993 resultados para Dengue, prevenção


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RESUMO - As doenas crnicas so responsveis pela maior parte das mortes a nvel global e em Portugal, e condicionam uma carga importante de incapacidade, utilizao de cuidados e despesa em sade. O consumo de tabaco e de bebidas alcolicas, a alimentao, e a actividade fsica, determinantes comuns a muitas doenas crnicas, esto associados a escolhas e a comportamentos potencialmente evitveis. O conhecimento sobre a sua ocorrncia conjunta comea agora a ser valorizado como elemento estratgico na elaborao de polticas, planos e programas de sade que visam prevenir e controlar a doena crnica. Os princpios comuns para a interveno sobre estes factores reforam a pertinncia do seu conhecimento e utilizao em intervenes efectivas. A epidemiologia da ocorrncia conjunta destes factores desconhecida na populao portuguesa. O presente estudo visa contribuir para aumentar e promover o conhecimento sobre a ocorrncia e a distribuio conjunta dos quatro principais determinantes de sade relacionados com comportamentos na populao portuguesa, tomados nos seus nveis de risco, e tem como objectivos: 1) caracterizar as distribuies, isoladas e conjuntas, daqueles factores em nveis de risco; 2) construir perfis demogrficos e sociais da sua ocorrncia conjunta; 3) quantificar a relao desses perfis com indicadores de estado de sade, designadamente incapacidade fsica de curta durao, e de utilizao de cuidados. Para atingir estes objectivos foi utilizada a base de dados gerada pelo Inqurito Nacional de Sade realizado em 2005 e 2006 a uma amostra aleatria, probabilstica, representativa da populao residente em Portugal. Estudaram-se dados relativos s pessoas com idade igual ou superior a 15 anos que responderam aquele inqurito durante o terceiro trimestre do trabalho de campo, perodo que incluiu todas as variveis de interesse para o trabalho. A anlise foi estratificada segundo categorias de oito variveis demogrficas e sociais (sexo, grupo etrio, estado civil de facto, nvel de escolaridade, ocupao, grupo profissional e situao face profisso). Apenas o clculo das medidas de associao e de impacte entre o nmero de determinantes em nveis de risco, por um lado, e a alterao do estado de sade, e utilizao de cuidados de sade, por outro, foi ajustado para potenciais variveis interferentes. A prevalncia da ocorrncia conjunta dos quatro determinantes, e as suas associaes, foram analisadas atravs de trs mtodos: 1) clculo do nmero de factores conjuntos nos grupos demogrficos e sociais mencionados; 2) clculo da razo entre as frequncias observadas e esperadas de cada factor, e suas combinaes; 3) clculo das Odds Ratio OR atravs de mtodos de regresso logstica. Para o estudo do impacte dos diferentes perfis de ocorrncia dos determinantes sobre indicadores do estado de sade e da utilizao de cuidados de sade foram calculadas as fraces etiolgicas do risco, na populao exposta e na populao total, visando a estimativa dos correspondentes ganhos potenciais mximos, em caso de interveno. Os resultados revelaram que os quatro determinantes ocorriam em nveis de risco de forma diferente em cada um dos sexos, bem como nos diferentes grupos de idade, escolaridade e estado civil. Ocorriam, tambm, de forma diferente nos grupos de ocupao e profisso, afectando de forma mais ntida, geralmente, os grupos menos favorecidos. O factor mais frequente era a actividade fsica em nvel insuficiente para gerar benefcios de sade, presente em 60% da populao (IC95%: 57,7%; 62,1%), seguido pelo consumo de tabaco (21,4%; IC95%: 20,0%; 22,9%), consumo de risco de bebidas alcolicas (9,2%; IC95%: 8,2%; 10,4%) e alimentao no saudvel (8,5%; IC95%: 7,5%; 9,5%). Mais de metade da populao revelava a presena de um daqueles factores em nveis de risco (51,8%; IC95%: 50,2%; 53,4%). Seguia-se 16,4% da populao com dois (IC95%: 15,2%; 17,7%); 3,4% com trs (IC95%: 2,8%; 4,0%); e 0,3% com quatro factores (IC95%: 0,2%; 0,6%). A prevalncia simultnea de dois ou trs factores era, geralmente, maior na populao masculina, excepto nos mais jovens (15 a 19 anos) e idosos (85 e mais anos). A ausncia dos quatro factores em nveis de risco, ou a presena de um deles, eram, geralmente, mais frequentes na populao feminina. A presena de um factor era mais elevada entre a populao viva, em especial masculina, (70,4%; IC95%: 59,3%; 79,5%), na populao feminina sem nvel de ensino (60,2%; IC95%: 55,2%; 65,0%), na populao reformada, nos grupos profissionais mais diferenciados, e no grupo dos trabalhadores por conta prpria