64 resultados para Processo de atenção humanizado
Resumo:
A identidade étnico-cultural é fonte de sentido e de construção do real, mesmo se aparece como marginalizada. Os processos culturais são conflitivos e, em cada etnia, há uma história de luta pela determinação de suas metas e valores. Entende-se o étnico como um processo que se constrói nas práticas sociais em perspectiva relacional. A consciência de que a sociedade está cruzada por oposições e tensionamentos de classe, étnicas, de gênero e outras, com interesses freqüentemente contrapostos, indica a necessidade de se desenvolverem pesquisas que mostrem como a escola atuou e atua na realidade diante do desafio da diversidade de culturas. Enguita (1995) sinaliza que a escola não é apenas um lugar a mais em que se repetem os prejuízos e as tensões étnicas. Nesse sentido, ela é o lugar-chave porque é essencial na produção e reprodução da cultura. Por isso a atenção para a herança múltipla, polifônica das tradições culturais, redescobrindo-as, é um passo para se entender que significações produziram na articulação de processos educacionais. Neste estudo, constatou-se que a escola teve muita dificuldade em articular-se com a diferenciação cultural, geralmente legitimou uma perspectiva étnica em detrimento das demais. O estudo aponta ainda para a interculturalidade como horizonte fértil para o processo educacional.
Resumo:
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade tem sido evocado como justificativa corrente para o fracasso escolar de um número expressivo de crianças, atribuindo-se a elas a responsabilidade por não aprender e isentando de análise a escola e a sociedade nas quais estão inseridas. A situação se torna mais alarmante uma vez que a literatura a respeito aponta dificuldades no diagnóstico e na intervenção sobre esse tipo de transtorno, devidas à falta de clareza sobre o que é esse quadro clínico e em razão da não existência de estudos consistentes acerca das consequências futuras do uso de estimulantes nas crianças. Para discutir essas questões, a primeira parte do artigo apresenta a concepção hegemônica desse tipo de transtorno e sua compreensão do psiquismo infantil. A segunda parte aborda a maneira como a psicologia histórico-cultural analisa o desenvolvimento da atenção e o controle voluntário do comportamento humano, redimensionando a compreensão sobre o transtorno. Finalmente, são feitas algumas reflexões acerca do processo ensino-aprendizagem em crianças com desenvolvimento parcial das funções psicológicas superiores e do papel da psicologia e da pedagogia na compreensão do fenômeno para que sirvam de subsídio a medidas práticas em relação ao problema.
Resumo:
As Práticas de Interação Ensino, Serviço e Comunidade (PIN) são módulos curriculares do curso deMedicina da Universidade Estadual de Londrina e têm como objetivo possibilitar aos estudantes uma inserção nas Unidades Saúde da Família (USF) que lhes permita compreender os determinantes do processo saúde-doença, a importância das medidas de promoção e prevenção e da USF como espaço do cuidado. As atividades são desenvolvidas nos quatro primeiros anos do curso, em módulos de cerca de 102 horas, por meio de conteúdos seqüenciais construídos mediante mapas conceituais que abrangem desde o conhecimento do território até atividades médicas da atenção básica. Os resultados mais evidentes são: a diversificação dos cenários de ensino-aprendizagem, a inserção precoce dos estudantes na rede básica e o desenvolvimento de habilidades voltadas à humanização do atendimento e ao cuidado centrado no paciente. Como desafios, destacam-se a necessidade de tornar mais atrativas as práticas em saúde nas unidades locais afim de aumentar a adesão dos estudantes, docentes e das equipes locais.
Resumo:
O projeto "Vivendo o SUS", realizado com a participação dos alunos do primeiro ano do curso de Medicina da PUC/SP, visou introduzir os estudantes no contexto das ações do sistema público de saúde e suas relações com a população local, no município de Sorocaba. Posteriormente, com a reforma curricular do curso de Medicina, foi construído o Módulo de Prática em Atenção à Saúde (PAS), com desenvolvimento nos seis anos do curso. A realização desse projeto foi importante para estimular e nortear o processo de mudança curricular, por meio da execução de uma atividade que propiciou exercícios de reflexão sobre a experiência vivenciada pelo estudante de Medicina, estimulando a percepção de situações como o cuidado e a organização do processo de trabalho na atenção básica, as relações na equipe de saúde e as informações como ferramentas para o planejamento. Atualmente, o ensino médico, inserido no espaço da Atenção Básica, contribui na produção de conhecimentos para o aprimoramento do sistema de saúde local e, intervindo na realidade, forma um profissional mais habilitado e comprometido com a comunidade.
