999 resultados para Níveis de obesidade
Resumo:
OBJETIVO: relatar a evolução de uma série de casos de gestação em mulheres previamente submetidas à cirurgia de bypass gástrico para tratamento de obesidade grave. MÉTODOS: cinco casos consecutivos de gravidez após gastroplastia ocorridos entre 2001 e 2004 foram avaliados. As pacientes tinham idade entre 30 e 34 anos e todas haviam sido submetidas à cirurgia de Capella. Aspectos clínicos, laboratoriais e do acompanhamento materno e fetal foram considerados, durante o período gestacional e após o parto. Foi realizada revisão da literatura internacional, por meio das bases de dados MEDLINE e Web of Science, utilizando os seguintes unitermos: gastroplasty, gastric bypass surgery, bariatric surgery e pregnancy. RESULTADOS: todas as gestações observadas foram únicas e não ocorreram complicações obstétricas, durante o seguimento pré-natal e parto. Também não houve registro de recém-nascidos prematuros ou de baixo peso ao nascimento. CONCLUSÃO: nossos dados sugerem que a gravidez após gastroplastia é segura para a mãe e feto. Entretanto, em virtude do limitado volume de informação disponível sobre o tema, investigações adicionais são necessárias para estabelecer recomendações apropriadas com relação ao seguimento dessas gestações.
Resumo:
As modificações nas concentrações das gonadotrofinas ao longo da vida reprodutiva dependem de amadurecimento funcional harmônico entre conexões neurais, neurônios-GnRH no hipotálamo, gonadotropos hipofisários e células da granulosa e teca da parede folicular. As concentrações de LH e FSH sofrem variações com o período do dia, fase do ciclo menstrual e idades ginecológica e cronológica. A variação circadiana é marcante para o LH e ocorre na fase puberal, quando os pulsos têm maior freqüência e amplitude no período noturno. Na fase puberal tardia, os pulsos das gonadotrofinas ocorrem também durante o dia e perdem a variação noite-dia, permanecendo discretas alterações durante as 24 horas do dia. No ciclo menstrual, durante os anos reprodutivos, o FSH eleva-se no final da fase lútea tardia, declina na fase folicular média, eleva-se bruscamente na fase ovulatória e permanece em níveis basais até a fase lútea tardia. O LH permanece em níveis constantes durante toda a fase folicular, eleva-se no pico ovulatório e declina a níveis basais na fase lútea. Na quarta década, há modificações hipotálamo-neurais na secreção de GnRH, atenuação do retrocontrole positivo exercido pelo estradiol e diminuição na freqüência e prolongamento dos pulsos de GnRH. A hipófise responde com diminuição na densidade de receptores-GnRH, perda da sensibilidade do gonadotropo, secreção de gonadotrofinas mais básicas com maior meia-vida, diminuição na freqüência e maior amplitude dos pulsos de LH e FSH e secreção preferencial de FSH. Estas modificações, associadas à aceleração no consumo folicular, explicam a elevação monotrópica mais rápida de FSH após os 37-38 anos e a manutenção de níveis quase constantes de LH até o final do período reprodutivo. Estudos consistentes mostram que a elevação seletiva dos níveis basais de FSH na fase folicular precoce na verdade é gradual, sendo observada já na terceira década de vida. A discordância entre pulsos e níveis basais de FSH e LH ao longo dos anos reprodutivos permite especular a existência de mecanismos mais complexos, não totalmente compreendidos, na regulação do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano.
