959 resultados para análise de discurso
Resumo:
Meninas no papel faz parte das discusses onde se examinam as relaes entre a inveno da infncia, governo e subjetivao, preocupando-se, especificamente, com a produo das meninas nas revistas femininas infantis brasileiras. Para dar conta da trama que envolve a produo do sujeito menina, dos vrios saberes e poderes que atravessam sua fabricao, divido a tese em partes que se entrecruzam. Trabalhadas separadamente, as mesmas no mantm uma continuidade linear entre si. Suas transversalidades, porm, produzem os ns de uma teia de relaes que d significado aos vrios comeos de uma infncia que no cessa de se transformar. Na primeira parte da tese, me alio perspectiva genealgica do pensamento de Michel Foucault para tratar da inveno da infncia, sua produo e governo na modernidade ocidental, a fim de mostrar como se constituiu essa infncia de hoje. Ressalto as tcnicas de produo dos sujeitos femininos, constitudos pelas prticas de governo: o governo dos outros e de si. Na segunda parte da tese, analiso a produo das meninas na prtica discursiva e no discursiva das revistas, e em especial, das revistas femininas infantis brasileiras, perfazendo o processo de fabricao dos sujeitos femininos infantis no papel, na atualidade. Trato das relaes de poder/saber que constituem a forma de governo de manuais de civilidade e de revistas femininas, que produzem sujeitos meninas como um ser civilizado, educado em seus desejos. Mostro as formas de subjetivao das meninas, bem como a produo do disciplinamento da sua sexualidade, atravs de um dispositivo que produz uma menina ao mesmo tempo inocente e pura, sensual e erotizada, ou seja, juvenescida. Sustento que essa posio de sujeito - a de juvenescido - produz efeitos na subjetivao de meninas e mulheres contemporneas e, conseqentemente, na forma de pensar a sua educao.
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Um olhar diferenciado sobre o ensino de segunda lngua o que pretende apresentar este trabalho, olhar forjado a partir dos conceitos da Análise do Discurso de linha francesa. O que buscamos um tratamento do ensino da lngua do outro que, no encontro com o real e a opacidade constitutivos de toda lngua, possibilite ao aluno mais do que a instrumentalizao a fim de que esteja ele capacitado para reproduzir estruturas, mas que consiga tomar a palavra, encontrar um lugar nessa outra lngua, espao a partir do qual seja capaz de produzir sentidos. Para tanto fazemos uma incurso na teoria do discurso, buscando os conceitos fundamentais da AD e o modo como foram construdos. Isso possibilita que entendamos os deslocamentos necessrios em relao compreenso de lngua e sujeito, de discurso e formao discursiva, entre outros conceitos, para que sejamos capazes de construir esse discursivo olhar sobre a lngua estrangeira, para que sejamos capazes de vislumbrar uma prtica diferenciada para esse ensino a fim de que trabalhemos a palavra do outro em movimento, a vida dessa estrangeira palavra, indo ao encontro do texto literrio como um caminho para tal realizao.
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Esta tese analisa o talk show de J Soares, tendo como suporte terico-metodolgico a teoria semitica narrativa e discursiva desenvolvida por Greimas e seus colaboradores. A análise objetiva apreender a construo do talk show, evidenciando os componentes que o engendram como uma unidade textual singular e mostrar o funcionamento do programa, a partir do reconhecimento dos mecanismos discursivos de manipulao que so utilizados como estratgias persuasivas para produzir o efeito espetculo de entretenimento distenso, com o intuido de seduzir seus destinatrios. A tese est dividida em cinco captulos. Destacamos os captulos 4 e 5 destinados análise. No captulo 4, a análise examina a organizao narrativa do espetculo do J, mostrando o conjunto de elementos que o constituem e destacando as perfomances actanciais do sujeito do fazer, como heri da narrativa. Esse captulo procura mostrar o que o show, o que ele diz. No captulo 5, a análise mostra a estrutura da comunicao, da intersubjetividade, prpria do nvel discursivo, identificando a dimenso argumentativo-persuasiva que revela o esquema da manipulao, as estratgias discursivo-persuasivas utilizadas pelo manipulador, para construir um espetculo em conformidade com os efeitos pretendidos. Nesse nvel de análise, procura-se mostrar como o show faz para produzir os efeitos almejados.
