229 resultados para religiões afro-brasileiras
Resumo:
A utilização do corpo como instrumento de culto e louvor, em técnicas de cura ou de outros tipos, por católicos carismáticos, que tem despertado tanta atenção, também por sua exibição na mídia (através da atuação de ministros como o padre Marcelo Rossi, no Brasil), permite uma reflexão e um estudo comparativo com outras formas de culto, entre as quais aquelas com características xamânicas, como a pajelança rural amazônica (não indígena) e as religiões afro-brasileiras. Partindo da noção de técnicas corporais, formulada por Marcel Mauss, e lidando com conceitos de autores como Merleau Ponty, Pierre Bourdieu e Thomas Csordas, o artigo analisa parte do material empírico coletado pelo autor em sua pesquisa de campo, que tem como locus a cidade de Belém e a região do Salgado, na Amazônia Oriental brasileira.
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Algumas informações sobre as religiões afro-brasileiras (candomblé e umbanda) nos chegam por meios como a indústria fonográfica, o rádio e a televisão. Nesse cenário, a música popular brasileira (MPB) ocupa importante papel de divulgadora dessa religiosidade. Em vista disso, nesse trabalho procuro interpretar os modos pelos quais os valores dessas religiões aparecem na MPB tendo como campo empírico a produção artística de Clara Nunes (análise de letra de música, da performance em shows, clipes e apresentações em programas de TV, assim como dos símbolos escolhidos na divulgação de seu trabalho, presentes em encartes e capas de LPs).
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Este trabalho volta-se para um movimento religioso conhecido como Vale do Amanhecer, que surge no final dos anos 1960 em Brasília e marca-se por um intenso sincretismo religioso, agregando elementos do catolicismo, espiritismo, religiões afro-brasileiras e Nova Era. Os adeptos desse movimentos são reconhecidos como médiuns, com dois tipos distintos: o Apará, que incorpora as entidades espirituais; e o Doutrinar, que não incorpora, porém comanda os rituais. Nossa análise recaí sobre o primeiro tipo, mais especificamente sobre a relação entre seu corpo e o pertencimento religioso, tomando por base os dados obtidos por meio de pesquisa etnográfica, principalmente durante um ritual denominado "Trono".
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Resumo O artigo aborda a mediação de objetos e lugares para o aprendizado da hierarquia religiosa e como fonte de registro de memória na tradição oral do batuque gaúcho. Apresento relato etnográfico sobre os antepassados na Nação Oyó, demonstrando como a geografia porto-alegrense faz memorá-los e saudá-los em seu sentido mais genérico, como orixás e escravos da África. Em sentido específico, são os objetos, sagrados ou não, que remetem aos parentes de santo mais “antigos”, vivos ou mortos. Os ensinamentos transmitidos por pais de santo a seus filhos são mediados por passeios em pontos específicos da cidade e pela utilização desses objetos, fazendo com que a memória conecte corpo e mente e também objetos e lugares.
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Resumo Neste artigo tomamos os conceitos de religião e espaço público como domínios relacionais. A partir dessa abordagem, seguimos as propostas de van de Port no que se refere à circularidade do candomblé de orixá no espaço público baiano, buscando articular as ideias do autor ao reconhecimento de que a circularidade produz uma cartografia atravessada por mediadores heterogêneos, ou seja, de que o candomblé propicia agenciamentos variados, incluindo-se, entre esses, os bens simbólicos de ampla circulação no espaço público. Com base nesses argumentos, procuramos compreender as relações entre candomblé de egun e candomblé de orixá na Ilha de Itaparica, apresentando elementos etnográficos que sugerem uma problematização do argumento de van de Port, indicando que a circulação do candomblé nessa localidade não se processa como em Salvador, mas apresenta assimetrias importantes nos modos de legitimação e visibilização social dessa religião em Itaparica.
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Uma das atenções da política externa brasileira nos últimos anos tem sido concedida ao relacionamento Sul-Sul. Dentro deste, as relações com os países da CPLP tem adquirido papel crescente, pelo menos em termos retóricos. O objetivo desse texto é analisar a real importância concedida pelo governo brasileiro aos países de língua portuguesa desde a criação da CPLP.