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OBJETIVO: avaliar o efeito da obesidade sobre a função das célulasbeta pancreáticas de pacientes portadoras de síndrome dos ovários policísticos (SOP). MÉTODOS: estudo transversal no qual foram avaliadas 82 pacientes portadoras de SOP, selecionadas de forma consecutiva, no momento do diagnóstico de SOP. Pacientes com índice de massa corporal (IMC) maior ou igual a 30 kg/m² foram consideradas SOP obesas (n=31). Valores de índice de massa corporal menores que este limite foram consideradas SOP não-obesas, o que correspondeu a 51 mulheres. Foram utilizadas a glicemia e a insulina de jejum para cálculo da função das células beta pancreáticas (HOMA-%beta-Cell) e da resistência à insulina (HOMA-IR e QUICKI) entre os grupos. Analisaram-se, também, variáveis secundárias como idade, idade da menarca, níveis séricos hormonais (testosterona, prolactina, LH e FSH) e de colesterol total, triglicerídeos, HDL colesterol e LDL-colesterol. RESULTADOS: a idade da menarca das pacientes obesas com SOP (11,7±1,8 anos) foi menor que as não-obesas (12,7±1,9) (p<0,05). As SOP obesas tiveram LH inferior (7,9±5,0 mUI/mL) ao valor encontrado nas não-obesas (10,6±6,0 mUI/mL) (p<0,05). Ambos os grupos apresentaram a média de HDL colesterol inferior a 50 mg/dL. As pacientes obesas apresentaram insulina basal (32,5±25,2 mUI/mL) e glicemia de jejum (115,9±40,7 mg/dL) mais elevadas que as não-obesas (8,8±6,6 mUI/mL e 90,2±8,9 mg/dL, respectivamente) (p<0,01). No grupo SOP obesas, a freqüência de resistência à insulina foi de 93 versus 25% no grupo SOP não-obesas (p<0,01). Foi verificada hiperfunção das células beta do pâncreas em 86% das obesas com SOP contra 41% das não-obesas portadoras de SOP (p<0,0001). CONCLUSÕES: as pacientes com SOP obesas apresentaram freqüência mais alta de resistência à insulina e hiperfunção de células beta do pâncreas quando comparadas com pacientes SOP não-obesas.
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OBJETIVO: examinar a hipótese de que o nível sérico do hormônio anti-Mülleriano (HAM) reflete o status folicular ovariano. MÉTODOS: Desenho: estudo prospectivo. Pacientes: foram incluídas 101 candidatas à FIV-TE submetidas à estimulação ovariana controlada com agonista de GnRH e FSH. Depois de atingir a supressão da hipófise e antes da administração de FSH (dia basal), os níveis séricos de HAM, inibina B e FSH foram avaliados. O número de folículos antrais foi determinado pela ultra-sonografia (dia basal) (folículo antral precoce; 3-10 mm). RESULTADOS: as médias do nível sérico de HAM, inhibina B, E2, P4 e FSH (dia basal) foram 3,4±0,14 ng/mL, 89±4,8 pg/mL, 34±2,7 pg/mL, 0,22±0,23 ng/mL e 6,6±0,1 mUI/mL, respectivamente, e a média do número de folículos antrais precoces foi 17±0,39. O nível sérico do HAM foi negativamente correlacionado com a idade (r= -0,19, p<0,04) e positivamente correlacionado com o número de folículos antrais precoces (r=0,65, p<0,0001), mas isto não se aplicou aos níveis séricos de inibina B, E2 e FSH. CONCLUSÕES: esse dado demonstra a associação do HAM com a quantidade de folículo antral, sendo aquele, portanto, um provável biomarcador do status folicular ovariano.
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OBJETIVO: avaliar a concentração plasmática da proteína C reativa ultra-sensível (PCRus) e a sua correlação com variáveis clínicas, hormonais e metabólicas em pacientes portadoras da síndrome do ovário policístico (SOP). Métodos: estudo transversal, que incluiu 46 pacientes portadoras de síndrome do ovário policístico, diagnosticadas segundo os critérios de Rotterdam (2003), e 44 pacientes controle, que foram submetidas a dosagem da PCRus. O índice de massa corporal (IMC), a idade, a circunferência abdominal e os níveis de insulina de jejum, de testosterona, do HOMA-IR (homeostasis model assessment-insulin resistance) e do colesterol total, além de frações foram correlacionados aos níveis de PCR, utilizando-se análise de regressão multivariada. RESULTADOS: as portadoras da SOP apresentavam idade, IMC, circunferência abdominal, insulina de jejum, HOMA-IR, colesterol total e lipoproteína de baixa densidade (LDL) em concentrações plasmáticas superiores às do controle. Houve diferença significante nos níveis da PCRus entre o grupo da SOP (2,7±2,17 mg/dL) e o controle (1,6±1,49 mg/dL), p<0,05. Quando os níveis da PCRus foram categorizados em baixo (<1,0 mg/L), médio (1-3,0 mg/L) e elevado (3,0 mg/L) risco cardiovascular, 28,3% das portadoras da SOP apresentaram níveis da PCRus para baixo risco, 34,8% para médio e 37% para elevado risco cardiovascular. A prevalência da síndrome metabólica foi mais elevada entre as portadoras da SOP (30,4%), quando comparadas ao grupo controle (6,8%). Após o ajuste das variáveis de confusão, por um modelo de regressão linear multivariada stepwise, a presença da SOP mostrou efeito independente das outras variáveis sobre os níveis da PCRus. CONCLUSÕES: os níveis da PCRus foram mais elevados nas mulheres portadoras da SOP. A SOP tem efeito independente na determinação dos níveis plasmáticos da PCR.
