219 resultados para Hábitos
Resumo:
Na região estuarina da Lagoa dos Patos, o siri-azul Callinectes sapidus Rathbun, 1869 é o mais abundante dentre as espécies do gênero. Apesar do siri-azul exercer influência sobre as comunidades bentônicas, por ser considerado um predador do topo da cadeia alimentar, não existem muitos estudos sobre aspectos ecológicos, inclusive sobre a composição e variabilidade sazonal de sua dieta natural, neste estuário. O objetivo principal deste estudo foi investigar a composição da dieta do siri-azul, evidenciando possíveis relações com a comunidade bentônica da região estuarina da Lagoa dos Patos. O período de estudo foi de março de 2003 a março de 2004, com coletas bimestrais. Os organismos foram coletados com auxílio de rede de arrasto de fundo, com malha de 13 mm entre nós opostos. Ainda em campo os animais foram fixados em formol 10%. Após a coleta os animais foram separados quanto ao sexo, medidos (largura e comprimento da carapaça - cm) e pesados (peso - g). Após a triagem, os animais foram dissecados e os intestinos retirados e pesados. As análises dos conteúdos alimentares dos siris demonstraram que os hábitos alimentares são diversificados, constituindo-se principalmente de invertebrados bentônicos. O item encontrado com maior freqüência foi Detrito, seguido pelo molusco filtrador Erodona mactroides Bosc, 1802 (Erodonidae). Crustáceos da classe Ostracoda e grãos de areia foram importantes componentes dos conteúdos dos intestinos anteriores, sendo que areia não foi considerada como item alimentar, propriamente dito. Também foram encontradas cerdas e mandíbulas de poliquetos, além de sementes das macrófitas Ruppia maritima L. (Potamogatonaceae) e Zannichellia palustris L. (Potamogatonaceae). Este estudo serve como subsídio para medidas de proteção e conservação da população do siri-azul, bem como caracteriza relações tróficas com comunidades bentônicas do estuário da Lagoa dos Patos.
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O objetivo do presente trabalho foi caracterizar o ritmo de atividade e tempo de digestão em Aegla longirostri Bond-Buckup & Buckup, 1994. Os animais foram coletados em Santa Maria, RS, Brasil. Em laboratório, os animais foram transferidos para aquários individuais (5L). Para testar a atividade locomotora e alimentar dos aeglídeos um grupo de animais permaneceu sob luminosidade constante durante 12 horas, enquanto outro grupo permanecia no escuro, essa condição sendo invertida a cada 12 horas. As observações foram realizadas a cada 6 horas. Para determinar o tempo de digestão os animais foram alimentados e a cada 30 minutos um indivíduo era sacrificado. Aegla longirostri mostrou menor atividade em períodos de luminosidade, o que aconteceu nos dois grupos de animais. Essa espécie leva aproximadamente 5 horas para concluir a digestão extracelular. Os resultados sugerem que A. longirostri possui hábitos noturnos e provavelmente se alimenta sempre que há recursos disponíveis.
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As comunidades de formigas que vivem em fragmentos de Mata Atlântica rodeados por um ecossistema urbano bem desenvolvido, foram investigadas. Avaliou-se a riqueza, a freqüência de ocorrência das espécies bem como a similaridade entre três áreas da cidade de São Paulo: Parque da Previdência (PP), Reserva Florestal "Armando Salles de Oliveira" (CUASO) e Horto Oswaldo Cruz (HOC). Foram colocadas armadilhas do tipo "pitfall" em locais onde não ocorre visitação pública, durante uma semana, nos meses de março, junho, setembro e dezembro de 2001. Em todos os fragmentos foram coletadas 79 espécies de formigas, pertencentes a nove subfamílias e 32 gêneros. A subfamília Myrmicinae e os gêneros Pheidole e Hypoponera foram os mais ricos. No PP foram registradas 62 espécies, na CUASO 46 e no HOC 43, sendo que PP e CUASO são mais similares entre si. Tal similaridade possivelmente esteja relacionada ao tamanho de ambas as áreas e, também, a uma semelhança nos sítios de nidificação e de alimentação. No geral, a fauna de formigas é generalista, com a presença de alguns gêneros especialistas, como Discothyrea, Acanthognathus, Gnamptogenys, Oxyepoecus e Pyramica; ou de gêneros cujos hábitos alimentares ainda são desconhecidos (Heteroponera e Myrmelachista). A presença de espécies caracteristicamente de áreas domiciliares também foi constatada: Pheidole megacephala Fabricius, 1793, Linepithema humile Mayr, 1868, Wasmannia auropunctata Roger, 1863, Paratrechina fulva Mayr, 1862, P. longicornis Latreille, 1802 e Tapinoma melanocephalum Fabricius, 1793.