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A escritora objeto desta tese, figura proeminente da literatura neozelandesa, voltou-se ao gnero autobiogrfico aps um longo percurso na rea da fico, para definir-se como uma primeira pessoa, depois de sua vida particular ter sido insistentemente confundida com sua obra por parte da crtica. Uma questo que logo vem tona que praticamente toda fico resulta ser, at um certo grau, fundamentalmente autobiogrfica e que a análise crtica da obra de um escritor possibilita o conhecimento de sua vida. Nosso argumento, opondo-se a esse pressuposto, parte da vida para melhor compreender a obra, evidenciando que Janet Frame manteve um grande distanciamento entre os eventos reais e sua ficcionalizao, realizando uma tarefa que a coloca lado a lado dos nomes mais ilustres da literatura ocidental do sculo XX. Numa atitude comparatista, procuramos extrair os diversos processos de transmutao esttica realizados pela escritora, buscando sanar algumas distores que impediram uma análise mais confivel de sua obra, problematizando, entre outros aspectos, a questo do gnero autobiogrfico, da mmese e do realismo ficcional. A manipulao artstica da vida particular de Janet Frame foi resgatada por um conjunto de processos, entre os quais a antimmese, a poetizao do quotidiano, a intertextualidade e a interdiscursividade, que revelam um alcance esttico e uma auto-referencialidade deslocada muito alm do mero biografismo. Outros aspectos analisados na obra como um todo indicam que novas abordagens da fico de Janet Frame, a partir de enfoques ps-modernos, ps-coloniais, ps-estruturalistas e feministas podem superar as posturas reducionistas das quais ela foi alvo.
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Esta Tese trata de discursos e representaes presentes nas cartilhas ou primeiros livros usados na alfabetizao no Estado do Rio Grande do Sul, entre 1890 e 1930. A partir do campo dos Estudos Culturais e das contribuies dos estudos ps-modernos, psestruturalistas e da Análise Crtica do Discurso, em sua vertente foucaultiana, analiso discursos e representaes que aparecem nessas obras, examinando tambm de que forma se harmonizam/circulam por outros discursos da poca ou por narrativas que hoje se fazem deles/as. Metodologicamente, privilegio a interpretao textual, incluindo, alm das cartilhas, outras fontes documentais, para contextualizao desse perodo histrico. Organizo a análise em seis captulos. No captulo Em busca dos comeos, discuto a originalidade da Cartilha maternal e do mtodo de ensino da leitura que a orienta, de autoria do poeta luso Joo de Deus, considerando que tal obra produto da interconexo de discursos e textos lusos, sob forte influncia da produo metodolgica francesa. Tal análise tem em vista contextualizar, em parte, a opo que o governo gacho fez de adoo oficial do mtodo Joo de Deus. Cabe ao captulo Progredir, melhorando a contextualizao do projeto de Instruo Pblica do Estado durante a primeira repblica, em seus contornos positivistas de valorizao da pedagogia moderna A construo de escolas monumentais, a substituio da moblia escolar e a aquisio de material didtico, prprios ao mtodo de ensino intuitivo, ao mtodo de leitura Joo de Deus e ao modo de ensino simultneo, do materialidade reforma instituda. O captulo O circuito cultural das cartilhas contempla a discusso de prescries para o exame, aprovao e adoo de cartilhas e a análise de documentos de controle de sua distribuio s escolas pblicas nesse perodo, j que custos de importao e edio impediam a aquisio da cartilha lusa, sendo esta substituda por cartilhas gachas. O captulo A unidade de mtodos e de doutrinas atravs de contrafaes, similaridades e adaptaes visibiliza, pela análise das lies de cartilhas adotadas - Maternal, Nacional e Mestra -, mtodos de ensino da leitura e da escrita que orientavam a sua produo e de que maneira elas se aproximavam da obra original de Joo de Deus e de discursos que vigoravam poca Deslocamentos nos discursos sobre leitura e escrita podem ser evidenciados no primeiro livro Queres ler?, que suplantaria a Cartilha maternal. O captulo A formao da identidade nacional nas pginas das cartilhas discute a valorizao da lngua, vultos e smbolos, para construo da unidade nacional republicana, bem como a comemorao de datas cvicas e o uso de apetrechos escolares nacionalizadores. O captulo A escolarizao da educao e da alfabetizao trata da reinveno desses conceitos, transpostos tambm para as lies das cartilhas, evidenciando como esses textos culturais contriburam para formar o sujeito civilizado, isto , o/a bom filho/a, bom/a aluno/a, e, por conseqncia, o/a bom/a trabalhador/a, o/a bom/a cidado e o/a bom/a brasileiro/a. Concluo, por fim, com esta pesquisa, que as cartilhas fizeram parte de uma cadeia de produo cultural, sendo sua intertextualidade marcada pelo impacto da interdiscursividade da modernidade republicana.
