65 resultados para Serpentes - Venenos
em Scielo Saúde Pública - SP
Resumo:
O autor estudou a ação inativante, sôbre o complemento de cobaia, alguns venenos de serpentes brasileiras pertencentes às famílias dos Elapideos e Crotalideos. Da primeira, foi utilizado veneno de Micrurus frontalis, da segunda, foram usados venenos de espécies pertencentes aos gêneros Crotalus (C. terrificus) e Bothrops (B. atrox, B. neuwiedii, B. jararaca, B. ja-raracussú, B. cotiara e B. alternata). O venenos de M. frontalis e C. terri¬ficus se revelaram incapazes de inativar o complemento, ao passo que os diversos de Bothrops empregados se mostraram altamente inativantes, destruindo sempre o 4.° componente do complemento (C4), fração idêntica à afetada pela ação da amônea.
Resumo:
As serpentes peçonhentas dos gêneros Bothrops e Crotalus têm sido mantidas em cativeiro visando à extração de venenos para a produção de imunobiológicos. O conhecimento da fisiologia desses animais e as alterações na concentração de proteínas e suas frações séricas são importantes para a identificação precoce de importantes enfermidades que cursam com estados de hipoproteinemia e hiperproteinemia. O objetivo do trabalho foi determinar a concentração de proteína total e o perfil eletroforético das proteínas séricas de serpentes Crotalus durissus terrificus (cascavel) criadas em cativeiro. Foram colhidas amostras de sangue da veia coccígea ventral de 21 serpentes adultas e sadias, divididas em dois grupos: Grupo 1 de 12 machos com peso médio de 588,89±193,55g, e Grupo 2 de nove fêmeas com peso médio de 708,33±194,04g. A proteína total sérica foi determinada pelo método de refratometria e a eletroforese em gel de agarose. Obtiveram-se valores da proteína total sérica (g/dL) de 4,51±0,50 para machos e de 4,82±0,72 para fêmeas, e para machos e fêmeas de 4,64±0,61. Foram identificadas pela eletroforese quatro frações protéicas (g/dL): albumina, a, b, g-globulinas e calculada a relação albumina:globulina. As serpentes fêmeas apresentaram maiores valores para as variáveis, albumina e para a relação albumina/globulina (AG) diferindo significativamente (P<0,05) do grupo de machos, porém sem significado clínico.
Resumo:
Foram avaliados aspectos epidemiológicos de acidentes por serpentes peçonhentas no Estado de São Paulo, Brasil, com base em prontuários de 322 pacientes e em entrevistas feitas com 209 deles e/ou seus acompanhantes. Os acidentes ocorreram principalmente com pessoas de 10 a 20 anos de idade, do sexo masculino, nos meses de outubro a abril e no período diurno. As regiões anatômicas mais freqüentemente picadas foram os pés, as mãos e as pernas. Bothrops, Crotalus e Micrurus foram responsáveis por, respectivamente, 95,0%, 4,4% e 0,6% dos casos. Não ocorreram óbitos, mas 2,2% dos pacientes apresentaram seqüelas. Dentre os 209 entrevistados, a ocupação de lavrador foi a mais freqüentemente relacionada ao acidente que, em aproximadamente 60% das vezes, ocorreu durante o trabalho. O total de 160 pacientes (76,6%) submeteram-se a alguma forma de tratamento antes de chegarem a um serviço de saúde: foram mais comuns o uso de torniquete (50,2%), a expressão local na tentativa de retirar parte do veneno (33,5%), a colocação das mais diversas substâncias sobre o local da picada (36,8%) e a ingestão de outras (12,9%); pouco mais de um quarto dos pacientes submeteram-se a alguma forma de tratamento médico antes de chegar ao HVB sendo mais comum a antissepsia (8,2%), a administração do antiveneno (6,2%), de anti-histamínicos (5,7%) e de analgésicos (5,3%).
Resumo:
Foi analisada a flora bacteriana de 99 abscessos causados por picadas de serpentes do gênero Bothrops, correspondendo a 61,1% dos casos que ocorreram em 1030 acidentes ofídicos atendidos no Hospital de Doenças Tropiciais (HDT) de Goiânia, no período de janeiro de 1984 a abril de 1988. O exsudato dos abscessos foi estudado através de bacterioscopia, cultura e testes de sensibilidade para aeróbios. Os bacilos Gram negativos foram isolados em maior frequência, destacando-se a Morganella morganii, Escherichia coli e Providencia sp presentes respectivamente em 44,4%, 20,2% e 13,1% das amostras. Esta flora aeróbica foi semelhante à encontrada na cavidade oral e no veneno das serpentes em outros estudos, nos quais predominaram Morganella morganii. Foi sugerido o uso do cloranfenicol no tratamento dos abscessos que não respondam à simples drenagem, face à grande sensibilidade destes microorganismos demonstrada nos testes "in vitro".