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A riqueza e a diversidade de anfíbios anuros de serapilheira em áreas de floresta e de pastagem foram estudadas em Rondônia. A eficiência da utilização de armadilhas de interceptação e queda foi analisada. As armadilhas foram instaladas em três ambientes distintos: interior de floresta, distante de ambientes aquáticos permanentes; interior de floresta, a cerca de 100 metros de rio; área de pastagem, distante de ambientes aquáticos permanentes. Foram capturados 1.324 espécimes pertencentes a 27 espécies, distribuídas em nove famílias: Aromobatidae (1 espécie), Brachycephalidae (2), Bufonidae (4), Cycloramphidae (1), Dendrobatidae (1), Hylidae (5), Leiuperidae (1), Leptodactylidae (7) e Microhylidae (5). O emprego de armadilhas de interceptação e queda permitiu registrar 57% das espécies conhecidas para essa localidade, sendo particularmente eficiente para a captura de anuros de hábitos terrícolas e fossoriais. Foram capturados menos indivíduos nos três meses mais secos e houve maior diversidade durante a estação chuvosa. Maior riqueza e diversidade foram registradas nos ambientes florestados, em relação à pastagem, observando-se decréscimo de espécies com o desmatamento. A conversão da floresta em pastagens ocasiona modificações no ambiente (diminuição de locais para reprodução, diminuição da disponibilidade de alimento, perda da serapilheira, compactação do solo, alterações microclimáticas, aumento da abundância de espécies de áreas abertas, etc.) criando condições desfavoráveis para a sobrevivência de algumas espécies.
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Este estudo foi realizado no rio Ceará Mirim, Estado do Rio Grande do Norte. No local de coleta, este rio apresenta águas transparentes e predominância de macrófitas aquáticas nas margens. Este estudo teve como objetivos descrever os hábitos alimentares e verificar a existência de sobreposição alimentar na dieta de quatro espécies simpátricas de Cheirodontinae: Compsura heterura Eigenmann, 1915 (n= 452), Serrapinnus heterodon (Eigenmann, 1915) (n= 473), S. piaba (Lütken, 1875) (n= 509) e Serrapinnus sp. A (n= 313). Os espécimes foram coletados mensalmente, entre abril de 2001 e abril de 2002, com redes de arrasto. Os conteúdos estomacais foram analisados através dos métodos de frequência de ocorrência, composição percentual e índice de importância alimentar. A sobreposição alimentar foi calculada entre os pares de espécies através do índice de Morisita. As espécies não mostraram variação sazonal na dieta. Algas, matéria vegetal, microcrustáceos e insetos autóctones foram predominantes na dieta das espécies. Serrapinnus heterodon e Serrapinnus sp. A apresentaram hábito alimentar onívoro, enquanto C. heterura e S. piaba apresentaram o hábito alimentar onívoro com tendência à herbivoria. Além disso, altos valores de sobreposição alimentar entre as espécies foram observados em decorrência do consumo de itens similares. Estes resultados sugerem que os recursos alimentares são abundantes e suficientes para serem partilhados por estas quatro espécies onívoras em simpatria.
