222 resultados para Saúde do Adolescente e do Jovem
Aspectos sociodemográficos e clínicos da qualidade de vida relacionada à saúde bucal em adolescentes
Resumo:
OBJETIVO: Estimar a prevalência e identificar fatores sociodemográficos e parâmetros bucais associados ao impacto negativo da condição bucal na qualidade de vida de adolescentes. MÉTODOS: Foram analisados dados de 5.445 adolescentes entre 15 e 19 anos que participaram do inquérito nacional de saúde bucal (SBBrasil 2010), considerando a complexidade do desenho amostral. O desfecho foi a qualidade de vida relacionada à saúde bucal, avaliada por meio do questionário Oral Impacts on Daily Performance e analisada de forma discreta. As variáveis de exposição foram sexo, cor da pele, escolaridade, renda familiar, idade, cárie não tratada, perda dentária, dor de dente, oclusopatias, sangramento gengival, cálculo dentário e bolsa periodontal. Foram conduzidas análises de regressão de Poisson e apresentadas as razões de médias (RM), com respectivos intervalos de 95% de confiança (IC95%). RESULTADOS: Dos pesquisados, 39,4% relataram pelo menos um impacto negativo na qualidade de vida. Após o ajuste, a média do impacto negativo foi de 1,52 (IC95%1,16;2,00) vez maior no sexo feminino e 1,42 (IC95% 1,01;1,99), 2,66 (IC95% 1,40;5,07) e 3,32 (IC95% 1,68;6,56) vezes maior nos pardos, amarelos e indígenas, respectivamente, em relação aos brancos. Quanto menor a escolaridade, maior a média de impacto negativo (RM 2,11, IC95% 1,30;3,41), assim como em indivíduos com renda familiar até R$ 500,00 (RM 1,84, IC95% 1,06;3,17) comparados aos de maior renda. Encontrou-se maior impacto na qualidade de vida entre adolescentes com quatro ou mais lesões de cáries não tratadas (RM 1,53, IC95% 1,12;2,10), uma ou mais perdas dentárias (RM 1,44, IC95%1,16;1,80), com dor de dente (RM 3,62, IC95% 2,93;4,46) e com oclusopatia grave (RM 1,52, IC95% 1,04;2,23) e muito grave (RM 1,32, IC95% 1,01;1,72). CONCLUSÕES: Os adolescentes brasileiros relataram alto impacto negativo da saúde bucal na sua qualidade de vida. A iniquidade em sua distribuição deve ser considerada ao planejar medidas de prevenção, monitoramento e tratamento dos agravos bucais nos grupos com maior impacto na qualidade de vida.
Resumo:
OBJETIVO : Analisar a relação entre comportamento sexual e fatores de risco à saúde física ou mental entre adolescentes. MÉTODOS : Estudo realizado com 3.195 escolares de 15 a 19 anos de idade, do segundo ano do ensino médio de escolas públicas e particulares das capitais de 10 estados do Brasil, em 2007-2008. Foi utilizada amostragem por conglomerados com multiestágio de seleção (escolas e alunos) em cada cidade e rede de ensino pública e particular. Foi aplicado questionário a todos os alunos selecionados, com os seguintes itens: dados socioeconômicos e demográficos; comportamento sexual; “transar” com pessoas do mesmo sexo, do sexo oposto ou de ambos os sexos; uso de bebida alcoólica e maconha; usar camisinha ao “transar”; presença de experiências sexuais traumáticas na infância ou adolescência; e ideação suicida. A análise incluiu descrição de frequências, teste de Qui-quadrado, análise de correspondência múltipla e de cluster. Foram analisadas qualitativamente, por análise dos conteúdos manifestos, as respostas a uma questão livre em que o adolescente expressou comentários gerais sobre si e sua vida. RESULTADOS : Cerca de 3,0% dos adolescentes referiu comportamento homossexual ou bissexual, sem diferenciação de sexo, idade, cor da pele, estrato social, estrutura familiar e rede de ensino. Adolescentes com comportamento homo/bissexual comparados aos heterossexuais relataram (p < 0,05): ficar de “porre” (18,7% e 10,5%, respectivamente), uso frequente de maconha (6,1% e 2,1%, respectivamente), ideação suicida (42,5% e 18,7%, respectivamente) e ter sido vítima de violência sexual (11,7% e 1,5%; respectivamente). Adolescentes com comportamento homo/bissexual relataram utilizar menos preservativo de forma frequente (74,2%) do que aqueles com comportamento heterossexual (48,6%, p < 0,001). Três grupos foram encontrados na análise de correspondência: composto por adolescentes com comportamento homo/bissexual e que vivenciava os fatores de risco: sofrer violência sexual, nunca utilizar camisinha ao “transar”, ideação suicida, uso frequente de maconha; composto por usuários ocasionais de maconha e camisinha e com frequentes “porres”; adolescentes com comportamento heterossexual e ausência dos fatores de risco investigados. Entre adolescentes com comportamento homo e bissexual, houve mais fatores de risco quando comparados àqueles com comportamento heterossexual. Os adolescentes com comportamento homo e bissexual expuseram mais suas vivências pessoais positivas e relacionamentos negativos do que seus pares heterossexuais, mas se expressaram menos sobre religiosidade. CONCLUSÕES : O tema não somente deve ser mais estudado como também devem ser ampliadas as ações preventivas voltadas aos adolescentes com relações afetivo-sexuais homo/bissexuais.
