975 resultados para Mattos, Glauco, 1951 Crítica e interpretação
Resumo:
O nome do escritor fluminense Alberto Figueiredo Pimentel (1869 1914) uma ausncia notvel na histria da literatura brasileira e, principalmente, na histria do naturalismo no Brasil. Observando que o tema naturalismo no Brasil ainda mal compreendido pela historiografia, esta pesquisa tem como objetivo escrever a histria do escritor Figueiredo Pimentel como autor de romances naturalistas, tendo como foco de interesse o estudo dos romances O aborto, publicado pela Livraria do Povo em 1893, e Um canalha, publicado pela Laemmert &Comp. em 1895, ambos no Rio de Janeiro. Para cumprir o objetivo do trabalho, a pesquisa levantou novas informaes sobre Figueiredo Pimentel e sua relao com a esttica naturalista, especialmente na dcada de 1890, no acervo da Hemeroteca Digital Brasileira da Biblioteca Nacional. Por meio das consultas s fontes primrias foi possvel conhecer a trajetria de um escritor naturalista brasileiro esquecido e as primeiras recepes de O aborto e Um canalha pelos homens de letras escritores, crticos, livreiros e editores e pelo leitor comum
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Ao trazer registros de como a cultura rabe ou o imigrante rabe foi representado pela literatura brasileira desde os escritos coloniais, pretendemos refletir sobre a fico brasileira contempornea, que, diferentemente dos perodos anteriores, lana um olhar profundo sobre a imigrao rabe para o Brasil, o que possibilita uma releitura do processo de insero do imigrante na sociedade brasileira, principalmente para os descendentes de primeira e segunda gerao. O corpus escolhido composto por duas narrativas: o romance Dois irmos (2000), de Milton Assi Hatoum, escritor manaura, nascido em 1950, filho de imigrantes rabes srio-libaneses; e a narrativa O enigma de Qaf (2004), de Alberto Mussa, carioca, nascido em 1961, neto de imigrantes rabes. Nossa pesquisa busca demonstrar que as obras ficcionais de escritores descendentes de imigrantes permitem uma reflexo densa sobre os conflitos da condio migrante, porm numa perspectiva diferente da viso estereotipada ou mesmo de uma tematizao preconceituosa. Entendemos ser a literatura um espao privilegiado para trazer tona outras vises sobre a cultura rabe, deixando de lado, consequentemente, a nica histria j delineada pelo colonizador europeu, aquela contida nos livros didticos, divulgada nos grandes meios de comunicao de massa e na histria universal, segundo a qual os rabes so terroristas, fundamentalistas, desumanos, opressores da mulher, o turco da prestao, o vendedor ambulante. Trata-se, assim, de adotar um vis ps-colonial, segundo os estudos de Elona Patri dos Santos (2005), na medida em que, sob tal vis, o colonizado pode relatar a sua experincia, de acordo com a sua prpria verso, com a sua voz. A anlise elaborada por meio de trs eixos: o ethos identitrio, o pathos do exlio e o logos da memria. Com a abordagem desses eixos, buscamos enfatizar a construo, nos dois romances, de um espao de enriquecimento cultural por meio de personagens despidos de exageros folclricos, de uma ambientao sem exotismos, da tematizao de ritos rabes sem esteretipos, e, principalmente, do maior legado da cultura rabe para a humanidade: a lngua rabe. Buscamos, dessa forma, contribuir para uma maior compreenso da fico brasileira contempornea, alm de colaborar com as pesquisas que tratam das representaes e figuraes do rabe produzidas no Brasil
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Este trabalho pretende investigar as relaes existentes entre o mercado, a globalizao, a chamada ps-modernidade e a literatura. Para tanto, inicialmente delineia-se um breve panorama da literatura brasileira contempornea, com a finalidade de expor uma parte do que ora se produz em termos de crítica e de fico. Em seguida, trata-se do controverso conceito de ps-modernidade, com ateno especial s divergncias terminolgicas que vem suscitando, principal tpico objeto das consideraes finais. Analisa-se depois o fenmeno da globalizao, particularmente no que afeta a formao de novas subjetividades, ponderando-se tambm seu impacto na conceituao dos valores em geral e dos valores estticos em particular. Por fim, passa-se ao conceito de resistncia, com base em elementos tericos extrados de Schiller (o papel do artista), Agambem (a questo do contemporneo) e Alfredo Bosi (relaes entre narrativa e resistncia), fechando-se o foco na produo literria, mediante anlise sucinta da narrativa Eles eram muitos cavalos, de Luiz Ruffato