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Durante os anos 2000 e 2001 foram realizadas coletas sazonais de crustáceos decápodes em dois pontos de um rio na Estação Ecológica Juréia-Itatins, utilizando-se duas metodologias distintas (peneira e armadilha). Comparando-se ambos os métodos de coleta, foram constatadas diferenças quanto à composição e riqueza da carcinofauna capturada, grau de dominância e equitatividade, bem como tamanho e número de indivíduos coletados. Além disso, as razões sexuais de Macrobrachium acanthurus (Wiegmann, 1836) podem diferir dependendo do método de coleta utilizado. Devido à grande variedade de hábitats e hábitos dos crustáceos, pode-se inferir que, para um levantamento qualitativo e/ou quantitativo eficaz e apurado da comunidade de crustáceos decápodes dulcícolas de um determinado rio, é recomendado o uso de mais de um método de coleta.
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En este trabajo se presentan nuevos aportes sobre la historia natural de la mulita pampeana Dasypus hybridus (Desmarest, 1804) (Mammalia, Xenarthra, Dasypodidae). Los estudios de campo fueron llevados a cabo en 100 ha de cuatro establecimientos agropecuarios de la provincia de Buenos Aires, Argentina. Durante tres años se realizó un muestreo estacional de armadillos por captura y liberación. Se obtuvieron datos de hábitos alimentarios, uso del espacio y del tiempo, comportamiento, termorregulación, datos poblacionales y morfológicos. Se realizaron 71 capturas. En la dieta el ítem principal registrado fue material vegetal, seguido por hormigas e insectos coleópteros; no se observó una diferencia estacional en los hábitos alimentarios. La actividad de las mulitas se concentra durante el día, existió una baja en la frecuencia de observación durante las estaciones frías (otoño e invierno). La mulita pampeana prefiere suelos húmicos, terrenos altos y pastizales densos y altos; asimismo seleccionan los montes para refugiarse. Son individuos asociales. La temperatura rectal mostró correlaciones positivas con la temperatura ambiente. La proporción de sexos fue cercana a uno y no se observó dimorfismo sexual. Los resultados obtenidos concuerdan parcialmente con lo observado para otras especies del género, destacando las tendencias observadas en los hábitos alimentarios y en la estrategia termorregulatoria. Este trabajo representa un aporte en varios aspectos de una especie poco estudiada en una zona bajo importantes presiones de uso y modificación de hábitat.
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A biota aquática da bacia do rio Paraná tem sido impactada por várias barragens. Este estudo teve como objetivo caracterizar e comparar sazonalmente a alimentação dos peixes do rio Grande, à jusante da usina de Itutinga. Neste trecho de rio é esperada a redução do efeito sazonal devido à regulação do fluxo. A coleta foi realizada em janeiro e julho de 2010, com redes de emalhar e de arrasto. Os peixes foram fixados em formol e conservados em álcool para a análise dos conteúdos estomacais. A dieta foi caracterizada pelo índice alimentar (IA) e a guilda a que cada espécie pertence foi determinado pelo teste de χ². A alimentação de cada espécie e a ocorrência dos itens alimentares foram comparadas nos períodos de seca e chuva utilizando-se as análises de nMDS e SIMPER. Foram analisados 809 estômagos de 32 espécies de peixes categorizadas nas guildas piscívora, herbívora, iliófaga/detritívora, algívora, frugívora, invertívora e generalista, sendo esta a guilda de maior riqueza de espécies. O nMDS indicou menor diversificação na dieta em julho, quando foi observado um aumento na ocorrência de vegetal, invertebrados e sedimento. Este estudo ampliou o conhecimento dos hábitos alimentares dos peixes e o efeito do barramento local sobre a dieta das espécies em virtude da regularização do fluxo.
