320 resultados para Abandono do tabagismo
Resumo:
FUNDAMENTO: As doenças cardiovasculares representam a principal causa de morte na população, e a síndrome metabólica (SM) é uma condição clínica significativamente associada ao aumento da morbimortalidade. OBJETIVO: Descrever o padrão de combinação dos fatores de risco relacionados ao diagnóstico de SM em militares da Marinha do Brasil e identificar eventuais variáveis associadas à presença da referida síndrome nessa população. MÉTODOS: Estudo transversal envolvendo 1.383 homens (18-62 anos) lotados nas organizações militares da Grande Natal-RN. O critério utilizado para diagnóstico de SM foi o proposto pela International Diabetes Association. A razão entre a prevalência observada e a esperada e os respectivos intervalos de confiança foram utilizados para identificar as combinações de fatores de risco que excediam o esperado para a população. A análise de regressão logística foi utilizada para identificar variáveis associadas à SM. RESULTADOS: A prevalência de SM foi de 17,6%. Aproximadamente um terço dos militares apresentou dois ou mais fatores de risco para SM. Todas as combinações específicas dos fatores de risco para SM que excederam a prevalência esperada apresentaram a obesidade abdominal como um de seus componentes. Nas análises ajustadas, idade, tabagismo e nível de atividade física mantiveram-se associados à SM. CONCLUSÃO: Nossos achados reforçam a constante presença da obesidade abdominal no fenótipo da SM. Além disso, nossos dados também suportam a ideia de que idade, tabagismo e baixo nível de atividade física são variáveis independentes para a ocorrência de SM.
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FUNDAMENTO: Há controvérsias sobre a hora da admissão e os desfechos hospitalares da síndrome coronária aguda (SCA). A admissão em horários não regulares seria associada ao pior prognóstico dos pacientes. OBJETIVO: Analisar a influência da hora da admissão na internação prolongada e na mortalidade de pacientes com SCA, segundo os períodos diurno (das 7h às 19h) e noturno (das 19h às 7h). MÉTODOS: Foram avaliados, prospectivamente, 1.104 pacientes consecutivos com SCA. O óbito intra-hospitalar e a internação igual ou superior a cinco dias foram os desfechos analisados. RESULTADOS: A admissão no período diurno foi maior em comparação ao noturno (63% vs. 37%; p < 0,001). A angina instável foi mais prevalente no período diurno (43% vs. 32%; p < 0,001) e o infarto sem supradesnivelamento do segmento ST (IAMssST) no noturno (33% vs. 43%; p = 0,001). Não se observaram diferenças na mortalidade e no tempo de internação nos períodos estudados. Os fatores de predição de internação igual ou superior a cinco dias foram: idade [OR 1,042 (IC 95% 1,025 - 1,058), p < 0,001]; fração de ejeção (FE) [OR 0,977 (IC 95% 0,966 - 0,988), p < 0,001]; IAMssST [OR 1,699 (IC 95% 1,221 - 2,366), p = 0,001]; e tabagismo [OR 1,723 (IC 95% 1,113 - 2,668), p = 0,014]. Para o óbito intra-hospitalar, foram: idade [OR 1,090 (IC 95% 1,047 - 1,134), p < 0,001]; FE [OR 0,936 (IC 95% 0,909 - 0,964), p < 0,001]; e tratamento cirúrgico [OR 3,781 (IC 95% 1,374 - 10,409), p = 0,01]. CONCLUSÃO: A internação prolongada e óbito intra-hospitalar em pacientes com SCA independem do horário de admissão.