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O desvelamento das racionalidades imersas nas aes docentes de uma escola de qualificao profissional de auxiliares de enfermagem, compem a rea temtica deste estudo. No intuito de atingirmos esta dimenso de análise, abordamos as seguintes questes de pesquisa: - Qual o entendimento das docentes sobre o seu trabalho enquanto enfermeiras e professoras?; - Qual o entendimento das docentes sobre o trabalho e a qualificao profissional de auxiliares de enfermagem?; - Quais as aes que orientam a prtica docente na qualificao profissional, como indicativos da(s) racionalidade(s)?; - Que dimenses estariam presentes na ao docente que possibilitariam uma ao comunicativa?. A teoria de Jrgen Habermas utilizado como aporte para as idias trabalhadas neste estudo. A Teoria da Ao Comunicativa, em sua proposta bsica, centra-se nas dimenses de desvelamento ideolgico de interesses, uso do conhecimento e da racionalidade na busca da emancipao e da autonomia. Esta teoria diferencia trs tipos de racionalidades ou aes: instrumental, estratgica e comunicativa. Na coleta de dados empregada entrevista semi-estruturada, cujas perguntas contemplam as questes acima delineadas, aplicadas oito professores de uma escola escolhida intencionalmente. A análise de dados utiliza o mtodo de análise de discurso conforme a Pragmtica Formal apresentada por Habermas (1987), a qual se preocupa com as dimenses internas e externas dos atos de fala, nem sempre vinculados a questes gramaticais, valendo mais o significado e a considerao de falibilidade da verdade expressa (Habermas, 1987). A dimenso do trabalho das Professoras como categoria terica, envolve a atividade docente e de enfermeira. No significado que possuem de trabalho, o mesmo concebido como um agir-racional-com-respeito-a-afins, uma vez que entendido como uma relao meio-fim. A diviso social e tcnica do trabalho, bem como a fragmentao entre a concepo intelectual e manual, so apresentadas em situaes distintas ao se referirem ao seu trabalho e ao das auxiliares de enfermagem. Nos seus atos de fala expressam o descontentamento em seguirem normas pr-estabelecidas, com a rotinizao dos cuidados e a burocratizao dos servios. No entanto, reproduzem este sistema hierarquizado na relao com as auxiliares de enfermagem, articulando o seu poder como forma de manterem o controle sobre o produto do trabalho. No relacionamento com profissionais de 3 grau surge a hegemonia mdica, assumindo as Professoras um posicionamento de submisso, justificado por no considerarem o cuidado de enfermagem como detentor de saber prprio, alm do que o trabalho mdico teria um conhecimento reconhecido; outras Professoras, em menor expresso, reconhecem a existncia de hegemonia, posicionam-se frente a esses profissionais em uma relao de iguais, questionando-os. A qualificao profissional das auxiliares de enfermagem trazida nos atos de fala em uma racionalidade instrumental, visando a formao tcnico-cientfica. As aes docentes no trazem as bases de uma racionalidade comunicativa. No entanto, realizado pela pesquisadora, a proposta de desenvolvimento desta realidade na qualificao profissional de auxiliares de enfermagem.
