4 resultados para Moção de censura

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O presente ensaio nasce com o objetivo de travar uma discussão entre o surgimento da literatura infantil em terras brasileiras e persistência da censura no que tange o referido sistema literário, posto que infelizmente, ainda hoje, para muitos, a literatura infantil e a juvenil deve ter a função de ensinar de acordo com a “moral” de alguns grupos sociais. Ademais, nos interessa trazer a leitura de três obras literárias que possuem como elo a queima a livros em diferentes contextos históricos e sociais, sendo elas: O mágico de verdade(2008) de Gustavo Bernardo, Beto, o analfabeto(2008), de Drummond Amorin e Assassinato na Biblioteca(2009) de Helena Gomes, argumentamos que as queimas de livros ficcionais dialogam veementemente com a dificuldade de acesso a obras literárias em escolas públicas brasileiras e o descaso de governantes a fim de alimentarem políticas de Estados que assegurem que os alunos cadastrados em escolas públicas brasileiras tenham acesso a obra de qualidade estética. Para tanto, nos apoiaremos em trabalhos pioneiros acerca da história do livro, tais como Uma história da leitura (1997), Alberto Manguel e História da Leitura (2006), Steven R. Fischer, a fim de validarmos que queimar livros sempre foi uma prática dos detentores do poder.

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A face mítica da rainha do Tijuco foi tecida, no curso do tempo, segundo versões multifacetadas. Algumas delas são, na atualidade, objeto de pesquisa. O foco central deste estudo prende-se à construção do mito pelo cinema. Assim, este artigo propõe-se, em especial, a analisar a tessitura fílmica Xica da Silva, de Carlos Diegues, propondo uma reflexão a respeito da expressão artística em época de censura e repressão: o período de ditadura militar, no Brasil do século XX. O mito é, então, revisitado por meio da linguagem visual. A heroína altiva oscila entre o puro amor e o amor carnal e erótico. Na releitura fílmica de Diegues, o confronto entre Eros e Tanatos dá-se simbolicamente através da paródia, da sátira e do cômico, ratificando, cada vez mais, o mito-mulher Chica da Silva.

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Neste artigo, analisaremos as relações entre autoritarismo, diferença e violência presentes no conto “Garopaba, mon amour”, de Caio Fernando Abreu. Publicado em 1977, no livro Pedras de Calcutá, o conto constitui-se em objeto de interesse para a investigação das relações entre experiência e experimentalismo na literatura brasileira produzida no contexto autoritário caracterizado pela censura às artes e pela violência política promovidas pela ditadura militar.

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O presente estudo tem como objetivo o exame da peça O Judeu, de autoria de Bernardo Santareno ( pseudônimo de Antônio Martinho do Rosário), dramaturgo português falecido em 1980. A obra, toda ela construída dentro dos preceitos do teatro épico ,focaliza a vida ( e a obra) de Antônio José da Silva, o Judeu, e os percalços que teve de enfrentar não nó no sentido de deixar claro às autoridades inquisitoriais que não era praticante das leis do judaísmo, como de evitar a censura e a conseqüente encenação das suas comédias. Trata-se de várias peças dentro de uma só, uma vez que Santareno inseriu no seu trabalho representações de excertos das textos de Antônio José. Apoiando-se na dramaturgia de linha brechtiana, o dramaturgo português contemporâneo introduz em O Judeu, o Gestus, elemento indicador das relações entre os indivíduos entre si – no caso, Antônio José e seus antagonistas —, e com a Inquisição. Trata-se da vênia, realizada pelos súditos diante do rei, em sinal de respeito mas que, muitas vezes, transmuta-se no seu contrário; da completa imobilidade, seja no palco seja fora dele, do Judeu ao menor sinal de descontentamento das autoridades representativas da Inquisição, e, finalmente, do “ caminhar contra o vento”, maneira sutil e cautelosa de enfrentar uma realidade tão adversa a si e à sua obra.O expediente assim utilizado atinge o máximo de eficácia na medida em que não apenas revela os desmandos da Inquisição mas também os do Salazarismo, por intermédio da ironia do narrador, Cavaleiro de Oliveira, também comentador dos acontecimentos e porta-voz do Autor, cujas obras foram reiteradas vezes censuradas e proibidas de representação pela ditadura salazarista.