2 resultados para Saramago, José, 1922-2010. Ensaio sobre a cegueira

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Para Benjamin (1992), a tessitura do texto literário se dá num processo minucioso e intencional, em que o narrador atua como o artesão, modela e indica os significados por meio dos arranjos linguísticos realizados no texto para a elaboração das imagens e da dramaticidade que tais imagens podem sugerir. Partindo de tal pressuposto, este texto pretende propiciar a reflexão sobre alegoria, processo mimético e elementos do grotesco nas obras Ensaio sobre a cegueira (1998) e As intermitências da morte (2005), de José Saramago. Entende-se que, configurada como tropo de pensamento, a alegoria pode ser observada, no texto literário, a partir do estudo dos signos presentes, que permitem a transfiguração para signos ausentes, conforme Hansen (2006), responsáveis por ampliar a significação. Além disso, no que se refere ao estudo da mimese e do grotesco — como elementos que atuam na construção alegórica —, será investigado, respectivamente, o universo teórico da mimese — tomando como referência os textos Livro X da República, de Platão, Arte Poética, de Aristóteles, e “Representação social e mimesis”, de Luiz Costa Lima —, procurando, ao considerar a tradição crítica, verificar de que maneira as figuras miméticas são empregadas nas obras em análise; e será estudado o grotesco como elemento que pode enriquecer o processo alegórico, pois, caracterizado como contraste, na perspectiva de V. Hugo (2004), o grotesco destoa do belo, da voz oficial, aludindo para o que não deve, ou não pode, ser mostrado. 

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Este artigo tem por objetivo uma abordagem crítica acerca da novela Desabrigo, de Antônio Fraga, como expressão do espaço destinado à malandragem como prática a ser coibida pelo aparelho repressor. O cenário de ação do Rio de Janeiro contribui como termo que agrava a discussão acerca do poder central como agente de um processo de higienização social que expulsa para a periferia da cidade rufiões, prostitutas e jogadores como personagens indesejáveis à novo ordem que se estabelece como o pós-guerra. Publicada em 1942, Desabrigo parece condenada à incúria de editores e críticos que ignoram seu elevado valor de obra literária que teve que esperar por várias décadas para ser reconhecida.