Resumo:
FUNDAMENTO: A doença cardiovascular é a principal causa de mortalidade no mundo. Há evidências que demonstram a associação dessa patologia com fatores de risco cardiovascular, relacionados ao estilo de vida, incorporados na fase da adolescência. OBJETIVO: Identificar, em adolescentes, a prevalência de sobrepeso e do estilo de vida associado a risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, além dos fatores que os influenciam. MÉTODOS: Foi realizado um estudo observacional de dados individuais, transversal, com adolescentes matriculados em escolas públicas e privadas do município de São Paulo, englobando as séries de 5ª a 8ª do ensino fundamental; as informações foram obtidas através da aplicação de um questionário anônimo e da realização de medidas de peso e altura. RESULTADOS: Foram analisados 2.125 adolescentes, com idade média de 12,9 anos. Do total estudado: de 14,4% a 32,1% não praticaram esporte ou competição; de 56,0% a 73,6% ficaram mais de duas horas à frente de TV, videogame ou computador; aproximadamente 80% consumiram frutas e legumes de forma considerada inadequada; de 34,9% a 45,3% relataram consumo aumentado de sal; e de 60,9% a 74,4% consumo de refrigerantes. A prevalência de sobrepeso variou de 18,7% a 41,6%. CONCLUSÃO: É alta a prevalência em adolescentes escolares de fatores de risco associados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares no adulto. Outros estudos são necessários para compreender melhor como esses fatores de risco se correlacionam e, assim, possibilitar a implementação de medidas preventivas, na fase da adolescência, com vistas à prevenção das doenças cardiovasculares do adulto.
Resumo:
Homem de 20 anos, previamente hígido, com quadro clínico de dispneia paroxística noturna e cansaço aos médios esforços com evolução em torno de dez dias, apresentou, ao exame ecocardiográfico, mixoma em átrio esquerdo funcionando como estenose mitral grave.
Resumo:
Os adolescentes com câncer vivenciam situações de sofrimento decorrentes do diagnóstico, terapêutica, alteração no cotidiano e na dinâmica familiar. O objetivo deste estudo é identificar as principais causas de sofrimento vivenciadas por um grupo de adolescentes com câncer, a partir de uma entrevista com os próprios pacientes. Participaram do estudo 12 adolescentes internados na Clínica Pediátrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, no período de 13 de novembro a 16 de dezembro de 1997. Utilizamos a abordagem qualitativa para a análise dos dados. As principais causas de sofrimento descritas foram: hospitalização, restrição nas atividades cotidianas, terapêutica agressiva, alteração da auto-imagem e medo da morte. Os adolescentes não falaram apenas de sofrimento, também apresentaram sugestões para minimizá-lo, como por exemplo: utilização de catéter venoso central, liberação de horário de visitas, diminuição do número de internações, comunicação eficiente e bom relacionamento com a equipe de saúde.
Resumo:
Este estudo objetivou analisar os processos que levam os pais e responsáveis a perceber a doença depressiva nos filhos adolescentes e compreender a influência das crenças em saúde e dos hábitos culturais na procura de tratamento especializado. Utilizando o método de estudo de caso qualitativo, foram entrevistados quatro pais e responsáveis de adolescentes, com diagnóstico de depressão atendidos em um ambulatório de saúde mental de Campinas. Os dados foram interpretados por análise de conteúdo temático. Segundo os pressupostos teóricos do Modelo de Crenças em Saúde (MCS), foram criadas e discutidas as categorias: a percepção dos pais e responsáveis quanto à suscetibilidade à doença depressiva; a percepção dos pais e responsáveis quanto à severidade da doença depressiva; estímulo externo influenciando a busca de tratamento especializado; as barreiras e benefícios percebidos para busca de atendimento especializado; variáveis estruturais e sociais influenciando na busca de atendimento especializado.