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Este estudo teve como objetivo caracterizar e comparar a alimentação de 13 espécies de peixes em três zonas (zona de influência fluvial, zona de transição e zona lacustre) do reservatório de Itupararanga. Foram analisados 436 estômagos, sendo encontrados 17 recursos alimentares, todos de origem autóctone. As dietas predominantes das espécies foram: peixe, inseto, material vegetal e detritos na zona de influência fluvial, peixe, sedimento e material vegetal na zona de transição e inseto, escama e peixe na zona lacustre. Através do Índice Alimentar, as espécies foram categorizadas nas guildas: piscívora, insetívora, detritívora e carcinófaga. O Cluster indicou separação da guilda insetívora em espécies generalistas (insetos diversos) e especialista (Chironomidae) o que aumenta para cinco guildas. Na zona fluvial foram verificadas quatro guildas; na zona de transição três guildas e na zona lacustre duas guildas. Observou-se ainda uma dominância de espécies piscívoras que pode estar relacionada à idade do reservatório. Este estudo ampliou o conhecimento dos hábitos alimentares dos peixes em reservatórios antigos e suas diferenças, comparando as zonas existentes.
Resumo:
1) Em trabalho sistematizado, foi estudada pela primeira vez a epidemiologia da doença de Chagas, em um trecho da região do estuário do Amazonas, cujas condições ecológicas diferem das encontradas em outras zonas onde teem sido feitas pesquisas semelhantes. 2) No local escolhido para estudo Aura uma localidade distante cerca de 10 km. de Belém, (Pará), não foi encontrada nenhuma infecção humana pelo S. cruzi, quer pelo exame de sangue, quer pelo xenodiagnóstico, ambos feitos em todos os habitantes (117 indivíduos). Não foi encontrada também sintomatologia atribuível à doença. 3) Em 6 xenodiagnósticos feitos em animais domésticos (5 cães e 1 gato), foi encontrado um cão infectado. Este animal pertencia á casa onde foi verificada maior infestação por Triatomídeos, com índice de infecção elevado. Pelas razões expostas no texto, porem, foi sugerida a hipótese do mesmo se ter infectado pela ingestão de vísceras de animais silvestres contaminados. 4) De 115 animais silvestres, cujo sangue foi examinado em gota espessa, 9 mostraram-se parasitados por Schizotrypanum (7,8%). Em 47 verificações pelo xenodiagnóstico, 15 animais silvestres (11 mucuras, 3 tamanduás e 1 tatú) se apresentaram positivos (32,6%) . O tamanduá (T. tetradactylus) foi pela primeira vez assinalado como depositário natural do Schizotrypanum. 5) Como resultado de buscas feitas durante 11 meses, sendo cada domicílio inspecionado pelo menos de 15 em 15 dias, foram encontrados Triatomídeos em 7 das 36 casas existentes no povoado. Todos os 39 exemplares capturados eram adultos; a procura exaustiva não revelou a existência de formas jovens no interior das habitações. Na ordem de freqüência, as espécies encontradas foram as seguintes: P. geniculatus (29 exemplares, dos quais 7 infectados); R. pictipes ( 9 exemplares, dos quais 2 infectados); E. mucronatus ( 1 exemplar, não infectado) . A grande maioria dos insetos foi capturada na segunda metade do ano (época do estío). 6) Em plena mata, numa toca de tamanduá (T. tetradactylus) foram encontradas larvas, ninfas e adultos de P. geniculatus. A casa situada mais próximo desse foco, foi a que apresentou maior infestação (22 exemplares) e exclusiva para essa espécie. Em uma toca de macaco da noite (P. flavus), foi encontrada uma larva de Triatomídeo. Este foco também ficava próximo à casa acima referida. Em toca de P. flavus foi também achado um exemplar adulto de Panstrongylus refotuberculatus. 7) Amostras de S. cruzi isoladas de animais silvestres, mostraram fraco poder infectante. A amostra isolada do cão, embora infectando facilmente os animais de laboratório, pelos estudos biométricos feito por DIAS e FREITAS, afasta-se das amostras humanas típicas. 8) São discutidos os resultados acima referidos e, pelos hábitos dos transmissores, pela predominância de depositários silvestres do parasito, conclue-se pela natureza silvestre da Tripanosomiase Americana no local estudado. Se bem que não tenham sido verificadas infecções humanas, dado o encontro de um cão parasitado infecção esta que se pode ter verificado pelo meio normal da transmissão da moléstia admite-se a possibilidade do aparecimento de casos humanos nessa região. Ressalta-se a confirmação que tais resultados parecem trazer á hipótese de CARLOS CHAGAS, que pensava ser esta doença primitivamente silvestre, com posterior adaptação aos animais domésticos e ao homem.
