342 resultados para Clínica veterinária
Resumo:
O objetivo desse estudo foi confirmar a toxidez e caracterizar os aspectos clínicos e patológicos da intoxicação por Trema micrantha em equinos. Três equinos, pôneis, com idade entre 2 e 7 anos consumiram espontaneamente folhas de T. micrantha em doses únicas de 30g/kg, 25g/ kg e 20g/kg. Os três animais adoeceram e evoluíram para morte. Outro equino recebeu 15 e 25g/kg da planta com intervalo de 30 dias entre as doses e não apresentou alteração clínica. Coletas diárias de sangue foram realizadas para análises bioquímicas. Os principais sinais clínicos apresentados foram apatia, desequilíbrios, dificuldade de deglutição, decúbito esternal, decúbito lateral, movimentos de pedalagem, coma e morte. Os três equinos afetados apresentaram elevação da atividade sérica de gama-glutamil transferase, dos níveis séricos de amônia e diminuição da glicemia. Esses animais foram necropsiados e fragmentos de diversos órgãos foram coletados para análise histopatológica e imuno-histoquímica. Os principais achados patológicos foram encontrados no fígado e no encéfalo dos três animais. O fígado apresentava, macroscopicamente, acentuação do padrão lobular; enquanto que, no encéfalo havia áreas amareladas na superfície de corte, mais evidentes na substância branca do cerebelo. Microscopicamente, o fígado apresentava tumefação hepatocelular, necrose de coagulação predominantemente centrolobular e hemorragia associada. No encéfalo, havia edema perivascular generalizado e astrócitos Alzheimer tipo II na substância cinzenta. Esses astrócitos apresentaram marcação fraca ou negativa na imuno-histoquímica anti-GFAP e marcação positiva do antígeno S-100. A dose letal mínima de folhas de T. micrantha estabelecida nesse experimento foi de 20g/kg. A ampla distribuição e palatabilidade desta planta, associadas à alta sensibilidade da espécie equina, constatada nesse experimento, reforçam a importância da planta em casos acidentais de intoxicação em equinos.
Resumo:
A mastite é a principal afecção do gado leiteiro, possui alta prevalência, e constitui um fator limitante em muitas propriedades rurais do país, devido às perdas econômicas. Considerando-se a complexidade etiológica das mastites o objetivo do presente trabalho foi estudar os agentes de etiológicos desta enfermidade e a sua influência na qualidade do leite bovino. Para tanto, foram avaliados um total de 1090 tetos de animais de dez propriedades rurais localizadas no estado de São Paulo. A análise microbiológica do leite consistiu em cultivar uma alíquota de 0,1mL de leite de cada amostra positiva ao CMT, ou com mastite clínica, em meio de ágar base adicionado de 5% de sangue ovino e em agar Mac Conkey, incubando-se as placas a 37°C com observação do desenvolvimento microbiano a cada 24 horas durante três dias. Os microrganismos com maior frequência na mastite foram Corynebacterium bovis(29,52%), Streptococcus dysgalactiae (11,9%) e Staphylococcus aureus (10,48%). Houve ainda o isolamento em ágar Sabouraud dextrose de Candida krusei e Trichosporum spp. As médias de CCS e UFC dos animais foram variáveis e oito (80%) propriedades encontram-se dentro dos limites estabelecidos para CCS pela Instrução Normativa n° 51 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e todas as propriedades se encontram dentro dos limites para UFC. Houve correlação positiva entre UFC e CCS de leite em duas propriedades entre as seis analisadas estatisticamente. Conclui-se que a mastite é um dos fatores que não permitem que o produtor atinja a qualidade exigida pelo governo. Falhas de manejo e higiene existem e devem ser corrigidas com treinamento dos produtores para aplicação de boas práticas de produção. Finalmente, o monitoramento das mastites e da qualidade do leite nos rebanhos deve ser realizado, e técnicas acessíveis como a CCS composta podem ser utilizadas.