Resumo:
Este estudo qualitativo teve o objetivo de compreender como as puérperas-adolescentes vivenciam o cuidado do filho no âmbito domiciliar. Como referencial de análise, empregou-se o conceito de Maternidade e, no tratamento dos dados, utilizou-se o método do Discurso do Sujeito Coletivo. Participaram do estudo 15 puérperas-adolescentes que ficaram internadas com o recém-nascido na unidade de Alojamento-Conjunto do Hospital Universitário da USP, e que foram entrevistadas após a alta hospitalar. Os resultados evidenciaram a construção diária do ser-mãe-adolescente que direciona o sentimento de segurança diante da superação das dificuldades ao cuidar do recém-nascido. A rede de apoio familiar mostrou-se importante para ajudar a jovem mãe nesta nova fase de sua vida. Ao final do puerpério foi possível constatar que a puérpera-adolescente atende, com competência, as necessidades de higiene, alimentação e afeto do recém-nascido.
Resumo:
Estudo com objetivo de descrever hábitos de atividade física presentes no cotidiano de escolares e analisar a prática de atividade física e seus determinantes, a partir do primeiro componente do modelo teórico de promoção da saúde de Pender. Estudo transversal, realizado em 2004 e 2005, com 79 escolares de escola pública de Fortaleza. Coleta de dados em entrevista e exame físico. Os dados foram analisados com base no modelo teórico citado. A maioria dos escolares tinha prática ativa de atividades físicas (60). Os adolescentes, proporcionalmente, foram mais ativos (80,4%). Os sedentários tiveram prevalência maior de sobrepeso e obesidade (21,1%). Grande parte dos escolares desenvolvia atividades físicas ao ar livre, que não requeriam estrutura física e boas condições econômicas. Os resultados mostraram ser possível trabalhar a relação entre o primeiro componente do modelo teórico de promoção da saúde de Pender e o cotidiano dos escolares referentes às práticas de atividades físicas.
Resumo:
O Estatuto da Criança e do Adolescente impulsionou aumento significativo dos programas que assistem este grupo populacional. Entretanto, não significou mudanças na forma de aproximação deste objeto. Esse estudo buscou conhecer as percepções dos trabalhadores dos programas de atendimento ao adolescente, suas dificuldades, e formas de superá-las. O cenário foi o Município de São Carlos (SP). A metodologia é descritiva, qualitativa. Os dados foram coletados junto a instituições que atendem aos adolescentes, por meio de documentos e de entrevistas. Os depoimentos foram tratados segundo referencial de Bourdieu. Os resultados mostraram que as instituições percebem a adolescência e o adolescente desvestidos de sua socialidade e historicidade, e que o objeto da atenção continua o adolescente com problemas, e não o sujeito de direitos. Uma mudança mais radical da visão sobre estes adolescentes possibilitará a construção de novos instrumentos dos processos de trabalho, capazes de alcançá-los na sua integralidade.
Resumo:
Trata-se de um estudo descritivo, desenvolvido junto a dezesseis equipes de Estratégia de Saúde da Família de Santa Maria (RS), que objetivou identificar os trabalhadores com a Síndrome de Burnout e as variáveis associadas a este distúrbio. A amostra foi composta por 86 trabalhadores, representando 86,3% dos profissionais (médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, odontólogo e auxiliar de consultório dentário) e 30,2% dos agentes comunitários de saúde, os quais responderam ao Maslach Inventory Burnout. A idade média do grupo foi de 36,94±9,3 anos, com predominância do sexo feminino (84,9%). A maioria possui companheiro (68,2%), tem filhos (69,4%), trabalha, em média, 3,38±1,9 anos na equipe e não realiza atividades físicas (62,8%). Identificaram-se seis trabalhadores (6,9%) com a Síndrome de Burnout, a qual teve associação estatística significativa (p= 0,034) com a variável idade jovem. Os mais jovens obtiveram escores superiores nas subescalas de desgaste emocional e despersonalização do Inventário de Burnout.
Resumo:
O artigo analisa o destaque conferido por profissionais de Equipes de Saúde da Família (ESFs) ao puerpério na adolescência como um período em que as mulheres estão particularmente vulneráveis. A especial vulnerabilidade de puérperas na idade da adolescência é justificada em função de modos adolescentes de viver a vida, revelando uma tendência à naturalização do fenômeno da adolescência. A análise traz alguns dos resultados de um estudo qualitativo realizado com ESFs de Santa Maria, RS, desenvolvido por meio de grupos focais, cujos dados foram submetidos à análise de conteúdo temática. Este estudo contribui para o trabalho dos profissionais de saúde, no sentido de indicar e dar visibilidade às circunstâncias e elementos implicados na produção da vulnerabilidade de adolescentes no puerpério. Os resultados sugerem a necessidade de reorientação das práticas de educação e promoção da saúde das ESFs dirigidas a puérperas adolescentes, para além do componente informativo, e a incorporação da perspectiva da vulnerabilidade no planejamento destas ações.
