1000 resultados para Educação médica - Aspectos sociais
Resumo:
INTRODUÇÃO: O ensino da Patologia tem papel fundamental na formação médica, por ser o principal elo entre as ciências básicas e a prática clínica, assim como referência para a pesquisa científica. A Patologia insere-se no grupo de disciplinas que passam por um processo de mudanças curriculares e incorporação de novas tecnologias, sendo tal processo iniciado há duas décadas nos EUA, Austrália e Europa. OBJETIVO: Discutir as vantagens e desvantagens das mudanças que atingem o ensino da Patologia no País, a partir da experiência internacional. RESULTADOS: Na presente revisão, discutimos preocupações atuais, que incluem a marginalização da Patologia no currículo médico, a falta de contato dos estudantes com a Anatomia Patológica e as possíveis lacunas na formação do futuro médico. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A ausência de contato com a Anatomia Patológica no curso médico, ou sua participação meramente ilustrativa, cria os problemas adicionais de pouco incentivo à escolha desta especialidade médica e gera a dificuldade dos novos médicos em lidar com solicitações e interpretações de laudos anatomopatológicos.
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A formação ética e humanística dos estudantes de Medicina vem sendo bastante valorizada e questionada na atualidade. A discussão dos conflitos éticos que surgem durante o exercício da medicina é uma das estratégias de maior impacto para o desenvolvimento da competência moral dos estudantes. Com o objetivo de conhecer e analisar as situações de conflito consideradas mais relevantes para a discussão com os futuros médicos, pedimos a profissionais que exercem atividades de ensino com estudantes de Medicina na Unifesp-EPM que mencionassem até três situações importantes para discussão. Participaram da pesquisa 237 sujeitos. As respostas, registradas por itens e categorizadas por temas, foram comparadas aos assuntos abordados em cursos formais de ética das escolas médicas brasileiras e analisadas à luz da literatura especializada. Os temas que emergiram desta pesquisa podem ser explorados por diferentes estratégias de ensino-aprendizagem. Cabe às escolas médicas estimular as diversas disciplinas a abrir espaços formais para as discussões e investir na conscientização e no preparo docente para esta tarefa.
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Exames ginecológicos são especialmente sensíveis tanto para os estudantes inexperientes quanto para a mulher que está sendo examinada. O uso do role-playing ou troca de papéis tem sido cada vez mais reconhecido como forma de aprendizagem das habilidades de comunicação e tem se tornado particularmente importante. Com o intuito de analisar o impacto da troca de papéis nos acadêmicos de Medicina admitidos no módulo de Ginecologia e Obstetrícia do internato, foram realizadas simulações de exame ginecológico durante o ambulatório de ginecologia, com o consentimento dos alunos. A dinâmica foi incorporada e interpretada pelos participantes de modo pleno, demonstrando que as soluções para as questões abordadas podem ser encontradas no íntimo de cada aluno que passa por uma situação de inversão de papéis com sua paciente. Se for possível trazer a experiência do role-playing ou troca de papéis para o ensino médico e para a vida profissional, certamente nos colocaremos no lugar de cada paciente na hora do exame, o que fará da dinâmica realizada um instrumento para a humanização no ensino da ginecologia.
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O propósito deste estudo retrospectivo foi avaliar o padrão de utilização do sistema de exercícios on-line, facultativos, assíncronos, para o apoio à aprendizagem da disciplina Medicina Legal e Deontologia Médica na Universidade de Brasília. Os sujeitos foram 38 alunos que cursaram a disciplina no segundo semestre de 2005. O sistema oferecia conteúdos textuais e imagens que podiam ser acessados anonimamente. Para a resolução dos exercícios do tipo "verdadeiro" ou "falso", alguns com imagens, era necessário que os alunos se identificassem por senha, o que permitiu o monitoramento. Os resultados mostraram que 32 alunos (84%) realizaram exercícios on-line, com uma média de 183 respostas por aluno, entre os que aderiram; 52% dos exercícios foram resolvidos nas últimas 24 horas antes da prova; 62,3% dos exercícios foram resolvidos entre 19h e 01h. Conclui-se que os alunos, num sistema facultativo, concentram seus esforços na véspera da prova, o que diminui a eficiência do sistema, sugerindo que técnicas de motivação para o uso regular desse tipo de sistema devem ser implementadas.