Resumo:
São relatados estudos epidemiológicos feitos em um foco potencial de Tripanosomiase americana no bairro Santa Teresa na Cidade do Rio de Janeiro. Enquanto a pesquisa intensiva de Triatomideos em 40 "cafuas" existentes em áreas silvestres do local foi negativa, 11 exemplares (seis fêmeas e cinco machos) de Panstrongylus mzgistus (Burmeister, 1835) foram capturados em um grande edifício do local, estando nove infectados pelo Trypanosoma (S.) cruzi. Positivamente, tais insetos aí vieram ter atraídos pela grande iluminação dêsse edifício, seus focos de criação encontrando-se na mata. Não foi possível demonstrar de modo indiscutível tais criadouros em cuidadosas pesquisas feitas durante 10 meses. Todavia, em ninho de gambá (Didelphis marsupialis) foi achado uma casca de ovo de Triatomídeo, o qual pode ser atribuído ao P. megistus. Também em ninhos dos mesmos marsupiais e também de ratos silvestres foi descoberto um novo Triatomídeo (Parabelminus carioca Lent, 1943) novo transmissor do Trypanosoma (S.) cruzi, e que foi motivo de uma publicação anterior. De 42 exemplares de gambás (D. marsupialis) submetidos ao exame direto do sangue e ao xenodiagnóstico, 15 (ou seja 35.7 %) mostraram-se naturalmente infectados pelo T. (S.) cruzi. Dêstes quinze, quatro foram negativos ao exame direto de sangue, mas positivos ao xenodiagnóstico. Outro marsupial (Metachirus nudicaudatus Geoffroy), antes ainda não referido como depositário silvestre do Trypanosoma (S.) cruzi, foi verificado com infecção natural pelo xenodiagnóstico. A amostra "gambá de T. (S.) cruzi, mostrou-se patogênica para cao rhesus, gato e cobaio. Foi possível cultivá-la em meios de Nöller e NNN. A amostra "cuica" foi capaz de infectar cão e cobaio e também foi cultivada. A amostra "panstrongylus" também infectou cão e cobaio. Camondongos (Mus musculus, var albina) inoculados com qualquer uma das amostras, não apresentaram infecção sanguínea apreciável ao exame direto, enquanto que exibiam uma infecção peritoneal. Exame clínico sumário de 58 indivíduos residentes no local, permitiram o encontro de duas crianças com sintomas atribuíveis a doença de Chagas, mas o xenodiagnóstico dêstes pacientes foi negativo. Exames de sangue à fresco e xenodiagnóstico de 19 cães (cerca de 50 % dos existentes na zona estudada) foram negativos. Assim também de dois gatos. A possibilidade de infecção humana pelo T. (S.) cruzi no local estudado, é remota, considerados os hábitos silvestres aí observados nos transmissores. Porém, uma vez que aí existem depositários naturais abundantes dêsse tripanosoma, e também transmissores com alto índice de infestação, é possível a ocurrência de casos clínicos da moléstia, tanto mais quando se recorda que P. megistus tem geralmente habitos domiciliares em outras regiões do País, fàcilmente podendo adaptar-se às "cafuas" existentes no local. Por outro lado, a presença aí de famílias oriundas de zonas de endemia (Minas) poderá ainda apressar a existencia de condições domésticas de contágio.
