A querela do declínio do simbólico: perspextivas e impasses do pensamento de Slavoj iek

Esse estudo tem por objetivo principal analisar as reflexões do filósofo e psicanalista teórico esloveno Slavoj iek acerca dos impactos subjetivos das transformações normativas ocorridas no Ocidente nos últimos cinqüenta anos. O problema do chamado declínio do Simbólico passou a ser amplamente discutido pela comunidade de psicanalistas lacanianos na qual se insere o filósofo a partir do final da década de 1990, o que constituiu uma inovação em um campo fortemente influenciado pela concepção estruturalista da subjetividade. Situando o autor como pioneiro na utilização de ferramentas conceituais lacanianas para a análise do social, o estudo divide-se em duas partes. Na primeira delas, exponho as bases teóricas do pensamento de iek, contextualizando o seu itinerário intelectual e político, e abordando as suas três linhas fundamentais de investigação: a filosofia política, a discussão sobre o ato ético e a ontologia do sujeito. Assim, o primeiro capítulo retraça o percurso que vai dos primeiros estudos sobre o funcionamento ideológico nos regimes totalitários à abordagem pop filosófica da ideologia na atualidade. Em seguida, apresento a sua redescrição da noção de comunismo à luz da tese dos novos antagonismos do capitalismo tardio. Por fim, trato da perspectiva universalista do filósofo a partir de sua leitura materialista do cristianismo, lançando mão sobretudo dos estudos de Alain Badiou sobre São Paulo. No segundo capítulo, delineamos as coordenadas centrais da concepção de sujeito em iek, cuja originalidade reside na articulação das formulações de Lacan e Hegel. As noções de grande Outro, objeto pequeno a, pulsão de morte e negatividade são tomadas como os pilares nos quais se assenta a descrição do sujeito iekiano. Na segunda parte do estudo, examinamos as teses de iek a respeito das relações entre subjetividade e cultura, com ênfase nos novos impasses que daí decorrem. As inibições que sucedem à injunção de gozar sem entraves, a melancolização do laço social, as metamorfoses da culpa, a vitimologia e a culpabilização do Outro são os tópicos centrais que sobressaem desse recorte. Nessa parte do trabalho, as reflexões de iek são cotejadas com as análises de autores de orientação lacaniana, considerados representativos desse tipo de discussão, como Jean-Pierre Lebrun, Charles Melman, Dany-Robert Dufour e Roland Chemama. Pretende-se com isso enriquecer a discussão, apontando as aproximações e distâncias que o pensamento de iek entretém com os referidos autores. O capítulo final do trabalho é consagrado ao exame crítico da démarche iekiana acerca do declínio do Simbólico. Dois tópicos de seu discurso são analisados, a saber: a) seu posicionamento ambivalente no que tange à crítica do catastrofismo; b) seu esforço de expurgar da noção de ato ético na qual ele quer encontrar saídas para os embaraços engendrados pelo dito declínio do Simbólico qualquer traço de pertencimento à tradição moral judaico-cristã, guardando dessa tradição apenas o exemplo do aspecto formal do ato. Para empreender tal exame, nos servimos, de um lado, do estudo crítico do sociólogo francês Alain Ehrenberg sobre a declinologia noção por ele cunhada para se referir ao conjunto de estudos que enfatizam o atual risco da dissolução dos laços sociais , e de outro lado, nos apoiamos na concepção de ética do filósofo neo-pragmatista Richard Rorty.

“Critchley is Žižek” : in defence of critical political philosophy

In an ironically Žižekian manner, this paper argues that Simon Critchley and Slavoj Žižek's apparent political disagreement (ludic reformist versus strident revolutionary) conceal a common set of preconditions and presuppositions. These presuppositions can be summed by the slogan “the forgetting of political philosophy”, which more specifically means the forgetting of the difference between philosophy and political life, and the reflective need to find mediations between the two. Critchley's turn to humour honours the notion that politics is about the realm of appearances, while Žižek's frank avowal of the “diabolical evil” of the subject of the death drive makes patently clear the dangers posed by a “politics of Truth”.