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Esta dissertao pretende investigar de que forma idias construdas socialmente impem a heterossexualidade e afetam indivduos no heterosexuais das ilhas Caribenhas, conforme ilustrado nos romances Memory Mambo, da Cubana-Americana Achy Obejas e Valmikis Daughters, da Trinitria-Canadense Shani Mootoo. Este trabalho se concentra na anlise de polticas sexuais ligadas homossexualidade tanto nas ilhas do Caribe quanto nos Estados Unidos da Amrica. Em Memory Mambo, a protagonista Juani Casas deseja entender como sua condio de exilada cubana molda sua identidade sexual e como seu lesbianismo afeta seus relacionamentos familiares e amorosos. Reconstruindo sua histria atravs de uma memria no confivel, Juani procura descobrir como sua sexualidade e sua nacionalidade esto ligadas, para que ela possa conciliar as duas. Em Valmikis Daughter, Viveka Krishnu e seu pai Valmiki Krishnu tentam esconder seus verdadeiros desejos por causa dos comportamentos supostamente corretos que foram designados tanto para homens quanto para mulheres em Trinidad, e mais especificamente na sociedade indo-caribenha. Pai e filha sofrem com a opresso e tentam no se tornarem vtimas de homofobia constante, ele escondendo sua sexualidade e ela deixando a ilha. Assim, atravs da representao literria, Obejas e Mootoo participam de uma discusso necessria sobre as consequencias das polticas sexuais na construo identitria de Caribenhos que vivem nas ilhas ou em destinos diaspricos
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Esta dissertao tem por objetivo investigar as memrias do escritor Pedro Nava, destacando as estratgias de autorrepresentao adotadas pelo autor nas obras Ba de osso e Balo cativo. Essas duas obras compreendem as etapas do nascimento at os treze anos do memorialista, ou seja, perodo no qual Pedro Nava recebeu as maiores influncias para sua formao. Analisamos que os autobiografemas elementos comuns nas escritas de si foram utilizados por Pedro Nava para moldar uma autofigurao de pesquisador, observador, analista de perfis humanos, alm de grande leitor e intelectual. Abordamos a histria familiar, a descoberta do mundo atravs das cidades, a paixo pelos livros e as experincias como interno dos colgios Anglo-Mineiro e Pedro II. Locais, inclusive, de descobertas para o caminho da medicina e da literatura. Consideramos que esses procedimentos fazem parte de um processo de construo de sua autoimagem
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Este trabalho tem como objetivo identificar os processos atravs dos quais a personagem Zarit, protagonista do romance A ilha sob o mar (ALLENDE, 2010), constri sua identidade de resistncia (CASTELLS, 2013). Sujeito subalterno por ser simultaneamente escrava, negra e mulher (SPIVAK, 2010), ela desenvolve estratgias verossmeis que lhe permitem sobreviver e enfrentar a opresso fsica e identitria tpica de sua condio na colnia francesa de So Domingos, atual Haiti, que vivia, poca, sob o domnio de um modelo poltico e social profundamente patriarcal, escravocrata e racista. A pesquisa assume a perspectiva desenvolvida em torno da literatura de autoria feminina na Amrica Latina (CUNHA, 2004; RAGO, 2004; VELASCO-MARN, 2007; WARD, 2007), segundo a qual, nessa produo especfica, desenvolvem-se representaes de mulher s quais so garantidas a voz e o empoderamento que lhes foram negados em outros contextos de escrita literria. Alinhando a noo de estranhamento desenvolvida pelo formalismo russo (CHKLOVSKI, 2013) com a do uso de procedimentos capazes de conferir literariedade narrativa (LUKCS, 1968), este trabalho verifica a configurao de condies que conferem obra o pertencimento ao contexto das produes desenvolvidas por autoras migrantes ou exiladas (SKAR, 2001). O conceito de hibridismo (CANCLINI, 2011) se soma a esse entendimento, articulando-se, nesta pesquisa, com a perspectiva multicultural de compreenso das identidades (HALL, 2005). Hutcheon (1991) fornece o arcabouo que nos permite o necessrio trabalho com o conceito de sujeito marginalizado e ex-cntrico. Para isso, utilizado tambm o embasamento terico oferecido por Castells (2013) no tocante ao desenvolvimento da noo de identidade de resistncia. As condies histricas e econmicas sob as quais se desenvolveu o