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O mocó (Kerodon rupestris Wied,1820), um mamífero roedor da família Cavidae, que se assemelha bastante ao preá, é um animal altamente adaptado às condições de calor e de escassez de água e de alimento, principalmente nos períodos das grandes secas que assolam periodicamente a região do semi-árido nordestino. Verifiica-se que na literatura há escassez de dados referentes à anatomia funcional dos mocós, em especial de trabalhos envolvendo a anatomia do sistema nervoso. Visando conhecer a origem do nervo femoral junto aos forames intervertebrais, sua localização e distribuição pelo membro pélvico, a musculatura envolvida em seu trajeto, a importância desse estudo para clínica de animais silvestres e contribuir para o desenvolvimento da neuroanatomia comparada, procedeu-se esta pesquisa, na qual foram utilizados dez animais adultos de diferentes idades (4 machos e 6 fêmeas) que vieram a óbito no Centro de Multiplicação de Animais Silvestres (Cemas) da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa). Os animais foram fiixados em solução aquosa de formaldeído a 10% e posteriormente tiveram a cavidade abdominal dissecada até a completa visualização do nervo femoral. Foram verifiicadas variações no número de vértebras lombares nos animais, entre seis (30%) e sete (70%) vértebras, alterando, conseqüentemente, a origem do nervo. No antímero direito, verifiicou-se que em 40% dos animais o nervo femoral originava-se de ramos ventrais de L5L6, em 40% de L5L6L7 e em 20% de L4L5L6. Já no esquerdo 50% dos exemplares o nervo femoral foi formado de raízes ventrais de L5L6, em 30% de L5L6L7 e em 20% de L4L5L6.
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O vírus da cinomose canina (CDV), um Morbillivirus da família Paramyxoviridae, é o agente etiológico de doença neurológica e sistêmica em cães. O diagnóstico laboratorial da infecção requer o isolamento viral ou detecção do material genético do vírus em secreções ou tecidos de cães com suspeita clínica da doença. A diversidade genética entre os isolados de CDV pode ser aferida pelo sequenciamento efilogenia molecular do gene que codifica a hemaglutinina viral (gene H), havendo atualmente um especial interesse em comparar as amostras circulantes a campo com o genogrupo América-1, que abrange as cepas presentes nas vacinas disponíveis no mercado. No presente estudo, foi realizada a detecção molecular do gene H de CDV a partir de amostras biológicas colhidas ante- e post- -mortem de 15 cães com sinais clínicos sugestivos de cinomose na região metropolitana de Campinas, São Paulo. Dez dos 15 cães analisados tiveram ao menos um órgão positivo na detecção molecular e os amplicons obtidos foram submetidos ao sequenciamento nucleotídico seguido de análise filogenética molecular. De forma semelhante ao que já foi reportado para estudo analisando a diversidade do gene H em outros países, a reconstrução filogenética obtida para as amostras de casos de cinomose da região de Campinas demonstrou as mesmas foram agrupadas junto a amostras norte-americanas, europeias e japonesas recentes, em um grupo genético distinto do grupo de amostras clássicas de CDV, nomeado America-1, o qual engloba as estirpes vacinais Snyder Hill, Onderstepoort e Lederle.
Resumo:
O objetivo deste estudo retrospectivo foi identi [1]icar cães com neoplasmas envolvendo o sistema nervoso central (SNC), atendidos entre janeiro de 2003 a junho de 2011, no HVU-UFSM, e obter informações a respeito da raça, do sexo, da idade, dos sinais neurológicos, da localização, da evolução clínica, do tipo e da origem do tumor e dos achados de exames complementares. Os 26 neoplasmas envolvendo o SNC incluídos nesse estudo ocorreram principalmente em Boxers (35%), com predomínio de idade de cinco anos ou mais (92,3%). A evolução dos sinais clínicos nos neoplasmas encefálicos variou entre sete e 115 dias e nos medulares entre sete a 420 dias. Os sinais neurológicos principais em cães com neoplasmas encefálicos e medulares foram alteração do nível de consciência (58%), caracterizada principalmente por sonolência, e hiperestesia espinhal (57%), respectivamente. As regiões tálamo-cortical e T3-L3 foram as mais acometidas (58% e 43%, respectivamente). Dos 12 neoplasmas que afetaram o encéfalo, 10 eram primários (83,3%). Dos 14 neoplasmas que afetaram a medula espinhal, apenas quatro eram primários (28,6%). Dos neoplasmas encefálicos e medulares primários, o mais comum foi o meningioma, perfazendo 40% e 75% dos casos, respectivamente.
