3 resultados para Verdade pragmática
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Resumo:
este trabalho apresenta uma discussão a respeito do papel das inferências falseadoras, estudadas por Jamilk (2017), como base para o fenômeno da pós-verdade. Uma inferência falseadora é apresentada como o resultado de uma operação cognitiva baseado em informações parciais, que conduzem a uma conclusão falsa. A pós-verdade será identificada neste trabalho como a manipulação inescrupulosa das informações com o objetivo de atender a interesses particulares de um grupo ou de uma pessoa. Neste texto, apresenta-se um ex emplo dessa operação com base em uma análise relativa à divulgação escusa de informações em blogs e redes sociais na Internet. Busca-se evidenciar como as pistas desorientadoras ao longo da composição textual permitem gerar inferências cujo conteúdo é falacioso. http://dx.doi.org/10.5935/1981-4755.20170023
Resumo:
No período barroco, apesar dos princípios teóricos e das prescrições que proíbem a ligação da poesia lírica a temas e linguagens prosaicos, recupera-se a vocação realista e concretista, com raízes na poesia cancioneiril medieval, que o classicismo renascentista interrompera. A realidade aparece, mais uma vez, reinventada em diversas graduações de ironia, sátira, caricatura, cómico, burlesco e grotesco; o pormenor, o contingente, o incidental, o baixo e o abjecto são essenciais nesta poesia, que busca a apreensão e exibição do real mais comum. Gregório de Matos é um dos maiores cultores desta sátira, que, com intenções de tipo mais ideológico ou mais pessoal, promove, através do lúdico e do riso, a fuga a mecanismos de repressão religiosa e social. O poeta não o admite, mas, para ele, a agressividade e a obscenidade satíricas podem e devem ser uma arte e uma pragmática ao serviço da verdade individual. A sátira de Gregório de Matos dá assim continuidade à linhagem de Lucílio e Juvenal, a que as poéticas portuguesas e estrangeiras se referem mais para exaltar a verticalidade ética dos autores do que para promover a linguagem directa a que recorrem.
Resumo:
O artigo analisa um debate na linguística brasileira ocorrido na década de 1980 entre os linguistas Rodolfo Ilari e Kanavillil Rajagopalan. Esse debate colocou em destaque limites e alcances de abordagens semânticas e pragmáticas para o estudo de fenômenos linguísticos, evidenciando, assim, momentos de ruptura teórica e metodológica na história da linguística no Brasil. A análise proposta será realizada por meio da observação de retóricas (tal como compreendidas nos estudos da Historiografia da Linguística) adotadas por linguistas em situações de confronto teórico e metodológico. Apresenta-se em perspectiva interpretativa de que modo se deu, em um momento da história da linguística brasileira, uma divergência teórico-metodológica nos domínios de estudos do significado e da significação. Essa divergência estabeleceu pontos de conflito em relação a objetos teóricos de análise, evidenciados por meio de retóricas dos linguistas que ressaltaram a oposição e a ruptura científica. Descontinuidades, enfim, no processo de implantação e desenvolvimento de teorias e métodos no âmbito da ciência da linguagem praticada na comunidade brasileira de pesquisa linguística.