Resumo:
Quatrocentos e quinze casos de acidentes por Bothrops jararaca adulta (grupo A) atendidos no Hospital Vital Brazil - Instituto Butantan, no período de 1981 a 1987 foram comparados com 562 casos de acidentes pela mesma serpente porém filhote, atendidos no mesmo local e período (grupo B). Os pacientes do grupo A apresentaram maior freqüência de picada na perna, de uso de torniquete, de destruição tecidual na região da picada (bolha, necrose e abscesso) e, em média, receberam maior dose de soro e permaneceram internados por período mais longo. Quanto à sazonalidade, foram avaliados os acidentes por Bothrops jararaca atendidos no período de 1975 a 1988. Houve maior ocorrência no início e no final do ano, principalmente no início para picadas por serpentes adultas e no final para picadas por filhotes.
Resumo:
No Estado do Amazonas, nas regiões circunvizinhas à cidade de Manaus, as principais espécies de serpentes causadoras de acidentes são Bothrops atrox e Lachesis muta muta com um percentual de ocorrência, dos acidentes confirmados, de 76% e 17%, respectivamente. Rotineiramente, na ausência dos soros antilaquético e antibotrópico-laquético o Instituto de Medicina Tropical de Manaus (IMTM), utiliza-se do soro antibotrópico no tratamento do acidente laquético. Neste trabalho relatamos um caso de acidente por L m. muta, onde o paciente foi tratado com 20 ampolas do soro antibotrópico e permaneceu com o sangue incoagulável até o 13º dia após o acidente. Experimentos foram realizados para obtenção das potências do soro antibotrópico para as atividades coagulante e hemorrágica dos venenos de L. m. muta e de B. atrox. Os resultados mostram que as potências do soro para a atividade hemorrágica dos venenos de L. m. muta e de B. atrox foram similares enquanto que a potência, para a atividade coagulante do veneno de L. m. muta, foi 9,2 vezes menor. Os títulos de anticorpos de três diferentes lotes de soro antibotrópico variaram para o veneno de L. m. muta e foram constantes para o veneno de B. atrox. Devido a ineficácia do soro antibotrópico em neutralizar, principalmente, a atividade coagulante do veneno de L. m. muta, sugerimos a não utilização do antibotrópico no tratamento dos acidentes por L. m. muta.
Resumo:
This is a case report of a "non-venomous" snake bite in a herpetologist observed at the Sciences Faculty of the Universidad de los Andes (Mérida, Venezuela). The patient was bitten on the middle finger of the left hand, and shows signs of pronounced local manifestations of envenomation such as bleeding from the tooth imprint, swelling and warmth. He was treated with local care, analgesics, and steroids. He was dismissed from the hospital and observed at home during five days with marked improvement of envenomation. The snake was brought to the medical consult and identified as a Thamnodynastes cf. pallidus specimen. This report represents the first T. pallidus accident described in a human.
Resumo:
The pathogenesis of the renal lesion upon envenomation by snakebite has been related to myolysis, hemolysis, hypotension and/or direct venom nephrotoxicity caused by the venom. Both primary and continuous cell culture systems provide an in vitro alternative for quantitative evaluation of the toxicity of snake venoms. Crude Crotalus vegrandis venom was fractionated by molecular exclusion chromatography. The toxicity of C. vegrandis crude venom, hemorrhagic, and neurotoxic fractions were evaluated on mouse primary renal cells and a continuous cell line of Vero cells maintained in vitro. Cells were isolated from murine renal cortex and were grown in 96 well plates with Dulbecco's Modified Essential Medium (DMEM) and challenged with crude and venom fractions. The murine renal cortex cells exhibited epithelial morphology and the majority showed smooth muscle actin determined by immune-staining. The cytotoxicity was evaluated by the tetrazolium colorimetric method. Cell viability was less for crude venom, followed by the hemorrhagic and neurotoxic fractions with a CT50 of 4.93, 18.41 and 50.22 µg/mL, respectively. The Vero cell cultures seemed to be more sensitive with a CT50 of 2.9 and 1.4 µg/mL for crude venom and the hemorrhagic peak, respectively. The results of this study show the potential of using cell culture system to evaluate venom toxicity.