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A utilização de técnicas ultrassonográficas na área de Medicina Veterinária está cada vez mais presente e a capacitação nesta área tornou-se indispensável para o clínico, auxiliando-o na obtenção de informações rápidas e valiosas das afecções patológicas que podem acometer os animais. O exame ultrassonográfico renal revelou-se de grande importância neste âmbito, com o objetivo de avaliar e mensurar os parâmetros morfométricos renais normais de fêmeas caprinas (Capra hircus). Por meio de técnicas ultrassonográficas procedeu-se o estudo de 30 fêmeas da raça Saanen, divididas em três grupos: fêmeas com idade inferior a 6 meses (3,0±1,0 meses), de 6-18 meses (9,0±4,3 meses) e com idade superior a 18 meses (46,3±17,4 meses). Realizaram-se imagens dos rins, em secções longitudinais, medidas de comprimento e largura e, em secções transversais, medidas de altura (ou espessura). Com estes valores calcularam-se volumes renais, corticais e medulares, além da relação cortico-medular. Com relação ao comprimento renal os grupos com idade inferior a 6 meses, de 6-18 meses e com idade superior a 18 meses obtiveram média e desvio padrão de 4,20±0,36cm, 5,56±0,40cm e 6,77±0,64cm, respectivamente. Tratando-se do volume renal, estes grupos apresentaram média e desvio padrão de 17,02±3,99cm³, 19,99±5,86cm³; e, 41,23±13,05cm³. Comparou-se a equivalência métrica das médias entre os dois rins de forma que os parâmetros volumétricos e lineares renais com diferença entre si são comprimento renal, volume renal e volume cortical para o grupo de fêmeas com idade de 6-18 meses, e comprimento renal e comprimento medular para o grupo com idade superior a 18 meses. Entre diferentes grupos observou-se que somente o comprimento medular esquerdo apresentou média equivalente em todos os grupos, ou seja, entre o grupo com idade inferior a 6 meses e o grupo com idade de 6-18 meses e, entre este último e o grupo com idade superior a 18 meses. Os resultados mostraram correlações diretas e positivas entre peso corporal e idade com os parâmetros lineares e volumétricos, a relação cortico-medular esquerda foi a única que apresentou correlação significativa com o peso (r= -0,365; P = 0,047). Para aqueles parâmetros que apresentaram correlação significativa foi realizada análise de regressão, obtendo-se a linha de melhor ajuste das variáveis.
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O período neonatal dos bezerros é um momento crítico para adaptação do recém-nascido à vida extra uterina e o sistema respiratório, um dos mais exigidos funcionalmente, é frequentemente afetado por enfermidades, redundando no prejuízo direto da sua função e acarretando perdas econômicas importantes na pecuária. O ponto básico para reduzir estas perdas, é representado pela adequada avaliação clínica dos neonatos, todavia o diagnóstico baseado exclusivamente no exame físico é muito difícil de ser estabelecido. O uso de exames complementares como a citologia do trato respiratório torna-se uma ferramenta diagnóstica importante nestes casos, porém faz-se necessário, padronizar seus achados frente às diferentes técnicas empregadas para a sua obtenção. Assim, o presente estudo propôs-se acompanhar as variações dos constituintes celulares da região traqueobrônquica e broncoalveolar obtidos por lavados respiratórios pelos métodos de traqueocentese e por colheita nasotraqueal respectivamente, durante o primeiro mês de vida de bezerros sadios. Observou-se alteração no quadro citológico ao longo do tempo, quando a região traqueobrônquica foi lavada, expresso por diminuição da porcentagem de macrófagos alveolares, com aumento de neutrófilos, possivelmente, por maior irritação local provocada pela técnica, que se repetiu sequencialmente e/ou por maior estimulo de microorganismos inalados depositados nesta região. Na região broncoalveolar, não encontraram-se variações nos constituintes celulares em função do tempo. Os resultados permitiram a conclusão que a população celular da região traqueobrônquica modificou-se ao longo das semanas de vida dos bezerros, possivelmente pela técnica empregada e/ou fisiologia normal da região, sendo representadas por maiores magnitudes de neutrófilos. De modo diverso, na região broncolaveolar, as células evidenciaram um comportamento estável durante o primeiro mês de vida dos bezerros neonatos, apresentando predomínio numérico dos macrófagos alveolares.