regime vigente no ambiente em que se passa a narrativa so verificadas em James (2010) e Blackburn (2003). Para lidar com a vivncia religiosa e cultural experimentada pelos descendentes de africanos naquele contexto, a pesquisa se embasa nos argumentos trazidos por Capone (2011) ao debate acerca desse tema e, por intermdio dos estudos de Garauday (1980) e Lody & Sabino (2011), possvel angariar informaes relativas histria e simbologia envolvidas nas danas de origem africana. O estudo dessas correntes tericas conduz concluso de que o romance A ilha sob o mar encena, na personagem Zarit, a construo de uma identidade de resistncia entre os escravos que, danando, celebravam seus deuses, permitiam o encontro das diferentes culturas das quais eram originrios e fortaleciam a rede de relaes, informaes e colaborao mtua entre os indivduos e as comunidades que pretendiam livrar-se do domnio do elemento europeu e de seu regime escravocrata
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O estilo de poca Sturm und Drang, o primeiro movimento literrio genuinamente alemo, surgido na segunda metade do sculo XVIII, possibilitou a emancipao literria da Alemanha e introduziu naquele pas o conceito de gnio original. A partir da descoberta da obra do gnio ingls Shakespeare (possibilitada pelas tradues de Christoph Martin Wieland), os alemes se depararam com o modelo de revoluo literria que necessitavam para instituir as bases da originalidade literria alem. Pautando-se na estrutura dramtica shakespeariana, Johann Wolfgang von Goethe e Friedrich Schiller elaboraram seus dramas de estreia, obras foco da presente pesquisa: Gtz von Berlichingen e Os bandoleiros, respectivamente. O presente estudo prope-se, por conseguinte, a analisar as obras supracitadas luz da temtica do gnio original. Mas, primeiramente, so observados os fatores (como a asceno do romance ingls) e escritores (como Gothold Ephraim Lessing, Johann Jakob Bodmer, Johann Jakob Breitinger, Friedrich Gottlieb Klopstock, Johann Joachim Winckelmann, Wieland e Johann Gottfried von Herder) que colaboraram para a instituio da era genial na Alemanha
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A proposta deste trabalho investigar a ficcionalizao do discurso do eu na construo do passado, em Graciliano Ramos, que, utilizando a observao, a experincia, a sensibilidade e imaginao, reflete a respeito da interao entre homem e sociedade, negando o aspecto narcsico associado ao gnero autobiogrfico e atingindo o universal pelo particular. Para este objetivo, sublinhamos a relao entre autobiografia e individualidade e buscamos destacar aquilo que nos permite realizar uma leitura de vis autobiogrfico em Infncia, no esquecendo que se trata tambm de uma composio literria, cujos recursos e tcnicas o autor manejava com capricho. Prosseguimos traando um breve panorama da dcada de 30 e sucintos comentrios sobre o conjunto da obra do romancista alagoano. Alcanamos, ento, o captulo principal, no qual baseamos a nossa proposta na obra que o foco desta pesquisa, elaborada por um escritor j maduro e seguro de sua concepo de literatura; nele se busca demonstrar a relevncia da memria na construo da histria social, ressaltando a condio fragmentria prpria da constituio do sujeito e destacando a funo da escrita como instrumento de organizao e construo, para si e para outros, de uma ideia de identidade. Na concluso, retomamos alguns pontos elencados ao longo deste trabalho, procurando comprovar a articulao entre eles, pertinente a nossa proposta
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Patrick Bateman, o protagonista narrador do romance American Psycho (1991), de Bret Easton Ellis, confunde por ser rico, bonito e educado e, ao mesmo tempo, torturador, assassino e canibal. Mas esta personalidade antagnica no o torna singular. O que o particulariza so as quatro faces que ele apresenta ao longo de sua narrativa: (1) ele consome mercadorias e humanos, (2) compete para ter reconhecimento, (3) provoca horror por suas aes, e (4) no um narrador confivel. Sendo um yuppie (termo popular usado nos Estados Unidos na dcada de 1980 para denominar jovens e bem sucedidos profissionais urbanos), Bateman materialista e hedonista. Ele est imerso em uma sociedade de consumo, fato que o impossibilita de perceber diferenas entre produtos e pessoas. Sendo um narcisista, ele se torna um competidor em busca de admirao. No entanto, Bateman tambm