Resumo:
Foram notificados à Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, no período de 1992 a 1995, 688 acidentes causados por serpentes peçonhentas (média anual de 172 casos), com coeficiente de incidência variando entre 0,9 e 5,8 por 100.000 habitantes. Dentre 473 casos em que houve referência ao gênero da serpente 88,3% foram por Bothrops, 10,6% por Crotalus, 0,8% por Micrurus e 0,2% por Lachesis. Os meses de abril a setembro apresentaram maior incidência. Houve predominância de pacientes do sexo masculino (75,6%) e com idades entre 10 a 49 anos (72,3%). As regiões anatômicas mais freqüentemente picadas foram os membros inferiores (81,9%) e superiores (14,7%). O atendimento na unidade de saúde que notificou o acidente ocorreu dentro de seis horas em 66,9% dos casos. A letalidade foi de 0,7%. Os acidentados foram sobretudo agricultores (62,7%), a maioria dos casos ocorreu no próprio local de trabalho. Os autores reforçam que os acidentes ofídicos no Estado do Ceará podem ser considerados acidentes de trabalho, acometem principalmente os trabalhadores rurais e constituem causa de óbito.
Resumo:
Em avaliação dos prontuários médicos de 3.139 pacientes picados por serpentes do gênero Bothrops atendidos no Hospital Vital Brazil (HVB), de 1981 a 1990, observou-se maior acometimento do sexo masculino (75,7%). Em 1.412 casos (45,0%) a serpente foi identificada, sendo 1.376 B. jararaca, 20 B. jararacussu, 11 B. neuwiedi, 2 B. moojeni, 2 B. alternatus e 1 B. pradoi. As regiões anatômicas mais comumente picadas foram: pé (47,5%) e mão (21,3%). O torniquete foi realizado em 38,2% dos casos e sua freqüência diminuiu durante esse período (p < 0,001). As manifestações clínicas mais freqüentes foram: dor (95,6%), edema (95,4%), equimose (56,1%), bolha (13,8%), necrose (16,5%), abscesso (11,0%), sangramento extratecidual (12,3%), insuficiência renal (1,6%) e choque (0,7%). A coagulação sanguínea foi avaliada em 2.990 casos e estava alterada em 1.730 (57,9%). Ocorreram 21 amputações (0,7%) e 9 óbitos (0,3%). A dose de soro administrada no HVB diminuiu ao longo desse período (p < 0,001).
Resumo:
The present paper reports two cases of human envenoming by colubrid snakes of Philodryas, considered as not poisonous, showing evidence of the clinical aspects and the evolution of the symptoms of envenoming. The similarity of these cases with those caused by Bothrops suggests a more careful evaluation on the victims considering the medical treatment to be adopted.
Resumo:
Com o objetivo de conhecer fatores associados à incoagulabilidade sangüínea no envenenamento botrópico, foram obtidas informações de 2.991 prontuários médicos de pacientes atendidos no Instituto Butantan de 1981 a 1990. Associaram-se positivamente à incoagulabilidade sangüínea (p<0,05): picadas no final do ano e em extremidades dos membros inferiores; dor, edema e equimose local; hemorragia e choque; dose de antiveneno; tempo do acidente à chegada ao Instituto Butantan. Associaram-se negativamente à incoagulabilidade (p<0,05): tamanho de Bothrops jararaca; uso de torniquete; tempo entre a chegada ao Instituto Butantan e o início da administração do antiveneno. Não se associaram à incoagulabilidade (p>0,05): horário do acidente; presença de presa recém-deglutida no tubo digestivo da serpente; sexo e idade do paciente; ocorrência de bolha, necrose, abscesso e incisão local, amputação, insuficiência renal e óbito. Pode-se concluir que, embora a incoagulabilidade sangüínea apresente associação com manifestações precoces do envenenamento, não tem boa associação com a evolução clínica do paciente.
Resumo:
Descreve-se características clínico-epidemiológicas de 655 casos de acidentes botrópicos atendidos e/ou notificados ao Centro de Informações Antiveneno da Bahia, no Estado da Bahia, em 2001. A incidência anual no Estado foi de 5,0 acidentes/100.000 habitantes e a letalidade, 1%. A incidência foi máxima na microrregião Litoral Norte (21,9/100.000 habitantes) e no município de Itanagra (92,9/100.000 habitantes). Os acidentes foram predominantemente diurnos, acometendo membros inferiores, em homens, de 11-30 anos, trabalhadores, no ambiente rural e no período chuvoso. Atendimento médico após 13 horas da ocorrência da picada ocorreu em 19% dos casos. Predominaram os quadros clínicos moderados (47,8%), seguidos dos graves (23,6%). As manifestações clínicas locais e sistêmicas seguiram o padrão nacional para as serpentes do gênero Bothrops. Sintomatologias neurológicas, não usualmente atribuídas ao acidente botrópico, foram registrados em alguns casos. A soroterapia empregada (7,7 ampolas/paciente) foi compatível com o fato da maioria de casos serem moderados. Outros tipos de soro que não o univalente foram utilizados em 15 (2,3%) pacientes.