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O objetivo deste estudo foi identificar cães com epilepsia e obter informações a respeito da raça, do sexo, da idade, da classificação da epilepsia e da crise convulsiva, dos estágios e do período de ocorrência das crises convulsivas. Em 66,7% (44/66) dos cães a epilepsia foi primária, em 21,2% (14/66) sintomática e em 12,1% (8/66) provavelmente sintomática. Os cães sem raça definida (27%) foram os mais acometidos e a faixa etária predominou entre um e cinco anos de idade. A crise convulsiva generalizada tônico-clônica (66,7%) foi a mais observada, a procura pelo dono (72,7%) no período pré-ictal e o andar compulsivo (60,5%) no período pós-ictal foram os sinais mais encontrados e a ocorrência das crises convulsivas foi maior no período noturno (79,2%).
Resumo:
Com o objetivo de realizar um estudo abrangente das lesões do sistema urinário em cães e determinar a sua prevalência, epidemiologia, importância clínica e possíveis causas associadas, foram revisados os protocolos de necropsias de cães realizadas no período de janeiro de 1999 a dezembro de 2010 no LPV-UFSM. Nesse período foram necropsiados 3.189 cães e destes, cerca de 30% apresentaram lesões no sistema urinário. Na maioria dos cães (79,1%) foram observadas lesões únicas e em aproximadamente 21% havia lesões múltiplas no sistema urinário, totalizando 1.373 lesões. Destas, 1.014 (73,8%) foram observadas no rim. No trato urinário inferior (TUI) foram diagnosticadas 359 (26,2%) lesões. Um terço das lesões no sistema urinário dos cães necropsiados foram causa de morte espontânea ou razão para eutanásia (ME/EUT). As demais foram consideradas como achados incidentais. As principais lesões renais diagnosticadas, em ordem decrescente de prevalência, foram: nefrite túbulo-intersticial, infarto, nefrite granulomatosa (parasitária), glomerulonefrite, neoplasmas metastáticos/multicêntricos, pielonefrite/ pielite e hidronefrose. As principais lesões do TUI diagnosticadas, em ordem decrescente de prevalência, foram: cistite, presença de inclusões virais (morbilivírus), urolitíase, dilatação da bexiga, ruptura de bexiga (com uroperitônio) e neoplasmas metastáticos/multicêntricos. As características epidemiológicas como sexo, raça e idade dos cães afetados tiveram variações expressivas de acordo com o tipo de lesão diagnosticada. Uremia foi observada em um número significativo de casos de ME/EUT e foi principalmente secundária a lesões renais.
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Objetivou-se realizar um estudo retrospectivo dos principais achados epidemiológicos, clínicos, patológicos e laboratoriais de ovinos acometidos por urolitíase obstrutiva, atendidos na Clínica de Bovinos, Campus Garanhuns/ UFRPE. Para isso, foram analisadas 66 fichas clínicas de ovinos, todos machos não castrados, com idade entre dois meses e cinco anos. A maioria dos casos (79,63%) ocorreu na época chuvosa. A maioria dos animais (87,88%) era criada intensivamente e todos eram alimentados com concentrados. Os sinais clínicos mais importantes foram as manifestações de dor, congestão de mucosas, hipertermia e aumento da tensão abdominal associados a obstrução do trato urinário. Metade dos animais apresentou obstrução total da uretra. Destes, 69,70% morreram, enquanto nos casos de obstrução parcial, 30,30% morreram. Nos exames laboratoriais verificou-se neutrofilia e desvio à esquerda regenerativo, hiperfibrinogenemia e azotemia. Na urinálise constatou-se hematúria em 89,29% dos casos e pH ácido em 46,43%. Na sedimentoscopia predominaram hemácias, leucócitos, células de descamação do epitélio uretral e cristais de urato amorfo. Os achados necroscópicos renais mais frequentes foram pielonefrite (61,54% dos casos) e hidronefrose (50%). Nos ureteres foram visualizados ureterite e hidroureter. Na bexiga foi mais evidente a cistite hemorrágica difusa (50%) e a presença de urólitos (57,69%). Na uretra observaram-se urólitos (61,54%) e uretrite hemorrágica difusa (57,69%). Quanto à composição dos urólitos predominaram os compostos por oxalato de cálcio hidratado. Conclui-se que no Agreste de Pernambuco a urolitiase é uma doença importante de ovinos, com alta letalidade, estando associada à alimentação rica em concentrados e sal mineral.