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As práticas grupais desenvolvidas junto a estudantes de Medicina assumem uma característica de técnica de ensino, oferecendo-lhes um espaço para a reflexão crítica sobre o desenvolvimento de seu papel profissional. Assim, como referencial teórico para o trabalho em grupos, destacamos o sociodrama educacional, caracterizado como uma linha de pesquisa-ação em Psicologia Educacional. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos de atividades grupais reflexivas com referencial sociodramático desenvolvidas com estudantes de Medicina de uma universidade pública. Participaram dez estudantes do segundo ao quarto anos, previamente selecionados. As atividades foram conduzidas em nove reuniões semanais e finalizadas com um role-playing, cujo tema foi o ingresso no curso médico. A experiência foi avaliada como positiva para os estudantes, sendo destacados: os benefícios do compartilhar em grupo as dificuldades da formação médica; a integração de alunos de anos diferentes; o favorecimento de vínculos positivos entre os integrantes; a experiência vivencial de se colocar no lugar do outro por meio do role-playing e de possibilitar maior reflexão crítica sobre o desenvolvimento do papel profissional.
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A democracia deve promover a satisfação de interesses diversos (o bem comum), o que é imprescindível à construção dos consensos, quando possível, entre os distintos atores. A partir de meados da década de 1970, o Brasil passa por importantes transformações político-democráticas, configurando-se em anos de mudanças nos paradigmas da saúde. Com a Constituição de 1988 e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), os gestores, trabalhadores e usuários do sistema se deparam com uma nova forma de pensar, estruturar, desenvolver e produzir serviços e assistência em saúde - modelo de produção social em saúde. Entretanto, para promover o desenvolvimento da real ruptura com o modelo sanitário anterior - flexneriano -, as relações trabalhistas devem superar a precarização do trabalho por meio de medidas como investimentos consistentes nas áreas da gestão de recursos humanos, com a criação de meios de discussão para uma gestão democrática. O presente artigo tem como proposta repensar as relações entre a democracia e a saúde, a partir da análise reflexiva das práticas de gestão do trabalho no Programa de Saúde da Família (PSF), no contexto das reformas políticas. Entende-se que a efetiva consolidação do PSF como reorganizador da Atenção Básica, possibilitará configurar novos arranjos institucionais, capazes de repercutir na cultura sociopolítica do País, e contribuirá para a construção de políticas mais eficazes, justas e solidárias propostas pelo SUS.
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Trata-se de um ensaio sobre a diferença entre ensinar e educar na área da saúde. A partir de alguns casos de esquistossomose em adolescentes de Campinas, assistidos pelo autor no próprio serviço em que desempenha tarefas de docente e assistente na área de Pediatria, discute-se o modo como esta doença vem sendo abordada nos últimos 50 anos, sempre numa perspectiva educacional, isto é, mais complexa e ampla. A partir deste debate, podem-se encaminhar reflexões e críticas sobre o modelo de ensino-assistência na área da saúde no Brasil nas últimas décadas, apesar das novas diretrizes curriculares. Questionam-se as diferenças entre a esquistossomose no Brasil na década de 1960 e no início do século 21, considerando, em cada período, a população, a migração, as condições de vida da população, as terapêuticas, etc. Também se interroga sobre qual tem sido o papel da educação multidisciplinar na mudança deste quadro. Apontam-se algumas direções, para discussão e reflexão, sobre estratégias de ensino na área da saúde.
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Muito se tem feito para desenvolver métodos que avaliem de forma confiável a proficiência em habilidade clínica dos alunos de graduação médica. Há fortes evidências de que a avaliação global pode ser uma alternativa viável e confiável na avaliação de estudantes de graduação no ambiente clínico. Rotineiramente, a competência clínica tem sido avaliada pelos docentes por meio de um conceito subjetivo. Essa nota, dada por um especialista, não é objetiva e está sujeita a vieses. O uso de um instrumento bem delineado, com diversos itens pontuados numa escala, oferece a vantagem de especificar o que deve ser avaliado, auxiliando os avaliadores a distinguir os diferentes níveis do desempenho. Usando este método, os docentes podem expressar sua percepção global dos alunos, de forma mais objetiva, em relação a duas esferas distintas da competência: técnica (contendo itens como história clínica, exame físico, conhecimento médico, julgamento clínico, solução de problemas e hábitos no trabalho) e humanista (incluindo comunicação com pacientes e familiares, respeito, habilidades reflexivas, sensibilidade ao contexto e trabalho em equipe).
