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Tomamos em consideração, no presente artigo, as diferentespráticas do escritor William Seward Burroughs (1914 – 1997) em torno dovariado e multimodal método de composição cut-up , procedimentocaracterizado, inicialmente, pela composição de textos em cortes permutatórios,feitos a partir da justaposição de diferentes fragmentos textuais impressos,previamente existentes, selecionados das mais diferentes fontes (obras literárias,jornais, a Bíblia, tratados médicos, canções pop, gravações ao acaso, discursostelevisivos, os próprios escritos de Burroughs, etc). Experimental e controversapor excelência, a prática do cut-up acabou por constituir, para Burroughs,uma espécie de verdadeiro mecanismo literário - aqui definido em termos deuma writing machine (máquina de escrita) conceitual -, levando-o à produçãode inúmeros outputs textuais e à elaboração de sua famosa Nova Trilogy(Trilogia Nova), composta pelas obras The Soft Machine (1961), The Ticketthat Exploded (1962) eNova Express (1964), bem como aplicações e extensõesdo método em colagens, fotomontagens e na manipulação e adulteração deáudio e vídeo. Mais do que um ponto de concentração, o foco no métodocut-up serve-nos, tanto quanto possível, como ponto de dispersão eagenciamentos, linha de fuga, enfim, multiplicidades. Logo, o estudo do métodoliterário empregado por Burroughs direcionará o olhar também paraprocedimentos análogos em outras mídias, como a pintura, a música e as artesem geral.