examina as idéias políticas de Godwin e Shelley, tendo como pano de fundo a emergência e crise do radicalismo "jacobino" inglês, durante a década de 1790. A análise busca mostrar o desenvolvimento - e impasses - dos ideais libertários destes autores diante das profundas transformações em curso, entre o fim do século XVIII e o começo do século XIX.
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Apresentam-se aqui as idéias sobre dramaturgia de Álvares de Azevedo expostas de forma direta principalmente em Carta sobre a atualidade do teatro entre nós e no prefácio a Macário. Em seguida, desenvolve-se uma análise de Um cadáver de poeta procurando ilustrar a teoria do gênero dramático defendida por Puff, o narrador de Macário.
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Neste artigo, propõe-se uma configuração possível para a transição histórico-filosófica de temas investigados no domínio da metamatemática para o domínio da Ciência Cognitiva funcionalista neurocomputacional. A descrição de tal transição é feita por meio de uma breve análise das idéias de Post, Church, Gödel e Turing sobre a possibilidade de formalização do pensamento criador na matemática, enfatizando as contribuições deste último.
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A questão que se tenta construir neste texto é a da convergência entre filosofia, história da filosofia e formação. Tal pergunta se desdobra primeiramente na elucidação das relações entre história e historicidade da filosofia, que remonta à constatação óbvia, mas nem sempre lembrada, de que o fundamento da história da filosofia é o caráter histórico da própria filosofia. A idéia de formação está presente em toda filosofia, já que, antes de ser sistema ou concepção cristalizada da realidade, cada filosofia é sempre um exercício de síntese das possibilidades e das circunstâncias da vida humana, inclusive sob o aspecto do trabalho da reflexão. Nesse sentido, o texto remete a algumas idéias de Bergson acerca de formação e processo, e à noção sartriana de práxis como formação e superação contínua dos momentos estruturais do curso da história. Assim compreendida, a relação entre história da filosofia e filosofia contém inevitavelmente o compromisso com a atualidade, isto é, com a formação atual do pensamento.
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A concepção teatral de Brecht não é radicalmente oposta à de Aristóteles. A estética brechtiana, em muitos aspectos, é herdeira das idéias de Aristóteles. O teatro épico proposto por Brecht tem em seu horizonte de combate o teatro de matriz naturalista e o drama psicológico. Mimese e catarse não significam identificação do público com a cena e com o herói.
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Deleuze e Guattari entendem as idéias de Ética e Moral como movimentos produtores de realidade psicossocial ou sentidos de produção da vida psicossocial. Buscamos entender como os modos de funcionamento psicossociais produzem sentidos e podem ser captados nas práticas psicossociais éticas e morais. Nossa intenção é demonstrar, a partir da literatura kafkiana, os modos de subjetivação ética e moral.