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FUNDAMENTO: A Disfunção Erétil (DE) se associa ao risco aumentado de Doença Arterial Coronariana (DAC). OBJETIVO: Avaliar a associação entre DE, determinada pelo Índice Internacional de Função Erétil Simplificado (IIFE-5), e DAC. MÉTODOS: Estudo de corte transversal que avaliou 263 hipertensos (55 [50 - 61] anos). A DE foi avaliada pelo IIEF-5 e a DAC, por meio da história de revascularização miocárdica prévia e/ou por cineangiocoronariografia. RESULTADOS: O IIFE-5 se correlacionou com o clearance de creatinina [ClCr] (Rho = 0,23; p < 0,001) e com a idade (Rho = -0,22; p < 0,001). Quarenta e dois pacientes apresentavam DAC; e o IIFE-5 foi capaz de discriminá-los (área sob a curva ROC = 0,63; p = 0,006). Os pacientes foram divididos em dois grupos: IIFE-5 < 20 (n = 140) e IIFE- 5 > 20 (n = 123); aqueles com menor IIFE-5 tinham idade mais elevada (57 [52 - 61] vs. 54 [45 - 60] anos; p = 0,002), maior prevalência de DAC (22% vs. 9%; p = 0,004), tabagismo (64% vs. 47%; p = 0,009) e do uso de inibidores dos canais de cálcio (65 % vs. 43%; p = 0,001), além de menor ClCr (67,3 [30,8 - 88,6] vs. 82,6 [65,9 - 98,2] ml/min; p < 0,001). O IIFE-5 < 20 se associou ao maior risco de DAC em regressão logística; tanto univariada (RR = 2,89 [IC 95% 1,39 - 6,05]), quanto após ajustes para idade, diabetes, ClCr, tabagismo, pressão arterial média e uso de anti- hipertensivos (RR = 2,59 [IC 95%: 1,01 - 6,61]). CONCLUSÃO: O IIFE-5 se associa ao diagnóstico de DAC e sua utilização pode agregar informação ao estadiamento do risco cardiovascular em pacientes hipertensos.
Tomografia de coronárias na predição de eventos adversos em pacientes com suspeita de coronariopatia
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FUNDAMENTO: Embora os estudos tenham demonstrado uma alta precisão diagnóstica da Tomografia Coronariana Multidetectores (TCMD) na detecção de Doença Arterial Coronariana (DAC), os dados sobre o valor prognóstico desse método são limitados. OBJETIVO: Determinar o valor da TCMD na predição de desfechos clínicos adversos em pacientes com suspeita de DAC. MÉTODOS: Foram avaliados prospectivamente 355 pacientes consecutivos (idade média de 58 ± 12 anos; 252 do sexo masculino), com suspeita de DAC, entre janeiro de 2008 e junho de 2010. DAC pela TCMD foi definida como a presença de placa de ateroma observada em qualquer artéria coronariana. Os desfechos clínicos adversos foram definidos como morte, infarto do miocárdio, angina instável ou revascularização miocárdica. RESULTADOS: Durante um acompanhamento médio de 15 meses, houve 55 eventos cardíacos. Na análise multivariada utilizando-se o modelo de regressão de Cox, classe funcional da NYHA, diabetes, tabagismo e aterosclerose à TCMD foram preditores de desfecho clínico adverso, e a presença de placa à TCMD apresentou forte associação com desfechos clínicos adversos, independentemente de fatores de risco estabelecidos para DAC (hazard ratio 5,29; intervalo de confiança de 95%, 2,4 - 11,8; p < 0,001). CONCLUSÃO: A presença de aterosclerose demonstrada pela TCMD em pacientes com suspeita de DAC apresentou valor independente e incremental aos fatores de risco convencionais na predição de desfechos clínicos adversos, podendo se mostrar útil na estratificação de risco desses pacientes.
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FUNDAMENTO: A aspirina (Ácido Acetilsalicílico - AAS) é capaz de reduzir eventos adversos cardiovasculares em pacientes portadores de Doença Arterial Coronariana (DAC) através da inibição da atividade plaquetária. Alguns pacientes com DAC, apesar da terapia com AAS, apresentam Alta Reatividade Plaquetária (ARP), o que determina um maior risco para o desenvolvimento de eventos cardiovasculares. OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência de ARP em pacientes tratados com AAS e encaminhados para cinecoronariografia, além de avaliar se existe uma possível correlação entre a gravidade da DAC e o desenvolvimento de ARP. MÉTODOS: Estudo de centro único onde foram incluídos 115 pacientes consecutivos, tratados com AAS e portadores de DAC estável. A reatividade plaquetária induzida pelo ADP e colágeno foram avaliadas através da Agregometria de Transmitância Luminosa (ATL). Pacientes com agregação plaquetária maior que 70%, induzida por ambos os reagentes, foram classificados como tendo ARP e, neste grupo, a adesão ao tratamento com AAS foi avaliada através da dosagem dos níveis séricos de salicilato. RESULTADOS: A média de idade foi de 60,9 anos e a dose média de AAS foi de 164,2 mg. Tabagismo e diabetes melito estavam presentes em 28,7% e 31,5% dos pacientes, respectivamente. Foi encontrada ARP em 14 pacientes (13%), entretanto, em sete indivíduos (50%) com ARP observaram-se baixos níveis séricos de salicilato (< 2,0 µg/mL), sugerindo não adesão à terapia medicamentosa. Em 6,5% dos pacientes com ARP identificou-se níveis detectáveis de salicilato sérico, sugerindo uma eficácia reduzida do AAS. A ARP se correlacionou com o número e a gravidade das estenoses coronárias (p = 0,04). CONCLUSÃO: Em uma população de pacientes tratados com AAS e encaminhados para angiografia coronária, a reatividade plaquetária elevada é prevalente (13%), sendo 50% destes pacientes não aderentes à terapia farmacológica e 50% apresentam redução da efetividade da droga.