When the logics of the world collapse – Žižek with and against Arendt on 'totalitarianism'

Despite Žižek's polemical attacks on Hannah Arendt, their writings on totalitarianism share significant similarities. Žižek's Lacanian analysis of the distortion of the elementary symbolic coordinates of human sociability in Stalinism refines Arendt's controversial account of the role of ideologies in totalitarian regimes; it brings to the political field an account of subjectivity and its relation to language derived from (Lacanian) psychoanalysis. Reading Žižek's analyses of Stalinist and fascist ideologies preserves – by psychoanalytically reframing – the radical philosophical register of Arendt's understanding of twentieth-century totalitarian regimes as attempting the systematic destruction of ‘world’ – the in-between public space of shared political human experience and action. Žižek's psychoanalytic framework allows us to address the tendency in Arendt's Origins of Totalitarianism to conflate fascism and Stalinism and also to question the motives for these regimes’ political and ontological violences.

Una aproximación al problema del sujeto femenino a través del debate Butler-Žižek

El artículo pretende acercarse al debate mantenido por Judith Butler y Slavoj Žižek sobre la identidad femenina a partir de sus respectivos planteamientos sobre la subjetividad. Ambos autores coinciden en señalar la negatividad e incompletud del sujeto, aunque difieren a la hora de explicar cómo se constituye y cómo puede ejercer la autonomía. Sus respectivos planteamientos reflejan dos maneras de entender la diferencia sexual.

Slavoj Žižek, lector de Hegel

In this article I present the main points of Slavoc Zizek´s interpretation of Hegel´s philosophy. Three basic lines of thought are discussed: the relations between the Hegelian philosophy and Lacan´s psychoanalysis, the dialectical thinking, and the answers dialectical thinking presents against objections raised by post-structuralistic critiques of Hegel.

Should Cyberbullying Be Criminalized?

Society’s attitudes towards all forms of bullying have changed in the last thirty years from considering it to be a normal part of childhood, a rite of passage and character building to regarding bullying as a behaviour to be prevented and condemned (Rigby, 2008; Žižek, 2008). This has been brought about by the research into the consequences of bullying during this time, revealing bullying to be detrimental not only to students who have been victimized but also to students who perpetrate the bullying and the bystanders who witness such behaviour. These consequences include increased levels of depression, anxiety and psychosomatic symptoms (Fekkes, Pijpers, Frediks, Vogels, & Verloove-Vanhorrick, 2006; Kim, Leventhal, Koh, Hubbard, & Boyce, 2006; Reijntjs, Kamphuis, Prinzie, & Telch, 2010) for those students who have been victimized. Different detrimental associations have been found for girls and boys who had been bullied in one longitudinal study (Carbone-Lopez, Esbensen, & Bick 2010); girls who had been indirectly bullied increased their drug use whereas boys did not, and while victimized girls showed lower self-esteem, this did not occur for boys.

E. U. Magisterio de Vitoria-Gasteiz. Plan general Practicum II. Comisión de prácticas, 21 de marzo de 2012

[ES]El Módulo de Practicum se organiza en dos materias: Prácticas escolares (38 créditos ECTS), y Trabajo fin de grado (12 créditos ECTS). Las prácticas escolares se realizarán en los dos ciclos de Educación Infantil (0-3, 3-6) y en los tres de Primaria (1ª-2º, 3º-4º, 5º-6º). Al tratarse de un Practicum progresivo, los estudiantes de los grados de Magisterio cursan la materia a lo largo del segundo, tercer y cuarto curso (Practicum I, Practicum II y Practicum III) con contenidos que tienen continuidad y que suponen un nivel de competencia superior respecto el anterior. El Practicum supone para el alumnado una oportunidad de adquirir e integrar las habilidades, los conocimientos, las competencias y la práctica necesarios para el ejercicio de su profesión, así como una ocasión para reflexionar de forma individual y grupal acerca del aprendizaje realizado. El Practicum I pretende que el alumnado establezca un primer contacto como futuros profesionales con un centro escolar, y realice una observación de carácter global, integrando los conocimientos aprendidos en la Escuela de Magisterio, ajustándolos a la diversidad del aula, a la escuela y al entorno social de ésta, y dedicando una especial atención al tratamiento de género. El Practicum II, al que se refiere esta guía, corresponde al tercer curso y se centra en el desarrollo docente de experiencias de enseñanza y aprendizaje con alumnado de la etapa, la implicación en la vida del ciclo y etapa y el ejercicio de la autocrítica y la reflexión en relación al propio desarrollo formativo y profesional. Se pretende que los estudiantes reflexionen de forma crítica sobre su conocimiento práctico inicial puesto en acción en esos contextos y sobre las condiciones que determinan su forma de pensar y actuar. El Practicum III está relacionado con las menciones (minor) y con la participación en proyectos de innovación.

