1 resultado para Processos de Identificação
em Línguas
Resumo:
Nesse artigo pretendemos demonstrar a maneira como o viajante italiano Antonio Pigafetta descreveu as coisas e as realidades com as quais se deparou na primeira viagem ao redor do mundo, acompanhando a armada de Fernão de Magalhães. O diário da viagem de Pigafetta contém a descrição de objetos, fauna, flora, culturas que eram até então desconhecidas ao europeu: desse modo a descrição da coisa contém especificações tais que constituem por si só um enunciado enciclopédico. Para o viajante italiano não importa o referente linguístico, a palavra, mas sim todos os processos discursivos que a contém: a forma, o sabor, o aspecto, o uso, etc., de modo que o seu leitor possa visualizar, comparar, e até mesmo sentir a ‘coisa’ descrita. Como afirma Nunes (1997, p.16): “Nos relatos dos viajantes [...] temos um desencadeamento de processos de referências, dos quais resulta uma espécie de sintonização da relação entre palavras e coisas, incluindo-se aí mecanismos de nomeação, de tradução, de identificação, que se inserem nas formas narrativas, descritivas e dialogais dos relatos.” Percebe-se que o significado da unidade lexical é explicitado mediante um percurso semasiológico que marca uma forte relação entre o conhecimento de mundo do viajante e o sujeito que o interpreta.