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É apresentada uma revisão das recentes aquisições na anemia ancilostomótica, assinalando a importância de alimentação qualitativamente deficiente junto á infestação helmíntica na gênese desta doença. Acentuou-se que a anemia ancilostomótica é uma doença de carência. Profilaxia clássica da Ancilostomose resume-se em evitar a infestação do homem pelos ancilostomídeos. Critica-se a aplicabilidade destas medidas e eficiência das mesmas no que diz respeito á incidência da anemia. O presente trabalho mostra aquisições preliminares sôbre fundamentos de uma profilaxia de carência (tipo profilaxia do bócio endêmico) da anemia ancilostomótica, baseada na administração de alimentos contaminados por um sal de ferro. As misturas sulfato ferroso-farinha de mandióca e citrato férrico amoniacal-caldo de feijão, mostraram-se eficientes em prevenir a queda das cifras hemáticas durante largos períodos de tempo em indivíduos maciçamente infestados (6-8 meses). Não foi verificada a dose diária mínima eficiente dêstes sais, obtendo-se resultados satisfatorios mesmo com 0.1 g diária de sulfato ferroso (correspondendo a 0.037 g de ferro metálico). Numerosos alimentos e sais de ferro foram experimentados com resultados infrutíferos por diferentes razões. A influência dos helmintos, pela hemorragias intestinais que acarretam poude ser mais uma vez estudada, nos casos de sais de ferro administrados em doses ineficientes ou em períodos de prova sem medicação marcial. É proposta nova classificação de intensidade de infestação, levando em consideração o conhecido fato de ser a atividade dos helmintos, exclusivamente expoliadora. Em conclusão, nos parece exequível a profilaxia da anemia ancilostomótica mediante ingestão de alimentos contaminados por quantidades eficientes de sais de ferro. Êste método profilático extremamente econômico será na prática, provàvelmente, muito superior aos métodos de profilaxia anti-helmíntica, que além de onerosos são pouco práticos, pois interferem em hábitos enraizados nas populações rurais.
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São resumidas as referências encontradas na literatura sôbre infestações de acarianos em culturas de cogumelos e as dificuldades encontradas para exterminá-los. Descrevem-se com detalhes as características das culturas infestadas que permitem a suspeita e mesmo certeza de infestação pela simples observação da cultura. É feito um estudo sôbre a morfologia, evolução e hábitos dos acarianos que infestaram a micoteca do Instituto Oswaldo Cruz, provávelmente Tyroglyphus longior e Tarsonemus floricolus. São descritas as experiências feitas com várias drogas no sentido de combater os acarianos. Finalmente os autores aconselham o uso do querosene em larga escala não só para matar os acarianos como também para evitar novas infestações. O querosene deverá ser pingado externamente nas rõlhas de algodão dos tubos de cultura e aplicado largamente sôbre suportes, armários, etc.; as placas de petri deverão ser colocadas sôbre papel de filtro embebido em querosene.