um serial killer e suas descries detalhadas de torturas e assassinatos horrorizam. Por fim, ns leitores duvidamos de sua narrativa ao notarmos inconsistncias e ambiguidades. Zygmunt Bauman (2009) afirma que uma sociedade extremamente capitalista transforma tudo que nela existe em algo consumvel. Christopher Lasch (1991) afirma que o lendrio Narciso deu lugar a um novo, controverso, dependente e menos confiante. A maioria das vtimas de Bateman so membros de grupos socialmente marginalizados, como mendigos, homossexuais, imigrantes e prostitutas, o que o torna uma identidade predatria, segundo Arjun Appadurai (2006). A voz autodiegtica e a narrativa incongruente do protagonista, contudo, impedem que confiemos em suas palavras. Estas so as quatro faces que pretendo apresentar deste serial killer
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O trabalho tem por objetivo identificar eventuais marcas da potica de Joo Cabral de Melo Neto na obra de Ana Cristina Cesar. Pertencente ao grupo de poetas que ficou conhecido, em meados da dcada de 1970, como gerao mimegrafo ou grupo da poesia marginal, a autora de A teus ps, assim como seus demais companheiros, afirmava, publicamente, que fazia uma poesia anticabralina por excelncia. No entanto, sua obra parece desmentir essas afirmaes, por meio de um dilogo tenso e desviante embora de incorporao e recusa simultneas com a poesia cabralina, o que motivou a poeta carioca a, inclusive, reescrever, sua maneira, diversos poemas de Joo Cabral. A presente dissertao investiga e analisa essas questes, revisa parte da fortuna crítica dos dois autores e realiza um histrico do panorama cultural carioca da poca. No plano terico, so utilizados, principalmente, conceitos da teoria da influncia e do mapa da desleitura, formulados por Harold Bloom, bem como as ideias da verneinung freudiana e do movimento de absoro/destruio textual, descrito por Julia Kristeva. Adotou-se como metodologia a anlise comparativa de determinados textos dos poetas estudados
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Com base na relevncia que se d hoje aos estudos das escritas de si, foi investigado o teor autobiogrfico que permeia a obra do escritor Fernando Sabino em trs dos seus livros: O encontro marcado (1956), O menino no espelho (1982) e O tabuleiro de damas (1988). Cada uma dessas obras foi analisada a partir de perspectivas distintas do gnero autobiogrfico: romance autobiogrfico, autofico e autobiografia, respectivamente. O trabalho tambm aborda a construo da imagem do escritor Fernando Sabino na cena literria, analisando o modo como o escritor se apresenta em seus textos e investigando se essa representao est atrelada imagem de pessoa pblica da qual tomamos conhecimento por meio de palestras, depoimentos e entrevistas do autor. Nas declaraes de Fernando Sabino, podemos observar, pela frequente reiterao de ideias, que o autor elabora a si mesmo como um personagem. Alm da representao que fez de si prprio, Sabino transformou, inclusive, outros escritores em personagens. o que podemos notar no livro Gente (1975), no qual o autor apresenta personalidades do seu universo artstico de acordo com uma viso pessoal. O mesmo ocorre nos minidocumentrios produzidos pelo escritor, na dcada de 70, nos quais transporta grandes nomes da literatura brasileira para o vdeo. Em um perodo em que h diferentes trabalhos e publicaes referentes ao retorno do sujeito, problematizao da primeira pessoa e aos estudos autobiogrficos, buscou-se, nesta dissertao, estudar a produo de um escritor que possui expressivo material pertinente escrita de si e representao do sujeito, mas com escassos trabalhos acadmicos sobre sua obra
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Paulicia Desvairada, de Mrio de Andrade e Parania, de Roberto Piva, carregam o aspecto revolucionrio de estreias (estreia modernista de Mrio) que chegam para derrubar o estabelecido. Ambos encontram um ambiente hostil e combatem o padro de suas respectivas pocas com versos calcados na concepo de confronto. Muito deste mpeto, por vezes, pode esconder outras caractersticas aparentemente menos relevantes e mais trabalhadas em obras posteriores. O conceito solidrio de Joo Luiz Lafet (1986) uma solidariedade tambm reforada por Giorgio Agamben (1993) e que estaria nas entranhas de um posicionamento claramente mais radical o caminho percorrido nesta dissertao, trazendo tona o eu solidrio para alm do pano de fundo em Paulicia Desvairada e Parania. A complexidade polissmica na poesia de Mrio de Andrade e o agressivo desregramento dos sentidos na potica de Roberto Piva unem-se na semelhana e na diferena, incitando e proporcionando esta pesquisa. Uma vez descortinada, a primeira pessoa solidria uma espcie de embrio a ser explorado revela-se maior, com uma fora que atravessa o tempo e convida o leitor a no se entregar ao comodismo