e empregadores. A presena de dois, ou mais, factores era mais frequente na populao masculina, na populao separada, ou divorciada, na populao mais instruda, entre os desempregados, entre os grupos profissionais mais diferenciados e entre os trabalhadores por conta de outrem. A hierarquizao das combinaes possveis da presena dos quatro determinantes em nveis de risco, efectuada segundo a razo entre os seus valores observados (O) e esperados (E), revelou padres diferentes entre os sexos. Enquanto no sexo masculino o consumo de tabaco, lcool e a alimentao no saudvel surgiam com razes O/E elevadas, de forma isolada, no sexo feminino, estes factores ocorriam em conjunto mais frequentemente que o esperado (razes O/E superiores a 1,0). O consumo de tabaco estava associado de forma directa e significativa com o consumo de risco de bebidas alcolicas, e com a alimentao no saudvel, em ambos os sexos. A associao entre o consumo de risco de bebidas alcolicas e a actividade fsica insuficiente era inversa no conjunto da populao, assim como na masculina, mas no na feminina. O valor mais elevado de OR para as associaes entre os quatro determinantes de sade em nveis de risco observou-se na populao feminina, em que a possibilidade de se verificar consumo de risco de bebidas alcolicas era cerca de 2,9 vezes superior entre as mulheres fumadoras comparativamente s no fumadoras (OR = 2,89; IC95%: 1,98; 4,20). Esta associao era um pouco mais fraca na populao masculina, embora estatisticamente significativa (OR = 2,20; IC95%: 1,61; 3,01). Foi notria a ausncia de associaes estatisticamente significativas entre a actividade fsica insuficiente para gerar benefcios de sade e as diferentes combinaes de outros determinantes, embora as estimativas pontuais dessas associaes se revelassem positivas. O consumo de tabaco e a alimentao no saudvel revelaram as associaes mais fortes com as diferentes combinaes dos outros determinantes, sendo o valor mais elevado o da associao entre o consumo de tabaco e a presena conjunta dos outros trs determinantes (OR = 4,28; IC95%: 1,85; 9,88), situao idntica verificada no caso do consumo de risco de bebidas alcolicas (OR = 2,30; IC95%: 1,26; 4,19) e no caso da alimentao no saudvel (OR = 2,52; IC95%: 1,33; 4,78). O nmero mdio de dias de incapacidade nas duas semanas anteriores no diferia significativamente entre os grupos da populao com diferente nmero de determinantes, globalmente, e em cada um dos sexos. O nmero mdio de consultas mdicas nos trs meses anteriores era significativamente maior na populao com um ou mais factores em nveis de risco (2,19 consultas; IC95%: 2,10; 2,28), comparativamente populao sem estes determinantes em nveis de risco (1,97 consultas; IC95%: 1,86; 2,08). Esta diferena verificava-se, tambm, na populao feminina, mas no na masculina. Da anlise do risco atribuvel, assumindo a causalidade dos determinantes, pode afirmarse que se o nmero de factores em nveis de risco fosse totalmente controlado, (isto se a prevalncia das pessoas com esses factores passasse a ser nula), poder-se-ia, no mximo, evitar que cerca de 32,4% das pessoas com trs ou mais determinantes em nveis de risco sofressem incapacidade de curta durao em nvel superior mdia populacional nas duas semanas anteriores. Este ganho era maior no sexo masculino, em que a reduo mais elevada se estimou em 76,0%, no caso dos homens com dois determinantes (Fraco Atribuvel nos Expostos = 76,0%; IC95%:70,4%; 81,6%). Considerando a prevalncia de conjuntos de determinantes na populao total, era igualmente entre os homens com dois factores que se observava o potencial mximo de reduo do nmero de dias de incapacidade (Fraco Atribuvel na Populao = 8,4%; IC95%: 6,3%; 10,5%). Em relao utilizao de cuidados de sade, a interveno sobre o grupo da populao exposto a um determinante ofereceria uma reduo potencial mxima de 41,9% do nmero de pessoas que reportaram quatro ou mais consultas mdicas, reduzindo o volume destes utilizadores muito frequentes consultas mdicas (Fraco Atribuvel nos Expostos = 41,9%; IC95%: 39,9%; 43,9%). Este potencial mximo de prevenção revelou o valor mais elevado na populao feminina com presena conjunta de dois determinantes (Fraco Atribuvel nos Expostos = 54,3%; IC95%: 52,8%; 55,8%). Considerando a populao total, o potencial mximo de reduo na utilizao muito frequente de consultas mdicas observou-se na populao feminina com um determinante em nvel de risco (Fraco Atribuvel na Populao = 33,5%; IC95%: 31,9%; 35,1%), sendo menor na populao de ambos os sexos (Fraco Etiolgica na Populao = 27,7%; IC95%: 