999 resultados para Filhos não gémeos
Resumo:
As problematizaes que me levaram a realizao desse estudo vinculam-se a minha formao como biloga e professora de Biologia. A partir de aproximaes com leituras do campo dos Estudos Culturais, dos Estudos Culturais da Cincia e de estudos com inspirao foucaultiana, passei a questionar tanto a formao acadmica que me constituiu, quanto o lugar que os objetos, as classificaes e as explicaes ligados ao corpo no campo da Biologia adquiriam nas prticas escolares. Nesse estudo, tomo o corpo como produo de prticas sociais; inscrito por discursos e prticas de diferentes instncias culturais que se articulam e se confrontam, constituindo corpos mltiplos, sujeitos particulares. Com esses entendimentos e questionamentos, busquei, nessa dissertao, conhecer e problematizar o corpo nas prticas escolares, ou melhor, como a escola lida com os corpos nas suas prticas cotidianas e naquelas relacionadas ao campo da Biologia, assim como alguns efeitos nos corpos dos estudantes. Realizei esta pesquisa numa escola da rede pblica estadual de Porto Alegre. Para tanto, freqentei o espao escolar e as aulas de duas turmas do segundo ano do Ensino Mdio, por aproximadamente dois meses, e tambm uma atividade extra-muros, um passeio 4 Bienal de Arte do Mercosul, com a turma da manh. Para a realizao da pesquisa na escola, utilizei ferramentas de cunho etnogrfico e realizei entrevistas com alguns estudantes. Nas anlises, fui fazendo relaes com autores dos estudos anteriormente citados, conforme as questes que emergiam nessa trajetria. Ao integrar as atividades escolares cotidianas, passei a observar e analisar questes relativas aos efeitos de estratgias disciplinares, direcionadas fabricao de corpos escolares; ao mesmo tempo, busquei apontar alguns movimentos de resistncia e diferentes formas, que estudantes e professores, encontraram para lidar com tais estratgias Procurei mostrar como, nessas relaes configuram-se uma pluralidade de sujeitos e prticas que significam o espao escolar. Da imerso que empreendi na sala de aula, foram criadas questes relativas ao corpo no campo de saberes. Nessa discusso, o corpo associado aos discursos da disciplina biolgica foi trazido para a sala de aula vinculado a explicaes da rea cientfica, tais como a Embriologia e a Gentica, sendo que esse modo de tratar o corpo no articulou-se, muitas vezes, s experincias e problematizaes dos estudantes. Por ltimo, analisei uma aula especfica, que tratou da temtica do aborto numa gestao de um feto com uma patologia grave, sem perspectivas de vida. Essa aula foi uma encenao dos estudantes de um julgamento, em que a me pediu autorizao na justia para a interrupo da gravidez. Nesse momento, as problematizaes que fiz disseram respeito ao posicionamento de sujeitos mulher, homem, me, pai, filhos, experts, monstros e outros em nossa sociedade, por diferentes discursos mdicos, biolgicos, polticos, religiosos, morais, ticos, etc.
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Esta tese procura discutir a atualidade do paternalismo enquanto trao cultural das organizaes brasileiras. Resgatando as razes culturais brasileiras e apoiando-se em trabalhos de fundamentao antropolgica, sociolgica e psicanaltica, estabelece uma hiptese central de que o paternalismo possa ser encontrado hoje, no Brasil, tanto em empresas pequenas, onde predomina o controle de tipo paterno, quanto em empresas maiores e mais complexas, com tendncia ao desenvolvimento de um sistema de controle de tipo materno, onde o paternalismo daria origem a uma verso abrasileirada deste. Pesquisa de campo de cunho etnogrfico, realizada em trs empresas de portes distintos do Plo Txtil de Americana-SP, mostrou indcios favorveis hiptese central, apresentando, todavia, importantes peculiaridades que, ao passo que permitem refin-la, indicam trilhas para novos estudos. Na empresa de menor porte e complexidade, o paternalismo mostrou-se da maneira mais conhecida, nas prticas ora carinhosas, ora severas dos diretores da empresa. Nas empresas mais complexas, pudemos notar a expresso da ao dos pais que regulam o gozo dos filhos. A face protetora e a face violenta se revelam na medida em que se d ou se restringe acesso ao amor da me. Nos trs casos estudados, o paternalismo aparece com sua face afetiva predominado significativamente em relao face violenta, o que parece ser elemento associado ao sucesso experimentado por tais empresas.
