2 resultados para Tupi-guaraníes
em Línguas
Resumo:
Este artigo, com base nos princípios da geolingüística e da lexicologia, analisa as cartas léxico-semânticas do Atlas Lingüístico do Paraná (Aguilera: 1994), principalmente as que apresentam a distribuição diatópica de itens lexicais de base tupi. Tem como objetivo demonstrar a influência de variáveis externas, como a história do povoamento do território paranaense, na definição de áreas de isoglossas. Verifica-se que a contribuição do tupi se manifesta mais fortemente nos pontos lingüísticos situados no litoral, como Guaraqueçaba, Morretes, Antonina e Paranaguá e em outras localidades que constituem a região do Paraná Tradicional, deixando evidentes as marcas dos autóctones que ali habitavam e a dos bandeirantes procedentes da antiga Capitania de São Vicente.
Resumo:
Em suas manifestações iniciais, a literatura na América Latina desempenhou um papel determinante no processo colonizador, funcionando muitas vezes como expressão dos padrões culturais do colonizador. Conforme desenvolveu-se, entretanto, a produção literária latino-americana possibilitou uma resistência às tendências colonizadoras, promovendo o resgate e revalorização de elementos característicos das tradições culturais nativas do continente americano. Esse papel de resistência foi amplamente estudado pelo crítico uruguaio Ángel Rama, sobretudo em seus escritos sobre a transculturação narrativa, conceito formulado a partir das contribuições do antropólogo cubano Fernando Ortiz. Rama mostrou-se particularmente interessado pelo modo como alguns escritores latino-americanos rearticularam no âmbito ficcional os aspectos próprios das tradições populares das regiões rurais da América Latina, criando a partir da fala dos habitantes do interior uma linguagem literária mais apropriada para expressar a visão de mundo engendrada por esses elementos culturais. Um dos autores estudados por Rama é Guimarães Rosa. De fato, os pontos centrais da proposta poética do escritor mineiro vão ao encontro do conceito de transculturação desenvolvido pelo crítico uruguaio. Nesse sentido, a proposta deste artigo é analisar o conto “Meu tio o iauaretê” (1961) para explicitar os procedimentos de transculturação narrativa empregados por Guimarães Rosa. O objetivo é explorar a partir da obra rosiana o papel de resistência cultural desempenhado pela literatura latino-americana, mostrando como o conto contribui para uma reafirmação e valorização de elementos próprios da cultura indígena frente a problemática da colonização.