425 resultados para Etiologia da Hanseníase
Resumo:
Os dermatófitos são um grupo de fungos taxonomicamente relacionados que têm a capacidade de invadir os tecidos queratinizados (pele, pêlo e unha) dos homens e animais produzindo infecções denominadas dermatofitoses. Com o intuito de avaliar a epidemiologia e etiologia das infecções causadas por estes fungos em Goiânia, GO, foram examinadas no Laboratório de Micologia do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás, de janeiro a dezembro de 1999, 1.955 amostras de indivíduos com suspeita clínica de dermatofitoses. Foram isolados 445 (22,8%) cepas de dermatófitos e identificados principalmente Trichophyton rubrum (49,4%), Trichophyton mentagrophytes (30,8%) e Microsporum canis (12,6%). Quanto à localização das lesões, os membros inferiores, unhas dos pés e couro cabeludo foram as regiões mais acometidas. Neste estudo foram avaliados dados correlacionados a sexo, faixa etária, local das lesões e agente etiológico.
Resumo:
A hanseníase, cujo agente etiológico Mycobacterium Ieprae, é doença de amplo espectro clínico e imunopatológico. Suas apresentações clínicas estão correlacionadas com padrões imunológicos distintos, variando de uma vigorosa resposta imune mediada por células ao M. Ieprae, com padrão Th1 no pólo tuberculóide, a uma ausência de resposta celular específica aos antígenos do M. Ieprae no pólo lepromatoso, com predomínio da resposta Th2 e exacerbação da resposta humoral. É provável que a suscetibilidade ao M. Ieprae é determinada por diferentes genes polimórficos. Estudos adicionais são necessários para esclarecer os mecanismos das interações complexas entre as citocinas e a participação da diversidade fenotípica da rede de células que contribuem para a defesa do hospedeiro. O entendimento de tais mecanismos poderá oferecer novas abordagens para identificar agonistas e/ou antagonistas para os efeitos pró- ou anti-inflamatórios e em quais circunstâncias sua utilização seria apropriada para intervenções imunológicas e/ou imunoterapeuticas.
Resumo:
A implementação da poliquimioterapia (PQT/OMS) - composta pelas drogas dapsona, clofazimina e rifampicina - possibilitou a cura da hanseníase, porém não foram priorizados o manejo dos efeitos adversos pelas equipes de saúde. Objetivando determinar a magnitude dos efeitos adversos da poliquimioterapia para hanseníase e relacioná-los como possível causa de não adesividade do paciente ao tratamento, revisou-se prontuários de 187 pacientes tratados com PQT, de 1995 a 2000, no Centro de Saúde Escola (CSE) -UFU, com registro de efeitos colaterais em 71 pacientes (37,9%). Dentre os 113 efeitos adversos, 80 (70,7%) relacionaram-se à dapsona, 7 (6,2%) à rifampicina, 26 (20,5%) à clofazimina. Esses efeitos levaram à mudança de esquema terapêutico em 28 (14,9%) dos 187 pacientes ou 39,4% dos 71 com efeitos adversos. Discute-se a importância de considerar os efeitos adversos da PQT na capacitação das equipes de saúde para maior adesão do paciente ao tratamento, colaborando para eliminar a hanseníase como problema de saúde pública.
Resumo:
Estudo transversal, realizado de agosto/1998 a novembro/2000, envolvendo 207 pacientes hansenianos com o objetivo de analisar o perfil socioeconômico, demográfico e ambiental e as incapacidades físicas em decorrência da doença. O estudo foi desenvolvido em Buriticupu, área hiperendêmica em hanseníase, localizado na Amazônia do Maranhão. O grau de incapacidade foi determinado de acordo com o Ministério da Saúde do Brasil. A avaliação clínica e os resultados do exame físico foram registrados em uma ficha padronizada. Observou-se predomínio de pessoas casadas (45,9%), com escolaridade de 1º grau (56%), lavradores (40,1%), com renda familiar inferior a um salário mínimo (76,3%), na faixa etária de 14 a 44 anos (63,3%), do gênero masculino (60,9%) e da cor parda (67,6%). 44% residiam em casa de taipa, 82,6% destinavam os dejetos em fossa negra, 63,8% lançavam o lixo a céu aberto, 58% utilizavam água proveniente de poço e 51,7% não tratavam a água utilizada para ingestão. A maioria (75,4%) apresentava algum grau de incapacidade física, sendo predominante o Grau I (67,6%). Os segmentos mais afetados foram pés (62,3%), olhos (51,2%) e mãos (7,2%), sendo o maior percentual de incapacidades físicas observado entre os da forma dimorfa (93%) principalmente em mãos e pés, e na forma virchowiana maior freqüência de incapacidades oculares. Conclui-se que a hiperendemicidade associada a precárias condições socioeconômicas e ao elevado índice de incapacidades físicas podem interferir na qualidade de vida dos pacientes.
