869 resultados para Reading. Discursive genres. Discursive ethos
Resumo:
Como gênero, o dicionário inscreve-se na sociedade entre as obras de autoridade, que servem como referência para a construção dos mais diferentes gêneros. Além disso, encerra um discurso pedagógico, já que, por meio das definições, consulentes partilham do conhecimento detido pelo lexicógrafo. O dicionário é também um gênero múltiplo, formado por diferentes subgêneros, como o verbete e os textos de abertura (prefácio, apresentação, detalhamento). Espécie de colônia, que agrega outros textos, define-se também por suas características formais bem marcadas, como a alfabetação e a composição por verbetes. Múltiplo por sua própria natureza e sujeito ao dialogismo da enunciação, o dicionário é atravessado por muitas vozes e enunciadores, não apenas os próprios redatores, mas também outras obras de referência, técnicas ou de outras línguas. Essas vozes são costuradas pelo dicionarista, figura do discurso que gerencia os enunciados, envoltos na expectativa da neutralidade da descrição isenta. É nosso grande interesse observar em termos práticos quais são as fronteiras entre o discurso aparentemente isento que se pretende que o dicionário tenha e as brechas de onde emergem outras vozes que povoam essa colônia. Para buscá-las, valemo-nos basicamente dos estudos de polifonia de Ducrot, da noção de ethos de Maingueneau e Charaudeau e das formas de modalização que Castilho e Castilho (2002) arrolaram em seu estudo sobre os advérbios na Gramática do português falado, volume II. Por meio da pesquisa reversa com base nos termos modalizadores de Castilho e Castilho no Dicionário Aurélio da língua portuguesa (DALP, 2010) e no Dicionário Houaiss da língua portuguesa (DHLP, 2009), buscamos partir da definição para as entradas, identificando os enunciadores que se mostram ou se escondem, afiançam ou refutam, negam ou afirmam uma proposição. Por meio dessas ocorrências, podemos chegar a enunciados postos e pressupostos e explorar diferentes aspectos da enunciação, desnudando parte das vozes que povoam essa colônia
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Os textos de caráter instrucional apresentam como fator comum a estipulação de procedimentos, feitos por um locutor com vistas a levar os interlocutores a determinado objetivo relacionado ao seu uso. A execução de tarefas, por parte dos indivíduos, é fator condicional para o atingimento das finalidades de uso dos mesmos. Entretanto, ao predispor os procedimentos, na superfície textual, ocorrem discrepâncias acerca da forma como as tarefas são informadas, de modo a evidenciar uma maior ou menor rigidez quanto ao nível impositivo dos procedimentos. A fim de analisar como essas especificidades afetarão a produção dos sentidos na leitura, escolheram-se quatro gêneros de caráter instrucional, a saber: a receita, a bula, o manual técnico e o contrato para verificar como se dá a predisposição dos procedimentos feitos, essencialmente, por meio de frases imperativas e declarativas. A pesquisa se propõe a cotejar as marcas linguísticas de cada um dos textos, inerentes às frases de procedimentos com fatores interlocutivos pressupostos pela teoria dos atos de fala. Para tanto, verifica-se o enfoque teórico dado, sobretudo pelos seguintes autores: Austin (1962), Searle (2002), Said Ali(1964), Bechara (1977), Cunha (1978), Rocha Lima(1976) e Azeredo (2011), de modo a mostrar uma análise dos elementos textuais e interlocutivos na composição discursiva dos enunciados escolhidos. A pesquisa mostrou a existência da relação entre a forma como sentidos são assumidos e as atitudes de instruir e acatar dos indivíduos, a partir das frases usadas nos textos para instruir
Resumo:
Este trabalho situa-se no âmbito dos estudos voltados para as relações entre linguagem e mundo previdenciário e, em consideração às várias possibilidades de abordagem para essas relações, pretende aprofundar-se nos discursos produzidos sobre o pecúlio. A proposta desta pesquisa é, sob o ponto de vista enunciativo, identificar que sentidos de pecúlio circulam em notícias veiculadas na Revista PREVI, levando em consideração a historicidade dos pecúlios e a comunidade discursiva que participa dessa construção de sentidos. Ao fazermos uma leitura mais analítica das notícias, identificamos que a forma como o enunciador se constituiu, nos levou a trabalhar com os implícitos - pressupostos e subentendidos - e, como pretendíamos analisar a relação PREVI/Participante, optamos por estudar o ethos enunciativo a partir desses implícitos. Dessa forma, pudemos estudar imagens de enunciador