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FUNDAMENTO: o tabagismo apresenta importante papel sobre as doenças cardiovasculares, entretanto permanecem pouco compreendidos os motivos pelos quais alguns seres humanos as desenvolvem e outros não. OBJETIVO: nosso objetivo foi analisar o perfil redox do coração de diferentes linhagens de camundongos após exposição à fumaça de cigarro. MÉTODOS: camundongos machos suíços (n = 10), C3H (n = 10), BALB/c (n = 10) e C57BL/6 (n = 10) foram expostos à fumaça de cigarro (12 cigarros/dia), enquanto os respectivos controles (n = 10) ao ar ambiente por 60 dias. Após sacrifício, o coração foi retirado para análises bioquímicas. RESULTADOS: embora o conteúdo de malondialdeído não tenha aumentado em nenhum grupo, a atividade da catalase diminuiu no grupo suíço (p < 0,05), BALB/c (p < 0,05) quando comparados aos respectivos grupos-controle, enquanto a mieloperoxidase diminuiu no grupo C3H (p < 0,05) e C57BL/6 (p < 0,001) quando comparados aos respectivos grupos controle. O conteúdo de glutationa reduzida diminuiu nos grupos suíço, C3H, C57BL/6 (p < 0,05) e no grupo BALB/c (p < 0,001) quando comparados com os respectivos controles. Observamos aumento do conteúdo da glutationa oxidada no grupo Suíço (p < 0,05) e diminuição nos grupos C3H (p < 0,05) e BALB/c (p < 0,001) quando comparados aos respectivos grupos-controle. A razão glutationa reduzida/ glutationa oxidada apresentou redução nos grupos suíço e C57BL/6 (p < 0.05) quando comparados aos grupos controle. CONCLUSÃO: o background genético nos camundongos pode influenciar na resposta antioxidante após a exposição à fumaça de cigarro e parece ser um fator determinante para o desequilíbrio redox no suíço e C57BL/6. Compreender as respostas antioxidantes e do background genético C3H e BALB/c podem fornecer importantes informações quanto à resistência cardíaca a fumaça de cigarro.
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FUNDAMENTO: Dados de atendimento ambulatorial ao paciente de alto risco cardiovascular no Brasil são insuficientes. OBJETIVO: Descrever o perfil e documentar a prática clínica do atendimento ambulatorial de pacientes de alto risco cardiovascular no Brasil, no que diz respeito à prescrição de terapias baseadas em evidências. MÉTODOS: Registro prospectivo que documentou a prática clínica ambulatorial de indivíduos de alto risco cardiovascular, que foi definido como a presença de um dos seguintes fatores: doença arterial coronariana, cerebrovascular e vascular periférica; diabetes; ou aqueles com pelo menos três dos seguintes fatores: hipertensão arterial, tabagismo, dislipidemia, maiores 70 anos, histórico familiar de doença arterial coronariana, nefropatia crônica ou doença carotídea assintomática. Foram avaliadas características basais e a taxa de prescrição das intervenções medicamentosas e não medicamentosas. RESULTADOS: Foram incluídos 2.364 pacientes consecutivos, sendo 52,2% do gênero masculino, idade média de 66,0 anos (± 10,1). Dentre os pacientes incluídos, 78,3% utilizavam antiplaquetários, 77,0% estatinas e, dos pacientes com história de infarto do miocárdio, 58,0% receberam betabloqueadores. O uso concomitante destas três classes foi de 34%. Não atingiram as metas preconizadas pelas diretrizes 50,9% dos hipertensos, 67% dos diabéticos e 25,7% dos dislipidêmicos. Os principais preditores de prescrição de terapias com benefício comprovado foram centro com cardiologista e histórico de doença arterial coronariana. CONCLUSÃO: Este registro nacional e representativo identificou hiatos importantes na incorporação de terapias com benefício comprovado, oferecendo um panorama real dos pacientes de alto risco cardiovascular.