26,5%; 28,8%). A origem auto referida dos dados analisados pode ter enviesado os resultados, no sentido da subestimao das frequncias obtidas. A paucidade de dados epidemiolgicos com base em marcadores biolgicos ou biomtricos que permitam caracterizar esses factores na populao no permite a validao destes dados. A presena, em nveis de risco, de pelo menos um determinante de sade relacionado com comportamentos em mais de metade da populao portuguesa, assim como a distribuio da presena conjunta de dois, trs e quatro desses determinantes respectivamente em cerca de 16,4%, 3,4% e 0,3% da populao, est de acordo com padres observados noutros pases, e evidencia a pertinncia deste primeiro estudo, assim como a necessidade de integrao do conhecimento sobre a epidemiologia da ocorrncia conjunta de determinantes de sade prevenveis no planeamento da sade em Portugal. Os diferentes padres de ocorrncia conjunta nos dois sexos aconselham a incluso de critrios de gnero na traduo e operacionalizao desse conhecimento em intervenes de Sade Pblica e na prossecuo da investigao do tema. As associaes directas entre o consumo de tabaco, o consumo de risco de bebidas alcolicas e a alimentao no saudvel reforam a pertinncia da abordagem por conjuntos de factores nas intervenes de Sade Pblica. Os elevados valores de associao entre consumo de tabaco, consumo de lcool em nveis de risco, alimentao no saudvel, e a presena conjunta dos restantes factores reforam esta concluso. A ausncia de associaes significativas entre a actividade fsica insuficiente e os outros trs factores pode ter sido condicionada pela dificuldade na medio vlida daquele factor atravs de inquritos por entrevista. A elevada e crescente prevalncia deste factor colocao, para mais, no topo de uma agenda de investigao em sade, a concretizar em Portugal. No caso da utilizao de cuidados, embora o impacte da reduo dos nveis de exposio a conjuntos de factores, em funo da sua prevalncia na populao, fosse menor do que o estimado apenas nos expostos, ele era, ainda assim, elevado, indicando a sua utilidade no desenho de estratgias de aumento da efectividade dos cuidados de sade e da administrao em Sade Pblica, atravs da interveno sobre grupos de determinantes.

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RESUMO - A obesidade um problema de sade pblica com dimenses alarmantes, motivo pelo qual foi classificada como uma das principais epidemias do sculo XXI. Estudos recentes demonstram que a prevalncia da obesidade tem vindo a aumentar, sendo Portugal um dos pases onde as taxas de prevalncia so mais elevadas. No caso da obesidade infantil a situao tambm muito preocupante. As crianas com excesso de peso ou obesas tm um risco acrescido de se tornarem adultos com doenas crnicas pelo que importa, desde cedo, desenvolver estratgias que permitam promover estilos de vida saudveis e prevenir as vrias doenas associadas. O desenvolvimento de intervenes durante a infncia considerado como uma das mais promissoras estratgias para a reduo do excesso de peso e obesidade. Por outro lado, a escola considerada como um dos locais mais atrativos e populares para se desenvolverem esses programas. Com este estudo pretendeu-se avaliar a interveno realizada no concelho de Faro e verificar a sua efetividade no cumprimento dos objetivos definidos. A interveno realizada em Faro, durante os anos letivos de 2007/2008 a 2010/2011, a 857 alunos do ensino bsico, com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos de idade, teve como objetivos: avaliar e estabilizar a prevalncia da obesidade infantil nas escolas do ensino bsico do concelho de Faro, no ano letivo de 2007/2008; avaliar a evoluo da prevalncia da obesidade infantil durante os anos letivos de 2007/2008 a 2010/2011; e desenvolver estratgias para a promoo, em meio escolar, de uma alimentao mais saudvel durante a interveno. Os resultados levam-nos a concluir que a prevalncia do excesso de peso e obesidade (15,2% e 10,5%, respetivamente) continua a nveis muito preocupantes nas crianas, tendo as raparigas apresentado uma prevalncia maior do que os rapazes. A avaliao dos alunos, acompanhados prospetivamente ao longo dos primeiros 3 anos de interveno, demonstrou uma diminuio da prevalncia da obesidade de 9,6% no ano inicial para 8,3% no 3. ano, e uma subida da taxa de prevalncia do excesso de peso de 12,9% para 21,0%. A avaliao deste tipo de intervenes, apesar de difcil realizao, importante para que se possam definir novas estratgias, novas metodologias e novos caminhos para combater a obesidade infantil.