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A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma desordem endócrina heterogênea com prevalência de 5 a 10% nas mulheres em idade reprodutiva. Na SOP, há associação com vários fatores de risco para desenvolvimento de doença cardiovascular, como resistência à insulina, dislipidemia, diabetes mellitus, hipertensão arterial, disfunção endotelial, obesidade central, síndrome metabólica e marcadores pró-inflamatórios crônicos. A prática de exercício físico, juntamente com orientação nutricional, tem sido recomendada como estratégia de primeira linha no tratamento da oligomenorréia, hirsutismo, infertilidade e obesidade nas mulheres com SOP. Nesse sentido, o objetivo da presente revisão foi analisar o papel específico do exercício e/ou atividade física nas modificações da composição corporal, sistema cardiovascular, níveis plasmáticos bioquímicos e hormonais e função reprodutiva de mulheres com SOP.
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OBJETIVO: observar o impacto da obesidade e de outros fatores de risco sobre a taxa de falha das pacientes submetidas à cirurgia de Burch para tratamento da incontinência urinária. MÉTODOS: estudo de casos de pacientes submetidas à cirurgia de Burch no período de 1992 a 2003. As pacientes foram avaliadas no momento da segunda consulta pós-operatória (66 dias em média) e com um ano de acompanhamento, e classificadas em dois grupos: Continentes e Não Continentes. As variáveis analisadas foram: idade, paridade, índice de massa corpórea (IMC), tempo de menopausa, tempo de terapia de reposição hormonal, avaliação urodinâmica, história de infecção do trato urinário, cirurgia prévia para incontinência urinária, diabetes, cistocele e prolapso uterino, tempo de internação, necessidade de autossondagem, micção espontânea no pós-operatório e ferida operatória. Os dados foram analisados com o pacote estatístico Statistical Package for Social Sciences 14.0. Foram utilizados o teste τ de Student ou Mann-Whitney, para comparação das variáveis contínuas, e os testes exato de Fisher e χ2, para variáveis categóricas (p<0,05). RESULTADOS: no momento da segunda avaliação pós-operatória, não houve diferença significativa entre os dois grupos quanto às variáveis analisadas. Com um ano de seguimento, de um total de 97 pacientes, 81 apresentavam-se continentes e 16, não continentes, sendo o IMC e a altura diferentes entre os grupos. No Grupo Continente, o IMC médio foi 27,1 e a altura de 1,57 m e, no Não Continente, 30,8 (p=0,02) e 1,52 m (p=0,01). A Odds Ratio para IMC>30 foi 3,7 (IC95%=1,2-11,5). CONCLUSÕES: a obesidade mostrou-se um importante fator de risco para a falha da cirurgia no primeiro ano de acompanhamento. Os resultados demonstram que pacientes com IMC>30 têm chance 3,7 vezes maior de apresentarem-se não continentes após um ano da cirurgia de Burch em relação às não obesas.
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OBJETIVO: avaliar a reserva ovariana de pacientes inférteis portadoras de endometriose profunda de ovário, submetidas à cirurgia excisional dos endometriomas, atendidas entre os meses de Fevereiro e Novembro de 2008. MÉTODOS: estudo prospectivo que incluiu 30 pacientes portadoras de endometriose graus III e IV com comprometimento profundo de ovário submetidas à cirurgia excisional dos endometriomas e 30 pacientes portadoras de endometriose graus I e II que foram alocadas como Grupo Controle. A reserva ovariana foi avaliada indiretamente a partir do valor do hormônio folículo estimulante (FSH) basal (U/L), entre o terceiro e quinto dias do ciclo, após um período de 12 meses da cirurgia. O índice de massa corpórea (IMC) foi calculado conforme a fórmula de Quetelet [peso (kg)/estatura (cm²)]. Para a comparação das variáveis "idade", "IMC" e "valores de FSH basal" entre os grupos, foi utilizado o teste não paramétrico U de Mann-Whitney. RESULTADOS: não foi encontrada diferença significativa entre os grupos em relação à idade e ao IMC. Em relação ao FSH basal, observou-se que, no grupo das pacientes com endometriose profunda, o valor médio foi de 7,0 U/L, enquanto que, no Grupo Controle, foi de 5,6 U/L (p=0,3), o que demonstra que a diferença no valor médio de FSH encontrado nos dois grupos não foi significativa. CONCLUSÕES: a cirurgia não influenciou de forma deletéria a reserva ovariana das pacientes com endometriose profunda de ovário.