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Resumo O artigo apresenta uma análise histórica da vida do liberto africano José Pedro Autran, casado, na Bahia, com Iyá Nassô, a fundadora do candomblé da Casa Branca. A primeira parte analisa a heterogênea rede social de Autran entre 1822 e 1837, mostrando como o parentesco, o compadrio, a iniciação espiritual e a posse escrava imbricavam o grupo doméstico com a comunidade de terreiro liderada por sua mulher. A segunda parte examina a viagem do casal de retorno à África em 1837 e o seu estabelecimento no porto de Uidá. Baseado em pesquisa etnográfica realizada nessa cidade, o texto focaliza uma família que reclama descendência de José Pedro Autran e a memória de um templo de Xangô que ele teria fundado.
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O advento de novas drogas anti-retrovirais como os inibidores de protease provocou mudanças sensíveis na morbidade e mortalidade de pacientes infectados pelo HIV. OBJETIVOS: Avaliar o impacto das novas drogas anti-retrovirais (Highly Active Anti-retroviral Therapy - HAART) na prevalência de otite média crônica em população pediátrica infectada pelo HIV. MÉTODOS: Analisamos os prontuários de 471 crianças com idade entre zero e 12 anos e 11 meses portadoras de HIV atendidas no ambulatório de AIDS de Clínica Otorrinolaringológica do HCFMUSP. As crianças foram divididas em dois grupos, de acordo com a faixa etária: 0 a 5 anos e 11 meses e 6 a 12 anos e 11 meses, e classificadas como portadoras de otite média crônica, baseadas em achados de anamnese, otoscopia, audiometria e imitanciometria. As prevalências de otite média crônica apresentadas e as contagens de linfócitos T CD4+ foram comparadas entre as crianças em uso ou não de HAART. RESULTADOS: Das 459 crianças atendidas, 65 (14,2%) apresentavam otite média crônica. Observamos, nas crianças de 0 a 5 anos e 11 meses que o uso de HAART esteve associado a significante menor prevalência de otite média crônica (p = 0,02), e maior contagem de linfócitos T CD4+ (p < 0,001). CONCLUSÃO: O uso de HAART esteve associado à menor prevalência da forma crônica de otite média entre crianças menores de 6 anos infectadas pelo HIV, provavelmente como conseqüência do aumento promovido na contagem de linfócitos T CD4+.
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Este artigo aborda brevemente a evolução das relações entre Brasil e Rússia, desde os tempos da União Soviética, para remarcar o contraste entre uma relação até bem pouco tempo distante e o atual status de parceria que une os dois países. Estas relações bilaterais são descritas e analisadas a partir de áreas temáticas diferenciadas: político-diplomática, econômico-comercial e de cooperação tecnológica. O texto inclui também conceitos presentes fundamentalmente no desenho e análise da política externa brasileira, tais como: desenvolvimento, países-continente e parcerias estratégicas. O contexto do pós-Guerra Fria favoreceu o desenvolvimento desta relação, mas as percepções recíprocas em relação a condição de países-continente, bem como o papel que lhes cabe como atores relevantes na construção de um ordem multipolar, são considerados como os principais pilares do estabelecimento de uma parceria estratégica entre Brasil e Rússia.
Resumo:
Este artigo traz algumas reflexões acerca da presença empresarial brasileira no mercado africano, enfocando particularmente a visão de diferentes autores que se voltaram para o estudo das relações comerciais entre o Brasil e a África. O texto objetiva responder a duas questões principais. Primeiramente, sob que motivações o comércio Brasil-África obteve um notável crescimento entre os anos 1970 e 1990? Segundo, quais as perspectivas que se apresentam para o empresário brasileiro que deseje iniciar negócios na África? Através da pesquisa bibliográfica e entrevistas com executivos que atuaram na África no período mencionado, além de especialistas em comércio exterior, constatou-se que nos anos mencionados o governo brasileiro concedeu generosos incentivos aos empreendimentos direcionados para o mercado africano. Com o fim dessa política privilegiada, muitas empresas fracassaram, no entanto algumas permanecem em atividade, a exemplo da Câmara de Comércio Afro-Brasileira e da Construtora Norberto Odebrecht cujas trajetórias proporcionaram a entrada de outras empresas brasileiras no mercado africano, além de propiciarem importantes lições a empreendedores que desejam iniciar negócios no mercado africano. Concluímos que, a despeito da redução do apoio estatal e das mudanças no ambiente econômico interno e externo brasileiro, as oportunidades comerciais no continente africano existem e não podem ser ignoradas pelos homens de negócios, que tendem a julgar a África como um todo em função dos aspectos negativos ressaltados pela imprensa, da mesma forma que muitos empresários africanos desconhecem a qualidade dos nossos produtos e serviços.