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Salientando os diversos aspectos a atender, para a solução racional do problema da alimentação na Amazônia, aliás já fixados em 1941 pela Comissão que traçou as linhas gerais de um plano de saneamento dessa vasta região, aludem os A.A. às realizações já empreendidas dentro do programa traçado, e que versaram apenas sôbre os hábitos alimentares de um grande núcleo de população e sôbre o valor nutritivo de alguns elementos pouco conhecidos da fauna e da flora locais. Abordam, à guisa de ensaio, neste trabalho, o ponto concernente ao planejamento de regimes adequados, que se adaptem tanto às exigências, como as possibilidades regionais. Frisam, então, de início, as bases racionais a que devem eles obedecer respeito não só à redução do total de calorias, fornecidas, nos seus 2/3, por hidratos de carbono e ao qual se subordinam as cotas das três principais vitaminas do complexo B,* como também a restrição, igualmente indicada, da taxa de proteínas; respeito, ainda, as cotas recomendáveis das vitaminas A e C e de cálcio, dando aí especial atenção ao detalhe da sua aproveitabilidade. Referem, de passagem, à conveniência de não se descurar do problema do ferro alimentar, em face das endemias reinantes na região e das dificuldades para fazer, artificialmente, o enriquecimento marcial dos regimes, já que, para instituí-los, partem do principio de ser vantajoso lançar mão de recursos de produção local, sem ficar em marcada dependência de grandes centres distribuidores regionais. Mostrando as dificuldades para a utilização, na escala desejada, da carne e leite de vaca, como artigos básicos de regime e apontam, entre os percalços, os inerentes ao transporte e conservação desses alimentos apresentam uma tabela básica, para o adulto em trabalho moderado, a qual lhe fornece 2.600 calorias diárias e obedece aos pontos fundamentais já aludidos. Nela figuram: os peixes, cujas variedades de pequeno porte poderão, com vantagem, ser consumidas fritas ou torradas, com espinhas; o amendoim; as verduras de produção econômica na Amazônia, incluídas na lista as ramas de batata doce, da mandioca e do inhame; essas raízes e tubérculos feculentos, de parceria com o cara; a farinha de mandioca, de grande uso na região; frutas, em que e, alias, rica a flora local; melado ou rapadura, como boa fonte de açucarados, cálcio e ferro; gorduras de origem animal e vegetal. Detêm-se, a propósito de cada um desses alimentos, sôbre o seu valor nutritivo e as possibilidades reais de produção local ou regional. Enumeram, por fim, vários outros, a que, similarmente, será possível recorrer, em maior ou menor escala criação de animais domésticos, caças, carne e ovos de tartaruga, arroz, raízes, brotos de palmeiras, feijão de vara, castanhas de sapucaia, do caju e do Para numa demonstração de ser possível a Amazônia valer-se, de muito, a si própria, no tocante à alimentação das suas populações.
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São relatadas as observações a respeito dos hábitos de defecação e de sucção em 6 espécies de hemípteros hematófagos. O quadro abaixo reúne os resultados mais gerais obtidos, apreciados em conjunto: Espécies de exemplares utilizados; % de insetos que defecaram durante ou logo após a picada; N.º médio de defecações nas 3 primeiras horas após o repasto; Duração média de sucção (minutos); % de insetos que sugaram sem interromper a picada. R. prolixus 2 machos, 8 fêmeas e 10 ninfas (50,0; 13,7; 14,2; 20,0). R. neglectus 2 machos, 8 fêmeas e 10 ninfas (30,0; 9,6; 18,5; 20,0). T. infestans 2 machos, 11 fêmeas e 20 ninfas (30,0; 7,1; 15,5; 47,5). P. megistus 6 machos, 10 fêmeas e 12 ninfas (22,7; 3,4; 22,7; 82,1). T. sordida 13 machos e 11 ninfas (12,5; 4,5; 20,0; 79,2). T. vitticeps 11 ninfas (0; 6,2; 26,8; 90,9). De modo geral, a capacidade de defecar no ato da picada mostrou-se diretamente proporcional ao número de defecações (nas três primeiras horas) e à freqüência das interrupções da picada, e inversamente proporcional ao tempo de duração da sucção. Os barbeiros adultos se mostraram mais aptos a defecar no ato da picada do que em fase de ninfa, as fêmeas mais do que os machos. Das espécies observadas, o R. prolixus foi a que melhores condições demonstrou para realizar a contaminação fecal do hospedeiro vertebrado. Sugere-se que um estudo mais aprofundado sôbre a eficácia contaminativa dos diversos transmissores do S. cruzi seja feito de preferência no verão e à noite, em zonas onde grassa endêmicamente a doença de Chagas.