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OBJETIVO: verificar se há diferença na prevalência de disfunção sexual e nos escores dos domínios da função sexual entre um grupo de mulheres atendido no serviço público e outro atendido no privado, e apurar se há associação entre disfunção sexual e renda familiar e escolaridade. MÉTODOS: estudo transversal no qual foram incluídas 201 mulheres sexualmente ativas, com idade de 18 a 45 anos, das quais 90 foram atendidas no serviço público e 111, no setor privado. Avaliaram-se idade, estado civil, uso de anticoncepção hormonal, renda e escolaridade, e todas as mulheres foram submetidas ao Índice da Função Sexual Feminina (IFSF), instrumento utilizado para avaliação da sexualidade. Para análise estatística, foi utilizado o programa SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 15.0, aplicando-se o teste do χ2 para variáveis categóricas e o t de Student para amostras independentes. RESULTADOS: a comparação entre os grupos (setor público versus setor privado) não mostrou diferença significativa na prevalência de disfunção sexual (20 e 23,4%, p=0,5) nem nos escores dos domínios sexuais: desejo (3,9±1,3 e 3,8±1,0, p=0,6), excitação (4,5±0,8 e 4,4±0,9, p=0,5), lubrificação (5,2±1,2 e 5,0±0,9, p=0,1), orgasmo (5,0±1,2 e 4,9±1,1, p=0,5), satisfação (5,2±1,2 e 5,1±1,0, p=0,9), e dor (5,3±1,1 e 5,2±1,0, p=0,8). A disfunção sexual ocorreu em 28% das mulheres com renda entre dois e quatro salários mínimos, 17,5% daquelas com renda maior ou igual a cinco salários e em 14,3% daquelas com renda menor ou igual a um salário (p=0,1). Em relação à escolaridade, a disfunção ocorreu em 30,2% das mulheres com ensino fundamental, 24,2% daquelas com ensino médio e 13,4% e das mulheres com ensino superior (p=0,09). CONCLUSÕES: não se observou diferença significativa na prevalência de disfunção sexual e nos escores dos domínios sexuais entre os grupos, nem associação de disfunção sexual com renda ou escolaridade.
Resumo:
A cirurgia bariátrica vem sendo considerada, na atualidade, uma alternativa ao tratamento de obesidade mórbida refratária a tratamentos clínicos convencionais. As cirurgias mais usadas, radicais e invasivas, apresentam resultados melhores e mais rápidos, porém estão mais sujeitas a complicações clínicas e cirúrgicas, como obstruções e suboclusões intestinais. Gestações em mulheres que se submetem a este tipo de cirurgia são cada vez mais frequentes e as complicações relacionadas cada vez mais descritas. Apresentamos o caso clínico de mulher grávida previamente submetida à cirurgia bariátrica que desenvolveu quadro de suboclusão com intussuscepção intestinal. Essa complicação extremamente grave requer muita atenção para seu diagnóstico, utilizando-se exames de imagem e laboratório não empregados usualmente durante a gravidez. A gestação confunde e dificulta sua interpretação, além de o único tratamento de bom resultado ser invasivo, a laparotomia exploradora, ser indesejável no período. A morbidade e mortalidade materna, fetal e perinatal costumam ser elevadas. No caso descrito, o parto ocorreu de forma espontânea nas primeiras horas de internação, antes de o procedimento cirúrgico ser executado. A evolução foi boa e paciente e recém-nascido, embora prematuro, evoluíram bem e tiveram alta em boas condições.