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A presente dissertao tem como objetivo analisar o romance de sensao, gnero da literatura popular, que fez muito sucesso e alcanou tiragens significativas no Rio de Janeiro da virada do sculo XIX. Com isso, busca-se contribuir para a compreenso da circulao cultural entre romances cannicos e populares, tema ainda pouco estudado pela literatura acadmica. O romance de sensao ser abordado, nos captulos um e dois, no contexto do processo de modernizao do Rio de Janeiro no sculo XIX que faz com que ele ganhe fora enquanto produto esttico da vida urbana frentica capaz de produzir sensaes diversas a partir de elementos como as transformaes do espao, as novas tecnologias, uma nova forma de viver, bem como pela criminalizao, pelo medo, pela fascinao pelo terrvel e pela mistura entre fico e notcia. Argumenta-se, ainda, que este tipo de romance ter seu desenvolvimento propiciado por elementos como o barateamento do livro, uma linguagem jornalstica e sensacionalista e adequaes estruturais que teriam viabilizado um aumento do pblico leitor e consumidor. Por fim, no terceiro captulo, analisamos o romance Os estranguladores do Rio ou o crime da Rua Carioca. Romance sensacional do Rio oculto, do autor Ablio Soares Pinheiro, onde podemos observar as caractersticas dessas narrativas de carter popular, que dialogam com textos jornalsticos e cientficos, com estruturas de seduo e composio do folhetim, com audaciosas temticas que incorporam o submundo da pobreza e do mundo criminoso, ambos marcados pela violncia, sangue e sexo.
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A dissertao estuda o romance Um Crime Delicado, de Srgio SantAnna (1996), ao filme quase homnimo, de Beto Brant (2005), tendo como principal questo a imagem do corpo no contexto scio-cultural urbano e a sua representao na arte contempornea. O romance de SantAnna acolhe, na urdidura ficcional, subtemas da maior relevncia, tais como o lugar da deficincia fsica no horizonte de uma cultura hedonista, violncia sexual (contra a mulher) e os poderes da crítica de arte (da autojustificao ao desvirtuamento de seus fins). A adaptao flmica, por sua vez, introduz mudanas na obra de partida que complementam e enriquecem o romance e suas questes. No exerccio comparativo, a tradicional discusso sobre as relaes interartsticas (calcadas em Lessing), o culto beleza e respectiva hostilizao da feiura, os limites da exacerbao sensorial a partir do uso artstico da nudez provocaram a incorporao de outras obras de arte e de artistas discusso de conceitos imprescindveis: o abjeto, o contraditrio, a intermidialidade. No primeiro captulo, circunscrevemos historicamente nosso tema, focalizando a representao do corpo como lugar de multiplicao e relativizao de significaes; a seguir, apresentamos o painel de contradies que a sociedade excitada do sculo XX (Christoph Trcke, 2010) projeta sobre a questo corporal; e, para finalizar, propusemos a dilatao terica do adgio horaciano ut pictura poesis /a poesia como a pintura ao cinema potico (com suporte terico de Claus Clver, 2011, e Wolfgang Moser, 2006). Conclumos sugerindo que as intermidializaes propem novas interpretaes aos textos literrios, mas podem ser bem mais contundentes como formas de potenciao esttica e de crítica social.
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Lus de Cames buscou na comdia romana da Antiguidade elementos estruturais para a construo de seu teatro renascentista. Dirigiu-se, sobretudo, ao texto Amphitruo (Anfitrio), de Plauto, uma comdia paliata romana, que serve de modelo, at os dias atuais, para muitos escritores. Deste modo, este trabalho tem por escopo analisar o dilogo que se pode entrever entre o Anfitrio camoniano e o plautino, tendo como base a construo das estruturas da comicidade. Pretende-se, ainda, analisar, a partir de passagens dessas duas peas, a viso humorstica de cada autor sobre o espao-temporal e o cotidiano em que cada um se insere