Resumo:
Acreditou-se durante muito tempo que a espécie caprina era resistente à infecção por Mycobacterium bovis, porém tal hipótese foi desconsiderada quando relatos da enfermidade surgiram em vários países. No entanto, ainda permanecem desconhecidas certas características da tuberculose em caprinos e suas implicações na saúde pública e caprinocultura nacional. Objetivou-se com este trabalho descrever os aspectos nosológicos, radiológicos, anátomo-histopatológicos, baciloscópicos e biomoleculares da tuberculose em caprinos leiteiros com doença respiratória, naturalmente infectados e procedentes do estado de Pernambuco. Para isso foram tuberculinizadas 442 cabras com sintomas respiratórios e, destas, 3,4% (15/442) foram consideradas positivas ao teste. Dos animais positivos, sete foram monitorados clinicamente durante 12 meses, descrevendo-se os achados obtidos. O agente etiológico foi identificado através da reação em cadeia da polimerase, por amplificação de sequências genômicas do Complexo Mycobacterium tuberculosis e posteriormente de Mycobacterium bovis. Este é o primeiro diagnóstico molecular com caracterização do envolvimento do Mycobacterium bovis na tuberculose caprina no Brasil.
Resumo:
Relatam-se mortalidades de bovinos nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul relacionadas ao consumo de folhas de Pterodon emarginatus. Três surtos ocorreram no período de seca na região Centro-Oeste, após a queda de árvores devido a ventos fortes ou após serem derrubadas para aproveitamento da madeira. Morreram 40 bovinos em três diferentes surtos. A intoxicação foi reproduzida com administração de folhas de P. emarginatus; a dose tóxica mínima foi 20g/kg para ovinos e 6g/kg para bovinos. Os sinais clínicos iniciaram-se entre 24 e 72 horas após o consumo da planta. A evolução clínica da doença letal foi de 12 a 36 horas. Os sinais clínicos se caracterizaram por apatia, depressão, andar a esmo, pressão da cabeça contra objetos. Em dois dos surtos, os bovinos que sobreviveram a fase aguda da doença, desenvolveram fotossensibilização. Os principais achados macroscópicos nos casos espontâneos e experimentais foram no fígado; estes se caracterizaram por hepatomegalia e evidenciação do padrão lobular na superfície capsular e de corte. Notaram-se também hemorragias nas serosas abdominais e torácicas. Microscopicamente observou-se necrose coagulativa hepatocelular, que variou de centrolobular a massiva, por vezes associada à congestão e hemorragia; ocorreu também marcada tumefação e vacuolização de hepatócitos na região periacinar. O diagnóstico foi baseado nos dados epidemiológicos, clínicos, patológicos e na reprodução experimental da intoxicação em bovinos e ovinos. Estes achados caracterizam P. emarginatus como planta hepatotóxica de interesse pecuário na região Centro-Oeste do Brasil.
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Algumas espécies de Solanum causam intoxicações em ruminantes caracterizadas clinicamente por desordens cerebelares e microscopicamente como doença do depósito lisossomal. Não há lesões de necropsia específicas e microscopicamente ocorrem vacuolização e perda de neurônios de Purkinje. Por ser Solanum paniculatum a espécie de ocorrência na região Nordeste, sendo responsável pelos surtos de intoxicação espontânea descrito no Estado de Pernambuco foi realizado um delineamento experimental para caracterizar o quadro clínico-patológico da intoxicação. Foram usados cinco bovinos, sendo quatro no grupo experimental (GE) e um animal no controle (GC), de seis meses de idade, sem raça definida, com peso de 120 Kg, mantidos em baias durante cinco meses na Clínica de Bovinos de Garanhuns/UFRPE. Os animais receberam a planta, colhida nas propriedades em que ocorreram os surtos naturais, na dosagem de 5g/kg/PV/dia da planta dessecada misturada na ração por ingestão natural. Semanalmente realizou-se o Head Raising Test para determinar os sinais cerebelares e quando positivo os animais foram submetidos à colheita de sangue e do líquido céfalo-raquidiano e em seguida foi feito à eutanásia. O SNC e a rete mirabile foram fixados em formol a 10% tamponado, processados rotineiramente e corados pela hematoxilina e eosina para avaliação histopatológica. Foi realizada análise morfométrica das lesões cerebelares. Para avaliação dos resultados laboratoriais utilizou-se análise descritiva