Resumo:
A hanseníase é doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae. A predileção pela pele e nervos periféricos confere características peculiares a esta moléstia, tornando o seu diagnóstico simples. O Brasil continua sendo o segundo país em número de casos no mundo, após a Índia. Aproximadamente 94% dos casos conhecidos nas Américas e 94% dos novos diagnosticados são notificados pelo Brasil. A doença manifesta-se em dois pólos estáveis e opostos (virchowiano e tuberculóide) e dois grupos instáveis (indeterminado e dimorfo). Em outra classificação a doença é dividida em forma tuberculóide, borderline ou dimorfa que são subdivididos em dimorfa-tuberculóide, dimorfa-dimorfa e dimorfa-virchowiana, e virchowiana. A baciloscopia é o exame complementar mais útil no diagnóstico. O tratamento da hanseníase compreende: quimioterapia específica, supressão dos surtos reacionais, prevenção de incapacidades físicas, reabilitação física e psicossocial. A poliquimioterapia com rifampicina, dapsona e clofazimina revelou-se muito eficaz e a perspectiva de controle da doença no Brasil é real no curto prazo.
Resumo:
Desde os anos cinqüenta uma doença similar a febre amarela, porém considerada como nova doença, ocorre em áreas dos vales dos Rios Juruá, Purus e Madeira. Temida pelos residentes locais pela alta letalidade, sendo clinicamente uma hepato-encefalopatia de evolução fulminante (média de 5 a 6 dias). Dos que apresentam manifestações neurológicas 90% evoluem a óbito. A doença é popularmente conhecida como febre negra de Lábrea e pelos patologistas como hepatite de Lábrea pela histopatologia hepática mostrar o aspecto vacuolar dos hepatócitos, daí considerarem-na uma nova doença. Incide principalmente em crianças e adolescentes do sexo masculino. O achado do HBsAg e de marcadores de vírus da hepatite D no soro e fígado dos pacientes, levaram os pesquisadores a considerarem a febre negra de Lábrea como uma superinfecção ou coinfecção do HDV. Na falta de vacina específica contra o HDV, a vacinação contra hepatite B aplicada após o nascimento é a prevenção recomendada.
Resumo:
Num total de 1.238 casos de dermatofitoses, ocorridas na Cidade de Recife /PE, observou-se predomínio das tinhas de couro cabeludo (33,7%) e Trichophyton tonsurans (25,5%), entre 1995 e 1999, enquanto as tinhas de pele glabra (35,5%) e Trichophyton rubrum (34%) foram mais freqüentes entre 2000 e 2005. Detectou-se importante redução do Trichophyton mentagrophytes, no último período.
Resumo:
Este trabalho teve como objetivo detectar os casos novos de hanseníase do período de 1998 a 2005 no município de Prudentópolis, PR. Assim como, verificar a faixa etária e a forma clínica predominante entre os casos de hanseníase. Os dados foram obtidos através das fichas clínico-epidemiológicas de casos com diagnóstico definitivo de hanseníase notificado no Sistema de Informação sobre Agravos de Notificação, de 1998 a 2005. Neste período, foram relatados 222 casos de hanseníase, dos quais 63% apresentavam a forma multibacilar, com predominância da forma clínica virchowiana, indicando um processo de intensa transmissão da doença. Dos casos de hanseníase, 35% dos pacientes se encontravam na faixa economicamente ativa, 31 a 45 anos. Esses indicadores apontam para uma elevada circulação do bacilo na comunidade, já que um fator de risco para infecção pelo bacilo Mycobacterium Leprae é o contato com pacientes com a forma multibacilar, sem tratamento, embora nas duas últimas décadas, tenha havido redução drástica da prevalência da hanseníase pela implementação da poliquimioterapia e outras medidas preventivas.