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RESUMO - A morbilidade associada s leses msculo-esquelticas da coluna lombar estimada em 0,8 milhes de DALYS em todo o mundo, constituindo-se a maior causa de absentismo ao trabalho, o que induz uma enorme perda econmica. Os profissionais de sade so um grupo vulnervel a ocorrncia de leses-msculo-esquelticas ligadas ao trabalho (LMELT), nomeadamente aqueles que mobilizam os doentes no seu dia-a-dia. Perante a frequente perspetiva da imutabilidade da situao de trabalho, a presso organizacional na prestao de cuidados e o reduzido nmero de recursos humanos, subsiste a implementao de programas centrados na formao dos profissionais de sade sobre tcnicas e mobilizao de doentes, com o intuito de prevenir as LMELT inerentes a esta atividade. O objetivo do estudo analisar as principais intervenes descritas na bibliografia no que respeita ao impacto da formao dos profissionais de sade sobre mobilizao de doentes, nomeadamente enfermeiros, de modo a contribuir para a prevenção de LMELT ao nvel da coluna vertebral. Realizou-se uma reviso sistemtica segundo a metodologia do Prisma Statement nas bases de dados PubMed, Web of Science, B-On, JSTOR, Science, Nature, Scielo e IndeX, no perodo de 1998-2011, em Portugus, Ingls e Francs. Foram identificados 79 artigos. Aps triagem e avaliao da qualidade dos estudos foram selecionados 11. Verificou-se que no existe evidncia cientfica que suporte o investimento em programas centrados na formao/informao dos profissionais de sade acerca das tcnicas de mobilizao de doentes com o intuito de prevenir as leses msculo-esquelticas da coluna lombar. Constatou-se que os programas de interveno multifatorial, apoiados na componente sistmica e integrada, permitem compreender as relaes entre o trabalhador, o trabalho e os efeitos sobre a sade, de forma a implementar medidas eficazes para a prevenção de LMELT.

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RESUMO - A legionella em meio hospitalar tem sido alvo de preocupao e de vrias discusses, sendo esta uma bactria patognica que coloniza vrios tipos de ambientes aquticos (naturais e artificiais). Estas bactrias tm a particularidade de se desenvolver em meio aqutico mas a infeo apenas transmitida atravs de aerossis de gua contaminada, ou seja, por via area. No se transmitindo de pessoa para pessoa. Pelas suas caractersticas os sistemas de arrefecimento de ar, nomeadamente as torres de arrefecimento, condensadores evaporativos, humidificadores e sistemas de ar condicionado, so fontes importantes de disseminao da legionella. Assim surge a necessidade da existncia de programas de prevenção, que devero ter em conta uma adequada manuteno, limpeza e desinfeo. Dada a quantidade de frequentadores assim como da especificidade dos mesmos, em meio hospitalar particularmente importante a eficcia destes sistemas. Ou seja, os sistemas de arrefecimento em hospitais devem, para alm de garantir o conforto trmico, ser responsveis por manter a qualidade do ar e reduzir os riscos existentes a ele associados. O presente estudo pretende conhecer a verdadeira eficcia dos programas de manuteno e vigilncia da Legionella, apenas nos sistemas de arrefecimento. Trata-se ento de um estudo exploratrio, descritivo recolha desta informao in-loco dos sistemas em estudo, de X hospitais da cidade de Lisboa. Na metodologia sero utilizadas grelhas de observao e resultados de colheita de gua dos locais de maior risco. A realizao deste estudo visa obter um retrato do panorama existente e contribuir para o incio de novos estudos epidemiolgicos.