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Esta tese desenvolveu um modelo conceitual acerca dos fatores que afetam a influncia relativa das crianas nas decises de consumo familiar. O modelo desenvolvido relacionou diversas variveis de influncia, tais como as caractersticas individuais das crianas, caractersticas familiares e a interdependncia entre pais e filhos. Adicionalmente, foram relacionadas variveis moderadoras do processo de socializao do consumo infantil, como o tipo de produto, os estgios do processo decisrio e as subdecises de compra. O modelo desenvolvido foi parcialmente testado por meio de um estudo emprico. Especificamente, foram testadas as relaes entre estilos parentais e os nveis relativos de influncia das crianas. Uma pesquisa de campo foi aplicada para a coleta de dados dos pais e seus respectivos filhos. A anlise estatstica demonstrou a existncia de diferenas significativas nos nveis de influncia no consumo familiar entre os grupos de adolescentes que descreveram seus pais como competentes, autoritrios, negligentes ou indulgentes. Os filhos de pais com estilo parental competente demonstraram exercer maior influncia relativa no consumo familiar do que os demais adolescentes com pais classificados em outros estilos parentais.
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O mundo do trabalho vem passando por alteraes substanciais, notadamente em funo do desenvolvimento da tecnologia, e, historicamente, a humanidade vem percebendo a reduo da jornada de trabalho e o conseqente aumento do tempo disponvel. Nesse contexto, um importante campo de estudo o lazer. No Brasil, ainda so relativamente poucos os estudos voltados a essa temtica, o que oferece oportunidades de pesquisa, em especial aquelas voltadas ao entendimento dos fatores que influenciam o comportamento dos indivduos em relao ao lazer. Um dos elementos principais na formao desse comportamento o ciclo de vida familiar, que retrata os principais momentos da vida de um indivduo, notadamente em relao sua idade, sua situao familiar e sua condio laboral. No que se refere a lazer, um dos estgios do ciclo de vida familiar que parece representar uma forte ruptura de comportamento o chamado Ninho Cheio I, quando o casal entra na paternidade. O presente trabalho objetiva compreender de que maneira o comportamento de lazer nesse estgio difere-se em relao ao estgio imediatamente anterior, bem como entender qual o significado de lazer para os indivduos que se encontram nesse estgio. Para isso, foi realizada uma pesquisa de campo, exploratria, de carter qualitativo, com uma amostra de 15 indivduos casados com filhos pequenos e 4 casados mas sem filhos, todos ex-alunos de curso de Administrao da Escola de Administrao de Empresas de So Paulo da Fundao Getlio Vargas (EAESP-FGV). Os resultados indicam que o ciclo de vida familiar representa, sim, um importante fator de formao do comportamento dos indivduos em relao ao lazer. Para os indivduos casados e com filhos pequenos, o lazer , predominantemente, complementar, ou seja, constrangido pelos papis de pai e me. Em comparao ao estgio anterior, h uma forte limitao das atividades externas e reforo das domiciliares. Alm disso, h evidncias de que a idade do filho exerce influncia sobre o comportamento dos pais. Percebe-se que parte do lazer envolve o consumo de bens e servios culturais ou de entretenimento e parte remete a praticas tradicionais como encontros dominicais familiares.
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Este trabalho visa investigar o analfabetismo no Brasil a partir do uso de novas medidas de alfabetizao inicialmente desenvolvidas por Basu e Foster (1998). Para tanto, primeiro se avalia o perfil de alfabetizao da populao brasileira de acordo com a definio de analfabetismo isolado. Entende-se por analfabetos isolados aqueles indivduos analfabetos que no convivem com pessoas alfabetizadas em nvel domiciliar. Segundo, busca-se evidncias de externalidades domiciliares da alfabetizao de filhos em aspectos relacionados a salrios e participao no mercado de trabalho de pais analfabetos. Devido suspeita de causalidade reversa nas estimaes por Mnimos Quadrados Ordinrios (MQO) das equaes que relacionam as variveis de interesse dos pais com as alfabetizaes dos filhos, utiliza-se as ofertas municipais de escolas e professores de primeiro grau como variveis instrumentais para a alfabetizao. Da investigao do perfil de alfabetizao constata-se que a regio Nordeste a que apresenta os piores resultados entre as regies do pas, uma vez que a que tem a maior parcela de analfabetos isolados do total. Tal resultado condiciona polticas pblicas de alfabetizao para essa regio. As aplicaes das medidas indicam que os rankings de alfabetizao por estados so sensveis s diferentes medidas. Os resultados encontrados das estimaes por MQO indicam haver correlao positiva entre as variveis dependentes dos pais e alfabetizao dos filhos. Entretanto, a aplicao da metodologia de variveis instrumentais no confirma os resultados das estimaes por MQO. Contudo, devido fragilidade dos resultados das estimaes do primeiro estgio, no se pode afirmar que no h externalidades da alfabetizao dos filhos para os pais.