Resumo:
A educação médica tem sofrido profundas críticas quanto à necessidade de diversificar os cenários de ensino-aprendizagem para que se construam novos currículos e sujeitos, possibilitando-lhes a inser ção num processo pedagógico reflexivo e dinâmico. O objetivo desta pesquisa é analisar a percepção que docentes da Unidade de Prática Profissional da Faculdade de Medicina de Marília têm acerca do papel que a Atenção Básica de Saúde (ABS) desempenha na formação profissional dos estudantes. Realizou-se um estudo qualitativo por meio de grupos focais com análise de discurso dos sujeitos entrevistados. Construíram-se três categorias: o papel da ABS na construção do SUS; o papel do SUS na formação profissional de novos sujeitos; o papel docente na construção profissional de novos sujeitos. Considera-se fundamental o papel exercido pela ABS na formação dos profissionais de saúde, notadamente profissionais críticos e reflexivos, destacando-se o papel transformador e emancipador que o docente exerce nessa formação.
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Trabalho realizado para aferir a instrumentalização recebida por pediatras em curso de Capacitação em Atenção à Saúde Integral do Adolescente. O curso foi realizado no Setor de Medicina do Adolescente da Unifesp, com 10% dos pediatras que atuam na rede municipal de saúde da cidade de São Paulo, com atividades teóricas, teórico-práticas, visitas técnicas, supervisão de intervenções/casos e atualizações nas temáticas prioritárias desta faixa etária. Foram realizados pré e pós-testes com questões de múltipla escolha, um questionário aberto. Dos 120 pediatras inscritos, 85 completaram o curso, 73 (85,8%) eram do sexo feminino, a mediana do tempo de atuação em pediatria foi de 18 anos. Se perceberam mais capazes de melhorar a qualidade no atendimento, trabalhar em grupos/equipe multiprofissional, desenvolver ações educativas, diagnosticar melhor doenças e situações de risco, fazer prevenção de doenças, discutir casos e estratégias com outros profissionais, multiplicar conhecimento. Os resultados obtidos sugerem que o modelo de capacitação desenvolvido é adequado para instrumentalizar o profissional já inserido no mercado de trabalho, embora, pela característica do conhecimento médico, deva haver um processo permanente de aquisição de novos conhecimentos e refinamento dos já adquiridos.
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A Estratégia Saúde da Família tem sido a principal resposta de organização do cuidado perante os atendimentos médicos de visão biologicista, hospitalocêntricos e voltados para ações curativas. Por essa razão, este estudo teve por objetivo analisar como os profissionais médicos da Atenção Básica em Saúde, na Estratégia Saúde da Família, realizam o cuidado integral individual, tendo como foco a dimensão psicológica no processo saúde-doença das pessoas. A abordagem qualitativa foi o método desta investigação. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas e interpretados pela análise de conteúdo, modalidade temática, constituindo-se três temas. Identificou-se que a abordagem da dimensão psicológica pelos médicos se desenvolve na perspectiva da integralidade em um esforço de reconstrução das práticas fragmentadas em saúde. No entanto, percebe-se que há dificuldades e desafios a serem superados pelos profissionais médicos junto aos usuários, à equipe e à gestão do sistema. Dessa forma, a integralidade surge como a capacidade de os profissionais interagirem com os usuários, produzindo, assim, um território comum que possibilite o diálogo entre os sujeitos, gerando uma reorganização do cuidado.