e, consequentemente, a forma de relacionamento desse com seu coenunciador, bem como os sentidos de pecúlios recuperados a partir dessa relação. A perspectiva teórica utilizada é a da Análise do discurso de base enunciativa que determina a forma como compreendemos as manifestações de linguagem (MAINGUENEAU, 2004). Outros conceitos presentes em nossa análise foram os de gênero do discurso (BAKHTIN, 2010); as teorias dos implícitos em Ducrot (1987) e Maingueneau (1996) e os estudos sobre o ethos em Maingueneau (2004, 2008 e 2011). Nossas análises nos possibilitaram recuperar três imagens predominantes de enunciadores: o explicador, o defensivo e o apelativo. O primeiro enunciador explica, porque entende que seu coenunciador tem dúvidas, desconhece, não está apto a; o segundo, defende a instituição PREVI, o pecúlio da PREVI e, se necessário, ataca inclusive seu coenunciador, se entender que está sendo ameaçado. Por sua vez, o terceiro argumenta em sua própria causa ou pela causa dos pecúlios e apela pela adesão do seu coenunciador. Depreendem-se dessas imagens de enunciador sentidos de pecúlios que precisam ser explicados, defendidos e argumentados nas publicações da PREVI. Como conclusão, a partir desses sentidos de pecúlio, inferimos uma possível causa para que os enunciadores e coenunciadores estabeleçam as mesmas relações em um período de mais de trinta anos de divulgação dessas revistas
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Este trabalho de pesquisa tem como objetivo principal demonstrar que a realização de um trabalho de leitura e de escrita baseado em intertextualidade, especificamente com fábulas e provérbios, resulta no desenvolvimento de habilidade de escrita dos alunos do sexto ano de escolaridade do ensino fundamental. Para tanto, propõe-se a uma intersecção metodológica: de um lado as estratégias didáticas, realizadas ao longo de um trimestre de aulas de Língua Portuguesa, no sexto ano de escolaridade do Colégio Pedro II, Campus Tijuca II, ao qual a pesquisadora está vinculada com atividade docente e de coordenação pedagógica. As atividades propõem uma estreita relação entre leitura de textos de diferentes gêneros e produção escrita, a partir da concepção de intertextualidade; de outro, a organização metodológica dessas produções, com um rigoroso levantamento dos tipos de intertextualidade utilizados nas diferentes produções dos estudantes, comprovando que o estímulo constante alimenta o desenvolvimento da proficiência de escrita, havendo o aumento do uso de diferentes tipos de intertextualidade. Do ponto de vista teórico, esta pesquisa propõe percurso histórico da intertextualidade tanto na perspectiva literária quanto na linguística, baseando-se nos autores Bakhtin (2011), Bazerman (2011), Koch (2007), Vigner (2002), Laurent Jenny (1979) e Barthes (2013), o que contribui para a ampliação do conceito chave: intertextualidade. Postula-se que o trabalho de leitura de diferentes gêneros possibilita o estabelecimento da intertextualidade por meio da multiplicidade de temas, de conteúdos e de enfoques e que esse procedimento leva os alunos a produzirem textos com nível mais alto de informatividade e expressividade. Esta estratégia didática favorece o surgimento de novos procedimentos para o ensino de Língua Portuguesa, contribuindo, sobremaneira para o desenvolvimento da competência discursiva dos estudantes do 6 ano de escolaridade
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Este trabalho tem como objetivo analisar, como proposta de ensino, o humor em crônicas, tomando como corpus especificamente as de Luis Fernando Verissimo. Pretende-se demonstrar que o gênero textual crônica humorística é relevante no ensino enquanto aproximação com a língua e serve também para o entendimento de fenômenos linguísticos, semânticos e pragmáticos como a polissemia, a ambiguidade, a ironia, a metáfora, a metonímia. Partimos da relevância de se trabalhar a leitura literária na escola, defendida pelos PCN, com o propósito de promover o letramento em todas as suas etapas. Acreditamos que esse trabalho só é possível com o texto, e, portanto, este deve ser explorado em sala de aula em todas suas variedades. Os estudos sobre discurso e interação, sobre o uso dos gêneros textuais na escola, especialmente das crônicas e dos processos de leitura e interpretação das mesmas, corroboram para a nossa pesquisa. Em um segundo momento, abordamos as teorias filosófica, de Bergson; psicanalítica, de Freud; discursiva, de Possenti e cognitiva, de Salomão, como explicação da construção e do entendimento do humor e seus mecanismos de significação.