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Este trabalho de dissertao tem como objetivo contribuir para os estudos sobre os processos formativos (universidade e escola) do sujeito professora, graduado em Pedagogia, licenciado para atuar como professora, no sistema de ensino, na especificidade dessa graduao. Ao enfocar este tema entendo ser a formao inicial importantssima e o curso um lugar muito precioso para formar o profissional da educao. A investigao sobre a qual me debruo inscreve-se no campo da educao, especialmente na rea de formao de professores, no campo da Pedagogia e na Análise de Discurso, conforme a linha terica de Pcheux. O meu estudo guiado pelas noes tericas que envolvem sujeito, discurso e produo de sentidos, na inter-relao entre lngua e acontecimento. Ao situar a problemtica na perspectiva discursiva, busco saber como os discursos produzidos no curso de formao inicial e no trabalho pedaggico tm contribudo e interferido na produo de sentidos sobre " ser professora " Sem me esquecer que o sujeito significa a partir de outros " j ditos " que povoam o seu dizer, busco evidenciar efeitos de sentidos manifestados na linguagem das professoras egressas do curso de Pedagogia de Sinop/MT, tendo em vista trs enfoques: a legislao educacional, e em especial sobre o curso de Pedagogia e sua discusso atual; a relao entre a formao universitria e a prtica na escola, e o trabalho pedaggico. Procuro configurar o modo como o " ser professora ", nas dimenses estudadas, adquire sentido no dizer das professoras egressas na escola. Para o estudo do funcionamento discursivo, defini as marcas lingstico-discursivas "no e tem que "- que assinalam a presena de discursos vrios no dizer da professora, considerado em sua heterogeneidade. O meu gesto interpretativo me leva a constatar que ambas as marcas, com efeitos de sentidos vrios que foram analisados, se coadunam e se afluem para uma posio discursiva, relacionada afirmao do sujeito-professora, gerando um efeito de certeza do seu saber - fazer, demonstrando segurana no exerccio da profisso, entendida, num sentido restrito, como a relao pedaggica efetivada na sala de aula.
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Apresentamos neste trabalho um estudo sobre a processualidade das relaes da escola pblica com a comunidade, enfocando os agenciamentos que operam na constituio de diferentes modos de relao em uma instituio situada na regio metropolitana de Porto Alegre. Sob os referenciais de Gilles Deleuze e Flix Guattari, procuramos pensar as relaes como acontecimentos, efeitos de sentidos, agenciados coletivamente por instncias heterogneas que compem o real social. Nosso problema se inscreve no mbito do discurso e da subjetividade, partindo da hiptese de que possvel pensar as relaes nas instituies, para alm das representaes individuais, para alm das relaes interpessoais, para alm do pressuposto da reproduo social. Procuramos articular conhecimentos da Análise de Discurso na vertente Francesa com as discusses empreendidas por Deleuze e Guattari sobre uma Filosofia da Linguagem e uma Teoria da Subjetividade. Utilizamos o recurso cartogrfico proposto por estes autores, trabalhando com os discursos produzidos no encontro da escola com a comunidade. Para tal acompanhamos as atividades de uma escola durante um ano, realizando entrevistas, observaes, leitura de documentos, participando de reunies e encontros festivos. Encontramos em nosso estudo algumas dobras das relaes da escola com a comunidade, dobras que nos falam da sua complexidade, a qual temos deixado escapar, ao entendermos as relaes, marcados pelo modo-indivduo de subjetivao, que ganhou fora desde a modernidade. Nossa cartografia registrou vrias dobras, algumas um pouco mais intensas, como a dobra burocrtica, a qual impede que outras foras possam ser potencializadas na escola. Procuramos aqui construir um modo de pensar as relaes nas instituies, um pensar nas dobras, para regar um pouco o campo da Análise Institucional no mbito da Psicologia e da Educao.
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Esta tese constitui-se em um estudo sobre a leitura. Essa noo investigada atravs de textos reescritos aos quais denominamos, genericamente, de reescritas e de dois sinais de pontuao reticncias e interrogao. Aos textos que apresentam esses sinais de pontuao designamos de textos sinalizados. Tais textos apresentam tambm uma outra caracterstica: so marcados pelo humor. Tal opo nos levou a examinar outro tipo de texto, sem esses sinais de pontuao, ao qual denominamos de texto no-sinalizado. Esse texto no apresenta tambm a marca do humor. Nossa inteno verificar, nas reescritas, se o processo da leitura dos textos sinalizados diferente do processo da leitura do texto no-sinalizado. A primeira parte do estudo estabelece o referencial terico que fundamenta a análise. Nesta parte, evidenciamos tanto aspectos referentes epistemologia da Análise do Discurso quanto questes referentes leitura e sua relao com outros pontos relevantes para o desenvolvimento da pesquisa: repetio, interpretao, heterogeneidade, silncio e autoria. Abordamos ainda aspectos tericos sobre a pontuao e, mais especificamente, sobre os sinais de pontuao em estudo: reticncias e interrogao. A segunda parte apresenta os procedimentos metodolgicos que sustentam a subseqente análise do corpus discursivo, bem como o efetivo funcionamento do processo discursivo da leitura atravs das reescritas. Tal análise possibilitou a constatao de trs diferentes processos de leitura, aos quais denominamos de releitura, reescritura e escritura, processos que correspondem, respectivamente, manuteno, aos deslizamentos e s rupturas em relao aos sentidos produzidos nos textos que, apenas por um efeito metodolgico, desencadeiam o processo da leitura e das reescritas A constatao desses trs processos de leitura nos permitiu tambm reconhecer a existncia de diferentes formas de preenchimentos das lacunas de significao e silncio representadas pelas reticncias e pela interrogao. Isso nos levou ainda a admitir a possibilidade de distintos graus e tipos de autoria, os quais variam em funo do processo de identificao que o leitor estabelece com a formao discursiva e com a posio-sujeito assumidas pelo sujeito-autor. A concluso procura entrelaar as noes desenvolvidas, sintetizando nossos achados.
