37 resultados para Equinococose vogeli
Resumo:
A equinococose é uma zoonose cujos agentes etiológicos são helmintos do gênero Echinococcus. Há cinco espécies de Echinococcus, duas delas, o E. oligarthrus (Diesing, 1863) e o E. vogeli (Rausch & Bernstein, 1972) ocorrem apenas em zonas neotropicais. A equinococose pelo E. vogeli provoca cistos hidáticos múltiplos, principalmente no fígado dos hospedeiros intermediários, dos quais um deles é o ser humano. O pouco conhecimento acerca da doença faz com que o diagnóstico seja retardado ou até mesmo equivocado. A falta de sistematização nas indicações de tratamento também dificulta a avaliação dos resultados e prognóstico dos pacientes com lesões hepáticas e peritoneais causadas pelo E. vogeli. Neste trabalho, descrevemos o quadro clínico dos pacientes; propomos protocolo de classificação radiológica, utilizado na classificação da equinococose alveolar (E. multilocularis, Classificação “PNM”, Kern et al., 2006), que foi adequado também para a equinococose policística (E. vogeli); e descrevemos uma opção terapêutica para o tratamento dessa hidatidose que anteriormente só havia sido utilizada para casos de equinococose cística (E. granulosus, PAIR -Puncture, Aspiration, Injection, Reaspiration, Brunnetti et al., 2001). Uma coorte prospectiva foi iniciada no ano de 1999 e até 2009 foram incluídos 60 pacientes. Foram descritos os principais sintomas e sinais: dor no andar superior do abdome (65%) e hepatomegalia (60%) e os pacientes foram classificados conforme a Classificação “PNM” e submetidos a três modalidades terapêuticas: (i) quimioterapia com albendazol na dose de 10mg/Kg/dia, (ii) tratamento cirúrgico com ressecção dos cistos ou (iii) punção percutânea – PAIR. Após exclusão de 2 casos, por preenchimento inadequado do protocolo de pesquisa, os grupos foram assim distribuídos: terapêutica com albendazol: n=28 (48,3%; 28/58), terapêutica cirúrgica: n=25 (52,1%; 25/58) e PAIR: n=5 (8,1%; 5/58). Os resultados foram estratificados conforme o resultado da terapêutica: “Cura”, representada pelo desaparecimento das lesões após tratamento clínico ou cirúrgico; “Melhora clínica”, entendidas como pacientes assintomáticos, sem perda ponderal e com as funções fisiológicas preservadas; “Sem Melhora”, incluiu os pacientes que permaneceram sintomáticos; “Óbito”; e “Sem informação”, o acompanhamento não permitiu a conclusão sobre o desfecho. Nos três grupos terapêuticos a taxa de letalidade de 15,5% (9/58), “sem melhora” 1,7% (1/58), “melhora clínica” em 40,0% (23/58) e “cura” em 32,8% (19/58). Com relação ao desfecho “óbito”, não houve diferença entre as terapêuticas com albendazol ou cirúrgica com 4 (14,2%) e 3 (12%) óbitos respectivamente; porém, no primeiro grupo, albendazol, o desfecho “cura” foi de 4,3% (1/23) e “melhora clínica” 74,0% (17/23), enquanto que no grupo “cirurgia” a “cura” representou 71,0% (17/24) e “melhora clínica” com 16,7(4/24). A terapêutica “PAIR” foi associado a taxa de letalidade de 40% (2/5), cura em 20% (1/5) e melhora clínica em 40% (2/5). A Classificação “PNM” foi útil para indicar tipo terapêutica nos casos de hidatidose policística. Em conclusão, na série estudada a terapêutica cirúrgica apresenta melhor resultado que a terapêutica clínica quanto aos desfechos “cura” e “melhora clínica”. A terapêutica por PAIR necessita de mais estudos.