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FUNDAMENTO: O papel dos testes de reatividade plaquetária (RP) na predição de eventos em longo prazo em pacientes latino-americanos tratados com stents farmacológicos (SF) não foi estabelecido. OBJETIVOS: Analisar o papel dos testes de RP na predição de eventos após a implantação de SF. MÉTODOS: De maio de 2006 a janeiro de 2008, foram incluídos 209 pacientes brasileiros que se submeteram a tratamento eletivo com SF. A RP foi avaliada 12 a 18 horas após o procedimento, por agregometria de transmitância de luz com 5µM de ADP. Os pacientes foram acompanhados prospectivamente por até 4,8 anos. Dezessete (8%) dos indivíduos foram perdidos durante o acompanhamento e a coorte final foi composta de 192 pacientes. A curva ROC foi utilizada para determinar o melhor ponto de corte de 5µM de ADP para prever eventos. O endpoint primário foi uma combinação de morte cardiovascular, infarto agudo do miocárdio, trombose definitiva de stent, e revascularização de artéria alvo.Modelos de risco proporcional de Cox foram utilizados para determinar as variáveis independentemente associadas com o tempo até o primeiro evento. RESULTADOS: O melhor ponto de corte de 5µM de ADP foi de 33%. Cento e sete (55,7%) pacientes apresentaram 5mM de ADP > 33%. A taxa de sobrevivência livre de eventos em 1.800 dias foi de 55% contra 70% para os indivíduos com ADP5 acima e abaixo desse ponto de corte, respectivamente (p = 0,001). Preditores de tempo independentes para o primeiro evento foram tabagismo atual (HR 3,49, IC95%: 1,76-6,9, p = 0,0003), ADP 5mM > 33% (HR 1,95, IC95%: 1,09-3,51, p = 0,025) e idade (HR 1,03 IC 95%: 1,0-1,06, p = 0,041). CONCLUSÕES: Neste estudo, 55,7% dos pacientes apresentaram alta reatividade plaquetária durante tratamento. 5µM de ADP > 33% foi um preditor independente de eventos em longo prazo.
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FUNDAMENTO: A associação do índice tornozelo-braquial (ITB) com a medida do complexo médio intimal das artérias carótidas (MCMI) não está amplamente estudada. OBJETIVO: Objetivamos avaliar se pacientes com ITB < 0,9 apresentam maior prevalência de placa aterosclerótica carotídea do que aqueles com ITB > 0,9. MÉTODOS: No período de janeiro a dezembro de 2011, recrutamos 118 pacientes (48 homens e 70 mulheres) que tiveram seus ITB e MCMI mensurados. Os pacientes foram divididos em grupo 1 (ITB < 0,9) e grupo 2 (ITB > 0,9). Utilizamos os testes de Mann-Whitney, qui-quadrado e Fischer para comparações entre os grupos. Para avaliar correlação entre ITB e MCMI empregamos a correlação de Pearson. RESULTADOS: A prevalência de ITB < 0,9 foi 29,7%, enquanto a da MCMI > 1,5 mm de 34,7%. Não houve diferença de características clínicas entre os grupos 1 e 2: idade média (64 ± 9 vs. 62 ± 7,2 anos, p = 0,1), homens (40% vs. 41%, p = 0,9), hipertensão (74% vs. 59%, p = 0,1), diabetes melito (54% vs. 35%, p = 0,051), dislipidemia 26% vs. 24%, p = 0,8), tabagismo (57% vs. 65%, p = 0,4). A prevalência de placa carotídea foi maior no grupo 1 (48,6% vs. 28,9%, p = 0,04). A correlação de Pearson entre o ITB e a MCMI foi de - 0,235, com valor de p = 0,01. CONCLUSÕES: Pacientes com ITB < 0,9 apresentaram maior prevalência de aterosclerose carotídea. Houve correlação negativa entre o ITB e a MCMI.