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As novas tecnologias da informação e da comunicação (TIC) já fazem parte da realidade de um grande quantitativo de pessoas. Mesmo aquelas menos favorecidas economicamente, leem, escrevem, fruem e se comunicam na web, incluindo nossos estudantes. No entanto, muitos educadores afirmam que esses mesmos alunos não têm interesse pela leitura e pela escrita. Geralmente, as leituras e textos produzidos no ciberespaço por esses estudantes são desconsideradas ou menosprezadas no espaço escolar. Diante desse contexto, nosso trabalho propõe compreender como os gêneros discursivos/textuais lidos e/ou produzidos por alunos no ciberespaço são configurados; e não apenas isso, busca refletir sobre possibilidades de a escola inserir gêneros, discurso(s) e linguagem (ns) construídos na Internet, não somente a partir de sua recontextualização na escola, conforme critica Bernstein (1996), mas para além, entendendo esses gêneros e toda a possibilidade que carregam como meios para a interação e para a produção de sentidos diversos. Tendo como base principal as considerações de Bernstein (1996), Bakhtin (1992; 2006; 2008) e da Análise Crítica do Discurso de Fairclough (2001), os objetivos desta dissertação são: (1) identificar traços recorrentes presentes nos gêneros discursivos/textuais com os quais nossos estudantes, alunos de duas escolas públicas, com faixa etária entre os 12 e os 19 anos, estão em contato na web, além de buscar (2) contribuir para a incorporação desses gêneros pela escola, refletindo e discutindo com os próprios alunos acerca de caminhos que podem ser trilhados para que a escola, de alguma maneira, abarque os gêneros circulantes na Internet, sem deixar de lado os gêneros já trabalhados no ambiente escolar
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Drawing on an understanding of the public sphere as a multiplicity of communicative and discursive spaces this paper examines the constructions of mothers, mothering and motherhood which emerged in recent debates about childcare in Ireland. Preliminary analysis of these discursive constructions suggest that they are often based on rhetoric, informed by stereotypical assumptions and rooted in frames of reference which mitigate against the emergence of alternative ways of understanding the issues of mothering and childcare. It will be argued that the reductionist and divisive nature of the childcare debate which ensued prior to the 2005 budget, stymied childcare policy development at a time when its unprecedented prominence on the political agenda and the strength of public finances could have underpinned a shift in policy approach. The paper concludes with an exploration of the ways in which feminist scholarship can challenge the Irish model of childcare policy, which continues to be premised on an understanding of childcare and the reconciliation of work and family life as the privatised responsibility of individual women.
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L’objectif de cet article est double :il s’agit, d’une part, de présenter un nouveau corpus permettant d’envisager le phénomène émergent de la communication transfrontalière en Europe et, d’autre part, de formuler trois questionnements utiles au cadrage de son analyse sémantique. À partir du corpus eurorégional – multilingue et multigenre - nous posons les questions de la dispersion des discours en ligne, de l’hétérogénéité des données et de la contextualisation de l’analyse. Notre démarche consiste à construire progressivement un modèle d’analyse adapté à l’appréhension, tantôt automatique et tantôt manuelle, de la diversité des textes. Enfin, nous proposons d’illustrer la démarche en l’appliquant à la mobilité, observable récurrent du corpus.
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This paper explores the extent to which film can be viewed as a discursive practice and as such the extent to which it can be seen as an element central to the essence of technology more universally defined. Our analysis of recurring visual and narrative motifs and metaphors around the representation of technology in specific films will consider how these representations are part of wider discursive practices around conceptualising technology.