e em relação à morfometria, empregou-se o teste T de Student (p<0.05) na contagem de células de Purkinje e para a espessura da camada molecular do cerebelo o teste de Mann Whitney, com nível de 5% de significância. Três animais apresentaram sinais de intoxicação com tempo em média de 90 dias e um com 155 dias. Os sinais clínicos observados foram ataques convulsivos transitórios, e distúrbios do equilíbrio. Na necropsia não foram encontradas lesões específicas da intoxicação. Não houve alterações no hemograma e no líquido céfalo-raquidiano causado pela planta. No histopatológico havia principalmente vacuolização fina do pericário e perda de células de Purkinje, com degeneração Walleriana e esferóides axonais na camada granular e na substância branca medular, com proliferação dos astrócitos de Bergman. Vacuolização e necrose neuronal também foram observadas no óbex, pedúnculos cerebelares e colículos rostral e caudal e raramente no tálamo, núcleos da base, hipocampo e medula oblonga. Na análise morfométrica não houve diferença significativa (p<0,05) entre o número de células de Purkinje e a espessura da camada molecular entre o GE e GC, demonstrando que apesar dos bovinos desenvolverem quadro clínico da intoxicação e alterações histopatológicas acentuadas, mas nestas condições experimentais não ocorreram alteração morfométricas significativas em relação ao GC. Sugerindo que há necessidade de um tempo de administração maior da planta para o aparecimento de lesões mais acentuadas como as que ocorrem em casos naturais. Os resultados laboratoriais de sangue e do líquido céfalo-raquidiano não refletem alterações relacionadas à intoxicação pela planta.
Resumo:
Foi realizado um estudo retrospectivo dos resultados dos exames citológicos provenientes dos arquivos do Serviço de Citopatologia do Laboratório de Patologia Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, São Paulo, entre janeiro de 1994 e dezembro de 2008. Do total de 139.986 animais atendidos no Hospital Veterinário da instituição, 11.468 (8,2%) foram encaminhados para exame citológico. Desses diagnósticos, 57,28% corresponderam a lesões neoplásicas, 19,28% a lesões inflamatórias e 14,79% a processos não neoplásicos (imunológicos, degenerativos, hiperplásicos ou displásicos). Não foi possível concluir o diagnóstico por meio do exame citológico em 7,28% dos casos e não haviam informações diagnósticas registradas em 1,37% dos casos. Dentre os animais que mais receberam indicação para exame citológico destacaram-se os caninos (92,06%), seguidos pelos felinos (4,08%), bovinos (1,77%) e equinos (1,30%). Lesoes neoplásicas foram as mais comumente observadas e foram mais prevalentes nos cães (59,18%), afetando principalmente animais com idade média de 119,60 meses e principalmente fêmeas (61,61%). O incremento anual observado ao longo dos 15 anos de aplicação da citologia demonstra que o exame citológico é um método de suma importância para confirmar, sugerir ou afastar o diagnóstico de diversas afecções, inclusive neoplasia, em todas as espécies animais.
Resumo:
O objetivo do presente estudo foi à monitoração dos parâmetros laboratoriais como hemograma, enzimas hepáticas alanina aminotransferase (ALT) e gama-glutamiltransferase (GGT), glicemia e proteinograma sérico, e avaliar o efeito da idade em gatos sem raça definida durante a fase neonatal. Vinte gatos machos e fêmeas foram utilizados a partir do terceiro dia de vida até o 38º dia de idade. As amostras de sangue foram colhidas semanalmente e as análises laboratoriais (hemograma, enzimas hepáticas, glicemia e proteinograma sérico) realizadas no 3º, 10º, 17º, 24º, 31º e 38º dia de idade. Os resultados exibiram efeito significativo da idade sobre a contagem total de eritrócitos, concentração de hemoglobina, volume globular, volume corpuscular médio, concentração de hemoglobina corpuscular média, leucócitos totais, neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Nenhum efeito foi observado em células como linfócitos, monócitos ou na concentração sérica de glicose. A análise das modificações ocorridas nos parâmetros laboratoriais durante a fase neonatal reflete o desenvolvimento fisiológico do filhote e contribui para o conhecimento do processo adaptativo em gatos neonatos durante o primeiro mês de vida, sendo útil para a avaliação clínica, diagnóstico e tratamento das doenças neonatais.