Resumo:
Este estudo tem por objetivo conhecer as características das equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) de uma Coordenadoria Regional de Saúde do RS, identificando suas dificuldades no processo de trabalho. Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo exploratório-descritiva, com aplicação de questionário. Os resultados revelaram uma faixa etária jovem, feminina e com formação profissional recente. Quanto ao processo de trabalho, foram observadas algumas dificuldades, dentre elas: a forma de contratação, a falta de infra-estrutura das unidades de saúde, a dificuldade de trabalhar em equipe, a falta de especialização dos trabalhadores, a não compreensão da população sobre a proposta da ESF e até mesmo o relato da ausência de dificuldades. Alguns dos resultados corroboram dados relatados pela literatura, no entanto os dois últimos ítens foram pouco explorados em outros estudos, constituindo aspectos relevantes a serem considerados no processo de trabalho e na implementação da ESF.
Resumo:
Este estudo teve como objeto a saúde no cotidiano dos jovens considerando que esses não têm suas vivências cotidianas contempladas nas ações de saúde. O objetivo é analisar os modos de vida juvenis apreendendo os significados e sentidos da saúde em seu cotidiano. Trata-se de uma investigação qualitativa, fundamentada na dialética, com base na sociologia da vida cotidiana. Desenvolvida num bairro popular do município de Belo Horizonte, foi estruturada em fase exploratória e interpretativa, tendo como sujeitos dezenove jovens. Por meio da análise hermenêutica e dialética, a tese foi confirmada. As ações de cuidado presentes no cotidiano dos jovens levam em conta os recursos e os aspectos constitutivos da condição juvenil, ainda pouco contemplada nas proposições da área da saúde. No cotidiano dos jovens, tem-se a expressividade dos modos de vida e da condição juvenil na qual a saúde se revela pelo bem-estar e pelas condições básicas para o trilhar da vida. A concepção de saúde prevalente centra-se nos comportamentos e na corporeidade. Para a promoção da saúde juvenil é necessário partir dos modos de vida juvenis e interagir com eles no cotidiano. As ações de cuidado com a saúde têm um espaço de (in)visibilidade na vida dos jovens e interagem com suas prioridades na vivência da condição juvenil. Revelou-se a importância da proposição de ações cuidadoras nos microespaços e no território em que se expressa essa condição.
Resumo:
Objetivou-se descrever a experiência sobre a elaboração de material educativo, no formato de performance teatral criada e encenada por adolescentes, como estratégia para a obtenção de uma atitude reflexiva e autônoma desses sujeitos, no campo afetivo-sexual e reprodutivo. Processo de intervenção e de investigação desenvolvido em uma escola pública de Belo Horizonte - Minas Gerais, Brasil - com 12 estudantes de 14 a 18 anos. A análise baseou-se no método de educação pela experiência, de John Dewey. Foram realizadas 23 oficinas até a produção do espetáculo e do vídeo Sexo sim, Doença Não, exibido para alunos do ensino médio. A produção de tecnologias educativas, construída pelos próprios adolescentes, possibilitou a ampliação de suas vivências e a re-significação de conhecimentos. Também auxiliou a compreensão da realidade cotidiana desses sujeitos, permitindo a ligação entre o interno (o pensamento do adolescente) e o externo (que concretiza os fenômenos sociais) no campo afetivo-sexual e reprodutivo.
Resumo:
Realizou-se, dentro do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), uma pesquisa-ação em conjunto com o Centro de Saúde e a Escola Municipal de Glaura, um dos distritos de Ouro Preto/MG, reunindo 123 alunos, entre 11 e 19 anos de idade, que participaram de encontros semanais de abril de 2009 a março de 2010. O projeto visava à integração entre ensino e serviço de saúde, ao desenvolvimento da autonomia do cuidado, à construção de vínculos e ao intercâmbio de conhecimento com os adolescentes. Pautou-se na horizontalidade das relações entre os monitores, o preceptor, a tutora e os adolescentes, sob a óptica da visão freiriana de educação popular. Foram realizadas dinâmicas, encenações cômicas e quizzes, tendo a sexualidade como tema principal. Posteriormente, estimulou-se a confecção de ferramentas multiplicadoras pelos adolescentes, como vídeos e peças de teatro, tornando-os protagonistas do processo de ensino-aprendizagem. Este artigo serve como parâmetro para avaliação qualitativa da eficácia do PET-Saúde, além de discutir a relevância do programa para a formação médica, especialmente no que tange as habilidades dos profissionais de saúde para fornecer orientação afetivo-sexual aos adolescentes.