Alteridade e diferença sexual: considerações sobre o debate psicanalítico contemporâneo

A partir da interface entre psicanálise e cultura, este trabalho tem como objetivo analisar o debate contemporâneo acerca das noções psicanalíticas de alteridade e diferença sexual, instaurado pelos deslocamentos ocorridos no campo da sexualidade e pelos desafios que estes impõem à psicanálise. Para isso, propõe-se, em um primeiro momento, examinar a teoria freudiana sobre a diferença sexual, o que é realizado principalmente a partir das formulações acerca da sexualidade feminina. Como a construção do complexo de Édipo apresenta-se como uma tentativa de dar conta da constituição da identidade sexual e da diferença no processo de subjetivação, traça-se o trajeto do autor desde as primeiras menções ao Édipo até o encontro com o impasse do feminino, passando pela teoria das identificações como mecanismo privilegiado de assunção sexual. Em seguida, investiga-se o pensamento de Lacan em relação ao tema da diferença sexual, desde o seu retorno ao complexo de Édipo e a sua estruturação em termos de linguagem até as propostas apresentadas em seu último ensino, em que sublinha o aspecto real da sexuação assim como se valoriza a diferença sexual em termos de gozo. Finalmente, tendo como pano de fundo a nova cartografia das sexualidades, e como fio condutor, o diálogo travado entre Judith Butler e Slavoj iek, considera-se em que medida a psicanálise baseia a constituição da alteridade no modelo binário e hierárquico da divisão sexual, contribuindo para a manutenção normativa do sistema sexo-gênero ou em que medida a teoria psicanalítica proporciona um deslocamento da alteridade do modelo de diferença sexual, contribuindo para a sua compreensão enquanto indeterminação e contingência.

Metafísica de gênero, niilismo e cinismo: uma análise do discurso sexual comtemporâneo

A dissertação aborda as características metafísicas presentes no discurso contemporâneo sobre a sexualidade, oriundas da tradição filosófica e de sua interpretação por teóricos do gênero na atualidade. Busca também analisar a relação desta metafísica com o senso comum e com as políticas que se voltam para as minorias sexuais. Por este motivo, nossa análise engloba três níveis do discurso sobre a sexualidade: o discurso do senso comum, o discurso político e o filosófico. Em contrapartida, o trabalho propõe uma concepção de sexualidade como vontade de potência, recorrendo a Nietzsche e a autores como Deleuze e Guattari. A problematização do conceito de identidade é utilizada como pano de fundo da discussão, indicando sua relação com a crítica nietzschiana do sujeito, o niilismo e o cinismo. O cinismo é compreendido como o modo de funcionamento do niilismo passivo, interpretação que procuramos apoiar em autores como Slavoj iek e Vladimir Safatle. Tal questão será analisada trabalhando-se com a hipótese de que existe um aspecto niilista e cínico no movimento homossexual.

Rambling in the Field of Modern Identity: Some Speculations on Irish Traditional Music

This article argues that Irish “traditional” music is modern in its form and history, and explores the ramifications of this thesis for understanding of the peculiarities of Irish modernity and identity. The article exhaustively surveys the historiography of Irish traditional music and uniquely interprets this literature in relation to competing conceptions of identity and modernity articulated by Taylor, Appiah and Žižek. It also interprets Irish traditional music in relation to conceptions of Irish modernity articulated in a wide range of disciplines within Irish studies. Reflecting on the author’s lifelong engagement with traditional music performance, the article argues that the resilience of traditional music within the broader culture is connected to the peculiar character of Irish modernity, and that it suffers from problems of aesthetic exhaustion shared by much modern art in the contemporary conjuncture.

Confusing Culture and Politics: Ulster Scots Culture and Music

In Northern Ireland of the mid-1990s, many were caught off-guard by the comet-like arrival of a previously unarticulated Ulster Scots identity, replete with its own folk traditions. The article exploits the author’s position as Traditional Arts Officer of the Arts Council of Northern Ireland from 1998 until 2003 to offer an auto-ethnographic reflection on the literature on cultural politics in Northern Ireland since the outbreak of the Troubles, informed by extensive fieldwork with arts administrators and with contemporary Ulster Scots musicians. The article gives a close reading and historical contextualisation of the Ulster-Scots musical revue On Eagle's Wing, which was developed during this period. The article uses the concept of "suture" articulated by Lacan and developed by Laclau, Mouffe, and Žižek to explain both the potential for Ulster Scots culture to enter political discourse out of a seeming vacuum and its subsequent difficulties, offering an original interpretation of the role of culture in the contemporary trajectory of Northern Ireland politics.