Resumo:
Quatro dos pacientes com doença hidática policística por nós observados referiam ter reconhecido doença no figado de pacas caçadas a fim de serem utilizadas como alimento; as vísceras desses animais eram, habitualmente, dadas aos cães domésticos. Todos os nossos 7 pacientes referiam contactos com cães que previamente haviam ingerido vísceras de pacas. O exame de fígado considerado doente por um dos pacientes e retirado de uma paca abatida na mesma região (Estado do Acre, Brasil) de onde provieram os casos humanos mostrou a presença de cistos hidáticos. As características dos acúleos do protoscolex indicaram tratar-se da forma larval do Echinococcus vogeli. Essas observações confirmam a participação da paca no ciclo biológico do E. vogeli e a via pela qual o homem pode tomar-se o hospedeiro intermediário alternativo desse equinococo.
Resumo:
Mediante critérios epidemiológicos, clínicos e laboratoriais, foi levantada a casuística de equinococose policística no período de 1962 a 2003, no âmbito da Amazônia oriental brasileira, incluindo casos inéditos e aqueles já publicados. Dessa forma, foram identificados 40 casos da doença no referido período, compreendendo casos procedentes dos estados do Pará e Amapá, Brasil. A amplitude das idades foi de 10 a 72 anos. Do total 47,5% pertenciam ao sexo masculino. O fígado foi o órgão mais acometido (82,5% dos casos). O Echinococcus vogeli (Rausch e Bernstein, 1972), apresentou-se como o principal agente etiológico envolvido. A partir do reconhecimento da importância e das implicações do manejo da equinococose para a região tropical, acredita-se que deverá ocorrer uma implementação do diagnóstico precoce, tratamento adequado e de um melhor registro da doença.
Resumo:
The objective of this study was to report for the first time infection by Hepatozoon spp. and Babesia spp. in 10 dogs from the city of Cuiabá, State of Mato Grosso, central-western Brazil. A pair of primers that amplifies a 574 bp fragment of the 18S rRNA of Hepatozoon spp., and a pair of primers that amplifies a 551 bp fragment of the gene 18S rRNA for Babesia spp. were used. Six dogs were positive for Babesia spp., and 9 were positive for Hepatozoon spp. Co-infection of Babesia spp. and Hepatozoon spp. was seen in 5 dogs. Sequenced samples revealed 100% identity with B. canis vogeli, and H. canis. This is the first molecular detection of H. canis in domestic dogs from Cuiabá. Additionally, it is described for the first time the presence of B. canis vogeli circulating among dogs in Cuiabá.
Resumo:
We report a human case of polycystic hidatidosis due to Echinococcus vogeli from Contamana (Department of Loreto) village located in the central jungle of Peru. The patient is a 44 year-old lady, teacher, who carried a painless liver mass since a year ago. She was submitted to abdominal surgery and the liver mass was removed and showed multiple cysts containing colorless liquid as is showed in the polycystic hidatidosis. The morphology and measure of the hooks obtained from the liquid contained in the cysts are from Echinococcus vogeli. It is the first report of this parasitism in Perú.
Resumo:
É descrito um caso de hidatidose abdominal, sem comprometimento hepático, em paciente do Estado do Acre. O cisto, já em degeneração e parcialmente calcificado, foi descoberto, por acaso, mediante estudo radiológico da coluna vertebral feito para avaliação de hérnia de disco, detectada algum tempo antes. Embora as imagens sugerissem uma neoplasia do mesentério, o achado de acúleos rostelares no conteúdo pastoso da hidátide, removida cirurgicamente, permitiu reconhecer-se a natureza parasitária da lesão.
Resumo:
Neotropical polycystic echinococcosis (NPE) is a parasitic disease caused by cestodes of Echinococcus vogeli. This parasite grows most commonly in the liver, where it produces multiples cysts that cause hepatic and vessel necrosis, infects the biliary ducts, and disseminates into the peritoneal cavity, spreading to other abdominal and thoracic organs. In cases of disseminated disease in the liver and involvement of biliary ducts or portal system, liver transplantation may be a favorable option. We present a report of the first case of liver transplantation for the treatment of advanced liver NPE caused by E. vogeli.
Resumo:
The present case report refers to a patient from the State of Rondônia, North region of Brazil, attended with clinical suspicion of hepatic echinococcosis. Examination by imaging (ultrasonography and computerized tomography) revealed a conglomerate of cystic lesions, with mobile contents within the cyst. The serology (immunoblot) for Echinococcus sp. was positive (21 and 31 kDa bands). This case is the first reported in Rondônia, suggesting the need to investigate the polycystic echinococcosis in individuals with hepatic cysts from areas of tropical forest and hunting habits where wild life was present as wild dogs, cats and rodents, particularly Agouti paca (paca) and Dasyprocta aguti (agouti).