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Este artigo persegue trs objetivos complementares: i) avaliar comparativamente os indicadores sociais das crianas. ii) analisar as consequencias de longo prazo derivadas do bom desempenho infantil. iii) por ltimo , e mais importante, analisar os determinantes micro e macroeconmicos da repetncia escolar, evaso escolar e do trabalho infantil. Ou seja avaliamos os efeitos de longo prazo da instabilidade econmica medida a nvel microeconmico. As principais variveis analisadas so aproximaes dinmicas de impulsos e respostas, isto : de um lado choques de renda no chefe do domiclio e de outro lado, a probabilidade da criana abandonar a escola, repetir a srie ou comear a trabalhar. A principal concluso do estudo que a m aloco do tempo das crianas cresce quando se junta necessidade com oportunidade, como crianas pobres em regies ricas ou filhos de desempregados durante booms.
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O objetivo geral deste estudo foi comparar adolescentes infratores e no infratores quanto a variveis familiares que podem estar relacionadas ao desenvolvimento do comportamento infrator. Alm disso, pretendeu-se investigar as variveis preditoras da conduta infratora. Os sujeitos foram 311 adolescentes divididos em dois grupos. O primeiro grupo foi composto por 148 adolescentes do sexo masculino autores de atos infracionais, que estavam cumprindo medida scio-educativa privativa de liberdade na Fase-RS. O segundo grupo foi constitudo por 163 adolescentes que no cometeram atos infracionais, estudantes do Ensino Fundamental e Mdio em escolas pblicas de Porto Alegre. Os instrumentos utilizados foram uma entrevista estruturada, a Escala de Estilos Parentais e um protocolo para a anlise dos pronturios dos adolescentes infratores. Os resultados indicaram a presena de diferenas significativas entre os grupos nas seguintes variveis: configurao familiar; comportamento anti-social na famlia; nmero de irmos; existncia de conflitos na famlia; responsividade, exigncia e intrusividade parental; prticas educativas parentais; e consumo de drogas pelos adolescentes. As anlises descritivas permitiram a caracterizao do comportamento infrator apresentado pelos jovens, incluindo aspectos como idade de cometimento do primeiro delito, motivaes e tipo de delitos efetuados. Para investigar o valor preditivo das variveis familiares e individuais sobre o comportamento infrator foi realizada a Anlise de Regresso. Os resultados mostraram que as variveis independentes (responsividade e exigncia parentais; comportamento anti-social na famlia; nmero de irmos; uso de drogas pelo adolescente; existncia de conflitos na famlia e prticas educativas parentais) contriburam para explicar 53% da varincia do comportamento infrator. Examina-se o papel da famlia, em especial das prticas educativas, no desenvolvimento da conduta infratora, as limitaes metodolgicas para a investigao em adolescentes com as caractersticas dos que compem a amostra e as implicaes dos resultados encontrados para a implementao de polticas de preveno e de tratamento destinados a essas famlias.