Resumo:
O episódio reacional tipo 1 ou reação reversa é ocorrência inflamatória aguda que atinge a pele e nervos periféricos, encontrada em até 30% dos pacientes com hanseníase, sendo causa comum de incapacidade física. Fatores de risco associados incluem uso de poliquimioterapia e infecções virais. Neste estudo, foram avaliados 620 pacientes com hanseníase. Reação reversa foi diagnosticada em 121 (19,5%) casos, sendo mais freqüente nos indivíduos borderlines (48%). Início da poliquimioterapia foi considerado fator de risco para reação reversa, com 52% dos casos apresentando o primeiro episódio neste momento. Neurite foi documentada em 73% dos casos. A presença de vírus B ou C da hepatite foi documentada em 9% de 55 pacientes com reação reversa e em nenhum dos 57 pacientes sem reação (p = 0, 026; teste exato de Fisher), sugerindo possível papel destes agentes como fatores de risco para desenvolvimento de reação reversa na hanseníase.
Resumo:
O estudo teve o objetivo de determinar o coeficiente de detecção da hanseníase na população estudantil do município de Buriticupu, Estado do Maranhão. Empregou-se o método de busca ativa de casos, abrangendo-se uma população de 14.653 estudantes, em 53 escolas da rede de ensino municipal. O exame clínico definiu o diagnóstico de hanseníase em 20 estudantes, o que representa um coeficiente de detecção de 13,6/10.000 estudantes. Em todos foi realizada baciloscopia de linfa cutânea, a qual foi positiva em 2 amostras. A forma clínica predominante foi a indeterminada com 12 (60%) casos, seguida da tuberculóide com 5 (25%) e da dimorfa com 3 (15%). Procedeu-se a realização de biópsia da lesão em 11 pacientes, tendo o estudo histopatológico revelado achados comuns de hiperceratose, infiltrado inflamatório mononuclear, vasos ectásicos e músculo eretor de pêlos, isolado. O estudo permitiu, ainda, a identificação de outras doenças infecciosas da pele: pitiríase versicolor em 793, escabiose em 361 e dermatofitoses em 119 indivíduos. Condições diversas e inespecíficas como cicatrizes, nevos e escoriações foram detectadas em 1.020 estudantes.
Resumo:
A neurite na hanseníase é responsável pelas deformidades e incapacidades. O objetivo desta coorte histórica foi investigar os fatores de risco associados ao tempo até a ocorrência da neurite. Foram acompanhados 595 pacientes, no período de 1993 a 2003. Empregou-se a técnica de tabela de vida e o método de Kaplan-Meier para a curva de sobrevida. Para testar diferenças entre os grupos quanto ao tempo até a ocorrência de neurite, foi usado o log-rank e para estimar as razões de risco, o modelo de regressão de Cox. Pouco mais da metade (54%) da amostra teve neurite, sendo o principal intervalo de tempo de zero a 11,9 meses. O grau de incapacidade na admissão e o índice baciloscópico associaram-se fortemente à ocorrência de neurite, confirmando a necessidade do diagnóstico precoce da hanseníase, bem como do acompanhamento neurológico regular e intervenções adequadas.
Resumo:
A taxa de detecção da hanseníase no Brasil aumentou nas duas últimas décadas do século XX, sendo que a reforma sanitária ocorreu no mesmo período. A taxa de detecção é função da incidência real de casos e da agilidade diagnóstica do sistema de saúde. Utilizou-se a cobertura vacinal por BCG como uma variável procuradora do acesso à atenção primária em saúde. Uma regressão log-normal foi ajustada à taxa de detecção de 1980 a 2006, com o tempo, tempo ao quadrado e da cobertura do BCG como variáveis independentes, sendo positivo o coeficiente de regressão desta última variável, sugerindo que o comportamento da taxa de detecção da hanseníase refletiu a melhora de acesso à atenção primária no período estudado. A tendência de aumento da taxa de detecção se reverte em 2003, indicando o início de uma nova fase no controle da hanseníase.
Resumo:
A sorologia utilizando o antígeno espécie-específico do Mycobacterium leprae, PGL-I, pode ser um marcador de carga bacteriana em pacientes com hanseníase. Estudos identificaram potencial de uso da sorologia na classificação de pacientes para fins de tratamento, monitoramento de terapia, risco de recidiva e na seleção dos contatos com maior risco de adoecer. Foi realizada uma revisão sistemática e 26 artigos foram incluídos na análise comparativa. Avaliamos os resultados do uso da sorologia PGL-I em diferentes situações, suas limitações e possíveis aplicações. Estudos mostraram eficácia da sorologia PGL-I na classificação de pacientes, monitoramento da terapia, e nas reações hansênicas como teste preditivo. Para diagnóstico precoce e seguimento de população de alto risco, as metodologias utilizadas ainda não demonstraram custo-benefício favorável, porém estudos indicam que a utilização do teste poderá influenciar positivamente nos programas de controle da hanseníase. Com técnicas simples e robustas, o uso da sorologia PGL-I é viável.