Resumo:
OBJETIVO: Rever, usando a metodologia de análise secundária de dados, os casos descritos de doença hidática policística (DHP) pelo Echinococcus vogeli, quanto às características clínico-epidemiológicas, de evolução e procedimentos terapêuticos. MÉTODO: Foram usados cinco bancos eletrônicos; anais de eventos científicos da área de Medicina Tropical; livros textos; consultas aos índices remissivos de revistas não-indexadas e a especialistas. As 52 variáveis estudadas foram categorizadas para cada caso de DHP e registradas em ficha-padrão. Somente foram incluídos os casos com comprovação histológica e/ou parasitológica do E. vogeli. RESULTADOS: Foram recuperados 131 trabalhos publicados e uma comunicação pessoal, sendo grande parte com somente um caso descrito, e entre estes apenas 17 (12,9%) tinham casos com comprovação do agente etiológico, com um total de 44 pacientes: 52,3% do sexo masculino; média de idade de 45,0 (± 16,7) anos; e 50% descritos no Brasil. A presença de massas e a dor abdominal foram registradas em 94,7% (18/19) e 92,6% (25/27), respectivamente. Não houve diferença estatística (p>0,20) entre os resultados do tratamento clínico (albendazol) e cirúrgico, mas as freqüências de "sem êxito" foram, respectivamente, de 0% e 28,6%, e as de óbitos de 0% e 21,4%. CONCLUSÕES: A maioria dos trabalhos sobre a DHP não tem pacientes com comprovação etiológica e, conseqüentemente, é possível que parte do conhecimento clínico atual sofra mudanças significativas por investigações futuras. De outra parte, os dados levantados indicam que a melhor opção terapêutica, nos casos irressecáveis, é o uso de albendazol.
Resumo:
Abstract:This study aimed to report the prevalence of Babesia canis vogeli in dogs and ticks in the urban and rural areas of Petrolina, Pernambuco. Serum and peripheral blood samples of 404 dogs were tested by indirect immunofluorescence assay (IFA) and by blood smears, respectively. The presence of tick infestation was evaluated, and some specimens were submitted to DNA amplification by polymerase chain reaction (PCR). The presence of antibodies anti-B. canis vogeli was determinate in 57.9% (234/404) of dogs. The direct detection of Babesia spp was obtained in 0.5% (2/404) dogs by visualization of intraerythrocytic forms. Infestation by Rhipicephalus sanguineus sensu lato was observed in 54.5% (220/404) of dogs in both urban and rural areas. DNA of Babesia canis vogeli were obtained by PCR in 6% individual (3/50) and 8.7% of pool of ticks (7/80). The risk factors for the presence of anti-B. canis vogeli antibodies, as determined through the application of logistic regression models (P<0.05), were the following: medium breed size variables (P<0.001); contact with areas of forest (P=0.021); and access on the street (P=0.046). This study describes, for the first time, the confirmation of infection of B. canis vogeli in dogs and ticks in the semiarid region of Pernambuco, Brazil.