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Esta pesquisa tem por objetivo analisar e problematizar os significados produzidos sobre Matemtica nos cartuns. No se trata de propor uma utilizao pedaggica, mas de fazer uma tentativa de mostrar o que eles ensinam com os saberes que inventam sobre Matemtica. Para isso, analiso as representaes de Matemtica presentes nos discursos dos cartuns, entendendo-os como artefatos da cultura que produzem narrativas que pem em circulao significados na arena de uma poltica cultural. Como referencial terico, utilizo-me do campo dos Estudos Culturais em suas verses contemporneas inspiradas no ps-modernismo e no ps-estruturalismo. Autores e autoras como Stuart Hall, Michel Foucault, Valerie Walkerdine, Kathryn Woodward, Alfredo Veiga-Neto, Guacira Lopes Louro, Marisa Vorraber Costa, Rosa Hessel Silveira, Tomaz Tadeu da Silva, entre outros/as, a partir de suas produes nesse campo, contribuem para as análises de cartuns que circulam em nosso meio nos jornais, revistas, gibis e sites da Internet. Os significados sobre Matemtica produzidos nos cartuns foram agrupados, para fins de análise, em trs focos: a metanarrativa da oniscincia, onde abordo aqueles significados que conferem ao conhecimento matemtico um carter diablico, complexo, inacessvel, transcendental, que apresentam a crena de que o mundo matematizado segundo leis divinas; o gnero da Matemtica, relativo queles que opondo as mulheres aos homens, colocando estes num plo privilegiado de raciocnio e aquelas num plo oposto, deficitrio, generificam a rea da Matemtica como sendo masculina, assim como se generifica o trabalho docente como feminino; e o terror das provas, apresentando aqueles que mostram os momentos de avaliao nas aulas de Matemtica sempre povoados por sentimentos de desespero, pavor e sofrimento.
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Esta dissertao se ocupa de discursos da legislao educacional brasileira e documentos correlatos de uma formao particular (em que aconteceram mudanas significativas na sociedade e na cultura) a pedagogia. Seu objetivo mostrar como esses discursos, ao prescreverem sobre a formao da pedagoga, produzem uma pedagogia que se constitui como prtica de governo. Trata-se de uma pedagogia especfica, fabricada nas malhas dos discursos legais e colocada a servio da nao para a produo de sujeitos de determinado tipo. Ao tomar como objeto de estudo os discursos que produzem a pedagogia como prtica de governo, esta dissertao est tratando de poder; um poder sobre a ao das pessoas; um poder, que atinge tanto a pedagoga atravs de sua formao, quanto o alunado por intermdio dos efeitos de sua atuao. Enfim, um poder que incita, constitui o que a pedagoga deve ser e saber, e que move suas aes para a participao numa operao que no cessa, at que todos sejam atingidos, atravessados e, finalmente, engajados em um modelo de sociedade em formao. Para realizao das análises que desenvolvo neste trabalho, busquei inspirao em algumas formulaes desenvolvidas pelo filsofo francs Michel Foucault, bem como em autoras e autores que concebem, organizam e inscrevem suas idias na perspectiva dos Estudos Culturais. Compem o corpus dessa pesquisa, os seguintes documentos: a) Parecer 252/1969 do Conselho Federal de Educao Currculo de Pedagogia: Estudos Superiores. Mnimo de Currculo e durao para o curso de graduao em Pedagogia; b) Parecer 632/1969 do Conselho Federal de Educao Contedo Especfico da Faculdade de Educao; c) Exposio de Motivos do Ministro Jarbas Passarinho Acompanha o anteprojeto de lei que fixa diretrizes e bases para o ensino de 1 e 2 graus (Lei n 5.692/1971).