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Esta tese trata sobre a estrutura e funcionamento de famlias com histria de abuso fsico atravs da anlise da coeso e da hierarquia nestes microssistemas. Assim, examina o fenmeno da violncia intrafamiliar, especificamente do abuso fsico dos pais para com os filhos, atravs da Teoria Bioecolgica do Desenvolvimento Humano, Teoria Estrutural Sistmica Familiar e da Psicologia Positiva. Participaram deste estudo vinte famlias de nvel scio-econmico baixo e histria de abuso fsico intrafamiliar. O mtodo utilizado foi a insero ecolgica, atravs da participao da equipe de pesquisa nos contextos nos quais as famlias participam (residncia, hospital, escola e organizao no-governamental). Foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas e o Teste do Sistema Familiar FAST. Esta tese est organizada em trs estudos. O primeiro analisa o perfil destas famlias, levando-se em conta os dados bioecolgicos (condies socioeconmicas e constituio familiar) e relacionais (indicadores de risco, de proteo, eventos, expectativas de futuro), e analisa o perfil da violncia (membros envolvidos, motivos, severidade, freqncia e intensidade) O segundo analisa quantitativamente as representaes dos membros familiares sobre a coeso e a hierarquia, obtidas atravs do FAST. O terceiro apresenta trs casos, nos quais aprofundado o estudo do fenmeno do abuso fsico intrafamiliar, de forma qualitativa. Os resultados mostram a presena de indicadores de risco severos para o desenvolvimento saudvel dos membros familiares e do sistema como um todo, como os relacionados aos papis, educao formal, patologias, prticas disciplinares e aos comportamentos agressivos. Os fatores de proteo, identificados na famlia, como a rede de apoio, o desejo de mudana e valorizao das conquistas, no so suficientemente capazes para promover a resilincia e evitar a violncia, tal a sua severidade. As perspectivas divergentes entre os membros familiares sobre a coeso e a hierarquia tambm contribuem para isto. Os agressores no se reconhecem como tal e tendem a representar a famlia coesa, mesmo diante de situaes conflituosas. Estes resultados foram confirmados nos estudos de casos, que demonstram tambm o papel da violncia associado necessidade do abusador em manter o controle sobre o sistema relacional, ao descontrole emocional individual, influenciando todo o sistema, e como interao, substituindo o afeto amoroso.
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Trata-se de um estudo qualitativo descritivo que tem como objetivo compreender os significados da paternidade para pais de recm-nascidos hospitalizados na Unidade de Internao Neonatal do Hospital de Clnicas de Porto Alegre, Brasil. Os participantes foram sete pais adolescentes, entre 17 e 19 anos, que estavam acompanhando seus bebs durante a hospitalizao, no perodo de outubro de 2004 a fevereiro de 2005. Respeitando as questes ticas, o projeto foi aprovado pelo Comit de tica em Pesquisa da referida Instituio. O Termo de Consentimento Livre Esclarecido foi assinado pelos participantes com 18 anos ou mais; os menores de 18 anos foram acompanhados e autorizados por seus pais ou responsveis. A coleta de informaes ocorreu por meio de uma entrevista semi-estruturada e observao participante. Para anlise e interpretao, foi utilizada a anlise de contedo, de onde emergiram cinco temas: Significado da Paternidade para o Adolescente, Vivncia Familiar e Social do Pai Adolescente, Percepes do Pai Adolescente, Experincias de Cuidado do Pai Adolescente e Acolhimento e Vivncias do Pai Adolescente durante a Hospitalizao. Desses temas, originaram-se 15 subtemas. Constatou-se que os pais adolescentes eram trabalhadores, moravam com suas companheiras, foram cuidados pelo pai, mas tambm, em sua maioria deles, por mulheres da famlia. Em suas famlias de origem, foram cuidadores de outras crianas. Esses jovens envolveram-se com o cuidado de seus filhos durante o tempo de hospitalizao, mas relataram que gostariam de ter aprendido mais em relao aos seus filhos. Verificou-se, com referncia ao contexto hospitalar, que ainda existe uma excluso do homem no cuidado dos filhos, no pelo fato de ser adolescente, mas por uma questo cultural e de gnero.
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A internacionalizao crescente vem aumentando o nmero de funcionrios expatriados, enviados pelas empresas para viver e trabalhar no exterior. Tende-se acreditar que a repatriao, que o retorno destes profissionais ao pas de origem, fcil, j que o indivduo est retornando para casa. Porm, os problemas associados repatriao costumam ser responsveis pela sada do profissional da multinacional que o expatriou, o que representa uma perda significativa dos altos investimentos realizados e do conhecimento gerado. Considerando que o fenmeno da repatriao ainda pouco estudado, esta pesquisa procurou analisar como se deu o processo de repatriao na viso de profissionais repatriados brasileiros. Foram entrevistados vinte funcionrios repatriados brasileiros de empresas de capital nacional e estrangeiro. A anlise dos dados indica que o processo de repatriao pode ser dividido em cinco etapas, sendo que as duas primeiras se do ainda no pas de destino da expatriao e as seguintes no pas de origem. A primeira fase envolve a negociao do cargo a ser ocupado no retorno ao Brasil, enquanto que a segunda etapa compreende as providncias a serem tomadas para a preparao para a volta. A fase trs adaptao profissional, j de volta ao pas de origem, envolve a ressocializao na unidade domstica. A quarta etapa, adaptao pessoal, refere-se reorganizao da vida domstica e a ltima etapa, denominada adaptao familiar, ocorre apenas nos casos em que a famlia acompanhou o expatriado durante a designao e envolve o retorno do cnjuge ao mercado de trabalho e a readaptao dos filhos escola. A partir da anlise das polticas e prticas de repatriao, conclui-se que a perspectiva emergente se mostra mais adequada para explicar a reteno dos repatriados, j que mesmo se a empresa no apoiar o funcionrio durante a atribuio internacional, se oferecer uma posio adequada s suas expectativas, as chances de o repatriado deix-la diminuem. Conclui-se, portanto, que a repatriao um processo, dotado de cinco etapas, que tem incio no pas de destino da expatriao e continua nos primeiros meses aps a volta ao pas de origem. Com relao s polticas e prticas adotadas, estas parecem ser mais de natureza logstica e financeira do que estratgica. Apesar disso, foi identificado apenas um caso de sada do profissional da empresa, o que sugere que a satisfao com o cargo ocupado aps a repatriao, que ocorreu na maioria dos casos, a chave para entender a reteno de profissionais repatriados.