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RESUMO - O consumo de tabaco foi responsvel por 100 milhes de mortes no sculo XX. Apesar dos grandes avanos alcanados no controlo deste problema a nvel mundial, sob os auspcios da OMS, no contexto da Conveno-Quadro para o Controlo do Tabaco da OMS, se no forem adoptadas medidas consistentes e efectivas de sade pblica, a morbi-mortalidade que lhe est associada continuar a aumentar durante o presente sculo. A promoo da cessao tabgica constitui a estratgia populacional que permitir obter ganhos em sade a mais curto prazo. Embora a larga maioria dos fumadores faa, ao longo da vida, vrias tentativas para parar de fumar sem apoio, apenas uma pequena minoria consegue manter-se abstinente a longo prazo. Os mdicos de Medicina Geral e Familiar so, de entre todos os profissionais de sade, os que podem intervir de modo mais consistente e efectivo neste mbito e que melhores resultados obtm na cessao tabgica dos pacientes fumadores, dado o vnculo teraputico e a interaco frequente e continuada que com eles estabelecem ao longo do seu ciclo de vida. O aconselhamento breve, tendo por base a adopo de um estilo de comunicao motivacional centrado no paciente, adaptado aos estdios de mudana comportamental, tem-se revelado efectivo no apoio mudana de comportamentos relacionados com a sade e resoluo da ambivalncia que caracteriza este processo. A reviso de literatura evidenciou o facto de os mdicos nem sempre intervirem nas reas preventivas e de promoo da sade, em particular na rea da cessao tabgica, com o investimento e a continuidade desejveis. Por outro lado, muitos pacientes fumadores referem nunca ter sido aconselhados pelo seu mdico a deixar de fumar.. No so conhecidos estudos de mbito nacional que permitam conhecer esta realidade, bem como os factores associados s melhores prticas de interveno ou as barreiras sentidas pelos mdicos de MGF actuao nesta rea. O presente trabalho teve como objectivos: (i) avaliar a hiptese de que os mdicos que disseram adoptar o mtodo clnico centrado no paciente teriam atitudes mais favorveis relativamente cessao tabgica e uma maior probabilidade de aconselhar os seus pacientes a parar de fumar; (ii) estudar a relao entre as atitudes, a percepo de auto-eficcia, a expectativa de efectividade e as prticas de aconselhamento sobre cessao tabgica, auto-referidas pelos mdicos; (iii) Identificar as variveis preditivas da adopo de intervenes breves de aconselhamento adaptadas ao estdio de mudana comportamental dos pacientes fumadores; (iv) identificar as barreiras e os incentivos adopo de boas prticas de aconselhamento nesta rea. A populao de estudo foi constituda pelo total de mdicos de medicina geral e familiar inscritos na Associao Portuguesa de Mdicos de Clnica Geral, residentes em Portugal. Para recolha de informao, foi utilizado um questionrio de resposta annima, de autopreenchimento, aplicado por via postal a 2942 mdicos, em duas sries de envio. O questionrio integrou perguntas fechadas, semifechadas, escalas de tipo Likert e escalas de tipo visual analgico. Para avaliao da adopo do mtodo clnico centrado no paciente, foi usada a Patient Practitioner Orientation Scale (PPOS). O tratamento estatstico dos dados foi efectuado com o Programa PASW Statistics (ex-SPSS), verso 18. Foram utilizados: o ndice de de Cronbach, diversos testes no paramtricos e a anlise de regresso logstica binria. Foi obtida uma taxa de resposta de 22,4%. Foram analisadas 639 respostas (67,4% de mulheres e 32,6% de homens). Referiram ser fumadores 23% dos homens e 14% das mulheres. Foi identificada uma grande carncia formativa em cessao tabgica, tendo apenas 4% dos mdicos afirmado no necessitar de formao nesta rea. Responderam necessitar de formao em entrevista motivacional 66%, em prevenção da recada 59%, de treino numa consulta de apoio intensivo 55%, em interveno breve 54% e em teraputica farmacolgica 55%. Cerca de 92% dos respondentes consideraram que o aconselhamento para a cessao tabgica uma tarefa que faz parte das suas atribuies, mas apenas 76% concordaram totalmente com a realizao de uma abordagem oportunstica deste assunto em todos os contactos com os seus pacientes. Como prtica mais frequente, perante um paciente em preparao para parar, 85% dos mdicos disseram tomar a iniciativa de aconselhar, 79% avaliar a motivao, 67% avaliar o grau de dependncia, 60% marcar o dia D e 50% propor teraputica farmacolgica. Apenas 21% assumiram realizar com frequncia uma interveno breve com pacientes em preparao (5 s); 13% uma interveno motivacional com pacientes no motivados para mudar (5 Rs) e 20% uma interveno segundo os princpios da entrevista motivacional, relativamente