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Este trabalho sobre produo de sentidos. Seu propsito est relacionado investigao das relaes do sujeito com a linguagem na sua forma de escrita alfabtica no processo de produo textual escolar. O fato de ocorrer a partir da análise de falas de crianas ao escreverem coletivamente histrias no computador possui dois objetivos; de um lado, interrogar sobre a representao do sujeito no texto e, de outro, questionar a utilizao do computador nas escolas como uma nova tecnologia da escrita. Para que fosse possvel dar alguma visibilidade ao processo de produo textual e no restringir-se apenas ao produto final, quer dizer histria pronta, optou-se por uma metodologia que permitisse algum tipo de acesso ao modo como a criana produzia o texto. Uma soluo vivel foi encontrada na gravao das situaes interativas de conversao, em que cada grupo de alunos estaria produzindo sua histria no computador. Esta gravao tornou-se o material a ser analisado. O referencial terico est fundamentado na psicanálise, a partir de Jacques Lacan, na lingstica enunciativa, representada por Jaqueline Authier-Revuz e na análise de discurso inaugurada por Michel Pcheux. Seguindo estas teorias, analisamos o sujeito da enunciao e o inconsciente enquanto discurso do Outro. A análise buscou a indicao de autonmias, onde destacam-se as no-coincidncias do dizer, termo cunhado por Authier-Revuz para explicitar a presena do outro na constituio do discurso. A partir da análise apontamos para o sujeito como um efeito de leitura do discurso do Outro, um acontecimento que reconfigura a estrutura. Disso segue que todo discurso parte de uma escrita, pois se abre leitura. Tambm apontamos para a escrita como a presentificao da diferena. Neste sentido postulamos que a autonmia constitutiva do discurso pedaggico no que se refere aprendizagem da lngua escrita. Ela um recurso necessrio ao alfabeto. Sem a possibilidade da autonmia seria impossvel o ensino da lngua.. A partir destes resultados temos indcios que confirmam a hiptese de que o computador uma nova tecnologia da escrita, assim como foram uma vez o papiro, o alfabeto, a imprensa. De certo modo a questo do sujeito e da linguagem ainda a mesma, ou seja, diante do real o que o sujeito demanda que ele seja representvel. A forma que esta representao vai tomar depende dos discursos em questo.
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Nesta Dissertao, problematizo a poltica de subjetividade da infncia na atualidade, a partir da análise do discurso especializado ratificado no programa Dirio de um beb veiculado pela Rede Brasil Sul de Telecomunicaes, entre janeiro de 1999 e janeiro de 2000. Para tal empreendimento, fiz uso de ferramentas analticas da produo de Michel Foucault, as quais possibilitaram que eu procedesse analtica do discurso especializado como prtica que produz, corporifica, significa, objetiva e subjetiva os sujeitos de que fala. Descrevi a maneira pela qual a materialidade discursiva do programa monta um determinado tipo de subjetividade infantil atravs de objetivaes especficas e normalizadoras. Tais objetivaes procedem ao governo da infncia, mas no apontam para uma subjetividade infantil reprimida, verdadeira, natural ou definitiva. Demonstrei como os mais diversos sujeitos adultos so instados a garantirem a sobrevivncia, a conservao e a evoluo dos infantis por meio de atividades cotidianas, num convvio pontual e condutor. Essas prescries conduzem as aes adultas na relao com os infantis, embora em meio a formas de saber e foras de poder instveis e no ditatoriais. Indiquei, assim, um campo de possibilidades que o mecanismo de governo Dirio de um beb articula na constituio da subjetividade infantil no tempo presente. Os procedimentos analticos possibilitaram-me finalizar este investimento de forma a apontar que o governo da infncia est imerso em relaes de liberdade e resistncia. Tais relaes instigam possibilidades de deslocamento das formas de ser sujeito infantil, abrindo perspectivas para a incitao de novas formas de subjetividade.
