3 resultados para Construção discursiva.
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Resumo:
Por meio da composição do novo romance Galantes memórias e admiráveis aventuras do virtuoso conselheiro Gomes, o Chalaça (1994), de José Roberto Torero, apresenta-se a vida de Francisco Gomes da Silva que, enquanto narrador de sua própria história, expõe sua participação em grandes momentos da história do Brasil. Esta retomada do passado dá-se sob a visão de quem exercia o posto de secretário pessoal de D. Pedro I. Subordinado a este ponto de vista interno aos eventos históricos, a imagem deste que se tornaria Imperador do Brasil é configurada por meio da utilização dos recursos bakhtinianos da paródia e da carnavalização. A visão intradiegética é possível devido à proximidade entre Francisco Gomes e o príncipe. Tal empresa é romanescamente motivada pelo anseio de desconstruir as imagens cristalizadas e tradicionalmente conhecidas da realeza e de eventos como, por exemplo, a proclamação da independência (1822); é a releitura crítica da história que o novo romance histórico propõe, e que no romance de Torero se mescla às premissas da picaresca espanhola, sendo Francisco Gomes da Silva o exemplo de pícaro que anseia pela ascensão social e cuja vida e história sempre ficam a margem. O Chalaça é uma personagem que realmente existiu, mas que a história oficial não fez questão de lembrar, já que ele não conduzia o imperador às ditas ações edificantes, mas sim, à picardias e aventuras extra-conjugais. Assim, objetivamos analisar a construção discursiva de D. Pedro I sob um novo foco, que aponta para a Literatura como leitora privilegiada dos signos da história.
Resumo:
RESUMO: Tendo como ponto de partida a organização discursiva da antologia de ensaios Nenhum Brasil existe, organizada por João Cezar de Castro Rocha, buscarei examinar as marcas de heterogeneidade no tocante à voz de Antonio Candido, no ensaio introdutório da antologia. Para tanto, levei em conta o conceito de discurso fundador (ORLANDI, 2003), na medida em que os dizeres fundadores de Candido na ensaística brasileira se constituem como processos de produção de sentidos que possibilitam o surgimento de outros processos discursivos em relação ao Brasil e à identidade nacional, na tensão entre repetição e deslocamento.
Resumo:
RESUMO: Sabemos que, por força do esforço de convencimento, o orador é capaz de projetar, ao produzir seu discurso, uma imagem de si que pode diferir de sua imagem enquanto sujeito empírico. É com base nessa perspectiva que nos propomos a analisar a construção da imagem, ou seja, o ethos, do sujeito enunciador em textos da modalidade do cotidiano, mais especificamente em letras de canções do renomado sambista Cartola. A representação dessa imagem se dá através das escolhas lingüísticas que o enunciador faz no ato de construção de seu discurso, lugar de engendramento do ethos. No caso da canção popular, o compositor, com simplicidade, procura agradar não só o gosto popular indiferenciado, mas, muitas vezes, igualmente ao interlocutor mais letrado e mais culto. As letras de Cartola, músico muito elogiado e admirado pela maioria dos sambistas, falam de amor sem serem vulgares, revelando fugir ao lugar comum. Considerando a preferência temática recorrente em suas composições, pode-se caracterizar seu samba como pertencente à formação discursiva da chamada “dor de cotovelo”. Assim, pretendemos averiguar em quais estereótipos, enunciados que apontem para uma determinada formação discursiva, está ancorado o ethos discursivo desse enunciador.