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FUNDAMENTO: Embora haja diversos estudos epidemiológicos publicados referentes à artrite de Takayasu (AT), nenhum analisou a influência do gênero nas manifestações clínicas e laboratoriais ou as alterações vasculares no início da doença. OBJETIVO: Analisar a influência do gênero nas manifestações clínicas e laboratoriais e nas variações de imagiologia vascular no início da AT. MÉTODOS: Estudo de coorte retrospectivo, unicêntrico que avaliou 55 pacientes consecutivos com AT entre 1982 e 2012. Todos os dados clínicos e resultados de testes laboratoriais relacionados ao início da doença foram analisados. Incluímos apenas pacientes de 12 a 35 anos no diagnóstico para excluir fatores relacionados à idade. RESULTADOS: Analisamos 17 homens e 38 mulheres, sendo a maioria caucasiana, com uma média de idade comparável entre os gêneros. Não houve diferença de gênero referente às características clínicas ou laboratoriais, comorbidades ou tabagismo, exceto pela dor abdominal, que apresentou ser mais comum em homens. Com relação às lesões vasculares, a presença de aneurismas da aorta ascendente foi significativamente mais frequente em homens. O gênero masculino representou um fator de risco independente para a ocorrência de dor abdominal e aneurismas da aorta ascendente em pacientes com AT. CONCLUSÃO: A dor abdominal e aneurismas da aorta ascendente ocorreram com mais frequência em homens com AT, sugerindo um perfil de doença mais severa em homens.
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Fundamento: As patologias cardiovasculares são a maior causa de morbimortalidade nos países desenvolvidos e emergentes. Sua principal etiologia, a aterosclerose, é doença disseminada acometendo os territórios coronariano, cerebral e periférico. A doença arterial obstrutiva periférica (DAOP), além de suas consequências per se, sinaliza o acometimento do território coronariano. Portanto, seu melhor conhecimento permite tratamento adequado, retardando complicações locais e à distância, diminuindo o custo para o sistema de saúde. Objetivo: Este estudo estima a porcentagem de DAOP em nipo-brasileiros de Bauru (SP), reconhecidos pela alta prevalência de distúrbios metabólicos, como hipertensão arterial (43%), diabetes melito (33%) e hipercolesterolemia (60 %), e analisa a associação com biomarcadores de risco. Métodos: Este estudo transversal populacional avaliou 1.330 nipo-brasileiros de ambos os sexos com idade ≥ 30 anos que foram submetidos a exame físico completo, medidas antropométricas, exames laboratoriais e índice tornozelo-braço (ITB). Participantes com ITB ≤ 0,90 foram diagnosticados como portadores de DAOP. Após aplicação dos critérios de exclusão, 1.038 indivíduos integraram a análise. Empregou-se regressão de Poisson para análise das associações com DAOP. Resultados: A idade média foi 56,8 anos e a porcentagem de DAOP foi 21,1%, igual entre os sexos. DAOP associou-se com tabagismo (RP 2,16 [1,33-3,48]) e hipertensão arterial (RP 1,56 [1,12-2,22]). Conclusão: A porcentagem de DAOP nos nipo-brasileiros foi semelhante à de outras populações de perfil cardiometabólico desfavorável (US PARTNERS e POPADAD). A associação independente de DAOP com tabagismo e hipertensão, mas não com outros clássicos fatores de risco, pode depender das frequências muito elevadas dos distúrbios metabólicos nessa população.
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Fundamento: A prevalência de hipertensão arterial em crianças aumentou nas últimas décadas. Diversos fatores de risco estão envolvidos na gênese da hipertensão arterial infantil e sua identificação precoce pode prevenir o desenvolvimento posterior da doença. Objetivos: Avaliar a prevalência de pressão arterial elevada e fatores associados em crianças. Métodos: Estudo transversal de base populacional e domiciliar. Foram avaliadas 276 crianças de dois a cinco anos residentes em Goiânia, Goiás, investigando-se pressão arterial, características sociodemográficas, peso ao nascer, histórico de hipertensão arterial na família, tabagismo passivo, aleitamento materno, alimentação, hábito sedentário e estado nutricional. A regressão de Poisson foi utilizada para avaliar a associação entre os fatores de risco e a pressão arterial elevada. Resultados: A média de idade foi 3,1 ± 0,79 anos, sendo pressão arterial elevada e excesso de peso observados em 19,9% e 11,2% das crianças, respectivamente. Houve associação direta de pressão arterial elevada com idade [razão de prevalência (RP) = 2,3; IC95%: 1,2 - 4,8; p = 0,017] e excesso de peso (RP = 2,0; IC95%: 1,2 - 3,6; p = 0,014). As demais variáveis não se associaram a pressão arterial elevada. Conclusões: A prevalência de pressão arterial elevada em crianças foi alta. Aquelas com excesso de peso e mais jovens apresentaram maior prevalência de níveis pressóricos elevados.