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Esta Tese realiza uma leitura sobre a produo das identidades de gnero, de gerao e de etnias nos livros didticos de Geografia, do ensino fundamental. Ela se inscreve no terreno das discusses que examinam as relaes entre poder e produo de significados, ancorada em ferramentas tericas fornecidas pela vertente ps-estruturalista dos Estudos Culturais. A investigao pretende demonstrar que as invenes identitrias so engendradas atravs de discursos, que produzem significados por meio de diversos referentes: origem, sexo, idade, cor da pele, configurao geogrfica. A problematizao e a discusso desenvolvida durante a pesquisa permitiram evidenciar que h uma regularidade na maneira de produzir as identidades. Tambm demonstram que as identidades so posicionadas com significados fixos, cristalizados e universais, predominando uma homogeneizao de sentido. As diferenas entre as identidades so produzidas em diversas dimenses e constantemente alteradas, mas sempre seguindo uma poltica interessada em permitir que sejam posicionadas como distintas. Pelas diferenas, as identidades so definidas e classificadas, autorizando e legitimando uma hierarquia territorial binria entre elas. Entre uma srie de relaes traadas a partir dessa leitura, argumenta-se que essa produo identitria uma continuidade do projeto da Modernidade e do processo civilizatrio ocidental, nos quais a diferena vista com estranhamento, sendo inferiorizada. Esta pesquisa estabelece os seguintes focos para análise: Uma diviso do mundo examino como os discursos dos livros didticos de Geografia fabricam o territrio como uma matriz, para a partir da estabelecer as identidades. Procuro demonstrar como os discursos constroem essa matriz bipolar desenvolvida e subdesenvolvida diante de tantas diversidades histricas, socioeconmicas, culturais, tnicas, etc. e conseguem erguer fronteiras impenetrveis, que funcionam para conformar as identidades em dois territrios, anulando outras possibilidades; Gnero a reafirmao da polaridade descrevo e problematizo o funcionamento dos discursos que procuram produzir identidades distintas entre homens e mulheres por meio de uma sexualizao dos espaos domstico e do mercado de trabalho. Essa separao espacial captura homens e mulheres em territrios opostos, disponibilizando uma hierarquia socioeconmica entre eles; Geraes aprisionadas em etapas da vida centro o foco analtico na constituio das identidades das crianas e dos/as idosos/as por meio das idades da vida, para dar sustentao a uma racionalidade capitalista-moderna. Tambm mostro que o rompimento das definies etrias dessa 14 lgica implica numa poltica identitria que os inventa como diferentes; Etnia a naturalizao das diferenas mostro a forma como os discursos dos livros didticos de Geografia acionam estratgias estruturadas por meio de um esquema epidrmico e da configurao geogrfica para produzir, posicionar as identidades tnicas e captur-las para territrios: ocidentais e Outros. Tambm comento que a movimentao de algumas identidades tnicas para outros
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A presente tese, A Produo da Anormalidade Surda nos Discursos da Educao Especial, insere-se no terreno das discusses que pretendem examinar as relaes entre normalidade/anormalidade e poder/saber. Tendo como foco principal a Poltica Nacional de Educao Especial (PNEE), ela aponta para as formas como um dispositivo pedaggico torna possvel a produo de um aparato de verdades que, ao dizer coisas sobre os sujeitos deficientes e ao definir modelos para conduzir a ao pedaggica a eles dirigida, operam na constituio de subjetividades anormais. Tal empreendimento analtico foi constitudo a partir de um conjunto de ferramentas extradas do campo dos Estudos Culturais, principalmente aqueles que esto prximos a uma perspectiva ps-estruturalista; entre elas, destaco as noes foucaultianas de poder disciplinar, biopoder e normalizao. Tais ferramentas possibilitaram-me operar sobre as formas como os discursos institudos pelas prticas da Educao Especial colocam em funcionamento estratgias de normalizao para os sujeitos surdos. Mostrei, por meio da análise desses discursos, como os surdos so constitudos como sujeitos patolgicos e como se incide sobre eles uma teraputica que capaz de acionar mecanismos de correo, exame e vigilncia, uma vez que analisam, decompem e classificam esses sujeitos e estabelecem sobre eles a partilha entre normalidade e anormalidade. Tambm problematizei a norma como uma estratgia de gerenciamento do risco social. Fao isso por meio da análise dos discursos das polticas de incluso voltadas para os sujeitos surdos. Evidencio, ao final, a pedagogia da diversidade como uma estratgia normalizadora que, ao enaltecer as diferenas, captura-as a partir de uma norma transparente, colocando em funcionamento uma operao de apagamento das diferenas.