a pacientes ambivalentes em relao mudana. A anlise multivariada de regresso logstica permitiu concluir que as variveis com maior influncia na deciso de aconselhar os pacientes sobre cessao tabgica foram a percepo de auto-eficcia, o nvel de atitudes negativas, a adopo habitual do Programa-tipo de cessao tabgica da DGS, a posse de formao especfica nesta rea e a no identificao de barreiras ao aconselhamento, em particular organizacionais ou ligadas ao processo de comunicao na consulta. Embora se tenha confirmado a existncia de associao entre a adopo do mtodo clnico centrado no paciente e as atitudes face cessao tabgica, no foi possvel confirmar plenamente a associao entre a adopo deste mtodo e as prticas autoreferidas de aconselhamento. Os mdicos que manifestaram um nvel baixo ou moderado de atitudes negativas, uma percepo elevada de auto-eficcia, que nunca fumaram, que referiram adoptar o Programa-tipo de cessao tabgica e que no identificaram barreiras organizacionais apresentaram uma maior probabilidade de realizar uma interveno breve (5 s) de aconselhamento de pacientes fumadores em preparao para parar de fumar. Nunca ter fumado apresentou-se associado a uma probabilidade de realizar uma interveno breve (5 s) com frequncia, superior verificada entre os mdicos que referiram ser fumadores (Odds-ratio ajustado = 2,6; IC a 95%: 1,1; 5,7). Os mdicos com o nvel de auto-eficcia no aconselhamento mais elevado apresentaram uma probabilidade superior encontrada entre os mdicos com o menor nvel de auto-eficcia de realizar com frequncia uma interveno breve de aconselhamento, integrando as cinco vertentes dos 5 s (Odds ratio ajustado = 2,6; IC a 95%: 1,3; 5,3); de realizar uma interveno motivacional breve com fumadores renitentes a parar de fumar (Odds ratio ajustado = 3,1; IC a 95%: 1,4; 6,5) ou de realizar com frequncia uma interveno motivacional com pacientes em estdio de ambivalncia (Odds ratio = 8,8; IC a 95%: 3,8; 19,9). A falta de tempo, a falta de formao especfica e a falta de equipa de apoio foram as barreiras ao aconselhamento mais citadas. Como factores facilitadores de um maior investimento nesta rea, cerca de 60% dos mdicos referiram a realizao de um estgio prtico de formao; 57% a possibilidade de dispor do apoio de outros profissionais; cerca de metade a melhoria da sua formao terica. Cerca de 25% dos mdicos investiria mais em cessao tabgica se dispusesse de um incentivo financeiro e 20% se os pacientes demonstrassem maior interesse em discutir o assunto ou existisse uma maior valorizao desta rea por parte dos colegas e dos rgos de gesto. As limitaes de representatividade da amostra, decorrentes da taxa de resposta obtida, impem reservas possibilidade de extrapolao destes resultados para a populao de estudo, sendo de admitir que os respondentes possam corresponder aos mdicos mais interessados por este tema e que optam por no fumar. Outra importante limitao advm do facto de no ter sido estudada a vertente relativa aos pacientes, no que se refere s suas atitudes, percepes e expectativas quanto actuao do mdico neste campo. Pesem embora estas limitaes, os resultados obtidos revelaram uma grande perda de oportunidades de prevenção da doena e de promoo da sade. Parece ter ficado demonstrada a importante influncia que as atitudes, em especial as negativas, e as percepes, em particular a percepo de auto-eficcia, podem exercer sobre as prticas de aconselhamento auto-referidas. Todavia, ser necessrio aprofundar os resultados agora encontrados com estudos de natureza qualitativa, que permitam compreender melhor, por um lado, as percepes, expectativas e necessidades dos pacientes, por outro, as estratgias de comunicao que devero ser adoptadas pelo mdico, atendendo complexidade do problema e ao tempo disponvel na consulta, tendo em vista aumentar a literacia dos pacientes para uma melhor autogesto da sua sade. Parece ter ficado igualmente patente a grande carncia formativa neste domnio. A adopo do modelo biomdico como paradigma da formao mdica pr e ps-graduada, proposto, h precisamente cem anos, por Flexner, tem contribudo para a desvalorizao das componentes psicoemocionais e sociais dos fenmenos de sade e de doena, assim como para criar clivagens entre cuidados curativos e preventivos e entre medicina geral e familiar e sade pblica. Porm, o actual padro de sade/doena prprio das sociedades desenvolvidas, caracterizado por pandemias de doenas crnicas e incapacitantes, determinadas por factores de natureza sociocultural e comportamental, ir obrigar certamente reviso daquele paradigma e necessidade de se (re)adoptarem os grandes princpios Hipocrticos de compreenso dos processos de sade/doena e do papel da medicina.