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Fundamentos: Há uma carência de dados epidemiológicos sobre o perfil de risco cardiovascular nos pacientes renais crônicos em hemodiálise no Brasil. Objetivo: O estudo CORDIAL foi planejado para avaliar fatores de risco cardiovascular e acompanhar a evolução de uma população em programa de hemodiálise numa cidade metropolitana do Brasil. Métodos: Todos os pacientes em hemodiálise por doença renal crônica nos quinze centros de nefrologia de Porto Alegre foram considerados para inclusão na fase inicial do estudo CORDIAL. Dados clínicos, laboratoriais e demográficos foram obtidos nos registros médicos, e em entrevistas individuais estruturadas realizadas com todos os pacientes por pesquisadores treinados. Resultados: Foram incluídos 1215 pacientes (97,3% de todos os que estavam em hemodiálise na cidade de Porto Alegre). A média de idade era 58,3 anos, 59,5% eram homens e 62,8% eram brancos. A prevalência de fatores de risco cardiovascular encontrada foi 87,5% para hipertensão, 84,7% para dislipidemia, 73,1% para sedentarismo, 53,7% para tabagismo e 35,8% para diabetes. Em uma análise multivariada ajustada, sedentarismo (p = 0,032; RP 1,08 - IC95%: 1,01-1,15), dislipidemia (p = 0,019; RP 1,08 - IC95%: 1,01-1,14), e obesidade (p < 0,001; RP 1,96 - IC95%: 1,45-2,63) foram mais frequentes em mulheres; e hipertensão (p = 0,018; PR 1,06 - IC95%: 1,01-1,11) e tabagismo (p = 0,006; RP 2,7 - IC95%: 1,79-4,17) foram mais frequentes naqueles com menos de 65 anos. Sedentarismo apresentou uma associação independente com tempo em diálise inferior a 12 meses (p < 0,001; RP 1,23 - IC95%: 1,14-1,33). Conclusão: Pacientes em hemodiálise nesta metrópole do sul do Brasil apresentaram uma prevalência elevada de fatores de risco cardiovascular similar a diversos países do hemisfério norte.
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O objetivo neste artigo é analisar de que forma trabalhadores de uma empresa utilizaram o humor para manifestar-se contra demissões e terceirizações ocorridas nos anos 2000. Enquanto ela pregava a implantação de uma nova maneira de ser da empresa, que seria mais moderna, transparente e participativa, os trabalhadores produziram dois vídeos, postados no YouTube, para contar outra história, ridicularizar o discurso oficial e protestar. Ao combinar a utilização do humor com a Internet, os trabalhadores demonstraram sua capacidade de atualizar-se e encontrar novas formas de manifestar-se diante das situações vividas por eles, o que parece ter ampliado seu poder na luta simbólica. Embora as demissões e terceirizações não tenham sido revertidas, a "nova" gestão foi substituída pelos acionistas após dois anos de mandato. Os vídeos foram analisados a partir da técnica de análise de discurso de base francesa, que considera textos orais e escritos como discursos, e com o suporte da semiótica para a análise das imagens que acompanham a letra. A análise indica que os trabalhadores denunciam o rompimento do contrato psicológico estabelecido pela empresa, que se baseava na estabilidade do emprego. Os autores dos vídeos associam a empresa a uma figura feminina, ora mãe, ora amante, e o trabalho nela como algo que estava predestinado em sua vida. Eles demonstram o sentimento de abandono e traição, condizente com esse tipo de situação.
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As diferentes teorias interpretativas do processo saúde-doença identificáveis ao longo da história têm como decorrência distintos projetos de intervenção sobre a realidade, em resposta a necessidades sociais. Até o século XIX, tais teorias podem ser sintetizadas nas vertentes ontológica e dinâmica. Na concepção ontológica, a doença assume o caráter de uma entidade natural ou sobrenatural, externa ao corpo humano, que se manifesta ao invadi-lo. A concepção dinâmica vê a doença como produto da desarmonia entre forças vitais, sendo que o restabelecimento da saúde advém da restauração do equilíbrio Ao final do século XVIII, predominavam na Europa como forma de explicação para o adoecimento humano os paradigmas sócio-ambientais, vinculados à concepção dinâmica, tendo se esboçado as primeiras evidências da determinação social do processo saúde-doença. Com o advento da Bacteriologia, a concepção ontológica firmou-se vitoriosa e suas conquistas levaram ao abandono dos critérios sociais na formulação e no enfrentamento dos problemas de saúde das populações. Na atualidade, identifica-se o predomínio da multicausalidade, com ênfase nos condicionantes individuais. Como alternativa para a sua superação, propõe-se a articulação das dimensões individual e coletiva do processo saúde-doença, em consonância com a Teoria da Intervenção Práxica de Enfermagem em Saúde Coletiva.