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A degradação ambiental vem modificando nosso cenário de forma acelerada, interferindo negativamente no processo saúde-doença. É essencial discutir a temática saúde ambiental com profissionais de saúde, sendo o Programa PET-Saúde um facilitador, e as unidades de Estratégia de Saúde da Família (ESF) um excelente cenário. Propõe-se analisar a percepção de profissionais de saúde e usuários sobre a temática em duas unidades de ESF (Botucatu/SP) e sensibilizá-los por meio de discussões teóricas e vivências. Foram entrevistados 45 profissionais e 36 usuários, sendo 21 indicados pelos agentes comunitários de saúde como tendo boa relação com o meio ambiente e 15 indicados por não apresentarem boa relação com o mesmo. Aplicou-se o referencial da metodologia qualitativa, utilizando-se o Discurso do Sujeito Coletivo. Todos demonstraram ter consciência dos problemas ambientais e de saúde e o que poderia ser feito para melhorar a situação, mas são raras as ações realizadas nas unidades. Reforça-se a necessidade de capacitar equipes em Saúde Ambiental, estimulando a adoção de práticas transdisciplinares que superem as práticas assistencialistas e caminhem no sentido da promoção, além de empoderar a população para lutar e ser responsável por um meio ambiente mais equilibrado, melhorando a qualidade de vida.
Resumo:
A formação de médicos capacitados para atuar na Atenção Primária à Saúde (APS), cujo intuitoé promover um aprendizado vinculado às necessidades reais de saúde da comunidade, tem sido tema de estudos no Brasil há alguns anos. Em 1975, a Faculdade de Medicina da UFMG (FM/UFMG) inseriu seus estudantes em cenários de APS e atualmente busca ampliar essa inserção. Neste sentido, o objetivo desta pesquisa foi investigar a percepção dos estudantes do oitavo período da FM/UFMG sobre as atividades realizadas nos centros de saúde, tomando como referência as propostas do SUS para a APS. Trata-se de estudo qualitativo, que utilizou para a coleta de dados as técnicas de observação e grupos focais com estudantes de Medicina. A experiência de inserção na APS foi considerada válida e importante para a formação médica, contribuindo para construir uma nova visão do processo saúde- -doença e da organização do SUS. Conclui-se que é importante inserir os estudantes de Medicina na APS em seu processo de formação.
Resumo:
Este artigo objetivou compreender a percepção dos profissionais de Equipes de Saúde da Família (ESF) sobre a inserção do estudante de Medicina neste cenário. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros (24/10/08, nº 1.240/08). Participaram profissionais da ESF de Montes Claros, Norte de Minas Gerais. Na coleta dos dados foram realizados três grupos focais. O instrumental metodológico utilizado foi a análise do discurso. Foram construídas três categorias: integração ensino-serviço-comunidade, funcionamento do serviço e formação médica. Os profissionais percebem a necessidade do trabalho interdisciplinar e orientado na comunidade, mas com a visão de serviço de saúde centrado no médico. Verificou-se que, por meio de maior integração dos estudantes com a equipe e com a comunidade, pode-se obter um serviço mais efetivo e de qualidade, aumento da satisfação dos profissionais e diferencial positivo na formação dos estudantes. Para que esta integração ocorra, é importante construir a imagem do médico/estudante de Medicina como integrante da equipe de saúde. A inserção dos estudantes no serviço pode facilitar este processo.
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A violência entre parceiros íntimos é um problema de saúde pública, mas, em geral, a integração da atenção a esta complexa problemática social é insatisfatória na formação e na atenção em saúde. Essa situação é examinada neste artigo, com base em evidências e questões levantadas na literatura. Nas experiências internacionais, constatou-se que a busca ativa dos casos nos serviços é priorizada, porém encontra dificuldades na institucionalização das rotinas e sistematização da capacitação desde a educação inicial. No contexto brasileiro, o pouco conhecimento sobre o assunto entre estudantes e profissionais de saúde foi sinalizado, sendo que a incorporação da normatização da assistência à violência sexual dá visibilidade ao despreparo das equipes. As conclusões ratificam limites da formação em saúde baseada no modelo biomédico e do processo de trabalho centrado na figura do médico. Recomenda-se a "problematização" da VPI via processos de ensino-aprendizagem que valorizem saberes e experiências dos educandos e garantam espaços coletivos de discussão, com apoio da incorporação dos referenciais das Ciências Humanas e Sociais nos currículos médicos e de mudanças na educação médica orientadas pela integralidade e intersetorialidade das ações.