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OBJETIVO: investigar a prevalência de níveis pressóricos elevados em pacientes com síndrome dos ovários policísticos (SOP) e correlacionar os níveis de pressão arterial (PA) com outros fatores de risco cardiovascular. MÉTODOS: por meio de estudo transversal, foram alocadas 113 mulheres com SOP (26,2±4,3 anos) e um Grupo Controle com 242 mulheres saudáveis da população geral (26,8±5,0 anos). As variáveis consideradas foram: PA sistólica e diastólica, parâmetros antropométricos e concentrações séricas de glicose, colesterol total, HDL-colesterol e triglicerídeos. Os valores de PA foram classificados de acordo com as V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. A análise estatística constou da comparação intergrupos com os testes t de Student e do χ2 e análise de correlação com teste de correlação de Pearson. RESULTADOS: o Grupo SOP apresentou prevalência de PA alterada (>130/85 mmHg) significativamente superior ao Grupo Controle (18,6 versus 9,9%, respectivamente; p<0,05). Mulheres com SOP apresentaram valores médios superiores de PA sistólica, índice de massa corpórea (IMC), circunferência da cintura (CC), triglicerídeos e glicemia de jejum, além de níveis inferiores de HDL-colesterol, em comparação ao Grupo Controle (p<0,01). No Grupo SOP, os valores de PA sistólica e diastólica apresentaram correlação positiva significativa com a idade, IMC, CC e triglicerídeos (p<0,05). CONCLUSÕES: de acordo com os resultados obtidos, é possível concluir que a frequência de mulheres com valores acima do limite da normalidade das cargas pressóricas foi significativamente superior no Grupo SOP, em relação ao Grupo Controle. Adicionalmente, os valores de PA se correlacionaram com outros fatores de risco cardiovascular. Esses achados alertam para a relevância de estratégias preventivas em mulheres com SOP, no sentido de evitar eventos mórbidos relacionados ao sistema cardiovascular.
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OBJETIVO: Comparar as características metabólicas de mulheres jovens do sudeste brasileiro, obesas e não obesas com síndrome dos ovários policísticos (SOP). MÉTODOS: Estudo transversal que incluiu 218 mulheres de idade reprodutiva com diagnóstico de SOP - 90 mulheres não obesas (IMC entre 18,5 e 29,9 kg/m²) e 128 pacientes obesas (IMC >30 kg/m²), selecionadas no momento do diagnóstico. Foram comparadas as frequências de resistência insulínica (RI), intolerância à glicose (IG), síndrome metabólica (MetS) e diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e os valores médios de colesterol total (CT), triglicérides (TG), lipoproteínas de alta (LDL) e baixa densidade (HDL), entre as pacientes obesas e não obesas com SOP. Foram comparadas também as características clínicas e hormonais (hormônio folículo estimulante, luteinizante, prolactina, hormônio tireoestimulante, testosterona total, sulfato de dehidroepiandrostenediona e 17-hidroxiprogesterona) nos dois grupos. A análise estatística foi realizada com o auxílio do software SAS 9.0. Para análise das variáveis com distribuição normal, utilizou-se o teste t de Student não pareado; na ausência desta característica, o teste utilizado foi Mann-Whitney bicaudal. Para as variáveis qualitativas utilizou-se o teste Exato de Fisher. Em todas as análises, foi considerado o nível de significância de 5% (p<0,05). RESULTADOS: As frequências de RI, IG e MetS foram significativamente mais elevadas em pacientes com SOP obesas do que não obesas (66,7, 29,9 e 63% versus 24,7, 12,2 e 16.4%, respectivamente). As pacientes obesas apresentaram maiores níveis de CT e TG (189,8±35.8 mg/dL e 145.4±71.1 mg/dL, respectivamente) do que as não obesas (172,1±38.4 mg/dL e 99,3±54 mg/dL, respectivamente). Ambos os grupos apresentaram níveis médios de HDL abaixo de 50 mg/dL. CONCLUSÕES: Mulheres obesas jovens com SOP apresentam maior frequência de RI, IG e SM do que as não obesas. Todavia, a ocorrência dos distúrbios metabólicos é elevada também na pacientes não obesas, sugerindo que a presença da síndrome favoreça o desenvolvimento de comorbidades metabólicas, com potenciais repercussões a médio e longo prazos.