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Os autores propuseram para o municpio de Aparecida, vale do Rio Paraba, SP, regio endmica do Tityus serrulatus, um programa de controle do escorpionismo. Foram estudados a presena de focos do escorpio no campo e na cidade, as alteraes ambientais perifricas zona urbana e os novos ambientes de procriao e disperso destes artrpodes. Alm disso, foram avaliados os problemas bsicos de infra-estrutura, tais como o acondicionamento e a coleta do lixo urbano pblico e domiciliar, o saneamento bsico (esgotos e galerias pluviais) e a situao dos terrenos baldios e as construes da zona urbana. Aps estudo epidemiolgico, foram propostas medidas educativas, que constaram da confeco e distribuio de folhetos, de mutires de limpeza, de visitas domiciliares e do engajamento de professores e alunos da rede de ensino pblica e privada na campanha. Nos locais onde existiam focos de alto risco, em especial nas pr-escolas, foi proposto o emprego do controle qumico. Dentro das normas sanitrias vigentes para a zona urbana, foi proposto ainda, o uso de predadores naturais no combate. Os autores concluem que as aes devem ser integradas e continuadas de forma ininterrupta por vrios anos e propem ao conjunta com a campanha da dengue. A instituio de uma semana por ano dedicada ao estudo do escorpionismo nas escolas dos municpios onde ocorre o problema seria uma medida educativa que viria contribuir sobremaneira para a prevenção dos acidentes e controle do escorpionismo.

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Aps a realizao dos trabalhos de controle visando interrupo da transmisso do vrus do dengue, iniciou-se um trabalho de monitorizao de Aedes aegypti e Aedes albopictus com dois mtodos de vigilncia entomolgica: ndice de Breteau (IB) e ovitrampas. Pretendeu-se avaliar o tempo necessrio para que as espcies envolvidas fossem novamente detectadas na rea urbana do municpio de Catanduva, SP. As ovitrampas apresentaram positividade para Aedes aegypti dois meses aps os trabalhos de controle, enquanto o ndice de Breteau veio a positivar-se somente no quarto ms aps o trmino dos referidos trabalhos.

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A seroepidemiological survey was carried out during 1994 in the municipality of Paracambi, state of Rio de Janeiro. Haemagglutination inhibition test positivity was detected in 145 out of 370 (39.2%) schoolchildren. The frequency of positive test by sex was 53.8% (78/145) female and 46.2% (67/145) male. Distribution by age showed the increasing of antibody posivity in older children. Strains of dengue virus type 1 and dengue virus type 2 were isolated before (1990) showing the co-circulation of both serotypes in that area. The house index infestation of Aedes albopictus and Aedes aegypti has been determined.

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Nos anos de 1995 e 1996, ocorreu em So Luis uma epidemia de dengue (DEN), causada pelo sorotipo DEN1. Objetivando avaliar o impacto da mesma na populao da grande So Luis (municpios de Pao do Lumiar - PL, So Jos de Ribamar - SJR e So Luis SL), realizamos um inqurito soro - epidemiolgico aleatrio, onde aplicamos um questionrio. Os soros foram testados por inibio da hemaglutinao (IH), e os resultados, negativo e positivo (resposta primria - RP e resposta secundria - RS), foram analisados utilizando os "software's" Lotus 123, Epi-info 6.0, Excel 5.0 e STATA. Coletaram-se 1217 amostras, (101 de PL, 100 de SJR e 1016 de SL). A positividade foi: 55,4% em PL, 28% em SJR e 41,4% em SL. Destes, 505 (41,2%) amostras foram positivas sendo 96 RP (7,9%) e 405 RS (33,3%). Da amostra obtida, 508 soros (227 positivos) foram do sexo masculino e 709 (278 positivos) do feminino, no havendo diferena estatstica significativa. Houve significncia (p < 0,003) na estratificao de acordo com a renda, sendo mais freqente nas populaes com melhor nvel scio econmico. Estimou-se em 401.933 infeces causadas pelo vrus dengue. Os pacientes referiram febre, cefalia, calefrios, tontura, astenia, dor retro ocular, mialgia, artralgia, nuseas, anorexia, prurido e exantema. H uma grande populao sensibilizada pelo DEN-1, suscetvel a outro sorotipos o que aumenta o risco de dengue hemorrgico.