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A avaliação de competências clínicas constitui etapa essencial na formação do estudante de Medicina e deve ser feita pela observação direta do desempenho em situação real. Este trabalho objetiva determinar a confiabilidade e a consistência interna do Miniexercício Clínico Avaliativo (Miniex), instrumento de avaliação de competências clínicas que consiste na observação feita pelo professor em uma consulta focada, realizada pelo interno, no ambiente de trabalho. Ao final da consulta, o docente conversa com o estudante sobre suas falhas e acertos, configurando a avaliação formativa. Foram produzidos 12 vídeos que mostram o desempenho de estudantes em atendimento a pacientes na Enfermaria de Pediatria do Hospital das Clínicas da UFMG. Vinte quatro professores do Departamento de Pediatria com média de 25 anos de docência assistiram individualmente aos filmes, pontuando os itens da competência pelo Miniex. O Coeficiente de Correlação Intraclasse foi de 0,71 com IC de 95%, e o Coeficiente Alfa de Cronbach, 0,84, indicando boa confiabilidade e consistência interna do Miniex. O escore de satisfação com o instrumento foi de 7,5 para os docentes e 8,3 para os internos numa escala de 9 pontos. Os achados recomendam prosseguir os estudos para avaliar os critérios de validade e exequibilidade do Miniex.
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Analisa-se a percepção de participantes do curso de especialização em ativação de processos de mudança na formação superior dos profissionais de saúde quanto à participação no curso. Trata-se de um estudo qualitativo, realizado com egressos do curso residentes no Paraná. A coleta de dados ocorreu de fevereiro a abril de 2007. Trabalhou-se com dados secundários, trabalhos de conclusão de curso (TCC) e dados primários, entrevistas semiestruturadas realizadas com autores de TCC que se caracterizassem como planos de ação. Como se tratava de planos de ação 21 TCC, suas autoras foram entrevistadas. Todos os participantes entrevistados eram do sexo feminino. O curso ajudou a identificar o desconforto vivenciado na realidade das participantes, forneceu ferramentas para a mudança e propiciou a experiência de utilização das mesmas. Entretanto, o curso de ativadores não conseguiu, após seu encerramento, manter a articulação desses novos atores do movimento pró-mudança.
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O Inventário de Fontes de Estresse Acadêmico no Curso de Medicina (IFSAM) foi desenvolvido para caracterizar as principais fontes de estresse acadêmico dos estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e a intensidade com que são experienciadas. O inventário (31 itens) foi construído por meio de entrevistas semiestruturadas a estudantes (n = 80) dos seis anos da licenciatura. Suas propriedades psicométricas foram testadas num estudo com 251 estudantes dos seis anos do curso (160 do sexo feminino e 91 do sexo masculino). A validade de constructo foi avaliada mediante análise fatorial que resultou numa solução de cinco fatores ("exigências do curso", "exigências humanas", "estilos de vida", "competição" e "adaptação") com 54,8% da variância explicada e boa representatividade do constructo. O IFSAM total evidencia ainda uma boa fidelidade, com um coeficiente de consistência interna de.88. Os resultados revelam que o IFSAM apresenta boas características psicométricas na amostra, podendo constituir um instrumento útil na avaliação das fontes e intensidade de estresse acadêmico do curso de Medicina noutras instituições.
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Com a criação e a expansão do Programa Saúde da Família no Brasil, a Medicina de Família e Comunidade (MFC), como especialidade médica, ganhou destaque por ser a mais adequada a esse trabalho. Recentes parcerias entre os ministérios da Saúde e da Educação têm procurado regular a formação de recursos humanos em saúde para atender às demandas de consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) no âmbito da graduação e da pós-graduação. Houve investimento no aumento no número de vagas de residência em MFC, mas parece haver uma incongruência entre o que os futuros médicos almejam em suas carreiras e as necessidades do SUS, o que é demonstrado pelo número de vagas ociosas nesses programas. Com o objetivo de elencar hipóteses explicativas do desinteresse por essa especialidade, fizemos uma revisão de trabalhos que enfocaram essa temática. Encontramos que pouco prestígio, baixos salários, pouca vivência em atenção primária durante a graduação e elevada dívida com a universidade foram os fatores mais recorrentes. Concluímos que é necessário investigar essas hipóteses em nossa realidade, motivo pelo qual propomos uma agenda de pesquisa nessa direção.