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Apesar de serem muitas as anlises sobre tendncias do Ensino Superior no Brasil, sobre o nvel de qualidade das instituies ou sobre polticas de cotas sociais ou raciais, so raras as investigaes destinadas a melhor compreender a deciso pela busca do Ensino Superior por parte dos concluintes do Ensino Mdio pblico. Trabalhos empricos desenvolvidos com esse objetivo costumam focalizar indivduos j em graduao, desconsiderando aqueles que poderiam buscar o Ensino Superior e no o fizeram. Na cidade de So Paulo, esse contingente representa 81% dos 123.000 concluintes do ensino mdio, todos os anos. Este trabalho busca explorar fatores que expliquem a deciso pela busca do ensino superior a partir do perfil e grau de envolvimento da famlia, do desempenho escolar e da condio de trabalho dos componentes de uma amostra com 52 jovens que entre 2007 e 2009 terminaram o ensino mdio em escolas estaduais da Capital. A contribuio desta pesquisa decorre da excepcional variedade de dados colecionados desses indivduos, observados em dois anos distintos: 2007 e 2010, e dados secundrios sobre seu histrico escolar e sobre a qualidade das escolas em que estudaram. Este trabalho exploratrio foi ainda complementado com estudos de caso de seis indivduos tomados em amostra, submetidos a uma entrevista em profundidade para observar outras possveis informaes relevantes para compreender a deciso pela busca ou no do ensino superior. Dentre as evidncias colhidas, surpreendeu o fato que o desempenho em matemtica dos indivduos e a qualidade da escola onde estudaram no explicaram a busca por formao superior. Renda e escolaridade dos pais mostraram-se menos influentes que a posse de computador no domiclio. Da parte da famlia, a presena do pai e da me (biparentais) e com mais elevadas expectativas de escolarizao dos filhos mostraram-se importantes indicadores pela busca de maior escolarizao por parte dos filhos.
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Os programas sociais constituem, nos ltimos dez anos, uma das respostas mais freqentes aos problemas de desigualdade social. No Brasil, o Programa Bolsa Famlia (PBF) tem adquirido ampla relevncia nacional tanto devido ao seu objetivo principal reduzir a pobreza e desigualdade presente e futura como tambm pelo seu tamanho e abrangncia. A eficcia e a qualidade do PBF, porm, s podem ser medidas por meio de mecanismos corretos de avaliao. Considerando as caractersticas do programa, foram selecionadas da Pnad de 2006 subamostras de grupos demogrficos (famlias compostas por casais e/ou mes no casadas com filhos menores de 15 anos) com a finalidade de avaliar se o tratamento fornecido pelo PBF afetou a alocao de tempo dos membros da famlia beneficiria. Utilizando mtodos apropriados de separao dos grupos de tratamento e controle, como o desenho de regresso descontnua, verificou-se que h reduo da oferta de trabalho em suas margens intensiva e extensiva. Controlando o fator manipulao da regra de seleo, a partir da identificao de episdios de desocupao dos indivduos ao longo do perodo de um ano, observou-se, ainda, que o PBF proporcionou impactos negativos na margem intensiva de trabalho dos adultos, principalmente das mes. Alm disso, constatou-se que o PBF foi pouco eficaz na queda da participao das crianas de seis at quinze anos na fora de trabalho, embora tenha proporcionado uma reduo nas horas trabalhadas remuneradas em substituio por freqncia escola.