Resumo:
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Resumo:
Background: Ehrlichiosis is a multisystemic disease with the potential to cause cardiomyocyte injury in naturally infected dogs. Hypothesis: Myocardial injury occurs in dogs infected with Ehrlichia canis. Animals: One-hundred and ninety-four dogs from Brazil with clinical and laboratory abnormalities indicative of ehrlichiosis. Sixteen healthy dogs served as controls. Methods: Electrocardiogram, echocardiogram, noninvasive blood pressure measurement, and serum cardiac troponin I (cTnI) concentrations were evaluated. Serologic assays and PCR determined the exposure and infection status for E. canis, Anaplasma spp., Babesia canis vogeli, Bartonella spp., Borrelia burgdorferi, Dirofilaria immitis, Ehrlichia chaffeensis, Ehrlichia ewingii, Leishmania chagasi, and spotted-fever group Rickettsia. Dogs were assigned to groups according to PCR status: E. canis infected, infected with other vector-borne organisms, sick dogs lacking PCR evidence for infection, and healthy controls. Results: E. canis-infected dogs had higher serum cTnI concentrations than controls (median: 0.04 ng/dL; range 0.04-9.12 ng/dL; control median: 0.04 ng/dL; range: 0.04-0.10 ng/dL; P = .012), and acute E. canis infection was associated with myocardial injury (odds ratio [OR]: 2.67, confidence interval [CI] 95%: 1.12-6.40, P = .027). Severity of anemia was correlated with increased risk of cardiomyocyte damage (r = 0.84, P < .001). Dogs with clinical signs of systemic inflammatory response syndrome (SIRS) were at higher risk for myocardial injury than were other sick dogs (OR: 2.55, CI 95%: 1.31-4.95, P = .005). Conclusions and Clinical Importance: Acute infection with E. canis is a risk factor for myocardial injury in naturally infected Brazilian dogs. Severity of anemia and SIRS might contribute to the pathophysiology of myocardial damage.
Resumo:
Blood samples collected from 201 humans, 92 dogs, and 27 horses in the state of Espirito Santo, Brazil, were tested by polymerase chain reaction, indirect immunofluorescence assays, and indirect enzyme-linked immunosorbent assay for tick-borne diseases (rickettsiosis, ehrlichiosis, anaplasmosis, borreliosis, babesiosis). Our results indicated that the surveyed counties are endemic for spotted fever group rickettsiosis because sera from 70 (34.8%) humans, 7 (7.6%) dogs, and 7 (25.9%) horses were reactive to at least one of the six Rickettsia species tested. Although there was evidence of ehrlichiosis (Ehrlichia canis) and babesiosis (Babesia cams vogeli, Theileria equi) in domestic animals, no human was positive for babesiosis and only four individuals were serologically positive for E. canis. Borrelia burgdorferi-serologic reactive sera were rare among humans and horses, but encompassed 51% of the canine samples, suggesting that dogs and their ticks can be part of the epidemiological cycle of the causative agent of the Brazilian zoonosis, named Baggio-Yoshinari Syndrome.
Resumo:
Unlike other members of the genus, Echinococcus granulosus is known to exhibit considerable levels of variation in biology, physiology and molecular genetics. Indeed, some of the taxa regarded as 'genotypes' within E. granulosus might be sufficiently distinct as to merit specific status. Here, complete mitochondrial genomes are presented of 2 genotypes of E. granulosus (G1-sheep-dog strain: G4-horse-dog strain) and of another taeniid cestode, Taenia crassiceps. These genomes are characterized and compared with those of Echinococcus multilocularis and Hymenolepis diminuta. Genomes of all the species are very similar in structure, length and base-composition. Pairwise comparisons of concatenated protein-coding genes indicate that the G1 and G4 genotypes of E. granulosus are almost as distant from each other as each is from a distinct species, E. multilocularis. Sequences for the variable genes atp6 and nad3 were obtained from additional genotypes of E. granulosus, from E. vogeli and E. oligarthrus. Again, pairwise comparisons showed the distinctiveness of the G1 and G4 genotypes. Phylogenetic analyses of concatenated atp6, nad1 (partial) and cox1 (partial) genes from E. multilocularis, E. vogeli, E. oligarthrus, 5 genotypes of E. granulosus, and using T. crassiceps as an outgroup, yielded the same results. We conclude that the sheep-dog and horse-dog strains of E. granulosus should be regarded as distinct at the specific level.
Resumo:
Cardiac hydatid cyst is a rare disease, especially in children. An 11-year-old boy with a previous anaphylactic reaction and episodes of abdominal pain was admitted for workup of an acquired long systolic murmur. Echocardiographic investigation disclosed a tumor of the right ventricular anterior wall, with multiple loculations. Magnetic resonance imaging characterized it as a multilobular tumor with cyst formation and disclosed another cyst in the right pulmonary artery. With a positive ELISA reaction the child was admitted for surgery with the diagnosis of cardiac and pulmonary hydatid cysts. Cardiac surgery was performed with good results, followed by medical treatment with albendazole.