1000 resultados para Religião - História - Brasil
Resumo:
Toma-se como problema central especificar as formas pelas quais se configuram relações de reconhecimento do religioso pelo Estado no Brasil no quadro definido pelo regime republicano. Em outras palavras, considerando a laicidade por causa dela ou apesar dela , como o Estado foi legitimando a presença do religioso no espaço público. No caso da Igreja Católica, isso ocorreu inicialmente por meio de uma aliança simbólica e material e com a ajuda de um regime jurídico de baixo controle estatal. No caso do espiritismo, ocorreu em meio a uma batalha pela legitimidade de práticas com algum sentido terapêutico. No caso dos cultos afros, envolveu a aceitação de um argumento culturalista. Partindo do delineamento histórico de diferentes modalidades de reconhecimento, busca-se a caracterização do que ocorre atualmente, considerando a presença dos evangélicos no espaço público. De modo geral, trata-se de problematizar a definição de fronteiras no interior do campo religioso e nas relações entre religião, sociedade e Estado no Brasil.
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A ideia de fetiche religioso, fruto do encontro afro-europeu na costa da Guiné há cerca de quatro séculos percorreu um longo caminho, desde seu uso por viajantes e comerciantes, passando pela sua apropriação pela filosofia iluminista, sua radicalização e popularização no positivismo e no evolucionismo, até ser criticada, entrar em declínio e ser considerada estéril pela antropologia modernista. O objetivo deste artigo é lançar uma luz sobre tal trajetória, não de maneira desinteressada, mas dentro de um contexto contemporâneo de reavaliação da ideia de fetiche enquanto ferramenta heurística, o que sugere uma paralela reavaliação da história do conceito.
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A proposta deste artigo é colocar em perspectiva crítica a última recessão realizada sobre a antropologia da religião brasileira publicada na coletânea Horizontes das Ciências Sociais no Brasil (Martins e Duarte 2010). Um dos pontos principais que abrimos para o debate neste artigo é o efeito uniformizador do campo de pesquisa que a recessão em tela promove, tornando invisível a produção norte-nordestina e por consequência, e mais fundamentalmente, a própria área de pesquisa. Nesta oportunidade, mudamos o eixo da análise e invertermos o mapa, olhando para o nosso campo de atuação acadêmico a partir da região Norte e Nordeste, identificamos algumas "agendas locais" que na realidade dialogam intensamente e compõem contemporaneamente as agendas nacional e internacional.
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Este artigo apresenta uma nova abordagem à presença evangélica na esfera pública brasileira, especialmente no cenário político-eleitoral, sob o ponto de vista das especificidades de sua visão de mundo. Abordaremos a identidade evangélica à luz do fenômeno da pentecostalização, que envolve tanto a expansão do número de indivíduos engajados em denominações consideradas pentecostais, quanto a difusão de certas práticas tipicamente pentecostais entre denominações tidas como não pentecostais e entre segmentos do catolicismo. Em maior ou menor grau, tal processo atinge as principais correntes religiosas do âmbito cristão no Brasil. Em contraste com os típicos estilos de vida moderno e pós-moderno, indivíduos expostos à atmosfera pentecostal tendem a tomar a esfera religiosa como central para o entendimento da vida e do mundo. Concepções mágicas do mundo estão na base desse processo. A pesquisa indica que a pentecostalização exerce esse tipo de influência entre evangélicos e católicos, embora mais fortemente no campo protestante.
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Este artigo discute a elaboração simbólica do transe no Centro Espírita Beneficente União do Vegetal. Por meio da análise comparativa com o Santo Daime, interrogo os modos de constituição do contato com o sobrenatural em ambos os grupos, articulando-os às representações hierarquicamente ordenadas de forças que aí incidem e impelem o sujeito à ação no mundo. Proponho pensar o transe ayahuasqueiro em diálogo com os estudos dos cultos mediúnicos no Brasil, chamando a atenção para a dimensão da modernidade nesse campo, onde um projeto de interioridade caminha ao lado dos "ensinamentos do Mestre".
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Neste artigo eu retomo o debate em torno da "Batalha Espiritual" relacionando-a com a constituição de gênero entre os pentecostais. Apoiada em dados etnográficos, eu argumento que uma compreensão mais nuançada do dualismo pentecostal deve incluir, além de um processo de negociação na relação com a alteridade, a performance de uma relação com uma "fonte original" uma vez que, muito explicitamente, os pentecostais não identificam a si mesmos como "autores" da pessoa que constituem, mas como "testemunhas" da palavra bíblica e "imitadores" de Cristo.
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La redacción del primer Código de Derecho Canónico que tuvo la Iglesia latina fue ordenada por el Papa san Pío X en 1904. La tarea codificadora, empero, no fue obra de un grupo cerrado de expertos, sino que tuvo en cuenta el parecer del episcopado latino, el que fue consultado en dos momentos diferentes y en ambos fueron consultados los obispos de las provincias eclesiásticas de Brasil. En este trabajo se estudia, a partir de la documentación guardada en el Archivo Secreto Vaticano, el aporte de los obispos de las provincias eclesiásticas de Brasil en el primero de dichos momentos.