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O objetivo do trabalho medir as coberturas das atividades municipais de controle de Aedes aegypti e/ou Aedes albopictus, o casa-casa e o arrasto, realizadas entre 1989 e 1995 na regio de So Jos do Rio Preto, So Paulo e avaliar a correlao cruzada entre elas e os ndices de Breteau (IB). Para o municpios com at 50.000 imveis as coberturas conjuntas das atividade casa-casa e arrasto foram em sua maioria adequadas e as coberturas do casa-casa apresentaram correlao cruzada negativa com os IB. Para municpio sede (maior que 50.000 imveis) estas coberturas no apresentaram correlao com os IB. Em geral as coberturas foram inversamente proporcionais ao tamanho dos municpios. Para todas as faixas de tamanho de municpios, os arrastes no apresentaram correlao com os IB, mostrando-se ineficazes.

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No Brasil, os inquritos sorolgicos tm assinalado taxa de infeco pelo vrus do dengue de 25% a 56%, porm esses estudos foram realizados em populaes de cidades de mdio ou grande porte. No presente estudo, so descritas duas epidemias de febre clssica de dengue (DEN) no Estado da Bahia. A primeira, ocorrida em 1987 e causada pelo sorotipo DEN-1 em Ipupiara e, a segunda, causada pelo DEN-2, em Prado e que ocorreu em 1995. O diagnstico laboratorial foi realizado utilizando o teste de inibio da hemaglutinao (IH). Em 1995, foram coletadas 461 amostras sorolgicas de uma populao de 3.868 habitantes em Ipupiara (regio da Chapada Diamantina) e 228 de um total de 9.126 habitantes em Prado (Litoral Extremo Sul). A soro-positividade das amostras foi de 11,9% (55/461) em Ipupiara e 17,5% (40/228) em Prado. No houve diferena, estatisticamente significante, quanto a idade e o gnero entre os indivduos soro-positivos e negativos das duas cidades estudadas. Entretanto, em Ipupiara os soro-positivos (15,9% vs. 9,3%) relataram, mais freqentemente (p < 0,03), residncia ou viagens para outros Estados do Brasil. Com base nos dados, estimou-se a ocorrncia de 460 e 1.597 casos da infeco em Ipupiara e Prado, respectivamente. Em concluso, nas cidades de menor porte a dinmica da infeco pelo vrus do dengue, provavelmente, tem caractersticas peculiares, porque nessas localidades a prevalncia menor em conseqncia das menores potencialidades de desenvolvimento do Aedes aegypti.

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Dengue is present in the Federal District since 1991 and virological studies of the vector began in 1998. Two strains of DEN1 were isolated from 9 pools of female Aedes aegypti (78 mosq.), collected in April in Gama county, where the Breteau index was 5.4, and 32 autochtonous human cases were notified.

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Os conceitos de dengue clssico, com ou sem hemorragia, e de febre hemorrgica do dengue (FHD) que, pode cursar sem fenmenos hemorrgicos, com ou sem sndrome do choque do dengue (SCD), so revistos neste artigo. As definies clssicas propostas, teis em outros tempos, geram confuso e dificultam a tomada de decises no momento do tratamento dos pacientes com as formas graves da doena porque deixaram de incorporar novos conceitos e avanos teraputicos. A classificao do dengue proposta neste trabalho, e apresentada em fluxograma, incorpora os conceitos atuais de sepse, sndrome da resposta inflamatria sistmica (SIRS) e sndrome da angstia respiratria do adulto (SARA). A nova classificao serve de guia para orientar a conduta teraputica inicial e aproxima o tratamento do dengue aos protocolos e rotinas j implantados nos diversos centros hospitalares de urgncia, facilitando a atuao dos servios de sade em situaes de surtos epidmicos.