986 resultados para Narrativa literária


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Em O enteado (2002), de Juan José Saer, tem-se um velho narrador que conta de forma poética a sua história, uma singular experiência de vida. Quando jovem, ele viajava como grumete num navio que costeava a Bacia do Rio da Prata, quando presenciou o ataque súbito e posterior massacre da tripulação do barco pelos índios da região. Como único sobrevivente da carnificina, é praticamente adotado pelos selvagens, passando a conviver com eles, sem saber ao certo a razão de ter sido poupado. Mas a maneira de viver daqueles índios revelou-se bem estranha, pois eram antropófagos, faziam sexo em grupo (orgias), morriam muito cedo, e a peculiar linguagem que praticavam dificultava o aprendizado da língua, e, conseqüentemente, da própria cultura. Assim, esse livro tacitamente promove um debate sobre a Conquista Hispânica da América, do ponto de vista particular de um narrador que constrói poeticamente a sua visão daquele passado, que não diz respeito a nenhum fato histórico preciso. Mas, enquanto a historicidade desse texto transparece nas suas entrelinhas, a sua imanente poesia define o seu aspecto de prosa poética, senão de narrativa poética, traços que apontam para um possível hibridismo literário nesse romance.

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Neste artigo, estudaremos a integração e a elaboração de textos literários e/ou não-literários feita por Caio Fernando Abreu para compor seu último romance, Onde andará Dulce Veiga? – Um romance B, de 1990. Por meio da utilização de textos diversos, pertencentes a vários gêneros do discurso, este romance produz uma reflexão metalingüística sobre o fazer literário do próprio texto, sobre o trabalho de escrita e criação do autor e, num aspecto mais amplo, sobre as relações entre artista e criação artística no contexto contemporâneo.

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Este artigo analisa o conto Romance Negro, de Rubem Fonseca, a partir do duplo sentido que o autor dá à expressão roman noir, a qual remete, em literatura, seja ao gênero que se desenvolveu no pré-romantismo inglês da segunda metade do século XVIII, seja a um tipo de romance policial americano do século XX chamado de noir. Aproveitando essa dualidade do termo, o autor cria uma narrativa híbrida ao mesclar dois gêneros: o romance gótico e a narrativa policial.

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Neste artigo propõe-se uma leitura do conto de Guimarães Rosa “Nada e a nossa condição” à luz da teoria da narrativa poética de Jean Yves Tadié.

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Que relações podem ser estabelecidas entre o vivido e o lembrado? Que desafios as práticas da escrita de si trazem para a formação? Proponho uma interlocução com trabalhos que venho orientando em que autor/as produzem reflexões que remetem a um modo de relacionarem-se consigo mesmos, enquanto sujeitos do conhecimento do objeto pesquisado, e revelam-se em uma escrita pautada nas mudanças de pensamento. Aporto-me na valorização da narrativa como forma artesanal de comunicação, vinculada à substância viva da existência, que é a experiência; na experiência da escrita literária, razão de ser da própria existência; na experiência como o que nos acontece. Referir-se à experiência vivida é relatar a caminhada da pesquisa, a construção do objeto, caminhos teórico-metodológicos, as considerações. Referir-se ao lembrado é transitar (dançar?) pelo que escapa às formalizações, cada relato é único, próprio, coisa que penetra, contamina, deixa marcas e provoca abertura para quem lê; são relatos do lembrado que vem pela memória e materializa-se em fragmentos materiais deixados por quem pratica uma escrita de si. A relação entre a experiência vivida e o lembrado abre pistas para pensar a formação.

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O artigo propõe a discussão do tema Narrativa e História, situando este debate recente no âmbito tanto da historiografia quanto dos estudos literários. O objetivo é indicar a tendência atual da historiografia no tocante à problematização da linguagem, e a emergência de um novo historicismo na criação e nos estudos literários.Palavras-chave: Narrativa e história; historiografia e narrativa ficcional; história e literatura; novo historicismo.

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Parte significativa da novelística hispano-americana é indagação estética sobre a história que, a partir de Colombo, começou a ser escrita no novo continente. Como se sabe, essa história apresenta contornos singulares na medida em que foi impulsionada, dentre outros fatores, tanto pela imaginação reinante na mentalidade européia da época quanto pelas fontes mitológicas que organizavam o saber indígena. Como conseqüência, na América Espanhola imaginação, história e narração constituem extratos culturais solidários, em permanente relação. É intuito deste trabalho abordar aspectos da história cultural hispano-americana em função dos tópicos narração e imaginação, considerados preponderantes na constituição do processo formador das identidades americanas. Palavras-chave: Ficção e História; mito e imaginação; narrativa hispano-americana; conquista da América; Carlos Fuentes.

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Tendo como embasamento teórico a semiótica greimasiana, faz-se análise comparativa da história de Cinderela, na versão de Charles Perrault, com dois filmes e um conto de Guimarães Rosa, para verificar o modo como o tema “o amor tudo vence” é tratado nesses textos. A história de Cinderela renova-se, recobrindo-se com novas figuras, como conseqüência da alteração nos traços sêmicos dos papéis de príncipe e de princesa. Palavras-chave: Semiótica greimasiana; narrativa; invariantes; variantes; Cinderela; cinema; Guimarães Rosa.