Resumo:
O objetivo principal deste artigo é apresentar uma orientação teórica e prática aos preceptores da atenção primária à saúde vinculados à Universidade Federal de Pernambuco. Pressupõe a atenção primária à saúde como um cenário de prática para estudantes de diferentes graduações e pós-graduações com características próprias. Aborda aspectos importantes do processo ensino-aprendizagem no ambiente comunitário, articulando os diferentes atores deste, entre os quais o conceito de conhecimento na atenção primária; a relação preceptor-estudante; a correlação teoria e prática; a avaliação processual; o ensino e a pesquisa no trabalho; a inserção político-social da aprendizagem; a interdisciplinaridade; o trabalho em equipe e a interinstitucionalidade na integração ensino-serviço. Por fim, propõe a reintegração do espaço da educação, da pesquisa e do trabalho.
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INTRODUÇÃO: A educação em saúde é o foco da experiência relatada neste trabalho que foi desenvolvido como uma das atividades de um grupo do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET Saúde) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Mariana, no âmbito do Programa de Atenção à Criança do município. OBJETIVOS: Melhorar a interatividade entre profissionais e população por meio de estratégias participativas e lúdicas envolvendo grupos de mães. MÉTODOS: Realização de dinâmicas educativas e avaliativas com os responsáveis pelas crianças e de atividades lúdicas para entretenimento das crianças que são assistidas pelo Programa, ambas pautadas na metodologia da educação popular. RESULTADOS: Os profissionais envolvidos se mostraram receptivos ao uso de novas metodologias educativas no trabalho com aqueles grupos operativos. Os participantes demonstraram interesse e interação nos encontros. As crianças se mostraram satisfeitas em ter um passatempo enquanto aguardavam a avaliação nutricional. O processo proporcionou reflexão crítica e construção de conhecimento entre os monitores e professores. CONCLUSÃO: A aproximação entre profissionais de saúde e população, historicamente pautada pela dicotomia entre o saber técnico e o saber popular, é beneficiada por ações que permitem a criação de espaços de diálogo, como os que foram desenvolvidos no grupo com o suporte da metodologia da educação popular.
Resumo:
As novas diretrizes curriculares dos cursos da área da saúde enfatizam a inserção precoce e responsável de acadêmicos nos serviços de saúde permitindo que parcerias entre Universidade e serviço integrem docentes, profissionais da atenção básica e estudantes de graduação, tendo o serviço público de saúde como cenário de práticas. O objetivo deste trabalho é relatar o processo de implementação e descrever as ações desenvolvidas no PET-Saúde UFMS/Sesau2009. Os dados foram coletados a partir da legislação do PET-Saúde, Projeto PET-Saúde UFMS/Sesau2009, súmulas de reuniões dos professores e preceptores, relatórios individuais de acadêmicos, preceptores e tutores. O PET-Saúde configura-se um exercício de multi e interdisciplinaridade como exemplo da integração ensino-serviço-comunidade. As ações deste estudo foram orientadas por duas linhas de pesquisas com foco na promoção da saúde. Dificuldades no desenvolvimento dos projetos foram sentidas pela incongruência de horários e defasagem curricular dos acadêmicos de diferentes séries e de vários cursos, as quais foram sempre corrigidas com alternativas factíveis que possibilitassem a continuidade das ações. Com este trabalho foi possível evidenciar a importância e o impacto positivo da integração ensino-serviço-comunidade na formação profissional dos acadêmicos e no cotidiano dos profissionais envolvidos.
Resumo:
Este relato apresenta a experiência de um grupo PET-Saúde da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), na Bahia, Brasil, em Unidades de Saúde, em uma perspectiva crítico-reflexiva da interação ensino-serviço-comunidade. Participaram do projeto acadêmicos dos cursos de Ciências Farmacêuticas, Educação Física, Enfermagem, Medicina e Odontologia. A avaliação do processo incluiu reuniões de acompanhamento, bem como o uso do portfólio. A experiência dos diferentes atores no grupo caracterizou-se como uma vivência inovadora, desafiadora e complexa, uma vez que exigiu articulação entre instituição de ensino, serviços de saúde, profissionais e comunidade.