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This paper is concerned with the language of policy documents in the field of health care, and how ‘readings’ of such documents might be validated in the context of a narrative analysis. The substantive focus is on a comparative study of UK health policy documents (N=20) as produced by the various assemblies, governments and executives of England, Scotland, Wales and Northern Ireland during the period 2000-2009. Following an identification of some key characteristics of narrative structure the authors indicate how text-mining strategies allied with features of semantic and network analysis can be used to unravel the basic elements of policy stories and to facilitate the presentation of data in such a way that readers can verify the strengths (and weaknesses) of any given analysis – with regard to claims concerning, say, the presence, absence, or relative importance of key ideas and concepts. Readers can also ‘see’ how the different components of any one story might fit together, and to get a sense of what has been excluded from the narrative as well as what has been included, and thereby assess the reliability and validity of interpretations that have been placed upon the data.
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This article explores the conformation in discourse of a verbal exchange and its subsequent mediatised and legal ramifications. The event concerns an allegedly racist insult directed by high profile English professional footballer John Terry towards another player, Anton Ferdinand, during a televised match in October 2011. The substance of Terry’s utterance, which included the noun phrase ‘fucking black cunt’, was found by a Chief Magistrate not to be a racist insult, although the fact that these actual words were framed within the utterance was not in dispute. The upshot of this ruling was that Terry was acquitted of a racially aggravated public order offence. A subsequent investigation by the regulatory commission of the English Football Association (FA) ruled, almost a year after the event, that Terry was guilty of racially abusing Ferdinand. Terry was banned for four matches and fined £220,000.
It is our contention that this event, played out in legal rulings, social media and print and broadcast media, constitutes a complex web of linguistic structures and strategies in discourse, and as such lends itself well to analysis with a broad range of tools from pragmatics, discourse analysis and cognitive linguistics. Amongst other things, such an analysis can help explain the seemingly anomalous - even contradictory - position adopted in the legal ruling with regard to the speech act status of ‘fucking black cunt’; namely, that the racist content of the utterance was not contested but that the speaker was found not to have issued a racist insult. Over its course, the article addresses this broader issue by making reference to the systemic-functional interpersonal function of language, particularly to the concepts of modality, polarity and modalisation. It also draws on models of verbal irony from linguistic pragmatics, notably from the theory of irony as echoic mention (c.f. Sperber and Wilson, 1981; Wilson and Sperber, 1992). Furthermore, the article makes use of the cognitive-linguistic framework, Text World Theory (c.f. Gavins, 2007; Werth, 1999) to examine the discourse positions occupied by key actors and adapts, from cognitive poetics, the theory of mind-modelling (c.f. Stockwell, 2009) to explore the conceptual means through which these actors discursively negotiate the event.
It is argued that the pragmatic and cognitive strategies that frame the entire incident go a long way towards mitigating the impact of so ostensibly stark an act of racial abuse. Moreover, it is suggested here that the reconciliation of Terry’s action was a result of the confluence of strategies of discourse with relations of power as embodied by the media, the law and perceptions of nationhood embraced by contemporary football culture. It is further proposed that the outcome of this episode, where the FA was put in the spotlight, and where both the conflict and its key antagonists were ‘intranational’, was strongly impelled by the institution of English football and its governing body both to reproduce and maintain social, cultural and ethnic cohesion and to avoid any sense that the event featured a discernable ‘out-group’.
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A number of Christian churches in South Africa have proclaimed their commitment to reconciliation and the elimination of unjust inequalities. This study analyses how these commitments are being worked out at the micro-level of a congregation. Using an ethnographic approach, I explore how a charismatic congregation in Cape Town has changed from being nearly all-white to being more inclusive. I explore links between individual, cognitive identity change and institutional change; and consider the discourses which justify change, including their emphasis on 'unity in diversity' and 'restitution'. I outline the limitations of change, including the persistence of 'racialised' leadership structures and the discursive privileging of unity over restitution. This allows us to understand how micro-level changes take place, to explore their potentialities and limitations, and to apply these insights to other contexts.