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Este artigo se propõe a problematizar as conexões entre espiritualidade e ecologia, entendidas como determinantes de uma nova concepção de bem-estar físico e espiritual que passa a configurar o horizonte de um universo de formas de religiosidades. Neste contexto situa-se o movimento espiritual Mística Andina, que visa resgatar a comunhão com a natureza e o distanciamento da sociedade de consumo. O praticante espera atingir um conhecimento cada vez mais íntimo de si, conectando-se com a Mãe Terra (Pachamama). Como parte do movimento Nova Era, a Mística Andina articula uma diversidade de crenças, práticas e ensinamentos que formam um mosaico espiritual de tradições pré-colombianas, cristãs e orientais que se alinham com os valores ambientais e místicos das religiões do self.
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Duas formas de peregrinação, em duas regiões distintas do Brasil. Em São Paulo, no sudeste brasileiro, em direção à cidade-santuário de Bom Jesus de Pirapora, um "sacerdote particular" imita Cristo ao carregar enorme cruz que afirma pesar mais de cem quilos, em um trajeto de cerca de sessenta quilômetros. Isso é feito também, todos os anos, por muitos outros, homens e mulheres, durante a Semana Santa, partindo de várias cidades da região, embora carreguem cruzes bem menos pesadas. Em Belém do Pará, na Amazônia, muitas imagens de Nossa Senhora de Nazaré peregrinam pelas ruas da cidade, durante a festa do Círio de Nazaré, que culmina com enorme procissão, anualmente, no mês de outubro. Essas duas formas de peregrinação são especiais, porque, nelas, quem caminha não são propriamente os romeiros, mas o Filho de Deus e sua Santa Mãe, que o fazem simbolicamente, sendo "corporificados" ou tendo suas imagens conduzidas pelos peregrinos humanos, de ambos os sexos. Este artigo pretende explorar analiticamente aspectos simbólicos desses eventos, à luz da teoria antropológica, a partir de pesquisa de campo (com observação direta) e da bibliografia disponível sobre o tema. Um dos objetivos é mostrar que, na "ética da peregrinação" (Victor Turner), as formas inventivas do imaginário permitem uma troca de papéis entre a divindade e o fiel que é perfeitamente adequada a essa possível gramática do sagrado.
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Resumo Concepções e rituais associados à morte ocupam uma importante dimensão nas diferentes construções da tradição islâmica, criando não apenas sentido/orientação a respeito do fim inevitável da vida física, mas também canais para afirmação pública de crenças e pertencimentos religiosos para muçulmanos em diferentes contextos históricos e culturais. Seguindo nesta direção, o artigo pretende abordar concepções e práticas associadas à morte no islã, tendo como foco os rituais de preparação e o destino final do corpo do morto. O universo etnográfico em que esta pesquisa se baseia compreende as comunidades muçulmanas do Rio de Janeiro e Paraná, em diferentes momentos de trabalho de campo (2012 a 2014). Com isso, espera-se explorar como objetos e espaços funerários fazem o “morto muçulmano” em contextos nos quais o islã ocupa uma posição de minoria religiosa, como no Brasil.
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Resumo Este artigo tem como objetivo analisar a religiosidade islâmica no contexto minoritário brasileiro, a partir da observação da prática do hijab no país. A princípio, será realizada uma breve apresentação histórica sobre a presença muçulmana no Brasil, abrangendo desde o tráfico negreiro e a imigração árabe até a conversão de brasileiros ao Islã. A seguir, são apresentados relatos de muçulmanas que nos permitem compreender como elas se sentem percebidas pelos brasileiros não muçulmanos ao trajarem o véu. Por fim, serão examinadas as práticas do hijab por parte de muçulmanas em diversas regiões do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis e Brasília, com o intuito de entender como muçulmanas negociam e adaptam suas crenças e práticas religiosas no contexto nacional.
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Trata-se de uma caracterização do teatro político no Brasil, a partir da história do teatro político desde a Antigüidade, passando pelo século XIX, pelo teatro americano e chegando ao teatro brasileiro dos anos 60.
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O texto busca reconstituir o processo de renovação dos programas da escola primária engendrado no Brasil a partir de 1870, situando a modernização educacional no país em relação ao contexto internacional. Para este estudo utilizamos como fonte de pesquisa o parecer de Rui Barbosa acerca da Reforma do ensino primário e várias instituições complementares da instrução pública (1883), em especial o volume concernente à discussão sobre métodos e o programa escolar. A análise efetuada mostra que a renovação do programa escolar significou para as camadas populares maiores oportunidades de acesso à cultura. Demostra, também, como o programa constitui um projeto político social civilizador, direcionado para a construção da nação, a modernização do país e a moralização do povo.
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O presente artigo visa apresentar, em linhas gerais, as estratégias pelas quais alguns imigrantes conseguiram uma rápida inserção social na sociedade brasileira. Para atingir tal objetivo foram realizados o levantamento e a análise de diversas fontes históricas relacionadas à trajetória pública do imigrante alemão Germano F.E. Melchert. É possível identificar, no final do século XIX, que algumas das transformações ocorridas na cidade de Campinas levaram à abertura do espaço político a determinados imigrantes que já estavam integrados à sociedade campineira e que de alguma forma mantinham estreitas relações com os políticos locais. No entanto, há que se considerar que essa inserção ocorreu devido à formação universitária desses imigrantes na área de saúde (médicos).