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O nascimento do segundo filho constitui-se em uma fase especfica do ciclo de vida familiar, acarretando mudanas, especialmente, na relao me-primognito. Dessa forma, o presente estudo teve por objetivo investigar os comportamentos de dependncia e de independncia do primognito e as percepes maternas sobre esses comportamentos no contexto de gestao de um segundo filho. Foi realizado um estudo de caso coletivo, do qual participaram cinco primognitos e suas respectivas mes, no terceiro trimestre de gestao do segundo filho. Os participantes pertenciam amostra de um projeto longitudinal maior. Com as crianas, foi aplicado o Teste das Fbulas e as mes responderam a entrevistas semi-dirigidas. Anlise de contedo revelou uma tendncia de comportamento predominantemente dependente do primognito. Esta tendncia despertava sentimentos ambivalentes nas mes, que acabavam estimulando comportamentos de independncia Pode-se dizer que as crianas tambm se mostraram ambivalentes, apresentando um padro oscilatrio de comportamento em algumas respostas s fbulas. Os resultados sugerem que o contexto de nascimento de um novo membro na famlia constitui-se em um momento especial, tanto para a criana que tem que deixar de ocupar o papel de filho nico e aprender a compartilhar os cuidados maternos, quanto para a me que deve lidar com as ansiedades advindas da gestao de um segundo filho e com os sentimentos em relao ao primognito. As implicaes dos achados para uma compreenso das alteraes de comportamento na criana em perodos de transio familiar so destacadas.
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O presente estudo objetiva averiguar a possibilidade de diferentes organizaes escolares de provocarem modificaes nos traos no-cognitivos de clientela de classe social baixa. Efetuou-se wna comparao entre gr~pos de alunos filhos de operrios frequentando os cursos de,~trendiZagem de menores do Servio Naeibnal de Aprendizagem Indpstrial (SENAI) e de alUnos com caracterIsticas sociais e edu~;iionaiS similaresde escolas acadmicas da cidade do Rio de Jne ' -. ".. ._....... '.> '- .... ,~. Os dados oriundos da observao revelaram que' o SENAI soube capitalizar as experincias da empresa industrial, aparelhando-se metodologicamente para moldar o aprendiz segundo os traos de conduta reclamados pelo mundo do trabalho. As escolas acadmicas analisadas, embora proclamem objetivos mais amplos a auto-realizao do educando, no possuem a infra-estrutura material e humana para tal, chegando mesmo a provocar nos uma atitude de averso escola. alunos Os resultados quantitativos evidenciaram maiores esc~ res em modernidade para os alunos da escola acadmica, enquanto que na escala de autoritarismo no houve diferenas significativas entre os dois grupos.
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Este trabalho constitui-se em um estudo exploratrio descritivo que busca compreender a opo freqente pelo trabalho no turno noturno entre auxiliares de enfermagem de uma instituio hospitalar. O referencial terico discorre sobre a categoria trabalho e a sua relao com a sade/doena; aborda ainda as especificidades do trabalho da enfermagem e do trabalho de turno noturno. Os dados foram coletados nas unidades de internao cirrgica do Hospital de Clnicas de Porto Alegre no perodo de julho novembro de 2003. Os sujeitos da pesquisa formam 65 auxiliares de enfermagem que atuam em turno fixo noturno. Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram anlise de documentos, questionrios e entrevistas individuais. Em um momento inicial foi aplicado um questionrio e posteriormente foram selecionados atravs de sorteio 10 trabalhadores para participarem da entrevista individual. Os dados dos questionrios foram analisados quantitativamente e apresentados atravs de quadros e figuras. As entrevistas foram analisadas a partir da anlise de contedo, mtodo proposto por Bardin (1979). Os resultados evidenciaram que entre os fatores determinantes da escolha pelo turno noturno de trabalho encontra-se a maior disponibilidade de tempo, tanto para o desenvolvimento de outras atividades como para acompanhar o desenvolvimento dos filhos, possibilidade de conciliar trabalho e estudo e ainda como forma de aumentar a renda familiar com o adicional noturno. Os trabalhadores relataram ainda como principais dificuldades do trabalho noite as alteraes no sono, o desgaste fsico decorrente da natureza do trabalho e da sobrecarga de trabalho e a inexistncia de um momento para repouso. Poucos trabalhadores manifestaram conhecimento ou leituras sobre a relao trabalho noturno/processo sade e doena, e afirmam no possuir problemas de sade que pudessem estar relacionados ao seu turno de trabalho, exceto distrbios de sono.